sábado, 23 de outubro de 2010

o valor de uma obra de arte

O VALOR DE UMA OBRA DE ARTE
-atribuição de valor á obra de arte-


Quanto vale uma obra de arte? Como se mede a quantidade de arte de uma obra?
Não existe meios para se aferir o valor comercial e o valor artístico de uma obra de arte. Não da para medir em metros, quilos ou outra medida padrão.
O valor de uma obra de arte é atribuído e como são valores que são dados em virtude de condições aleatórias ou impostas por uma classe dominante (críticos, marchands , historiadores ), ficam sem parâmetro , compreensão ou entendimento.
No entanto, em muitos casos é possível chegar a uma compreensão. Vejamos, como é que se sabe que Michelangelo Buonarotti é um grande artista? Porque ele passou pelo crivo da critica e do publico por 500 anos e nunca ninguém contestou ou superou sua genialidade.- Portanto ao longo dessas sucessivas gerações atribui-se a Michelangelo condição de um dos maiores artistas do mundo.- Este é apenas um exemplo e assim já temos pelo menos uma maneira de aferir um artista.-
Quanto vale em moeda corrente a obra de Michelangelo? É o que menos interessa. Quando se olha a obra desse mestre ninguém em sã consciência está pensando em valor monetário.-
No entanto, existem muitos artistas que com manobras de marketing de marchand são considerados pelo que valem no mercado, independente de qualidade artística. Assim o valor mercantil é confundido com o valor artístico, sendo um erro grave considerar diretamente proporcional preço e arte de uma obra.- E o caso de muitos pintores brasileiros que em manobras artificiais foram feitas avaliações astronômicas enquanto tais pintores produzem uma obra medíocre e no entanto descansam , por enquanto, no pedestal dos gênios da pintura.
Portanto é bom não confundir valor material, mercantil, monetário com valor arte. Quando um artista atinge um alto status, a partir daí vende-se “assinatura”.- Imaginem ter um esboço fraco, horrível, de Picasso? Não importa a obra, pela assinatura valeria milhões. Ou acham que Picasso não produziu coisas fracas e ruins?? É lógico que sim.- Esta mais do que provado de que de toda obra de qualquer artista, 50% é razoável, bom excelente, e os outros 50% é fraco, ruim, péssimo.- Porém, se for famoso tudo será muito valioso financeiramente.-
Existe um outro fator que “embaça”, confunde o valor de um quadro. É o valor agregado a obra pela importância histórica de seu autor.- Por exemplo, W. Churchill tinha como hobby a pintura e seus quadros são valiosos não pela “arte” mas por ter sido pintado pelo grande estadista inglês.- A.Hitler era pintor em sua juventude e o repudio que a Humanidade lhe dispensa não impede que alguém que tenha alguma obra sua não se sinta privilegiadas e queira se aproveitar disso.- Assim existe infinidade de exemplos dessa natureza.
Existe um outro tipo de valor da obra representado pela sua condição de valor histórico pela sua importância na trajetória da arte.- Trabalhos que influenciaram gerações e mudaram o rumo da arte.- Um exemplo característico desse caso é o quadro de Monet “Impressões do Sol Nascente” .- Esse quadro é o marco inicial do impressionismo e com ele houve uma verdadeira revolução no conceito da pintura. Portanto esse quadro é importantíssimo não pela sua beleza, técnica, tema , mas sim por ser uma maneiro nova e revolucionária de pintar.-
As “Respigadeiras” e “Ângelus” de Fracois Millet são quadros que quem os vê sem um pequeno conhecimento de arte , ficaria constrangido, frustrado sem saber o que um quadro tão simples tem de importante.- É que Millet é um precursor e pintou esses temas quando eles eram banidos da sociedade.- Os pintores tinham que pintar temas nobres cenas greco/romanas, Deuses, mitologia, lendas e outras baboseiras. Aí aparece um pintor tendo como tema camponesas, o homem no campo, gente humilde com conteúdo humano , verdadeiro e realista.- A elite social repudiava tais quadros mas estes precursores enfrentaram bravamente esse repudio para sem saber passar para a historia.
Dentro deste conceito podemos enquadrar Picasso para considerar o valor de seu quadro “Demoiselles d’Avignon valioso por ser o primeiro quadro cubista, estilo de pintura que quebrou a espinha dorsal de tudo que se tinha feito em pintura até então.- Mudou o conceito de perspectiva, luz/sombra, profundidade de campo e “ensinou” a olhar o objeto de outra maneira e não mais da convencional.- a partir de “Demoiselles d’Avignon procurava se ter uma visão simultânea do objeto olhando-o por trs, de lado, de cima, por dentro, enfim o autor dava sua interpretação do que sabia daquilo que estava pintando.- Foi a maior revolução na historia da arte até aquele momento.-
Portanto muitos quadros tem seu grande valor não por sua beleza, técnica, tema , etc mas sim por serem precursores influenciando o rumo da arte. Na esteira desse pensamento podemos lembrar ainda J. Pollock, de Kooning, Franz Kline, Pierre Soullages, H. Russeau, odos os surrealistas,.-Diga- se de passagem que estamos falando desses precursores que viveram no inicio do Sec. XX.- Não incluindo Duchanp e seus seguidores.-
Alfred H. Barr Jr. Diretor do Museu de Arte Moderna de Nova York e posteriormente critico de arte, em seu livro Introdução a Pintura Moderna comenta que para ser uma “obra de Arte” é preciso ter uma boa composição formal, composição tonal, cromática, equilíbrio, estética, um bom tema, interesse humano, conteúdo emocional e Universal.- Se todos esses elementos estão presentes na obra, tanto melhor, porem, qualquer um desses fatores, ou somente um deles pode contribuir para valorizar a obra.- Se todos estiverem presentes na obra tanto melhor, contudo sua somatória não fará da obra necessariamente um grande exemplo de pintura.- De fato, a reunião de todos eles pode resultar em uma obra sem falhas mas medíocre e entediante.-
“ A excelência de uma obra de arte não é uma questão de acumulo ou quantidade, e sim de qualidade da obra como um todo, e a qualidade é relativa ; não pode ser medida, comprovada, ou mesmo analisada com lógica”.-
Em última analise, o que torna grande uma obra de arte é sempre algo de misterioso.-
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A arte não é unânime, que como já dissemos os valores são atribuídos.- Posso atribuir beleza a um quadro e o resto do mundo não concordar.- Quem está certo? Eu, é lógico.- Se eu tiver personalidade , força psicológica bem estruturada, vou continuar com minha opinião, (desde que se prove o contrario) pois serei eu que vai conviver com este conceito e o mundo que se dane, muito embora são questões independente da qualidade do trabalho. Se algum dia mudar meus valores, poderei mudar de opinião . Acontece que entra aí o principal fator da arte que é a comunicação, e a comunicação só se completa quando ela é recebida.- E esse fator é individual, não se manifesta da mesma maneira para todas as pessoas e quando esse comunicação não se completa, esse alguém não recebe a mensagem que a obra está emitindo e assim a pessoa fica refrataria á obra.- Este fenômeno poderá ser interpretado como indiferença, apatia, desgosto e repulsa.
Neste quesito comunicação é onde muitos neófitos se deixam enganar por uma técnica perfeita e estupefatos pela habilidade não exigem o verdadeiro conteúdo que seria o Conteúdo Universal.-
Na arte atual, habilidade não significa muita coisa.- Acima da habilidade é preciso ter criatividade e competência


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Não poderíamos encerrar esta crônica sem abordar uma outra face da questão da avaliação de uma pintura.-
. Um aluno , indignado, poderia perguntar como seria avaliado em uma escola de arte.-
É mais do que verdade e provado de que não se pode medir a quantidade e qualidade de arte cuja atribuição compete única e exclusivamente ao observador porem , existem condições que podem sim serem medidas, confrontadas e avaliadas .- Referem-se as questões técnicas, conceituais de uma obra, e a competencia, habilidade e criatividade do autor.-
O que abrange as questões técnicas ? Tudo, exatamente tudo que envolve a execução da mesma.- Referem-se a tinta, suporte, meio de aplicação da tinta no suporte, pincel, espátula, pinceladas,veladuras, grafite, carvão,aquarela, pastel, pastel oleoso, encáustica, tempera e uma infinidade de outras questões que o próprio autor inventa e nem existem. Até mesmo o corte e enquadramento do tema poderia ser considerado uma questão técnica onde o autor tem oportunidade de dar uma grande demonstração de talento. A maneira de tratar a composição formal, composição tonal, composição cromática dá oportunidade para avaliações compositivas.-
Enquanto um aluno coloca um vaso no centro do suporte cuja atitude é a mais simples possível outros descentralizam o tema colocando o vaso em um canto e outro elemento do lado oposto equilibrando a composição.- Mesmo que não fique um bom resultado porem já mostra ousadia, criatividade.- - Esse é um exemplo para mostrar que em toda questão técnica existe individualidade, habilidade, criatividade e competência.-
Cada um desses elementos vai dar um nível de qualidade ao trabalho que poderá ser aferido pelo espectador.- Exemplo, se pintarmos bandeirinhas com tinta a óleo e pincel de pelo de marta , seriam péssimos trabalhos.- no entanto adotarmos a tempera do ovo que deixa transparecer o branco do fundo da tela e usar um pincel de pelo duro, gasto, para deixar a marca da pincelada, o efeito seria mais adequado, acrescentando valor a obra.-.-. Vejam
quão sutil é a arte. E pouca gente conhece esta sutileza.-
Então no emprego de todos esses materiais é possível avaliar se foram trabalhados por mãos hábeis, seguras, demonstrando domínio técnico conseguindo um resultado pelo menos tecnicamente correto.-
Portanto as questões técnicas são possíveis sim avaliar , mas a somatórias de todas elas não fará do quadro uma obra de arte. Será apenas uma obra tecnicamente bem feita.-
Speltri – 2010

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Porem, em algumas anotações que tenho ao longo do texto, creio ser prudente considerar quê estas questões são válidas para o momento atual, dentro dos padrões de valores do mundo contemporâneo, e é aí que está o “X” da questão porque os valores mudam de acordo com a dinâmica diretamente proporcional com o pensamento de cada época.-.-
Os valores atribuídos a um bom fogão a lenha ou a uma boa lamparina a óleo ou ir a missa de charrete hoje seriam motivos de chacota. Essas praticas foram abolidas de nosso modo de vida. Também poderíamos deixar de dar valor a um quadro de rosas com gotas de orvalho ou um por do sol (crepúsculo) todo vermelho e amarelo.-
Porem um caso que até causa estranheza, citado por H.Gombrich em seu Livro História da Arte, refere a Caravaggio que perdeu a fama e caiu no esquecimento. Deixaram de lhe atribuir valor.-Justamente o “pai do claro e escuro”, talvez mais importante que Rubens e Rembrandt .Atualmente ele voltou a seu devido status.-
Por isso essa questão de atribuição de valor também é relativa a períodos,, modismos, como é o caso de foliarmos livros de arte ou catálogos de Museus e depararmos com artista que foram importantes em determinadas épocas, tiveram seus mecenas, e atingiram o apogeu da gloria e hoje são nomes apagados, apenas citações no rodapé das paginas.-
Na minha curta existência (hoje 70 anos) vi surgirem muitos artistas que eram verdadeiros cometas.- Com a mesma velocidade que surgiam, com a pompa e circunstância, todo aparato de marketing, e desapareciam sem deixar o menor vestígio.-
Isso que é fascinante na arte, por ser uma área que não segue nenhum padrão conhecido ou pré estabelecido, que não deixa de ser o que é sem nunca ter sido.-
Ou como diria Chagall - : “ um quadro é uma superfície coberta de representações onde a lógica não tem nenhuma importância”.-
Ou seguindo Affonso Romano de Santana - : “... é licito afirmar que uma obra de arte é aquilo que sobrevive a despeito do manifesto e da teoria”.-
Speltri - 2010






O VALOR DE UMA OBRA DE ARTE
-atribuição de valor á obra de arte-


Quanto vale uma obra de arte? Como se mede a quantidade de arte de uma obra?
Não existe meios para se aferir o valor comercial e o valor artístico de uma obra de arte. Não da para medir em metros, quilos ou outra medida padrão.
O valor de uma obra de arte é atribuído e como são valores que são dados em virtude de condições aleatórias ou impostas por uma classe dominante (críticos, marchands , historiadores ), ficam sem parâmetro , compreensão ou entendimento.
No entanto, em muitos casos é possível chegar a uma compreensão. Vejamos, como é que se sabe que Michelangelo Buonarotti é um grande artista? Porque ele passou pelo crivo da critica e do publico por 500 anos e nunca ninguém contestou ou superou sua genialidade.- Portanto ao longo dessas sucessivas gerações atribui-se a Michelangelo condição de um dos maiores artistas do mundo.- Este é apenas um exemplo e assim já temos pelo menos uma maneira de aferir um artista.-
Quanto vale em moeda corrente a obra de Michelangelo? É o que menos interessa. Quando se olha a obra desse mestre ninguém em sã consciência está pensando em valor monetário.-
No entanto, existem muitos artistas que com manobras de marketing de marchand são considerados pelo que valem no mercado, independente de qualidade artística. Assim o valor mercantil é confundido com o valor artístico, sendo um erro grave considerar diretamente proporcional preço e arte de uma obra.- E o caso de muitos pintores brasileiros que em manobras artificiais foram feitas avaliações astronômicas enquanto tais pintores produzem uma obra medíocre e no entanto descansam , por enquanto, no pedestal dos gênios da pintura.
Portanto é bom não confundir valor material, mercantil, monetário com valor arte. Quando um artista atinge um alto status, a partir daí vende-se “assinatura”.- Imaginem ter um esboço fraco, horrível, de Picasso? Não importa a obra, pela assinatura valeria milhões. Ou acham que Picasso não produziu coisas fracas e ruins?? É lógico que sim.- Esta mais do que provado de que de toda obra de qualquer artista, 50% é razoável, bom excelente, e os outros 50% é fraco, ruim, péssimo.- Porém, se for famoso tudo será muito valioso financeiramente.-
Existe um outro fator que “embaça”, confunde o valor de um quadro. É o valor agregado a obra pela importância histórica de seu autor.- Por exemplo, W. Churchill tinha como hobby a pintura e seus quadros são valiosos não pela “arte” mas por ter sido pintado pelo grande estadista inglês.- A.Hitler era pintor em sua juventude e o repudio que a Humanidade lhe dispensa não impede que alguém que tenha alguma obra sua não se sinta privilegiadas e queira se aproveitar disso.- Assim existe infinidade de exemplos dessa natureza.
Existe um outro tipo de valor da obra representado pela sua condição de valor histórico pela sua importância na trajetória da arte.- Trabalhos que influenciaram gerações e mudaram o rumo da arte.- Um exemplo característico desse caso é o quadro de Monet “Impressões do Sol Nascente” .- Esse quadro é o marco inicial do impressionismo e com ele houve uma verdadeira revolução no conceito da pintura. Portanto esse quadro é importantíssimo não pela sua beleza, técnica, tema , mas sim por ser uma maneiro nova e revolucionária de pintar.-
As “Respigadeiras” e “Ângelus” de Fracois Millet são quadros que quem os vê sem um pequeno conhecimento de arte , ficaria constrangido, frustrado sem saber o que um quadro tão simples tem de importante.- É que Millet é um precursor e pintou esses temas quando eles eram banidos da sociedade.- Os pintores tinham que pintar temas nobres cenas greco/romanas, Deuses, mitologia, lendas e outras baboseiras. Aí aparece um pintor tendo como tema camponesas, o homem no campo, gente humilde com conteúdo humano , verdadeiro e realista.- A elite social repudiava tais quadros mas estes precursores enfrentaram bravamente esse repudio para sem saber passar para a historia.
Dentro deste conceito podemos enquadrar Picasso para considerar o valor de seu quadro “Demoiselles d’Avignon valioso por ser o primeiro quadro cubista, estilo de pintura que quebrou a espinha dorsal de tudo que se tinha feito em pintura até então.- Mudou o conceito de perspectiva, luz/sombra, profundidade de campo e “ensinou” a olhar o objeto de outra maneira e não mais da convencional.- a partir de “Demoiselles d’Avignon procurava se ter uma visão simultânea do objeto olhando-o por trs, de lado, de cima, por dentro, enfim o autor dava sua interpretação do que sabia daquilo que estava pintando.- Foi a maior revolução na historia da arte até aquele momento.-
Portanto muitos quadros tem seu grande valor não por sua beleza, técnica, tema , etc mas sim por serem precursores influenciando o rumo da arte. Na esteira desse pensamento podemos lembrar ainda J. Pollock, de Kooning, Franz Kline, Pierre Soullages, H. Russeau, odos os surrealistas,.-Diga- se de passagem que estamos falando desses precursores que viveram no inicio do Sec. XX.- Não incluindo Duchanp e seus seguidores.-
Alfred H. Barr Jr. Diretor do Museu de Arte Moderna de Nova York e posteriormente critico de arte, em seu livro Introdução a Pintura Moderna comenta que para ser uma “obra de Arte” é preciso ter uma boa composição formal, composição tonal, cromática, equilíbrio, estética, um bom tema, interesse humano, conteúdo emocional e Universal.- Se todos esses elementos estão presentes na obra, tanto melhor, porem, qualquer um desses fatores, ou somente um deles pode contribuir para valorizar a obra.- Se todos estiverem presentes na obra tanto melhor, contudo sua somatória não fará da obra necessariamente um grande exemplo de pintura.- De fato, a reunião de todos eles pode resultar em uma obra sem falhas mas medíocre e entediante.-
“ A excelência de uma obra de arte não é uma questão de acumulo ou quantidade, e sim de qualidade da obra como um todo, e a qualidade é relativa ; não pode ser medida, comprovada, ou mesmo analisada com lógica”.-
Em última analise, o que torna grande uma obra de arte é sempre algo de misterioso.-
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A arte não é unânime, que como já dissemos os valores são atribuídos.- Posso atribuir beleza a um quadro e o resto do mundo não concordar.- Quem está certo? Eu, é lógico.- Se eu tiver personalidade , força psicológica bem estruturada, vou continuar com minha opinião, (desde que se prove o contrario) pois serei eu que vai conviver com este conceito e o mundo que se dane, muito embora são questões independente da qualidade do trabalho. Se algum dia mudar meus valores, poderei mudar de opinião . Acontece que entra aí o principal fator da arte que é a comunicação, e a comunicação só se completa quando ela é recebida.- E esse fator é individual, não se manifesta da mesma maneira para todas as pessoas e quando esse comunicação não se completa, esse alguém não recebe a mensagem que a obra está emitindo e assim a pessoa fica refrataria á obra.- Este fenômeno poderá ser interpretado como indiferença, apatia, desgosto e repulsa.
Neste quesito comunicação é onde muitos neófitos se deixam enganar por uma técnica perfeita e estupefatos pela habilidade não exigem o verdadeiro conteúdo que seria o Conteúdo Universal.-
Na arte atual, habilidade não significa muita coisa.- Acima da habilidade é preciso ter criatividade e competência


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Não poderíamos encerrar esta crônica sem abordar uma outra face da questão da avaliação de uma pintura.-
. Um aluno , indignado, poderia perguntar como seria avaliado em uma escola de arte.-
É mais do que verdade e provado de que não se pode medir a quantidade e qualidade de arte cuja atribuição compete única e exclusivamente ao observador porem , existem condições que podem sim serem medidas, confrontadas e avaliadas .- Referem-se as questões técnicas, conceituais de uma obra, e a competencia, habilidade e criatividade do autor.-
O que abrange as questões técnicas ? Tudo, exatamente tudo que envolve a execução da mesma.- Referem-se a tinta, suporte, meio de aplicação da tinta no suporte, pincel, espátula, pinceladas,veladuras, grafite, carvão,aquarela, pastel, pastel oleoso, encáustica, tempera e uma infinidade de outras questões que o próprio autor inventa e nem existem. Até mesmo o corte e enquadramento do tema poderia ser considerado uma questão técnica onde o autor tem oportunidade de dar uma grande demonstração de talento. A maneira de tratar a composição formal, composição tonal, composição cromática dá oportunidade para avaliações compositivas.-
Enquanto um aluno coloca um vaso no centro do suporte cuja atitude é a mais simples possível outros descentralizam o tema colocando o vaso em um canto e outro elemento do lado oposto equilibrando a composição.- Mesmo que não fique um bom resultado porem já mostra ousadia, criatividade.- - Esse é um exemplo para mostrar que em toda questão técnica existe individualidade, habilidade, criatividade e competência.-
Cada um desses elementos vai dar um nível de qualidade ao trabalho que poderá ser aferido pelo espectador.- Exemplo, se pintarmos bandeirinhas com tinta a óleo e pincel de pelo de marta , seriam péssimos trabalhos.- no entanto adotarmos a tempera do ovo que deixa transparecer o branco do fundo da tela e usar um pincel de pelo duro, gasto, para deixar a marca da pincelada, o efeito seria mais adequado, acrescentando valor a obra.-.-. Vejam
quão sutil é a arte. E pouca gente conhece esta sutileza.-
Então no emprego de todos esses materiais é possível avaliar se foram trabalhados por mãos hábeis, seguras, demonstrando domínio técnico conseguindo um resultado pelo menos tecnicamente correto.-
Portanto as questões técnicas são possíveis sim avaliar , mas a somatórias de todas elas não fará do quadro uma obra de arte. Será apenas uma obra tecnicamente bem feita.-
Speltri – 2010

................................................................................................................


Porem, em algumas anotações que tenho ao longo do texto, creio ser prudente considerar quê estas questões são válidas para o momento atual, dentro dos padrões de valores do mundo contemporâneo, e é aí que está o “X” da questão porque os valores mudam de acordo com a dinâmica diretamente proporcional com o pensamento de cada época.-.-
Os valores atribuídos a um bom fogão a lenha ou a uma boa lamparina a óleo ou ir a missa de charrete hoje seriam motivos de chacota. Essas praticas foram abolidas de nosso modo de vida. Também poderíamos deixar de dar valor a um quadro de rosas com gotas de orvalho ou um por do sol (crepúsculo) todo vermelho e amarelo.-
Porem um caso que até causa estranheza, citado por H.Gombrich em seu Livro História da Arte, refere a Caravaggio que perdeu a fama e caiu no esquecimento. Deixaram de lhe atribuir valor.-Justamente o “pai do claro e escuro”, talvez mais importante que Rubens e Rembrandt .Atualmente ele voltou a seu devido status.-
Por isso essa questão de atribuição de valor também é relativa a períodos,, modismos, como é o caso de foliarmos livros de arte ou catálogos de Museus e depararmos com artista que foram importantes em determinadas épocas, tiveram seus mecenas, e atingiram o apogeu da gloria e hoje são nomes apagados, apenas citações no rodapé das paginas.-
Na minha curta existência (hoje 70 anos) vi surgirem muitos artistas que eram verdadeiros cometas.- Com a mesma velocidade que surgiam, com a pompa e circunstância, todo aparato de marketing, e desapareciam sem deixar o menor vestígio.-
Isso que é fascinante na arte, por ser uma área que não segue nenhum padrão conhecido ou pré estabelecido, que não deixa de ser o que é sem nunca ter sido.-
Ou como diria Chagall - : “ um quadro é uma superfície coberta de representações onde a lógica não tem nenhuma importância”.-
Ou seguindo Affonso Romano de Santana - : “... é licito afirmar que uma obra de arte é aquilo que sobrevive a despeito do manifesto e da teoria”.-
Speltri - 2010

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