sábado, 23 de outubro de 2010

OBSERVADOR DE ARTE


O OBSERVADOR DE ARTE - =

Considero que existem algumas maneiras distintas de se observar uma obra de arte.
A primeira delas é o impacto que ela causa a primeira vista e para citar alguns desses impactos começaríamos pelo impacto chocante.- quando impressiona e quase assusta levando alguns segundos para que recobremos o equilíbrio.
Existe o impacto curioso, sim a obra pode até não ser importante mas tem algo de curioso que não sabemos o que é e pretendemos decifrá-lo.
O impacto mais discutível e talvez o menos aceito pelos menos entendidos refere-se a simplicidade. Este, por incrível que pareça é o mais comum e o mais difícil de decifrá-lo. Para entendermos a simplicidade na arte, primeiro seria preciso observar os pintores que no arroubo da juventude pretendem demonstrar virtuosismo, mostrar que são competentes, e colocar inúmeros elementos na composição iludidos em agregar valor a obra produzindo um discurso eloqüente e desnecessário.- No entanto, a medida que vão atingindo a maturidade, vão eliminando o supérfluo , diminuindo sua carga de informações , procurando dizer muito com muito pouco. Nessas condições o observador menos informado , acostumado, de acordo com sua cultura , a artifícios mirabolantes e verdadeiras “arvores de Natal” , não conseguem notar a mensagem plástica em uma jarra de Giorgio Morandi.
Leonardo da Vinci dizia que a simplicidade é o último estagio da sofisticação.-
Outro impacto comum na observação de uma obra de arte é a serenidade. Que gratificante olhar uma imagem e sentir uma paz, uma harmonia sem se importar de como foi pintado, qual o tipo de pincelada, qual a técnica enfim, nada disso tem a menor importância diante do resultado final que prende nosso olhar e nos remete a pensamentos longínquos nos quais a gente empreende viagens magníficas em cujo cenário gostaríamos de estar .-
Outro impacto no mínimo engraçado porem adotado por quem não tem o menor conhecimento de arte, dando uma demonstração de total ignorância , se refere aquela velha afirmação : - “ Isso eu também faço” - ou ;:- “Isso meu filho faz melhor”.-
Não ouso aqui , em poucas palavras explicar tamanha idiotice porque precisaria fazer um curso completo de arte em uma grande escola e depois continuar estudando para poder compreender a arte e seus conceitos.
Muito bem, continuando analisando os impactos que a arte provoca no expectador existe um que realmente é interessante.- é o impacto surpresa.- Este impacto nos leva temporariamente a “nocaute” e só depois de alguns segundos “acordamos” e começamos a ver a obra.- Exercendo a profissão de professor, esse impacto é muito freqüente e leva-se cada susto ao deparar com certos trabalhos que fogem completamente do padrão do aluno. Quem não fica surpreso quando vê pela primeira vez “ O Grito” de E.Munch ? Ou Egon Schielle, Emil Nolde e muitos outros.
Existe também o impacto da curiosidade onde certos trabalhos ficam intrigantes e nos leva a querer descobrir como o autor conseguiu determinada técnica.- Que material foi usado? Como foi manipulado determinado material? Que tipo de suporte foi usado? Ou mesmo a ousadia de usar determinados materiais que nada tem a ver com arte, como por exemplo usar sucata, fragmentos de revistas, sapatos, pé de cadeira, raquete de tênis, lata de refrigerante, xérox, reprodução de outros quadros, etc.-
Porem existe o mais triste dos impactos que é o de total indiferença, onde o espectador demonstra uma atitude de escárnio diante da obra.- onde o espectador se sente frustrado, enganado pelo autor, encarando como verdadeiro insulto a sua condição honesta de dedicar alguns minutos na observação de uma verdadeira bobagem.- E esta idiossincrasia tem sido uma constante na arte contemporânea principalmente pela falta de talento, falta de criatividade, , falta de comunicação, falta de critério por parte da classe dominante que dão espaço para esses verdadeiros mistificadores da arte que ridicularizam o publico honesto e bem intencionado e ainda saírem triunfantes e realizados com as provocações causadas.-
Um outro item a ser observado neste contexto é o observador técnico.
Como observador técnico podemos enquadrar os profissionais da área que não se seduzem diante de uma obra permanecendo “frios”, quase que imperturbáveis diante da visão observada. Por ser objeto de seu trabalho, ficam de certo modo imunizados ou refratários, ou para usar um termo da moda “ blindados” , ponderando friamente sobre as observações.-
Outro tipo de observador técnico, este já mais requintado e atento é aquele que não olha a arte como objeto de consumo.- Sim porque um quadro para muitos é um objeto de consumo.- Para estes o quadro serve para ser consumido decorativamente para combinar com moveis, cortinas ou mesmo se deleitar visualmente com o que o quadro comunica.-
Existe no entanto um tipo de arte que não é feita para ser consumida, ,ou admirada, mas sim para compor arquitetonicamente um ambiente. É uma arte para complementar outra arte. Por exemplo, um saguão de um grande edifício, com linhas modernas e arrojadas onde o arquiteto precisou de faixas pretas ou vermelhas ( ou seja lá de que cor) que descem do teto e no meio da parede viram para um lado para encontrar com algum elemento arquitetônico.- Todo mundo já viu muito desses elementos e nunca prestaram atenção de que é uma pintura, mas ninguém torce o pescoço como na capela sistina para admirar essas faixas. Elas estão aí sem fazer alarde.- Na surdina. Apenas colaborando com o equilíbrio visual e compositivo da obra arquitetonica.- Porem um observador atento e culto sabe admirar esse recurso e o impacto técnico que ele causa.-
Todo impacto visual, qualquer que seja sua modalidade, detém o olhar do espectador para a obra e desse olhar surge a comunicação que provoca todo mecanismo cerebral iniciado pela sensação e percepção que é o real objetivo de todo artista. Afinal o artista produz para ser visto e compreendido. E a comunicação só é estabelecida quando ela se completa entre as partes.-

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Reações diante de uma obra de arte

Aqui entramos em outro campo quer seja da psicologia e da psiquiatria que não nos compete, porem podemos citar casos práticos sem entrar no mérito do campo especifico dessas ações e reações.
Um caso típico de reação que uma pintura causa no espectador aconteceu comigo.-Fui levar alguns quadros em uma galeria e o marchand separou um quadro de flores brancas com o miolo bem amarelo.- Elogiou o quadro e disse que colocaria em seu apartamento. Dali a poucos minutos ele voltou a colocar o quadro junto com os outros e disse;-:- “Não vou ficar com esse quadro não. Tenho problema no fígado e não posso comer ovo frito que passo mal e essas flores me lembram ovo frito.-“.-
Mesmo sem querer entrar na psiquiatra por falta de competência, muitas vezes o “reflexo de Pavlov” tem muito a ver com a relação tanto positiva como negativa de um quadro.-
Ninguém poderia imaginar que alguém poderia ter reações traumáticas ao ver rosas brancas.- Pois bem, tive uma aluna que ficava deprimida ao ver rosas brancas porque sua mãe foi coberta no caixão com essas flores.-É fácil imaginar a reação de um quadro de rosas brancas causaria nessa pessoa.-
Muito embora um quadro seja uma superfície plana onde o artista cria ilusões o espectador poderá ver coisas que nem ele se lembra que exista nas profundezes de seu cérebro, que no entanto um signo sinal, uma pista, traga de volta realidades já a muito enterradas e esquecidas.- São esses fatores que as vezes acontece de se ter afinidade ( ou não )com um quadro e não saber o porque.-
Dentro dessas considerações as quais um psiquiatra poderia desenvolver melhor do que eu, poderíamos abordar um outro aspecto da pintura que sempre intriga o publico. È a questão do nome do quadro.- Primeiro é preciso entender que essa é uma questão única e exclusiva do artista, não devendo satisfações a ninguém. Acontece que pela má fé de muitos autores, querendo agregar valor á obra, inventa nomes enigmáticos para confundir o espectador.-.-
Porem, existe uma atitude séria na questão do nome de um quadro, mas que confunde o espectador e que também causa reações adversas.- Vejamos um exemplo. Um pintor vai passar um fim de semana na praia e leva sua maleta de pintura.- Passa um fim de semana ótimo e a tarde, pega seu matérial de pintura e pinta um vaso de flores na mesinha próximo a janela. No final coloca o nome no quadro “ Uma Tarde no Guarujá”.- Para o pintor a atitude é lógica porque o quadro está impregnado “de Guarujá” e pode passar vinte anos que o autor vai se lembrar daquela tarde .- O que para o espectador um quadro de flores chamado “Uma Tarde no Guarujá” nada tem a ver.-
O pintor tem que ter consciência de todos esses fatores que concorrem para o resultado da obra.- Todo conjunto desses fatores vão constituir o que virá a ser o conteúdo comunicativo que vai prender a atenção do espectador em uma leitura mais demorada da composição.-
O pintor tem que saber que todos os elementos que emprega na elaboração do quadro representam signos e símbolos.- Uma pincelada mais espessa dada em um gesto rápido poderá representar uma agressão, ou um ato decidido, firme, A mesma pincelada dada com suavidade terá outro significado , assim cada quadro deverá seguir o ritmo planejado.-
As cores são simbólicas e tem uma participação decisiva no resultado da obra, porem determinados pintores não levam esse fator em conta e vão colorindo de acordo com o apelo visual das cores sem considerar que o cromatismo é o grande responsável pelo conteúdo do trabalho. Se pegarmos três desenhos com a mesma composição formal e dermos um tratamento cromático com cores de chave baixa, : cinzas, sépia, marrom escuro, preto, teremos uma composição triste, com forte apelo a melancolia.- se pegarmos o outro desenho com a mesma composição formal e dermos um tratamento cromático equilibrando cores primarias puras como amarelo limão, branco, vermelho, azul cobalto, teremos uma composição alegre..- Se pegarmos o terceiro desenho com a mesma composição e dermos um tratamento onde predominam os brancos, azuis esbranquiçados, verde pálido, amarelo com branco teremos uma composição em tom pastel que nos remete a paz, harmonia, tranqüilidade.- Como se vê, a mesma composição transmitindo três conteúdos completamente diferentes pelo simbolismo das cores.-
Uma serie de outros elementos concorrem para o impacto visual da obra e é ai que reside a criatividade do artista, saber manipular com talento e competência toda essa simbologia que leva o espectador a lembranças, divagações, identidades, semelhanças e até igualdades.-
Toda essa simbologia só será adquirida com a técnica e a técnica se domina de acordo com o tempo que se dedica a ela.-
Speltri = 2010



O OBSERVADOR DE ARTE - =

Considero que existem algumas maneiras distintas de se observar uma obra de arte.
A primeira delas é o impacto que ela causa a primeira vista e para citar alguns desses impactos começaríamos pelo impacto chocante.- quando impressiona e quase assusta levando alguns segundos para que recobremos o equilíbrio.
Existe o impacto curioso, sim a obra pode até não ser importante mas tem algo de curioso que não sabemos o que é e pretendemos decifrá-lo.
O impacto mais discutível e talvez o menos aceito pelos menos entendidos refere-se a simplicidade. Este, por incrível que pareça é o mais comum e o mais difícil de decifrá-lo. Para entendermos a simplicidade na arte, primeiro seria preciso observar os pintores que no arroubo da juventude pretendem demonstrar virtuosismo, mostrar que são competentes, e colocar inúmeros elementos na composição iludidos em agregar valor a obra produzindo um discurso eloqüente e desnecessário.- No entanto, a medida que vão atingindo a maturidade, vão eliminando o supérfluo , diminuindo sua carga de informações , procurando dizer muito com muito pouco. Nessas condições o observador menos informado , acostumado, de acordo com sua cultura , a artifícios mirabolantes e verdadeiras “arvores de Natal” , não conseguem notar a mensagem plástica em uma jarra de Giorgio Morandi.
Leonardo da Vinci dizia que a simplicidade é o último estagio da sofisticação.-
Outro impacto comum na observação de uma obra de arte é a serenidade. Que gratificante olhar uma imagem e sentir uma paz, uma harmonia sem se importar de como foi pintado, qual o tipo de pincelada, qual a técnica enfim, nada disso tem a menor importância diante do resultado final que prende nosso olhar e nos remete a pensamentos longínquos nos quais a gente empreende viagens magníficas em cujo cenário gostaríamos de estar .-
Outro impacto no mínimo engraçado porem adotado por quem não tem o menor conhecimento de arte, dando uma demonstração de total ignorância , se refere aquela velha afirmação : - “ Isso eu também faço” - ou ;:- “Isso meu filho faz melhor”.-
Não ouso aqui , em poucas palavras explicar tamanha idiotice porque precisaria fazer um curso completo de arte em uma grande escola e depois continuar estudando para poder compreender a arte e seus conceitos.
Muito bem, continuando analisando os impactos que a arte provoca no expectador existe um que realmente é interessante.- é o impacto surpresa.- Este impacto nos leva temporariamente a “nocaute” e só depois de alguns segundos “acordamos” e começamos a ver a obra.- Exercendo a profissão de professor, esse impacto é muito freqüente e leva-se cada susto ao deparar com certos trabalhos que fogem completamente do padrão do aluno. Quem não fica surpreso quando vê pela primeira vez “ O Grito” de E.Munch ? Ou Egon Schielle, Emil Nolde e muitos outros.
Existe também o impacto da curiosidade onde certos trabalhos ficam intrigantes e nos leva a querer descobrir como o autor conseguiu determinada técnica.- Que material foi usado? Como foi manipulado determinado material? Que tipo de suporte foi usado? Ou mesmo a ousadia de usar determinados materiais que nada tem a ver com arte, como por exemplo usar sucata, fragmentos de revistas, sapatos, pé de cadeira, raquete de tênis, lata de refrigerante, xérox, reprodução de outros quadros, etc.-
Porem existe o mais triste dos impactos que é o de total indiferença, onde o espectador demonstra uma atitude de escárnio diante da obra.- onde o espectador se sente frustrado, enganado pelo autor, encarando como verdadeiro insulto a sua condição honesta de dedicar alguns minutos na observação de uma verdadeira bobagem.- E esta idiossincrasia tem sido uma constante na arte contemporânea principalmente pela falta de talento, falta de criatividade, , falta de comunicação, falta de critério por parte da classe dominante que dão espaço para esses verdadeiros mistificadores da arte que ridicularizam o publico honesto e bem intencionado e ainda saírem triunfantes e realizados com as provocações causadas.-
Um outro item a ser observado neste contexto é o observador técnico.
Como observador técnico podemos enquadrar os profissionais da área que não se seduzem diante de uma obra permanecendo “frios”, quase que imperturbáveis diante da visão observada. Por ser objeto de seu trabalho, ficam de certo modo imunizados ou refratários, ou para usar um termo da moda “ blindados” , ponderando friamente sobre as observações.-
Outro tipo de observador técnico, este já mais requintado e atento é aquele que não olha a arte como objeto de consumo.- Sim porque um quadro para muitos é um objeto de consumo.- Para estes o quadro serve para ser consumido decorativamente para combinar com moveis, cortinas ou mesmo se deleitar visualmente com o que o quadro comunica.-
Existe no entanto um tipo de arte que não é feita para ser consumida, ,ou admirada, mas sim para compor arquitetonicamente um ambiente. É uma arte para complementar outra arte. Por exemplo, um saguão de um grande edifício, com linhas modernas e arrojadas onde o arquiteto precisou de faixas pretas ou vermelhas ( ou seja lá de que cor) que descem do teto e no meio da parede viram para um lado para encontrar com algum elemento arquitetônico.- Todo mundo já viu muito desses elementos e nunca prestaram atenção de que é uma pintura, mas ninguém torce o pescoço como na capela sistina para admirar essas faixas. Elas estão aí sem fazer alarde.- Na surdina. Apenas colaborando com o equilíbrio visual e compositivo da obra arquitetonica.- Porem um observador atento e culto sabe admirar esse recurso e o impacto técnico que ele causa.-
Todo impacto visual, qualquer que seja sua modalidade, detém o olhar do espectador para a obra e desse olhar surge a comunicação que provoca todo mecanismo cerebral iniciado pela sensação e percepção que é o real objetivo de todo artista. Afinal o artista produz para ser visto e compreendido. E a comunicação só é estabelecida quando ela se completa entre as partes.-

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Reações diante de uma obra de arte

Aqui entramos em outro campo quer seja da psicologia e da psiquiatria que não nos compete, porem podemos citar casos práticos sem entrar no mérito do campo especifico dessas ações e reações.
Um caso típico de reação que uma pintura causa no espectador aconteceu comigo.-Fui levar alguns quadros em uma galeria e o marchand separou um quadro de flores brancas com o miolo bem amarelo.- Elogiou o quadro e disse que colocaria em seu apartamento. Dali a poucos minutos ele voltou a colocar o quadro junto com os outros e disse;-:- “Não vou ficar com esse quadro não. Tenho problema no fígado e não posso comer ovo frito que passo mal e essas flores me lembram ovo frito.-“.-
Mesmo sem querer entrar na psiquiatra por falta de competência, muitas vezes o “reflexo de Pavlov” tem muito a ver com a relação tanto positiva como negativa de um quadro.-
Ninguém poderia imaginar que alguém poderia ter reações traumáticas ao ver rosas brancas.- Pois bem, tive uma aluna que ficava deprimida ao ver rosas brancas porque sua mãe foi coberta no caixão com essas flores.-É fácil imaginar a reação de um quadro de rosas brancas causaria nessa pessoa.-
Muito embora um quadro seja uma superfície plana onde o artista cria ilusões o espectador poderá ver coisas que nem ele se lembra que exista nas profundezes de seu cérebro, que no entanto um signo sinal, uma pista, traga de volta realidades já a muito enterradas e esquecidas.- São esses fatores que as vezes acontece de se ter afinidade ( ou não )com um quadro e não saber o porque.-
Dentro dessas considerações as quais um psiquiatra poderia desenvolver melhor do que eu, poderíamos abordar um outro aspecto da pintura que sempre intriga o publico. È a questão do nome do quadro.- Primeiro é preciso entender que essa é uma questão única e exclusiva do artista, não devendo satisfações a ninguém. Acontece que pela má fé de muitos autores, querendo agregar valor á obra, inventa nomes enigmáticos para confundir o espectador.-.-
Porem, existe uma atitude séria na questão do nome de um quadro, mas que confunde o espectador e que também causa reações adversas.- Vejamos um exemplo. Um pintor vai passar um fim de semana na praia e leva sua maleta de pintura.- Passa um fim de semana ótimo e a tarde, pega seu matérial de pintura e pinta um vaso de flores na mesinha próximo a janela. No final coloca o nome no quadro “ Uma Tarde no Guarujá”.- Para o pintor a atitude é lógica porque o quadro está impregnado “de Guarujá” e pode passar vinte anos que o autor vai se lembrar daquela tarde .- O que para o espectador um quadro de flores chamado “Uma Tarde no Guarujá” nada tem a ver.-
O pintor tem que ter consciência de todos esses fatores que concorrem para o resultado da obra.- Todo conjunto desses fatores vão constituir o que virá a ser o conteúdo comunicativo que vai prender a atenção do espectador em uma leitura mais demorada da composição.-
O pintor tem que saber que todos os elementos que emprega na elaboração do quadro representam signos e símbolos.- Uma pincelada mais espessa dada em um gesto rápido poderá representar uma agressão, ou um ato decidido, firme, A mesma pincelada dada com suavidade terá outro significado , assim cada quadro deverá seguir o ritmo planejado.-
As cores são simbólicas e tem uma participação decisiva no resultado da obra, porem determinados pintores não levam esse fator em conta e vão colorindo de acordo com o apelo visual das cores sem considerar que o cromatismo é o grande responsável pelo conteúdo do trabalho. Se pegarmos três desenhos com a mesma composição formal e dermos um tratamento cromático com cores de chave baixa, : cinzas, sépia, marrom escuro, preto, teremos uma composição triste, com forte apelo a melancolia.- se pegarmos o outro desenho com a mesma composição formal e dermos um tratamento cromático equilibrando cores primarias puras como amarelo limão, branco, vermelho, azul cobalto, teremos uma composição alegre..- Se pegarmos o terceiro desenho com a mesma composição e dermos um tratamento onde predominam os brancos, azuis esbranquiçados, verde pálido, amarelo com branco teremos uma composição em tom pastel que nos remete a paz, harmonia, tranqüilidade.- Como se vê, a mesma composição transmitindo três conteúdos completamente diferentes pelo simbolismo das cores.-
Uma serie de outros elementos concorrem para o impacto visual da obra e é ai que reside a criatividade do artista, saber manipular com talento e competência toda essa simbologia que leva o espectador a lembranças, divagações, identidades, semelhanças e até igualdades.-
Toda essa simbologia só será adquirida com a técnica e a técnica se domina de acordo com o tempo que se dedica a ela.-
Speltri = 2010


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