quinta-feira, 25 de março de 2010

SERIE CASTELINHOS - OPUS 101


serie castelinhos - opus 1001


QUADROS FALSOS

OS QUADROS FALSOS

Este é um assunto muito pitoresco na área da pintura e representa um verdadeiro tabu.- Ninguém toca no assunto como se as falsificações de quadros não existisse.
Existe nuances na área de falsificações que somente quem conhece muito bem a área sabe das possibilidades de se produzir falsificações.-
Os quadros falsos começaram a aparecer com a super-valorização do mercado de arte , então passou a ser tentador entrar nessa área.
O status de riqueza e poder econômico sempre foi representado por mansões, carros importados e um grande acervo de obras caras. No caso, obras de arte eram ideais para direcionar dinheiro sem origem, ou como se diz, o “caixa 2”.-
Esse era o campo fértil para os falsários que junto com os vendedores de quadros inescrupulosos, implantavam uma industria de obras falsas.
Primeiro temos que considerar que é fácil falsificar pintores brasileiros porque, principalmente a produção de inicio de carreira é um tipo de arte que não tem conteúdo,não tem qualidade, não tem estilo, com uma variação de técnicas, suportes em estado elementar e primário.- Estas considerações não tem cunho depreciativo, apenas porque todo iniciante pinta de tudo , com qualquer técnica e em qualquer lugar. Este procedimento se verifica com todos os pintores.- Picasso desenhava em guardanapos de restaurantes, , Bonadei pintou em uma frigideira e em uma taboa de cortar carne , e assim os exemplos se sucedem. No caso do iniciante ficar famoso e virar um gênio da pintura, tudo que leva sua assinatura vai valer muito. Com isto fica fácil pegar um quadro antigo de algum pintor desconhecido , colocar o nome de alguém famoso, ficando difícil identificar se realmente é ou não autentico.-
Existe uma estimativa de experts de que um pintor valorizado tem, com certeza, 1/3 de sua produção falsa, com isso os quadros falsos de boa qualidade acabam virando autênticos.
Um dos aspectos que dificulta a identificação de uma obra falsa é a identidade de seu proprietário.- Quem duvidaria que obras de arte de um banqueiro, industrial, políticos, seria falso? Jamais! – aí passa a ter um referencial que autentica a obra: tal quadro pertenceu ao acervo de Fulano de Tal.
Outro fato interessante que ocorre com obras falsas é quando alguém descobre que seu quadro é falso não trás o fato a público nem denuncia.- Não vai querer realizar um prejuízo.- Procura sair do mico passando o quadro adiante.- São raríssimos os casos de denuncia.-
Não sei se hoje continua o mesmo esquema, mas antigamente um critico cobrava 10% do valor da obra para dar um expertise.- Esta prática era normal e válida , pois tinha que ter algum perito para atestar a qualidade da obra, e os críticos assumiam esse papel.- Em se tratando de obras valiosas, essa porcentagem era algo significativo o que não era de se estranhar que se a obra falsa fosse de boa qualidade passasse a ser autentica como em um passe de mágica.-
A coisa ficou tão avacalhada que os expertises perderam o crédito, mas já era tarde, assim uma grande quantidade de quadros entrava para o mundo real e quem iria contestar?
Uma curiosidade que pouca gente conhece para autenticar um quadro valioso
Pegava-se uma obra de um autor desconhecido porem cuja pintura era próxima de determinada fase de algum pintor famoso.- Eliminava-se a assinatura original do pintor desconhecido e colocava o nome do pintor famoso.- Note-se que no caso a falsificação é só da assinatura. Pois bem , rasga-se a tela em algum lugar pouco importante da pintura , por exemplo, no céu. Daí levava a tela para um restaurador conhecido, de prestigio,- Quando termina o trabalho de restauração é praxe dar um recibo inclusive para mostrar lisura de que a obra foi restaurada.- Acontece que no recibo o restaurador coloca a seguinte afirmação “... tela atribuída a Fulano de Tal”.- No caso a palavra “atribuição” não é uma afirmação de que é de autoria do Fulano de Tal, apenas se atribui a ele. Assim essa atribuição de autoria valia como uma expertise. Afinal quem iria restaurar uma obra falsa?
Existem também as autenticações de obras de arte feitas pela família do pintor.- Cônjuges, filhos irmãos, tios , etc. que para os galeristas e colecionadores era um argumento positivo.- Na minha opinião, na condição de pintor, essas avaliações não tem credito nenhum porque a família e parentes não acompanham o dia a dia do artista.- Comprovo isso porque minha mulher e filhos muitas vezes se surpreendem quando vêem certos quadros meus.- Eles não conhecem tudo que produzi e jamais poderiam reconhecer.-
Avaliar por achar que tem “o jeito” do artista é absurdo.- E quantas expertises de familiares existem por aí? Para o proprietário do quadro é um referencial necessário para a negociação da obra.-
Como disse antes, todo pintor em inicio de carreira oscila entre diversas técnicas e estilos.- Experimenta e pesquisa de tudo. Faz parte do processo de criação. O artista evolui e certas fases ficam distantes do amadurecimento final. Com isso fica fácil enxertar obras falsas no meio da produção, considerando que obras falsas não são cópias mas sim criações com o maneirismo e estilo de determinado pintor.-
Para quem conhece os abstratos de Manabu Mabe, em composições cromáticas de cores primarias gestuais, jamais poderia imaginar as naturezas mortas constituídas por abacaxi, bananas, laranjas que fazia em seu inicio em Marília – SP.
Consta que Marc Chegall ia anualmente aos EUA ver o que havia de obras falsas em seu nome. Picasso autenticou diversos desenhos falsos que lhe atribuíram autoria.-
Como se vê até o próprio artista fica confuso quanto a sua autoria.-
Ingres speltri - revisto em 02-2010

terça-feira, 16 de março de 2010

BIENAL

BIENAL



Vale a pena fazer algum comentário sobre as Bienais, principalmente para os iniciantes em arte é importante saber como surgiram, qual sua importância, o que representam desde seu surgimento até os dias de hoje.
No final do Século XIX, ainda sob o reflexo da Revolução Industrial o mundo passou por um momento de ebulição com novas invenções de maquinas e equipamentos para todos os setores tais como industria têxtil, agropecuária, alimentos industrializados, enfim em todo ramo da atividade humana .
Em vista disso surgiu a necessidade de um intercambio industrial, comercial e cultural entre os povos para que fossem divulgados, e comercializados toda a nova tecnologia bem como o novo pensamento que surgia no mundo.
Os meios de comunicação e informação eram lentos. Para suprir essa deficiência e estabelecer a troca de informações e se tomar conhecimento das últimas descobertas e invenções, foram criadas as Feiras Internacionais para cada setor de grande importância para a sociedade. Logicamente como eram eventos que atraia pessoas do mundo todo, aproveitava-se a ocasião para lançamentos de livros, concertos, teatro etc.
Países ou mesmo cidades ficavam com o calendário tradicional de determinadas Feiras e assim anualmente tomava-se conhecimento das últimas novidades daquele setor especifico. Estabelecia-se troca de informações e desenvolvia-se o comercio.-

(Aqui em SP, as Industrias Reunidas F.Matarazzo tinham diversos produtos premiados na Feira Internacional de Alimentos de Milão,- inclusive o óleo comestível “Sol Levante” )

Aqui cabe um comentário a margem do assunto que por ser pitoresco e já conhecido por muitos, vale seu registro.-
A Torre Eiffel foi construída em Paris em 1889 para inauguração de uma feira internacional e seria demolida em seguida.-
Gustav Eiffel, engenheiro especializado em pontes e estruturas de ferro, que participou também da construção do Canal de Suez e da estrutura da Estatua da Liberdade, queria divulgar sua tecnologia.
Porem muitos os parisienses consideravam um monstrengo de extremo mau gosto, inútil, e que interferia na silueta da cidade, porem, apesar dos protestos permaneceu e com o tempo passou a ser o símbolo de Paris.
No começo do Século houve uma forte pressão para derrubá-la.- Em 1909 quase conseguiram, porem só foi mantida em pé por causa da antena que fica em seu topo de 300 metros de altura, que na época já era muito útil.-

Era preciso também no campo das artes um intercambio cultural para se saber o que havia de novos conceitos em todos os cantos do mundo, principalmente
em uma transição do Século XIX para o Século XX onde havia uma efervescência mental de novas idéias e invenções.
Para suprir essa falha foi organizada a Bienal de Veneza em 1895 que passou a servir de parâmetro sobre os rumos que arte estava tomando.
No Brasil, no inicio do dos anos 50, o mundo ainda estava juntando os destroços de II Guerra Mundial, sob o patrocínio de Francisco Matarazzo, organizou-se a Fundação Bienal Brasileira, assim passou a existir duas Bienais : a de Veneza e a do Brasil.-
Não seria necessário descrever aqui todos os movimentos, estilos e conceitos de arte que passavam pelas Bienais.- É dar vazão a imaginação e ver um Laboratório de experimentos artísticos onde alguns de fato virariam arte. Ou como diria o grande oportunista Marcel Duchamp, ‘TUDO É ARTE”.- Assim, tudo que era apresentado nas Bienais, que passava por um crivo da comissão de cada pais, teria a chancela de “ARTE”.-
Assim a cada dois anos (em arte não precisa mais do que esse tempo) as Bienais cumpriam seu papel de mostrar a arte de ponta que se fazia no mundo.- Era a fonte de informação onde todos os países interagiam.-
Acontece que o mundo é dinâmico e fatos alteraram o curso até então normal e estabilizado quando por volta de 1970 começaram a surgir os primeiros computadores mais potentes agilizando violentamente as informações , dando uma nova dimensão aos recursos até então insipientes e acanhados.-.- Porem, podemos considerar desde que não existe uma data precisa , de que a partir de 1980 a informática já facilitava e simplificava todos os setores da Humanidade.-
A partir desse avanço tecnológico sabia-se tudo o que estava acontecendo no mundo a cada momento.- Esportes, acidentes, concertos, noticiários, guerras ( devemos lembrar que a guerra do Golfo e a guerra das Malvinas foram transmitidas ao vivo pela TV lance a lance como se fossem partidas de futebol. Enfim estava começando a globalização.- O mundo , via internet, estava em nossa sala.-
Com isso, inaugurou-se uma nova era com a informação agilizada em todos os cantos do mundo, as Feiras Internacionais bem como as Bienais perderam o objetivo.-
Como as Bienais são fundações, elas continuaram a existir não mais com a bandeira da vanguarda mas sim como uma salada mista de parafernália que só confunde a cabeça do público e mesmo assim repetitiva ano a ano.
A prova de que a Bienal perdeu seu foco é verificar que já a partir da década de 1980 o que conseguia atrair público e tornar o evento viável eram as retrospectivas de escolas centenárias tipo : Sala Especial dos Impressionistas, Sala Especial dos Expressionistas, Sala Especial dos Cubistas e assim por diante.-Ou uma retrospectiva de um único gênio da pintura.-
Assim a cada dois anos iam buscar em algum parque jurássico da arte algum dinossauro para atrair o publico
A arte do passado que marcou o rumo até onde estamos hoje os museus de todo mundo estão repleto delas.- Livros, Museus e agora Internet se encarrega de levar até a casa do interessado todo esse material.
A função da Bienal seria ou deveria ser outra, o de mostrar o que ainda não existe ou que está em gestação para vir a ser um dia. Mas parece que não há mais nada.-
A arte está acéfala.
A arte como manifestação visual na qual elementos encerram um conceito e comunicam uma mensagem e um conteúdo parece que acabou.
Hoje a classe dominante representada por críticos e curadores elegeram a ausência do objeto arte restando apenas a “intenção de arte”.-
O artista hoje não precisa mais ter talento,habilidade, conhecimento dos conceitos , precisa apenas ser um grande cara de pau, bolar um folheto explicativo como um manual de aparelho domestico, contratar uma galeria e o espaço vazio da galeria já é a obra onde o espectador interage com esse espaço podendo até sentir-se insignificante diante do infinito das possibilidades do ser ou não ser na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distancias cósmicas, mundanas ou vegetativas (!!?? Até eu estou ficando vigarista).
Quando vemos, e isto existe, a arte chegar a este ponto só me resta jogar os pinceis e as tintas no lixo , pegar meu boné, apagar a luz e dizer - : Fui .-
O único culpado de tudo isto foi Marcel Duchanp que aproveitando a oportunidade da efervescência de idéias novas que surgiram no começo do século XX, como por exemplo fauvismo em l904, cubismo em 1907, abstracionismo em 1910, entre outros movimentos (surrealismo, expressionismo, concretismo, etc.) , na qualidade de artista tentou todos esses movimentos até se fixar no movimento futurista italiano que a grosso modo pretendia colocar movimento dentro do conceito cubista, onde é conhecido seu quadro “ Descendo a Escada”.- Ou seja, Duchamp bebeu na fonte de água potável, mas foi mais fácil para ele aproveitando a oportunidade da aparente confusão do momento e criar atitudes chocantes, insólitas, esdrúxulas tais como pegar um vidrinho e dar o título “ Ar de Paris”.- considerá-lo como um oportunista, ele que era um conhecido gozador de suas próprias idéias é o mínimo que podemos fazer.- Dividir o lado genial , de idéias avançadas e avançadas até demais, do lado pilantra debochado.- Acontece que todos , ou grande parte do público o levou a serio porque criatividade é fazer alguma coisa que não existe e se não existe não existe parâmetro de aferição, assim naquele caldeirão em ebulição da época , acreditaram nesse Duchamp, que em um verdadeiro canto do cisne integrou o grupo dos dadaístas que era um movimento perfeitamente nos moldes das idéias de Duchamp.- Era um movimento de arte contra a arte, por mais paradoxal que possa ser.- Era contra a idolatria dos ícones dos museus, era contra os museus, era contra o mercado, era contra a arte como decoração para enfeitar paredes, e assim por diante.
Acontece que ele agia como dizendo :” faça o que eu mando mas não faça o que eu faço”.- Isto porque se era contra o mercado de arte ele vendeu mais de 45 uri nós de banheiro masculino, intitulados “Fonte” para museus e colecionadores.-
Como uma atitude de impacto contra os museus e seus ícones, como grande intuição de marketing que tinha, pegou uma reprodução de Mona Lisa de Da Vinci e colocou bigodes.- Essa atitude foi um ultraje ao pudor das artes porem ele consegui o que queria, chocar o publico e ganhar notoriedade
Enquanto isso vendia a peso de ouro as baboseiras que produzia a colecionadores cativos.-
Depois dele muitos queriam seguir seu caminho que era muito fácil, não precisava ter talento, criatividade nem ser artista para fazer o que ele fazia, mas grande parte do público, artistas e critica não entenderam o recado do dadaísmo.
Uma das partes positivas do dadaísmo é quando procura demonstrar que arte não estava somente em um quadro ou em uma escultura.- Nossos sapatos, óculos, cadeira, panelas, enfim produtos de consumo tem arte.- Porque um objeto é um utensílio ele não é arte?
Visitei o museu do Ouro em Lima – Peru e passei horas vendo verdadeiras obras de arte, porem não foram feitas para serem obras de arte.- Eram todos utensílios , facas, ferramentas, vestimentas etc.-
H.Gombrich afirma sabiamente em seu livro que não existe arte, existem os artistas.- É o tipo da afirmação que parece estranha mas quando se pensa no assunto percebe-se a coerência.-
Daqui a 500 ou 1000 anos nossos utensílios tais como sapatos, relógios automóveis, computadores, etc. estarão em algum museu sendo vistos como objetos de arte.-
Quando Marcel Duchanp expôs uma privada, uma roda de bicicleta e pôr bigode na Mona Lisa, o recado de Le era muito serio.- Ele estava contestando e afirmando uma grande abertura dentro da conceituação artística.- Pelo menos ele pos todo mundo para pensar.-
Porem o pior da historia é que muitos embarcaram nessa canoa do dadaísmo sem saber remar.
Como é que muitos querem resolver problemas de física quântica se não sabem somar dois mais dois? Foi isso que aconteceu.
Artistas começaram a produzir em cima desses conceitos evoluídos sem entenderem seu significado.- E o mundo da arte se viu poluído por uma avalanche de drogas.- Um verdadeiro festival de besteiras e de charlatões que conseguem espaço na mídia e Bienais e passam a confundir a cabeça dos incautos-=
Risos e indignação é o resultado.-

Estamos fazendo estes comentários para entender o porque da nulidade das Bienais e eventos de arte contemporânea que acontecem no atual momento.- Acredito termos o direito pelo menos de pensar, avaliar já que estamos sob protestos dentro dessa platéia.- Acredito termos o direito de saber da arte de onde veio, onde está e para onde vai.
Estamos neste inicio deste terceiro milênio onde os talentos qe surgem não tem onde expor e assim ninguém os vê e não são descobertos.- Portanto os talentos já nascem mortos por um esquema viciado e as autoridades governamentais não estão preocupadas com arte porque arte não dá voto ou caixa dois.
Desde 1980 quando foi mudada a regra da constituição da representação brasileira, quando até então havia uma inscrição democrática onde todo e qualquer cidadão brasileiro poderia se inscrever para ser submetido a um corpo de jurados para procederem a seleção.-Pois bem, desde então entra ano e sai ano e são sempre os mesmos representantes.- .- Assim, desde então fica atribuída a própria Fundação Bienal a escolha e seleção dos artistas participantes .-
Já abordamos esse assunto em outra crônica e não se faz preciso repetir-lo aqui, mas convenhamos, é um esquema viciado, passível de duvidas e de truculência .
E a classe artística é tão fraca e desunida que todos sofrem as conseqüências com tamanha passividade quando poderiam usar seu próprio instrumento de comunicação para protestar que é sua própria arte.
Os que estão engajados no sistema não tem por que protestar e o resto, bem o resto é resto...
Aqui vale a pena citar H.Gombrich em seu livro Historia da Arte - : - “ ... seja como for, a atração da anti-arte foi irresistível para muitos jovens e estudantes de arte, e na década de 60 os críticos começaram a falar a respeito do “neodadaismo”.- Contudo não é o rotulo que importa, evidentemente, mas a sutileza e o talento que podem participar nessas montagens de objetos descartados” .-
Um outro fato que vale a pena seu registro é que todas as outras artes desenvolveram sua expressão acompanhando a contemporaneidade porem sem perder o foco e o objeto próprio. Por exemplo, a musica cuja espinha dorsal era o ritnmo e a melodia.Muito bem , a contemporaneidade descobriu que o caos e a desordem gera padrões, assim a musica perdeu o ritmo e a melodia mas mantendo seu objeto próprio que é o som mesmo que seja ruído.-Aí estão Benjamin Britten, Bella Bartock entre tantos outros.- Assim a musica é contemporânea e acompanha o momento atual de seu tempo.
A dança abandonou os gestos leves, suaves para desenvolver movimentos concretos, enérgicos , que são verdadeiras academias de musculação que não deixa de ser a expressão atual. Assim a dança não perdeu seu foco de expressão corporal dentro do tempo atual.- Ou alguma coisa é de seu tempo ou não é de tempo nenhum.
Se fizermos uma observação mesmo que superficial veremos que todas as artes, fotografia cuja Tonica principal era o foco nítido hoje os artistas dessa área procuram desfocar a imagem.- O cinema, poesia, literatura, teatro, enfim todas as artes atualizaram suas linguagens para a contemporaneidade sem perder o foco ou seu objeto próprio.-
Porque então que tudo em nome da nova denominação “artes Visuais” que estaria mais atualizado se fosse “artes sensoriais”, tudo que é perceptível pelos nossos órgãos sensórias tais como visão, paladar, audição tato, olfato hoje integram o rol do universo das artes plásticas, ou arte contemporânea, incluindo fotografia, cinema, expressão corporal, luz/sombra e etc.
Todas essas representações poderiam ser válidas e representativas de um novo segmento da manifestação humana, poderiam ser um laboratório de pesquisa inclusive da psiquiatria e psicologia (estudando o comportamento humano e quem sabe encontrando cura para muitos males) e não mascarar como artes plásticas iludindo o publico incauto.
Como se vê, somente as artes visuais perderam o foco que foi colocado em um deposito de lixo onde tudo é valido porque , como disseram, tudo é arte.
Quem cita problemas e não aponta soluções está fazendo anarquia e como não é meu caso, minha proposta consiste em se considerar a Bienal como um centro de estudos onde alguma coisa poderia vir a se transformar em arte depois de depurada, decantada , reavaliada em um longo processo de alguns anos.- Isto para não se cometer os erros dos críticos e historiadores que perderam o crédito desde o final do Sec. XIX quando quando tripudiaram em cima nada mais nada menos que Cézanne, Van Gogh e Gauguin, não os reconhecendo como os pilares da arte contemporânea.
A confusão de conceitos, de idéias, de propostas, a falta de conteúdo Universal, de representação de contemporaneidade, falta de unidade, falta de coerência, demonstram uma desordem, um caos no desenvolvimento da arte.
Jamais poderia se considerar que tenha acabado a fonte de expressão, competência, criatividade da arte porque ela (a arte) nada mais é do que a expressão da Humanidade e convenhamos, a Humanidade apesar de todos os contratempos não esta esse caos que existe entre criador (que não podemos chamar de artista) e criatura ( espectador).-
Talvez o mundo artístico esteja passando por uma crise de criatividade ainda considerando que a evolução desenvolvida no Sec. XX foi muito rápida e brusca, abalado com duas guerras mundiais, não deu tempo para assimilar tudo de tão grande volume de novos conceitos.-
Porque não esquecer temporariamente Duchamp e fazer uma releitura de tudo que se fez até quase final do Sec. XX..-
Porque não agir como os ruminantes, mastigar tudo novamente e devolver em forma de uma arte atual com uma nova linguagem contemporânea que haja comunicação entre obra e espectador, porque a comunicação só é completada quando ela é recebida.
Ingres speltri - escrito em 2001 – reescrito em 2010

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quinta-feira, 11 de março de 2010

O SONHO DA DONZELA


VISÃO SURREAL - RUPTURA - OPUS 8,35


A INSUSTENTAVEL LEVEZA DO SER - OPUS 325




VISÃO SURREAL - OPUS 10




RELEITURA SURREAL DE M. BUONAROTTI


VISÃO SURREAL - OPUS 0,01


DO JEITO QUE O DIABO GOSTA - 2


DO JEITO QUE O DIABO GOSTA 1


ATRIBUIÇÃO DE VALOR A UMA OBRA DE ARTE

O VALOR DE UMA OBRA DE ARTE
-atribuição de valor á obra de arte-


Quanto vale uma obra de arte? Como se mede a quantidade de arte de uma obra?
Não existe meios para se aferir o valor comercial e o valor artístico de uma obra de arte. Não da para medir em metros, quilos ou outra medida padrão.
O valor de uma obra de arte é atribuído e como são valores que são dados em virtude de condições aleatórias ou impostas por uma classe dominante (críticos, marchands , historiadores ), ficam sem parâmetro , compreensão ou entendimento.
No entanto, em muitos casos é possível chegar a uma compreensão. Vejamos, como é que se sabe que Michelangelo Buonarotti é um grande artista? Porque ele passou pelo crivo da critica e do publico por 500 anos e nunca ninguém contestou ou superou sua genialidade.- Portanto ao longo dessas sucessivas gerações atribui-se a Michelangelo condição de um dos maiores artistas do mundo.- Este é apenas um exemplo e assim já temos pelo menos uma maneira de aferir um artista.-
Quanto vale em moeda corrente a obra de Michelangelo? É o que menos interessa. Quando se olha a obra desse mestre ninguém em sã consciência está pensando em valor monetário.-
No entanto, existem muitos artistas que com manobras de marketing de marchand são considerados pelo que valem no mercado, independente de qualidade artística. Assim o valor mercantil é confundido com o valor artístico, sendo um erro grave considerar diretamente proporcional preço e arte de uma obra.- E o caso de muitos pintores brasileiros que em manobras artificiais foram feitas avaliações astronômicas enquanto tais pintores produzem uma obra medíocre e no entanto descansam , por enquanto, no pedestal dos gênios da pintura.
Portanto é bom não confundir valor material, mercantil, monetário com valor arte. Quando um artista atinge um alto status, a partir daí vende-se “assinatura”.- Imaginem ter um esboço fraco, horrível, de Picasso? Não importa a obra, pela assinatura valeria milhões. Ou acham que Picasso não produziu coisas fracas e ruins?? É lógico que sim.- Esta mais do que provado de que de toda obra de qualquer artista, 50% é razoável, bom excelente, e os outros 50% é fraco, ruim, péssimo.- Porém, se for famoso tudo será muito valioso financeiramente.-
Existe um outro fator que “embaça”, confunde o valor de um quadro. É o valor agregado a obra pela importância histórica de seu autor.- Por exemplo, W. Churchill tinha como hobby a pintura e seus quadros são valiosos não pela “arte” mas por ter sido pintado pelo grande estadista inglês.- A.Hitler era pintor em sua juventude e o repudio que a Humanidade lhe dispensa não impede que alguém que tenha alguma obra sua não se sinta privilegiadas e queira se aproveitar disso.- Assim existe infinidade de exemplos dessa natureza.
Existe um outro tipo de valor da obra representado pela sua condição de valor histórico pela sua importância na trajetória da arte.- Trabalhos que influenciaram gerações e mudaram o rumo da arte.- Um exemplo característico desse caso é o quadro de Monet “Impressões do Sol Nascente” .- Esse quadro é o marco inicial do impressionismo e com ele houve uma verdadeira revolução no conceito da pintura. Portanto esse quadro é importantíssimo não pela sua beleza, técnica, tema , mas sim por ser uma maneiro nova e revolucionária de pintar.-
As “Respigadeiras” e “Ângelus” de Fracois Millet são quadros que quem os vê sem um pequeno conhecimento de arte , ficaria constrangido, frustrado sem saber o que um quadro tão simples tem de importante.- É que Millet é um precursor e pintou esses temas quando eles eram banidos da sociedade.- Os pintores tinham que pintar temas nobres cenas greco/romanas, Deuses, mitologia, lendas e outras baboseiras. Aí aparece um pintor tendo como tema camponesas, o homem no campo, gente humilde com conteúdo humano , verdadeiro e realista.- A elite social repudiava tais quadros mas estes precursores enfrentaram bravamente esse repudio para sem saber passar para a historia.
Dentro deste conceito podemos enquadrar Picasso para considerar o valor de seu quadro “Demoiselles d’Avignon valioso por ser o primeiro quadro cubista, estilo de pintura que quebrou a espinha dorsal de tudo que se tinha feito em pintura até então.- Mudou o conceito de perspectiva, luz/sombra, profundidade de campo e “ensinou” a olhar o objeto de outra maneira e não mais da convencional.- a partir de “Demoiselles d’Avignon procurava se ter uma visão simultânea do objeto olhando-o por trs, de lado, de cima, por dentro, enfim o autor dava sua interpretação do que sabia daquilo que estava pintando.- Foi a maior revolução na historia da arte até aquele momento.-
Portanto muitos quadros tem seu grande valor não por sua beleza, técnica, tema , etc mas sim por serem precursores influenciando o rumo da arte. Na esteira desse pensamento podemos lembrar ainda J. Pollock, de Kooning, Franz Kline, Pierre Soullages, H. Russeau, odos os surrealistas,.-Diga- se de passagem que estamos falando desses precursores que viveram no inicio do Sec. XX.- Não incluindo Duchanp e seus seguidores.-
Alfred H. Barr Jr. Diretor do Museu de Arte Moderna de Nova York e posteriormente critico de arte, em seu livro Introdução a Pintura Moderna comenta que para ser uma “obra de Arte” é preciso ter uma boa composição formal, composição tonal, cromática, equilíbrio, estética, um bom tema, interesse humano, conteúdo emocional e Universal.- Se todos esses elementos estão presentes na obra, tanto melhor, porem, qualquer um desses fatores, ou somente um deles pode contribuir para valorizar a obra.- Se todos estiverem presentes na obra tanto melhor, contudo sua somatória não fará da obra necessariamente um grande exemplo de pintura.- De fato, a reunião de todos eles pode resultar em uma obra sem falhas mas medíocre e entediante.-
“ A excelência de uma obra de arte não é uma questão de acumulo ou quantidade, e sim de qualidade da obra como um todo, e a qualidade é relativa ; não pode ser medida, comprovada, ou mesmo analisada com lógica”.-
Em última analise, o que torna grande uma obra de arte é sempre algo de misterioso.-
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A arte não é unânime, que como já dissemos os valores são atribuídos.- Posso atribuir beleza a um quadro e o resto do mundo não concordar.- Quem está certo? Eu, é lógico.- Se eu tiver personalidade , força psicológica bem estruturada, vou continuar com minha opinião, (desde que se prove o contrario) pois serei eu que vai conviver com este conceito e o mundo que se dane, muito embora são questões independente da qualidade do trabalho. Se algum dia mudar meus valores, poderei mudar de opinião . Acontece que entra aí o principal fator da arte que é a comunicação, e a comunicação só se completa quando ela é recebida.- E esse fator é individual, não se manifesta da mesma maneira para todas as pessoas e quando esse comunicação não se completa, esse alguém não recebe a mensagem que a obra está emitindo e assim a pessoa fica refrataria á obra.- Este fenômeno poderá ser interpretado como indiferença, apatia, desgosto e repulsa.
Neste quesito comunicação é onde muitos neófitos se deixam enganar por uma técnica perfeita e estupefatos pela habilidade não exigem o verdadeiro conteúdo que seria o Conteúdo Universal.-
Na arte atual, habilidade não significa muita coisa.- Acima da habilidade é preciso ter criatividade e competência


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Não poderíamos encerrar esta crônica sem abordar uma outra face da questão da avaliação de uma pintura.-
. Um aluno , indignado, poderia perguntar como seria avaliado em uma escola de arte.-
É mais do que verdade e provado de que não se pode medir a quantidade e qualidade de arte cuja atribuição compete única e exclusivamente ao observador porem , existem condições que podem sim serem medidas, confrontadas e avaliadas .- Referem-se as questões técnicas de uma obra.-
O que abrange as questões técnicas ? Tudo, exatamente tudo que envolve a execução da mesma.- Referem-se a tinta, suporte, meio de aplicação da tinta no suporte, pincel, espátula, pinceladas,veladuras, grafite, carvão,aquarela, pastel, pastel oleoso, encáustica, tempera e uma infinidade de outras questões que o próprio autor inventa e nem existem. Até mesmo o corte e enquadramento do tema poderia ser considerado uma questão técnica onde o autor tem oportunidade de dar uma grande demonstração de talento. A maneira de tratar a composição formal, composição tonal, composição cromática dá oportunidade para avaliações compositivas.-
Enquanto um aluno coloca um vaso no centro do suporte cuja atitude é a mais simples possível outros descentralizam o tema colocando o vaso em um canto e outro elemento do lado oposto equilibrando a composição.- Mesmo que não fique um bom resultado porem já mostra ousadia, criatividade.- Deu para avaliar os dois casos? - Esse é um exemplo para mostrar que em toda questão técnica existem individualidade, criatividade e competência.-
Cada um desses elementos vai dar um nível de qualidade ao trabalho que poderá ser aferido pelo espectador.- Exemplo, se Volpi pintasse suas bandeirinhas com tinta a óleo e pincel de pelo de marta , seriam péssimos trabalhos.- no entanto ele, com toda sua intuição recorreu a tempera do ovo que deixa transparecer o branco do fundo da tela e usava um pincel de pelo duro, gasto, para deixar a marca da pincelada.-. Vejam
quão sutil é a arte. E pouca gente conhece esta sutileza.-
Então no emprego de todos esses materiais é possível avaliar se foram trabalhados por mãos hábeis, seguras, demonstrando domínio técnico conseguindo um resultado pelo menos tecnicamente correto.-
Portanto as questões técnicas são possíveis sim avaliar , mas a somatórias de todas elas não fará do quadro uma obra de arte. Será apenas uma obra tecnicamente bem feita.-
Speltri – 2010


Porem, em algumas anotações que tenho ao longo do texto, creio ser prudente considerar quê estas questões são válidas para o momento atual, dentro dos padrões de valores do mundo contemporâneo, e é aí que está o “X” da questão porque os valores mudam de acordo com a dinâmica diretamente proporcional com o pensamento de cada época.-.-
Os valores atribuídos a um bom fogão a lenha ou a uma boa lamparina a óleo ou ir a missa de charrete hoje seriam motivos de chacota. Essas praticas foram abolidas de nosso modo de vida. Também poderíamos deixar de dar valor a um quadro de rosas com gotas de orvalho ou um por do sol (crepúsculo) todo vermelho e amarelo.-
Porem um caso que até causa estranheza, citado por H.Gombrich em seu Livro História da Arte, refere a Caravaggio que perdeu a fama e caiu no esquecimento. Deixaram de lhe atribuir valor.-Justamente o “pai de claro e escuro”, talvez mais importante que Rubens e Rembrandt .Atualmente ele voltou a seu devido status.-
Por isso essa questão de atribuição de valor também é relativa a períodos,, modismos, como é o caso de foliarmos livros de arte ou catálogos de Museus e depararmos com artista que foram importantes em determinadas cortes, tiveram seus mecenas, e atingiram o apogeu da gloria e hoje são nomes apagados, apenas citações no rodapé das paginas.-
Na minha curta existência (hoje 70 anos) vi surgirem muitos artistas que eram verdadeiros cometas.- Com a mesma velocidade que surgiam, com a pompa e circunstância, todo aparato de marketing, e desapareciam sem deixar o menor vestígio.-
Isso que é fascinante na arte, por ser uma área que não segue nenhum padrão conhecido ou pré estabelecido, que não deixa de ser o que é sem nunca ter sido.-
Ou como diria Chagall - : “ um quadro é uma superfície coberta de representações onde a lógica não tem nenhuma importância”.-
Ou seguindo Affonso Romano de Santana - : “... é licito afirmar que uma obra de arte é aquilo que sobrevive a despeito do manifesto e da teoria”.-
Speltri - 2010

RUPTURA NA TRADIÇÃO

RUPTURA DA TRADIÇÃO

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O mundo ainda estava estupefato com Albert Einstein, Freud, Stravinsky, James Joyce, Picasso, Kandinsky e muitos outros precursores.
O mundo não teve tempo de assimilar de imediato a Revolução Industrial e Cultural do Sec. XIX, e já era abalado pelas duas Grandes Guerras Mundiais que terminaram praticamente em 1945. Eu tinha, portanto, 5 anos de idade, se bem que, ironicamente em épocas de guerra se verificava evolução de diversos ramos de atividade. Evolução tecnológica em máquinas, equipamentos, aviação, armas, medicamentos, alimentos concentrados, etc. segundo dizem, o motor Volkswagen foi inventado pela necessidade de um motor refrigerado a ar para os tanques de batalha no deserto.
Foram tantas as invenções e descobertas, abolindo sistemas arcaicos vigentes, surgindo o que passou a ser chamado de “Ruptura na Tradição”.
Romperam-se todos os procedimentos de hábitos, costumes, religião, valores éticos,m morais alterou-se todo “modus vivendi” para se assumir uma nova postura diante de uma nova era. Quem iria acender uma lamparina a óleo ou a gás se tinham inventado a luz elétrica? Quem iria andar a cavalo, charrete, diligência (tração animal) se já estavam fabricando automóveis (tração mecânica)? Quem iria acender o fogo a lenha com todos os seus inconvenientes se já havia o fogão a gás? Etc., etc., etc. E assim a tradição foi se rompendo, dando lugar para a evolução. Todos os conceitos tradicionais em todos os ramos de atividade do mundo formam abandonados por novos conceitos arrojados, dinâmicos e práticos. Quem iria continuar a considerar a alma segundo os cânones da Igreja depois que Freud publicou o “Livro dos sonhos”? Todo conceito de literatura foi abalado com a publicação de “Ulisses” de James Joyce. Alguns enunciados de Newton foram reformulados, depois que Albert Einstein mostrou a Teoria da Relatividade. A partir daí o mundo não era mais o mesmo. O átomo não era a menos partícula da matéria, já era dividido em nêutrons, prótons e elétrons. O mundo entrou na era atômica.
Como é que as Artes Plásticas acompanharam esse avanço tecnológico?
Pois bem, a Ciência é que inventa e descobre coisas, a Política administra e as Artes registram. Os artistas em todas as suas modalidades são pessoas que estão “antenadas” com tudo o que está acontecendo nas atividades de ponta e registrando através de sua arte. E assim as artes em geral acompanhavam e registravam essas evoluções.
Quem poderia imaginar até aí uma música sem ritmo e sem melodia? Sim, a base fundamental da música era o ritmo e a melodia e aí Stravinsky nos mostrou “Sagração da Primavera”, uma música sem um ritmo dominante e sem uma linha melódica tradicional e cheia de dissonâncias. Causou um espanto no público e na crítica que, aos poucos, foram assimilados os novos padrões.
Picasso quando mostrou “Mulheres d’Avignon”, o mundo ficou de início assustado, porém os mais evoluídos perceberam que ali estava a nova Arte. Onde o artista tinha total liberdade para criar. Não tinha nenhum compromisso com a realidade. O objeto ou o modelo, na pintura, não tinha nenhuma importância. Ele era “destruído” para ser interpretado em parte ou no todo em sua composição, sem compromisso com a realidade. A partir daí o importante era composição e não o modelo. O tema é um mero pretexto de expressão.
O artista não estava mais preso ao “visual”, à realidade. O artista fazia o que queria, do jeito que queria e como sabia. Aí muita gente pensou que a arte tinha virado bagunça. Nada disso. O artista fazia o que queria dentro de uma liberdade “vigiada”. Apesar de tudo, a obra tinha que ter composição, equilíbrio, estética, linguagem universal, estilo pessoal e acima de tudo COMUNICAÇÃO. As vezes pode ter tudo isso e não ser uma grande obra e as vezes apenas um desses elementos poderá definir uma obra prima.
Todas as evoluções surgidas no início do século XX na pintura, tanto na composição formal, tonal ou cromática, estilizaram ou deformaram o modelo, porém ainda tudo em cima da narrativa figurativa. Até que em 1910 surgiu Vassily Kandinsky, que mostrou que não precisava mais da figura, da ilustração, para se fazer um quadro. A COR era mais do que suficiente para comunicar, e assim surgiu a ABSTRAÇÃO.

ALGUNS FATOS DA RUPTURA NA TRANSIÇÃO
fatos que marcaram a transição do século XIX para o século XX: a chamada RUPTURA NA TRANSIÇÃO

1900 – Freud publica o livro “Interpretações dos sonhos”.
1901 – Guglielmo Marconi inventa o rádio.
1902 – Debussy mostra “Pelléas El Milisande”.
Eurico Caruso faz a primeira gravação de uma música.
1903 – Primeira viagem de carro de San Franscisco a New York – levou 52 dias.
1905 – Movimento Expressionista Alemão – Grupo Die Brucke.
Movimento Fauvista (França) – Salão de Outono.
1906 – Santos Dumont voa sobre paris no avião 14 Bis.
1907 – Picasso mostra “Les Demoiselles d’Avignon”. Surge o CUBISMO.
Primeiras fotos coloridas.
1910 – Kandisnsky apresenta sua primeira aquarela abstrata.
1913 – Strawisnky apresenta “Sagração da Primavera”.
Duchamp apresenta a roda de bicicleta e o mictório.
Mondrian apresenta suas primeiras “Composições”.
1914 – Primeira Guerra Mundial.
1915 – Albert Einstein – Teoria da Relatividade.
Movimento Dada (Dadaismo).
Kafka – “A Metamorfose”.
1918 – Fim da Primeira Guerra Mundial.
1919 – Gropius funda a Bauhaus.
1922 – James Joyce – “Ulisses”.
1926 – A televisão é inventada.
1928 – Alexandre Fleming descobre a penicilina

semana de arte de 1922

SEMANA DE ARTE DE 1922 – TARSILA DO AMARAL – MODERNISMO BRASILEIRO

Esses três temas se fundem e se confundem pela própria essência, intimamente ligados,dificultando a clareza e o discernimento sobre eles. Os próprios críticos e historiadores fazem uma cortina de fumaça embaçando esses três assuntos, dando uma conotação irreal ou mesmo surreal, mascarando fatos e fantasiando acontecimentos banais que não mereceriam tal apologia..
Vamos analisar separadamente esses três temas sem o calor da emoção dos jovens críticos de última hora recém saídos dos bancos das faculdades e que para “mostrar serviço” vão buscar esses velhos temas que, alem de batidos muitas vezes são falsos , mas que, repetidos incessantemente através dos anos acabam parecendo verdades.
Vamos abordar primeiro a semana de arte de 1922 por pretender ser o marco da arte moderna no Brasil.
É absolutamente falso alegar que a semana de 1922 foi o marco inicial da arte moderna brasileira, pois para entender esse falso conceito temos que sair do âmbito nacional e considerar os fatos do mundo daquela época.-
Pois bem, Matisse em 1904, mais um grupo de pintores mostram o primeiro movimento da verdadeira fase contemporânea da pintura, quando passaram a usar cores primarias, cujos pintores fora chamados pejorativamente de “fauves”, ou seja, selvagens.O termo pegou e o movimento ficou conhecido como fauvista.
Em 1907 Picasso mostra ao mundo a verdadeira revolução na pintura onde o pintor pinta o que sabe e não o que vê.- Não há mais compromisso com a realidade. Perspectiva e luz/sombra não tem mais importância na composição (não confundir luz/sombra com claro/escuro).- Nesse novo conceito o saber é mais importante que o
ver ,Instituído por Braque e Picaso ficou conhecido como Cubismo.-
Em 1910 Wassily Kandinsky (1866-1944) eliminou a narração figurativa mostrando que somente as cores seriam suficientes para transmitir a mensagem do autor com todo seu conteúdo , e assim instituiu o abstracionismo.
Esses são os verdadeiros fatos que marcaram o inicio da arte contemporânea no mundo.- A partir desses acontecimentos artistas de todo mundo, inclusive do Brasil, foram para Paris, que era o centro cultural do mundo, tomar conhecimento e aprender esses novos conhecimentos de arte.
Portanto é muita pretensão alegar que a Semana de Arte de 1922 é o marco do modernismo brasileiro visto que Portinari, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral entre outros, bem antes de 1922 já estavam em Paris copiando e estudando as novas modalidades de pintura.
Assim a famigerada Semana de 1922 não passou de um movimento banal, um oba-oba festivo da elite paulistana.- Vazio, e inócuo sem nenhuma contribuição para o desenvolvimento da arte brasileira.
Segundo depoimento do pintor Cícero Dias, que não participou do da “semana”, quem teve a idéia da realização do evento foi Marinette, Mulher de Paulo Prado, quem tinha visto um festival com arte e musica na França, na cidade de Deauville e comentou o fato em uma reunião social. Oswald de Andrade pegou essa idéia e pretendeu fazer uma espécie de festival das artes em uma semana de eventos.
Foi de 13 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal em São Paulo.
A idéia seria verificar o que os artistas brasileiros tinham “comido” dos novos conceitos recém acontecidos em Paris, o que tinham digerido e devolvido em forma de uma nova arte.
Esta foi a idéia inicial de Oswald de Andrade, denominada de antropofagia, ou seja homem que come homem, e por analogia, arte comendo arte.-
Seria uma espécie de levantamento para ver o que os artistas brasileiros “comeram” dos artistas estrangeiros e o que desenvolveram em forma de uma nova arte. Como Oswald de Andrade era culto e um grande intuitivo de marketing, logo “sacou” a idéia da antropofagia na arte e tomou esse conceito como espinha dorsal do marco da arte moderna no Brasil. Ele não perdeu nenhum detalhe para acrescentar valor ao evento, e como na época estava na moda lançar manifestos, ele lançou também nessa semana o manifesto da semana de arte de 1922 e com frases de efeito como : - “Tupi or not Tupi”.
Assim o evento deveria ter um caráter moderno, mostrando as influencias e assimilação dos novos conceitos que já mostravam ramificações em diversos países, mas, no Brasil não tinha ainda nenhum pintor se iniciando no modernismo (pintor brasileiro, porque Lazar Segall já estava no Brasil) e alguns poucos, representativos, já estavam em Paris.- Mesmo assim foram convidados representantes de todas as artes e não foi por coincidência que quase todos pertenciam a elite paulistana, que aqui citaremos alguns deles.
Guilherme de Almeida, descendente de família tradicional paulistana, alcunhado de “O Príncipe dos Poetas”, e que seu livro de poesias, o mais conhecido, “ O Messidor”, nunca teve nenhuma aura de modernidade.- Sua poesia era elaborada dentro dos padrões de versos parnasianos e alexandrinos, não contribuíam em nada com o modernismo.- Muito embora tenha sido um grande poeta, mas nunca moderno.
Por ironia do destino, Guilherme de Almeida ficou conhecido como tradutor do poema “If” (Se) de Rudyard Kippling.- Que alias merece aplausos pela tradução
Menotti Del Picchia, , dono de Cartório, fazia poesia por diletantismo e como tinha um status socioeconômico, gravitava na esfera da intelectualidade e assim foi fácil integrar ao grupo dos pseudo modernistas.. Seu trabalho mais conhecido, talvez o único, “Juca Mulato”, uma espécie de versão caipira de Romeu e Julieta, onde um caboclo se apaixona pela filha do patrão-fazendeiro e assim chora suas magoas junto ao seu cavalo Pigarço, em uma linguagem corriqueira e caipira, onde não existe nenhum lampejo de modernidade. (“Pigarço esta dor me aquebranta ...” e vai por ai afora.-
Assim a representação poética que possa ser considerada dentro do contesto moderno ficou a cargo de Mario de Andrade, com obras como “Paulicéia Desvairada, escrita em 1922, e “Macunaíma” escrita em 1926 , publicada em 1928, considerada dentro do modernismo brasileiro mas não como obra da semana de 1922 como muita gente pensa.-
Heitor Villa Lobos representante da modernidade na musica erudita brasileira, onde se inspirou em temas do folclore brasileiro fazendo uma releitura segundo a polifonia de J.S.Bach.-
Não fazem citações dos arquitetos que já assimilavam novos padrões de arte concreta e construções influenciadas até por Mondrian. Pouco ou quase nada se menciona sobre Lasar Segall, que integrou o grupo paulista recém chegado da Europa, trazendo em sua bagagem sua participação ativa no movimento expressionista alemão.
Pois bem, a partir desse foco, nota-se uma desinformação dos críticos e historiadores , ou , no mínimo má fé ao associar exaustivamente a semana de 1922 tão somente com Tarsila do Amaral como também colocar tanta pompa e circunstancia transformando-a em uma verdadeira apoteose da pintura brasileira, o que não é verdade. Tarsila não participou da semana de 1922 e esse evento não passou de um oba-oba festivo da elite paulistana.-
Segundo declaração de Paulo Herkenhoff na Folha de São Paulo, pág. E-1, de 20-11-2002 - : “ A semana se tornou um mito onde não há critica, não estou vaiando o evento, mas sou um historiador de Arte e não posso elogiar a Semana que não apresentou nenhuma obra moderna produzida naquele ano.-“

Pretender eleger a semana em marco do modernismo brasileiro seria forçar um marketing para um mau produto, como também pretender associar erroneamente a semana de 22 com Tarsila se ela nem estava no Brasil nessa época.- Porque Tarsila? Quem foi Tarsila?

quarta-feira, 10 de março de 2010

nu - juventude


0pus 888


opus 666


opus 345


ESTÃO MATANDO A PINTURA
-crônica sobre artes plásticas-

(comentários, conselhos e advertências ao iniciante em Artes Plásticas).


































INGRES SPELTRI
Nascido em Jaú, interior do estado de São Paulo, em 20-01-l940.
Desde garoto dedica-se as artes plásticas. Por influencia do pai, conhecido artista da região, começa a pintar muito cedo. Vai amadurecendo a partir das técnicas e ensinamento do mestre e logo começa a desenvolver estilo próprio. A cidade de Jaú começa a ficar pequena para sua criatividade e ousadia. Deixa para traz sua cidade e sua família e decide tentar a sorte na cidade grande: muda-se em l958 para São Paulo.

Para se manter, começa a trabalhar como bancário. As dificuldades dessa fase não abafam seus instintos artísticos. Ao contrario, fazem com que esses venham com mais intensidade, como que uma forma de protesto. A angustia que encontra escape nas telas.

A agitada década de l960 encontra um produtivo Ingres, que absorve toda a efervescência do período e se nutre das mais variadas fontes na busca de uma identidade para sua obra. Como resultado, participa dos principais salões de arte de São Paulo, e de outras cidades, destacando o Salão Paulista de Belas Artes e o Salão Paulista de Arte Moderna. Nessa época também participa de duas Bienais.
O milagre econômico da década de 70 proporciona uma revitalização da arte como bem comercial, criando um mercado de alto valor onde alguns poucos se destacam. Ingres ingressa no time dos pintores exclusivos da Collectio, que se tornou famosa por seus grandes leilões.

Nos anos 80, Ingres alcança uma maturidade e equilíbrio que o levam novamente a flertar com as raízes figurativas e mais conservadoras da cidadezinha de Jaú. Como pintor das galerias Renot e Tableau, produziu obras de grande preciosismo técnico, sem perder, porém a criatividade e ousadia que o tornaram conhecido nos anos anteriores.
A partir de 90, Ingres iniciou uma nova fase de vida, passando a se dedicar à transmissão de seus conhecimentos e técnicas. Deu aulas de pintura em seu ateliê, fez parte do corpo docente da FAAP, tradicional escola de arte de São Paulo, alem de montar sua própria escola de artes plásticas na cidade de Vinhedo - SP.
A variedade da obra de Ingres deu-lhe a segurança necessária para expor a seus alunos à infinita gama de técnicas e estilos na arte. Sua obra é fonte inesgotável de aprendizado, pois com ela consegue-se passear por diversas escolas e períodos da arte moderna.
A versatilidade dos trabalhos do artista Ingres simplesmente reflete as diversas fases da história do homem Ingres. Uma feliz coincidência que sua vida tenha se tornado um método didático.

Por mais antagônico que possa parecer, abandonou temporariamente o aprimoramento de sua pintura na fase “Fosseis” que é uma preparação para seu ambicioso projeto de pintar o Apocalipse (guerra-fome-peste-morte), para iniciar atualmente uma nova fase onde o conforto visual da beleza , com requintes da art-nouveau, art déco, e da “arts and crafts”, favorecidas pelo tema “flores”, que graças a um requinte de técnica mista, resulta em uma obra agradável de ser vista e própria para se conviver com ela. Assim Speltri passou a ser adepto da frase do psicólogo canadense Steven Pinker que disse : - “ Arte é um “doce mental” – dispensável mas saborosa.”


Atualmente, desde l997, continua dando aulas na Escola Panamericana de Arte, de São Paulo, e como conseqüência de sua atuação como professor, sua produção segue uma influencia direta de sua didática na qual leva os alunos a entrar nos meandros dos estilos , conceitos e técnicas da pintura, motivo pelo qual tem uma produção eclética.

É autor do livro “INTRODUÇÃO -do autor - AO MUNDO DA PINTURA” ( não editado), obra autobiográfica sobre os bastidores do mundo da pintura a partir da década de 70, pela ótica de quem a vivenciou. Também autor do livro “INTRODUÇÃO A TEORIA E A PRÁTICA DA PINTURA’ (em negociação para edição), guia prático para os interessados em começar a penetrar no mundo da pintura. Em fase de revisão “ Quorum Lascivus”, “Quorum Ludicus” e “Estão Matando a Pintura”.-
No momento trabalha no texto didático “ O que se deve saber sobre um curso de pintura”.-

Carlos Eduardo McAllister Speltri

01-2008



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Experiência em Artes Plástica :

Citação no Dicionário dos Artistas Brasileiros de Julio Lousada – paginas 937 a 945

2007 desde 1997 – professor da Escola Panamericana de Arte - SP

1998 – e 1999 – Membro do Júri de Seleção e Premiação de Salão de Arte de Vinhedo

1996 a 1997 - professor da Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP

1988 – Affiche DArt

1986 e l980 - Membro do Júri de Seleção e Premiação do Salão Paulista de Belas Artes

1984 – Membro do Júri do Salão da AABB

1978 – Sociarte – coletiva

1976 – IX Salão de Arte Contemporânea de Santo André

1977 – Salão de Arte Contemporânea de Jundiaí
1975 – Salão de Arte Contemporânea de Campinas

1973 – Salão de Arte Contemporânea de Sorocaba

Salão de Arte Contemporânea de Campinas

1969 – II Encontro de Artes Plásticas de Atibaia

Salão de Arte Contemporânea de Santo André

1968 – Salão de Arte de São Bernardo do Campo

1967 – Salão do Eixo-Turistico Campos do Jordão-Pindamonhangaba

1966 - II Salão de Arte Religiosa Brasileira

1965 – Salão Paranaense de Belas Artes

1963 a 1970 - Salão Paulista de Arte Moderna

l963 a 1986 – Salão Paulista de Belas Artes

1956 = I salão Oficial de Belas Artes de Bauru


Exposições individuais :

1988 – Centro Cultural de São Paulo

1984 - Galeria Paulo Prado

Club Athletico Paulistano

1981 – Galeria Paulo Prado – apresentação Jose Roberto Teixeira Leite

1978 – Affiche D”Art

1977 - Galeria Paulo Prado – apresentação Alberto Buetemuller

1971 - SESC – apresentação Mario Schemberg

Prêmios :

Menções Honrosas, Medalhas de Bronze , Medalhas de Prata ( grande e pequena ) , Pequena Medalha de Ouro, Prêmios Aquisitivos, Premio Secretaria de Esporte e Turismo, Premio Governador do Estado, 1º. Premio Eixo Turístico,























































Foto da capa de ingres speltri












Nota do autor


Como filho de pintor, nasci no meio artístico, e meus brinquedos já na primeira infância eram as tintas , pincéis, quadros , etc., tendo mais de meio século de vivencia como observador de arte, produtor de arte e formador de opinião em arte.
Na qualidade de artista plástico militante, com participação efetiva no meio artístico, bem como nos principais salões de arte e bienais, com os quadros circulando nos leilões e mercado de arte, assim, com esta bagagem, quando vejo obras que não me despertam interesse, é porque para mim, elas não possuem nenhuma qualidade, e é isto que tenho visto durante os longos últimos anos.
Na qualidade de observador, treinei meu olhar no sentido de observar a arte e procurei educar minha sensibilidade nesse sentido, tendo uma vida de pratica desse exercício, e quando vejo uma obra de arte que não consegue prender meu olhar, despertar minha atenção, comunicar algum conteúdo, é porque esta “obra” , para mim, não tem nenhuma qualidade. Não passa de um “dèjá vu” monótono, repetitivo, cansativo, que quando querem inovar partem para o escandaloso, esdrúxulo, chocante e “vazio”. E é este tipo de arte que se repetem nas Bienais , exposições e eventos de arte .
Na qualidade de formador de opinião, desempenho a função de professor, contribuindo para a formação de novos artistas, que, em cuja função, não consigo citar um exemplo para meus alunos entre as obras produzidas neste período, a não ser com raras exceções, um conceito de arte que unifique e transmita toda contemporaneidade, e que possa ser vista como precursora, inovadora , sem que tenha perdido o senso, tampouco o objeto próprio e que seja a representante legitima do pensamento atual . É porque pouco ou quase nada existe para ser citado, porque não tem nenhum conteúdo que dignifique a obra ou a representação .
Diante deste fato , resolvi fazer um registro a partir de minha ótica, de acordo com minha cultura e sensibilidade , de toda esta situação, para , pelo menos ser coerente na produção de minhas próprias obras, aferindo minha consciência de observador a uma responsabilidade na formação de opinião de meus alunos.
No final desta aferição muitos poderão não concordar com minha interpretação, que é um direito, mas jamais poderão dizer que estou errado.
Gostaria de estar errado sim, diante desta conjuntura, mas quando vejo muitos grandes entendidos, artistas, críticos e historiadores, dos quais não tenho procuração para falar em nome deles, mas quem acompanha a mídia sabe quem são , com a mesma postura e indignação, fico triste em ver que realmente é verdadeira a situação em que a arte se encontra.

24-01-2005

e-mail : ingresspeltri@uol.com.br
site – www.speltri.com -
























Este texto é um tributo a :




Irineu Ângulo (in memorian)
Paolo Maranca ( in memorian)
... que fizeram de mim um pintor


Massimo Picchi
...que fez de mim um professor



















... algumas das pessoas que contribuíram para meu pensar em arte.-




















Capitulo pagina

A DINAMICA DO DESENVOLVIMENTO DA ARTE ........................................... 13

DESERTO ESTÉRIL .................................................................................................. 15

A GLÓRIA DOS INOCENTES .................................................................................. 16

NOVA VELHA HISTÓRIA ...................................................................................... 17

PASSANDO A LIMPO ............................................................................................... 18

DO DADAISMO AO GAGAISMO ............................................................................. 19

BUSCA DA INOCENCIA ............................................................................................ 20

ARTISTAS PLASTICOS DOS ÚLTIMOS DIAS ........................................................ 21

UMA CLASSE EM EXTINÇÃO ................................................................................... 23

A ARTE COMO CHARADA ......................................................................................... 27

DEMONIZAÇÃO DE VALORES ................................................................................. 29

VAZIO DOS CONCEITOS ............................................................................................ 30

CONDIÇÃO PÓS-NÉO ................................................................................................. 31

O MERCADO DE ARTE ................................................................................................ 32

A ARTE COMO PRODUTO DE CONSUMO ............................................................... 35

BIENAL 2004 – O TUMULO DA ARTE ....................................................................... 39

ACADEMISMO CONTEMPORANEO - NEOACADEMISMO .................................. 43

CONFRONTO MÍTICO .................................................................................................. 47

XENOGLOSSIA NA ARTE ............................................................................................ 50

A ARTE COMO MERCADORIA .................................................................................... 52

O VERDADEIRO ARTISTA CRIA SUA LINGUAGEM .............................................. 54

FAZER ARTE É RESOLVER PROBLEMAS .................................................................. 57

O VERDADEIRO ARTISTA É ABSOLUTO ................................................................... 58

O ORIGINAL EM LINGUAGEM ATUAL ....................................................................... 60

AS INFLUENCIAS DE UM ARTISTA ............................................................................ 61

A COMUNICAÇÃO DE UMA OBRA DE ARTE............................................................ 62

AÇÃO E REAÇÃO OU CAUSA E EFEITO .................................................................... 63

O MUNDO SERIA MUITO FRIO E A VIDA MUITO ARIDA SEM ARTE .................. 64

A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM A VÊ .......................................................... 66

A ARTE DEPENDE DA PERSONALIDADE DO ARTISTA ......................................... 67

CADA ARTISTA PRETENDE QUE SUA ARTE SEJA MAIS AUTENTICA ............... 68

OS CÃES LADRAM E A CARAVANA PASSA .............................................................. 69

ATÉ O CÁOS E A DESORDEM GERAM PADRÕES DE BELEZA –(A SINTESE DAS
FORMAS ................................................................................................................................ 70

UM NOVO CONCEITO DE ARTE ........................................................................................ 72

A FORMAÇÃO DE UM PINTOR ........................................................................................... 73

O MITO DO TERMO “ OBRA DE ARTE” ............................................................................ 75

VENDER UM QUADRO PARA UM PINTOR É DESFAZER DE UM MOMENTO DE
SUA VIDA ............................................................................................................................... 76

O PINTOR E SUA ÉTICA....................................................................................................... 77

A FUNÇÃO DO PROFESSOR ............................................................................................... 78

A ARTE DEVERÁ SEMPRE ESTAR LIGADA A LIBERDADE DE PENSAMENTO ...... 80


O ARTISTA E SEU INSTINTO CRIADOR .......................................................................... 81

OS ARTIFICIOS DA PINTURA ..................................................................................... 83

A ARTE E A POBREZA QUASE SEMPRE ANDAM JUNTAS ........................................... 85

O PODER DOS SIMBOLOS ................................................................................................... 87

O ARTISTA COMO OBSERVADOR DO MUNDO ............................................................. 88

AS QUATRO FORÇAS DO ARTISTA .................................................................................... 89

A PINTOR NÃO MORRE, CONTINUA VIVENDO ATRAVES DE SEUS QUADROS ...... 90

A ESTETICA DO INFORMAL .................................................................................................. 91

O ARTISTA E SEU ISOLAMENTO ...................................................................................... . 92

CADA ARTISTA É MESTRE DE SI MESMO ...................................................................... 93

CADA ARTISTA TEM SEU PRÓPRIO UNIVERSO ........................................................... 95

A ANSIEDADE DO INICIANTE ............................................................................................ 97

CIENCIA – RELIGIÃO – ARTE ............................................................................................. 99

A GRANDEZA DA ARTE ESTÁ CONTIDA NA SIMPLICIDADE .................................... 101

O ARTISTA E SEU TEMPO .................................................................................................... 103

O ARTISTA INTEGRADO AO MUNDO CONTEMPORANEO .......................................... 105

IMPULSO CRIATIVO ............................................................................................................. 107

O PINTOR PINTA O QUE QUER QUE OS OUTROS VEJAM ............................................ 108

A ARTE E A ESPIRITUALIDADE ........................................................................................ 109

CADA PINTOR COM SEU VOCABULARIO PRÓPRIO .................................................... 111

O PINTOR CONSEGUE TRANSFORMAR EM ARTE APENAS UMA PEQUENA PAR-
CELA DE SUAS INTENÇÕES ............................................................................................... 113

OS LIMITES DE CADA UM ................................................................................................... 115

A ARTE É UMA EXTENÇÃO PSICOLÓGICA DO AUTOR .............................................. 117

PARA ACEITAR OU REJEITAR ALGUMA COISA DEVEMOS CONSULTAR O IN-
TELECTO ................................................................................................................................ 118

A ARTE É ESSENCIALMENTE CRIAÇÃO ......................................................................... 119

TEMA É PURAMENTE UM PRETEXTO PARA A PINTURA ........................................... 121

ANTES DE TUDO UM PINTOR DEVE SABER POR QUE E PARA QUE FAZ PINTURA 123

O PINTOR COMO UMA FABRICA DE QUADROS ............................................................... 124

O IMPULSO CRIATIVO ............................................................................................................ 126

O VERDADEIRO ARTISTA NÃO É ESCRAVO DE NENHUMA “ESCOLA” ..................... 130

AS COISAS NÃO SÃO COMO AS VEMOS MAS SIM COMO AS INTERPRETAMOS .... 131

NA ARTE MAIS VALE PRATICAR A ANARQUIA DO QUE A DISCIPLINA DAS
ESCOLAS ............................................................................................................................... 134

O ARTISTA CRIATIVO E COMPETENTE É MULTIPLO, INOVADOR, INCONSTAN-
TE.............................................................................................................................................. 135

UM BOM PROFESSOR DESENVOLVE TALENTOS, UM MAU PROFESSOR “MATA”
TALENTOS ............................................................................................................................... 138

O IMPORTANTE PARA O ARTISTA É O CONHECIMENTO DE SI MESMO ................. 141

CADA ARTRISTA PODE E DEVE SER MESTRE DE SI MESMO ...................................... 144

REGRAS E PARADIGMAS ..................................................................................................... 146

A NOVA MANEIRA DE “VER” .............................................................................................. 147

OBJETIVOS DE UMA EXPOSIÇÃO ....................................................................................... 149

NA FASE DE APRENDIZADO, TODO PROCESSO É VALIDO ......................................... 151

DEVERÁ HAVER SEMPRE UM DIALOGO ENTRE O ARTISTA E SUA OBRA .............. 152

TUDO QUE ESTÁ FEITO ESTÁ VELHO ( SEM TIRAR O MÉRITO )................................ 154

A QUESTÃO DA TÉCNICA NO APRENDIZADO ................................................................ 156

RELAÇÃO ENTRE O VER E O SABER COM O CUBISMO ............................................. 158

UMA NOVA IDENTIDADE DE ARTE ................................................................................... 161

A ARTE DO PASSADO PERTENCE AOS MUSEUS .......................................................... 163

CADA ÉPOCA TEM A ARTE QUE MERECE ....................................................................... 164

QUEBRA DE PARADIGMA .................................................................................................... 166

A ARTE CONSISTE EM MANIFESTAR A VIDA ................................................................. 169

CONSIDERAÇÕES FINAIS :

FIM DE UM SONHO – O SILENCIO DOS INOCENTES .................................................... 170

NOVA ANTROPOFAGIA ..................................................................................................... 173

CONCLUSÃO DE UM PROCESSO ...................................................................................... 176

QUO VADIS .......................................................................................................................... 178

OLHANDO PARA O ABISMO ............................................................................................. 179

CONTEÚDO INCONSCIENTE ............................................................................................. 180

REFLEXÃO ATUAL .............................................................................................................. 181

FRASES IMPORTANTES ...................................................................................................... 182






A DINAMICA DO DESENVOLVIMENTO DA ARTE

Indivíduos, auto denominados artistas, extrapolam os limites da racionalidade , e navegam em áreas que provocam uma escoliose na coluna vertebral das artes plásticas.
No começo do Séc. XX, quando a pintura tinha acrescentado somente mais um adjetivo : moderna; prevalecendo a pintura em tela e cavalete, muito embora nessa época começassem a surgir novas propostas mais ousadas como, a textura, o bi-dimensional, etc., e o quadro deixava de ser quadro para ser “objeto”.= Mesmo naquela época, já se profetizava contra os abusos e o perigo das artes plásticas perderem o seu foco. Mas infelizmente de nada valeram as advertências, bem como de outros gênios intuitivos e teóricos como Kandinsky , Paul Klee, Mondrian entre outros.
Como a arte tem seu valor atribuído, sem ser possível uma aferição quantitativa de qualidade, a não ser da condição técnica que não nos interessa no caso, passa a ser um campo fértil para o charlatanismo, para oportunismo, para os aventureiros, que mascarados de vanguardeiros, se elegem como os mensageiros de uma nova arte rara e extravagante, e o mundo fica “confuso” quanto a espiritualidade e sensibilidade, ofuscada pela globalização e pela sociedade de consumo, sem uma liderança segura quanto aos valores abstratos do homem, onde o povo fica pasmo e refratário diante desses mistificadores da arte.
Todas as artes, absolutamente todas menos as artes plásticas, através dos séculos, mudaram de fase acompanhando o momento em que o mundo vivia, sem perder sua essência, seu conteúdo, seu objeto próprio, e seu foco.
A musica evoluiu, alterou-se o ritmo, às vezes eliminando-o, introduziram-se dissonâncias, sons aleatórios, o som deixou de ter sonoridade e passou a ser ruído,barulho ,mas continuou a ser o som o “veiculo musical” ,até os dias de hoje.
A poesia acompanhou toda evolução do mundo, atingindo o concreto e neo-concreto onde às vezes somente letras sugerem ideologias. Mas a ferramenta para a elaboração da poesia continua a mesma, ou seja, o símbolo gráfico da escrita. E assim todas as artes evoluíram sem perder o rumo e sem se desvincular de suas ferramentas básicas de organização da composição.
Somente a pintura passou por uma metamorfose destruidora, em que primeiro passou a ser denominada de moderna, depois de arte contemporânea, depois de arte de vanguarda, depois de artes visuais, em seguida de arte interativa e hoje de arte conceitual, onde perdeu toda sua essência, seu glamour, sua espiritualidade, toda espontaneidade, toda interação com o público, enfim, perdeu seu rumo e conteúdo comunicativo com as massas.
Isto aconteceu em virtude das artes plásticas virarem um grande laboratório de pesquisa, abrangendo absolutamente tudo que repercute na sensação e percepção do individuo.Incluindo,é lógico, todos os órgãos do sentido (olfato, audição, paladar,visão, tato,sensação térmica, etc.). Tudo foi incorporado na chamada Artes Visuais, inclusive a tecnologia de outras áreas como fotografia, cinema, TV ,literatura, iluminação, expressão corporal, etc.,etc.,etc. Considerando ainda a condição aleatória com que são usados todos esses recursos, bem como outros , prosaicos como um monte de terra jogado em um espaço de uma Bienal deverá ter um conceito, quem quiser que adivinhe qual, mas isso passou a ser artes plásticas ou arte conceitual.
Tudo isso é muito válido e respeito, porem com outro nome, pertencendo à outra área, como um verdadeiro laboratório de analise e pesquisa, onde algumas dessas idéias poderão apontar para um novo rumo da arte. Mas atualmente está uma verdadeira Torre de Babel, onde ninguém se entende e nem se explica, onde oportunistas , respaldados por uma classe dominante , desvirtuaram e confundiram o ambiente artístico que ficou difícil separar o joio do trigo, onde o melhor é nivelar tudo por baixo e começar tudo de novo, de uma maneira consciente, segura.
O século XX foi um século muito tumultuado, de muitas descobertas, invenções de grandes portes, tais como as conquistas cósmicas, energia atômica, os avanços na medicina, duas grandes e muitas pequenas guerras, enfim, foi um século agitado e tumultuado inclusive culminando com o advento do computador. Por isso que dentro desse panorama caótico há a necessidade de reorganizar os valores espirituais do homem, pois
é hora de parar e desfrutar essas benesses que surgiram em quantidades e magnitude, porque tudo aconteceu muito rápido e muito confuso.
Vamos repensar, refazer e recomeçar.

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DESERTO ESTÉRIL

Como já disse Mark Twain, o ritmo alucinado de novas descobertas aumenta cada vez mais a nossa ignorância., porem , quando se toma a decisão difícil ao pavimentar o caminho que leva a compreensão livre das amarras da ética, estética, moral, mas sim de acordo com o gosto, formação e interesse, porque, para que não seja um pesadelo, esta revolução é necessária alem da moral e não da matéria que por algum acidente ou alguma lei desconhecida, não será portanto uma obra de exploração dos mundos com mais dimensões, mas sim uma que usa o recurso de uma dimensão adicional oculta, para explicar a debilidade da força, embora não espere encontrar especulações sobre como poderiam ser , a ironia com que tentam explicar justamente o que consideramos desprezível, em comparação com tudo o que se conhece e que já foi feito, resultando em um bonito epitáfio : aqui jaz a contemporaneidade!
Falta uma força para fazer as massas se atraírem ao invés de diluída num mundo que tivesse mais quatro dimensões. Sim uma força para atrair, juntar, reunir, compor e não uma força centrifuga onde os corpos tendem a se afastar do centro, onde se entende por centro o objeto próprio da arte, a comunicação consolidada com a ciência, filosofia e sociedade.
Não se pode evitar a revolução, quando se considera a geometria da sociedade, porque a arte ,oferece ao homem uma certeza regida por uma estrutura invariável ao exprimir as variações, aspirando não somente a originalidade como fator preponderante e único mas a clareza e a pureza comunicativa, contudo perdeu-se o contato com o objeto e tentam aproximar de uma realidade fictícia naquilo que ela tem de superficial e extravagante.
Prefiguraram um emaranhado de uma arquitetura contemporâneas onde se perdeu alem do elo comunicativo, a representação, o sentido e o valor, porque a renovação formal não começa na arte mas na própria vida , em virtude do verdadeiro sentido estar em toda parte menos nas obras de arte que se isolaram da vida. Essa arte retrograda perdeu o contato com seu tempo, onde se volta a afirmar : ou alguma coisa é de seu tempo, ou não é de tempo nenhum.
Uma horda festiva, porem entediada, se baseia na predominância do conceitual, porem, nada mais se faz do que revitalizar a arte que cria imagens não representativas em um apego excessivo que conduz a contemporaneidade a um deserto estéril.
A restauração da ordem, porem uma ordem didática, sugere uma volta as origens que na velocidade dos fatos de um século XX tumultuado e fecundo, faltou assimilação do significado dos valores, símbolos, onde hoje se vive em um deserto árido da falta de comunicação , beleza, onde a charada, a piada, o extravagante, o inusitado, o revoltante, o cínico, o contestador, o irônico , o todo incomum é o que há de generalidade invariável e permanente, em serie repetitiva da destruição das singularidades, abrindo caminho para o triunfo universal, sem explicação das essências que formam o núcleo da expressão sensível .
Evocamos novos gênios porque os que fabricaram já estão desgastados, fragilizados e corroídos,onde foram se tornando cada vez mais um domínio de pesquisa do que verdadeira expressão do processo onde os valores representavam apenas um pequeno aporte de um mundo corporativo de organizações que são extensões do poder de barganha que se instituiu um confronto direto de uma situação insustentável pela leveza do modus- operandi , porque, com certeza, a sub-cultura será vencida neste novo tempo.-Aleluia!
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A GLORIA DOS INOCENTES 11-12-2005


HABILIDADE - COMPETENCIA - CRIATIVIDADE :
Segundo o dicionário Larousse e Houaiss :
Habilidade :- capacidade, destreza, agilidade.Qualidade de alguém que age com engenhosidade e inteligência.- astúcia. - Que tem a mestria de uma ou varias artes, ou um conhecimento profundo, teórico, e prático de uma ou varias disciplinas.- ... apto para resolver as situações que se lhe apresentam; astucioso, sutil, manhoso, esperto ; sagaz.Dotado de habilidade e rapidez, destro, ligeiro, hábil.
Competência :- capacidade decorrente de profundo conhecimento que alguém tem sobre um assunto; - aptidão, habilidade.- capaz, entendido, perito, qualificado, apto,hábil.- Aptidão de uma autoridade pública de efetuar determinados atos .- Qualidade legitima de jurisdição ou autoridade.- Capacidade que um individuo possua de expressar um juízo de valor sobre algo a respeito de que é versado.-idoneidade.-
Criatividade :- Criatividade :- capacidade de criar coisas novas; espírito inventivo.- capaz de inventar, imaginar, realizar qualquer coisa de novo ou de original.
... inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, em qualquer campo de atividade.-
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Hoje em dia está em moda citar essa tríade como sendo os pilares que compõem a arte contemporânea, o que não deixa de ser como chover no molhado ou trocar 6 (seis) por meia dúzia, porque , na impossibilidade de inventar coisas novas, ficam trocando o nome dos bois como se fosse aumentar a manada ou criar chifre na cabeça de cavalo.
Esta tríade sempre foi , é , e sempre será o pilar das artes, que através desses três componentes,( ou dessas três disciplinas ) criam-se valores, conteúdos, linguagens, signos, símbolos, interpretações, enfim, todo amalgama que compõem e diferenciam as criações, desde as inscrições nas cavernas, porque, sem dúvida esses são os atributos necessários para ser artista ou a quem quiser se manifestar graficamente.
Embora deva ser considerado que até o rompimento com a tradição, no inicio do séc. XX, o que prevalecia era a “ habilidade” do” fazer bem feito e bonito”, retratando com fidelidade os temas do mundo visível. Porem, a partir do momento em que os pintores ficaram liberados pelas encomendas de puras “ilustrações” do mundo real, a “habilidade” perdeu a importância para a “competência” e principalmente para a “criatividade”, que a partir de então o público passou a percorrer o imaginário dos artistas, constituído por obras que levam ao limite da compreensão, em interpretações constituídas por um embate entre a razão e a emoção, criando gêneros que ganhavam atualidade, porem perdiam para leituras e classificações que fazem parte de uma gramática universal. A grande multiplicidade de expressão dessa nova arte de vanguarda , a dita contemporânea, passou a não ser percebida e assimilada em todas as suas variações nem pelos seus autores, muitas vezes cabotinos e aventureiros de plantão, e principalmente nem pelo grande púbico que passou a ver nos grandes eventos desse tipo de arte, motivo de chacota, gozação, humor, achincalhe e deboche , porque na atual manifestação artística não se distingue mais habilidade, competência e criatividade. Infelizmente é esse o panorama da arte atual, e quem duvidar que se lembre das últimas bienais ou que vá à próxima, que com certeza a brincadeira vai continuar. Infelizmente....


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NOVA VELHA HISTORIA

Não seria exagero afirmar que o mundo passa por uma psicose coletiva alimentada por violência de toda natureza e por mais paradoxal que seja, não adianta apelar para Deus porque nunca se matou tanto em nome Dele. E o engraçado é que a globalização, expandiu para todos os cantos do planeta o rebaixamento da moral , da ética e dos bons costumes civilizados, sem pretender ser moralista. Parece que Kandinsky e Carl Jung estavam certos quando afirmaram :- “ Deus está morto “. Não querendo entrar no mérito teológico ou filosófico dessa questão , queremos apenas constatar a ausência de confraternização humana que existe em um verdadeiro – “salve-se quem puder “, por isso que a arte que acompanha a realidade universal se apresenta de maneira tão desordenada, agressiva, inócua, pessimista, sem uma comunicação emotiva, em ritmos desiguais, individualista e sem respeito pelo semelhante. É esta identificação da arte com a realidade atual em que se pretende dissociar tal vinculo. Ninguém agüenta viver dentro desses padrões negativos e ainda ser agredido por manifestações artísticas do mesmo teor. Quem não gostaria de acabar com essas vibrações negativas que gravitam em toda atmosfera terrestre?
Esta missão poderia ser dos artistas, que seriam os emissários de uma nova mensagem de paz, amor, dentro de uma linguagem visual,que não fosse uma charada indecifrável, mas com elementos gráficos plausíveis a uma sociedade faminta por esse produto em falta na coletividade.
Que bom, que gostoso, ver alguma coisa que deleite, mas que não seja uma vaca!
Hoje chegamos a uma hierarquia falida do império dos sentidos, infiltrados em crenças e símbolos que une a sociedade decomposta no seu significado que são verdadeiros mediadores em uma postura bastante clara ,que favorece a manutenção do caos em submissão ao poder daqueles que infundem a preservação dos mesmos valores, sobretudo se envolto a uma retórica brando-autoritaria. Isso nos leva a assinalar a posição na tradição da flagrante preferência a uma mediação por absorção e não interventora que só poderia ser eficaz em um campo de impacto imediato que não capta a sensibilidade a que se acrescenta a opinião da sociedade, escapando dessa camisa de força para mostrar o que chamará de contemporaneidade extraída dos restos de uma concepção de cultura artística destroçada por ela mesma.
Apesar das variações socioeconômicas a considerar, nada mais significativo do que o gosto, assim afere-se a preferência , mas , quando os elementos comparados não se equivalem , estabelecendo apenas o exótico, o ridículo ou extravagantes, onde vozes conclamam que o mérito de valor está acima dos padrões popular ou da sociedade ignara. Coitados! “Vox populi, vox dei.”
Tomaram sucessivamente o domínio e mantém indiscutível poder sem perceber que perdeu o credito , sendo repudiado com veemência tal retórica que em alguma parte poderia encontrar um padrão de gosto , sensibilidade e comunicação que de certo modo seria uma pá de cal em tal ferida.
Não é um conceito que se transmite por inércia, mas a expressão viva da tendência do povo, que sendo uma força popular , pode ser revolucionaria.

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PASSANDO A LIMPO

Podemos sim reconhecer manifestações objetivas e identificadas com a realidade atual que ficam embaçadas pelo acumulo de mistificações , onde se avança com a hipótese das diferenças essenciais das categorias reconhecidas e identificadas com absoluta manifestação criativa ,competente e habilidosa de um artista , onde se reconhecem facetas que indicam formas distintas de envolvimento artístico que de acordo com critérios esboçados, se identifica a revelação incansável do narcisismo característico do artista menos dotado, onde fica a dúvida para que o espectador aceite o risco da escolha.
A arte tem que ser direcionada para o povo, porque a intelectualidade provoca uma cortina de fumaça que explica tudo,vale tudo, aceita tudo em nome do exótico e controvertido, em um contraste gritante entre o universo simples e ingênuo do público , em que a arte tem que ser submetida á lógica do espetáculo e ao contrario se tornou um sintoma da decadência da manifestação contemporânea onde se centra nos conceitos anônimos os movimentos que precederam a queda da idéia de estética, composição formal,tonal,cromática, equilíbrio, linguagem e comunicação.
A questão toda, pode-se imaginar, é delicada porque o mesmo instrumento que serve para aplaudir , serve também para punir com essa miséria e a grandeza de uma magia em que se pode fazer do hediondo, sublime , do falso e da impostura, uma “verdade”.
Convém repetir aqui a frase de que a genialidade e a mediocridade representam um fio tão tênue que quase se tocam.
É difícil transitar por dois mundos sem uma gota de demagogia, em que um verdadeiro elogio a loucura (parodiando o mestre) transformam tudo em estereótipos ideológicos que muitas vezes não gostaríamos de reconhecer porque estão inundados de vícios culturais, usados apenas para fazer proselitismo demagógico que deformam o conteúdo da informação, não tratando a opinião pública com o devido respeito.
Segundo a síntese conceitual teorizada como um dos grandes fatores, contrapõe-se as vertentes do processo lógico, ao passo que a emotividade imediata mantém-se traumática como condição de arte em que a sensação que se percebe, resulta da comunicação parada no espaço circundante onde a representação permanente assumira ao motivos psicológicos quanto por exigências de comunicação intersubjetivas entendida como código ou linguagem comum ao artista que emite a mensagem e ao espectador que a recebe, certificando-se de que a experiência artística conduz a uma ignorância intelectual do conceito quanto ao objeto com uma atividade pratica exercida sobre a própria realidade perceptiva e nesta sociedade atual, condicionada pelos modos de produção usando matérias e pensamentos descartáveis dentro de uma sociedade de consumo cuja atividade pratica especulativa predomina sobre a ética da consciência moderna.
Por esta ótica o funcionamento ou função da arte na sociedade proposto atualmente é radicalmente diferente do aceitável para a função artística e a função produtiva que tendem a se adequar reciprocamente como fator comum do pensamento atual indicando em que tipo de conceito Universal seria possível enquadra-lo ou esperar que se dissolva com o tempo como já aconteceu na historia da arte.


25-01-2006
Ingres speltri

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DO DADAISMO AO “GAGAISMO”


Desde 1913 que toda a crítica especializada cantou em prosa e verso o movimento DADA, ou Dadaísmo e não nos convém aqui competir com todos os historiadores mas tão somente lembrar os pontos importantes desse movimento que , na minha modesta opinião , quem melhor o fez foi Julio Carlo Argan em seu livro “Arte Moderna” cujo trecho transcrevemos :
- “...o movimento Dada é uma contestação absoluta de todos os valores, a começar pela arte”...
- “ ...pôs em crise, ao lado dos demais valores, a própria arte; esta deixa de ser um modo de produzir valor, repudia qualquer lógica, é nonsense, faz-se (se e quando se faz) segundo as leis do acaso. Já não é uma operação técnica e lingüística; ela pode se valer de qualquer instrumento, retirar seus materiais seja de onde for. De fato , não produz valor; ela documenta um processo mental, considerado estético por ser gratuito. É nonsense no nonsense, mas positivo porque o comportamento do mundo, que pretende ser lógico e é insensato,é um nonsense negativo e letal. Todavia, o nonsense, o acaso também podem ter uma coerência e um rigor próprios. Desfinalizada e desvalorizada, a arte já não é senão um sinal de existência; significativo, porem, quando tudo em redor é morte.””

Com certeza esse momento histórico da transição da arte, foi o tendão de Aquiles que provocou essa Torre de Babel em que nos encontramos hoje. Foi sem dúvida um momento histórico em que se abriu uma porta, ou melhor, uma porteira por onde passaram simultaneamente gênios, e artistas bem intencionados junto com mistificadores, oportunistas sem o mínimo de conteúdo ou bagagem para exercer a função de artista porque tudo ficou fácil. Virou um vale tudo onde isto é aquilo que também pode ser isto como pode ser aquilo e assim como na lenda,” vestiram o Rei”.
Onde a arte não é mais arte para ser pensamento, intenção, idéia, proposta.
E por mais pitoresco ou esdrúxulo que possa parecer, a figura de proa do movimento Dada, Marcel Duchamp, que condenava veementemente o mercado de arte, vendeu mais de quarenta de suas privadas (mictório de banheiro de homem feito de louça que apresentou como obra de arte) assinadas, a peso de ouro.
Com esta liberdade suprema e irrestrita foi como dar poder aos insensatos que sufocaram o lado positivo do movimento onde qualquer um poderia ser artista e foi o que aconteceu com a chusma de novos artistas , cada um querendo ser mais irreverente, audacioso, escandaloso ou exótico.A isso que se resumiu a arte contemporânea a partir desse salve-se quem puder porque ficou difícil apreciar uma manifestação autentica, com conteúdo e linguagem diante do poder de mídia dos mistificadores.
Enquanto se pretende atualizar a contemporaneidade arcaica do homem, salvando a moral da sociedade, com certeza o alvo da polemica surge no interior da própria estrutura fragilizada pelas dissonâncias definida pela nova estrutura formal em que a arte prossegue como pesquisa a despeito do postulado revolucionário a que se propõe , já que historicamente o nome “dada” surgiu das palavras balbuciadas por um bebe que ainda não sabe falar , portanto não significa nada. Se considerarmos que “gaga” na língua portuguesa significa que perdeu o vigor físico e intelectual, que parece ter voltado a infância,; caduco, decrépito, lanço a sugestão de batizarmos o atual estágio da arte contemporânea de “GAGAISMO”.-

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BUSCA DA INOCENCIA -

Para que serve a arte? Para alguns a arte não serve pra nada! Estão errados? Nao, não estão. Porem, se olharmos a nossa volta ou para nós mesmos em um espelho , tomaríamos consciência da realidade da estética, simetria, harmonia, relação de volumes , tons, cromos, organização de formas, tudo isso e mais alguma coisa , que em uma transcrição desses valores em linguagem visual, poderia se chamaria de arte. Mas será realmente?
Então, para que serve a arte?Será para aferir os padrões de valores que nos cercam nos dando uma sensibilidade aguda adquirida pela pratica do uso desses valores? Como na natureza as espécies escolhem seus parceiros de acordo com padrões de beleza, força, estética, simetria, etc.
Se em tudo no mundo existe equações e matemática que é uma ciência exata, onde até o caos pode gerar padrões, onde é que a arte, com toda sua liberdade de ação e de lógica assume uma identidade?
Ou ela serve como um lenitivo ou um balsamo para a alma, integrando o ser vivente ao mundo superior? Isto é apenas devaneio poetico.
A arte é produto de um autor? Uma arvore é uma obra de arte? É ou não é? Uma arvore não tem um autor, mas será um “objeto”, uma realidade que faz parte da natureza e a natureza não é uma obra de arte? Mas de que autor? Alguem poderá olhar para uma arvore e dizer : - “Isto é uma obra de arte!”.- Então uma arvore é ou não é uma obra de arte? Pois bem, se um autor tomar como tema uma arvore e transcreve-la em um suporte plano, talvez uma tela, isto é uma arte? Se ele destruir esse tema deixando apenas resquicios dessa imagem em um suporte, isso e arte? Indo alem, se interpretar essa imagem em bidimensional ou tridimensional, a arvore passará a ser arte?? Indo muito mais alem, se em um vasto salão espalharmos folhas verdes e secas de uma macieira, também galhos finos e grossos e pedaços de madeira, estaremos dando o conceito de uma arvore mesmo que não identifique uma macieira? Isto é arte ? Isto poderia ser considerado uma instalação dentro do conceito de uma arvore,no critério das artes plasticas? Se ficarmos nu ou semi-nu com os braços levantados, estariamos fazendo a performance de uma arvore? E se espalhassemos macãs a nossa volta poderiamos classificar como performance de uma maciera ao por do sol de outono na brisa do vento noroeste a 30 graus do meridiano de Greenwich? Seria arte??
Ou será que estamos discutindo o sexo dos anjos? Se não estamos discutindo o sexo dos anjos , deixo uma pergunta a quem ousar dar uma resposta sem sofisma, sem poesia, sem elucubrações de retórica, sem filosofar, e de uma maneira clara e simples :-
- O que é arte?

-“Eu uso a técnica para poder odia-la melhor” - afirmou Nam June Paik, em 1973, no periodo em que o artista iniciava seu trabalho com a video arte, que iria influenciar gerações e leva-lo a ser considerado o pai desse genero.Com suas propostas antiarte e crítica aos meios de comunicação, como sua apresentação em 1975, na 13ª. Bienal de São Paulo, onde misturou plantas em meio a aparelhos ligados, utuilizando-os como fontes luminosas. ( extraido da Folha de S.Paulo de 31-01-2006 )
Nossa reflexão termina com o eco dessa frase dita por um dos protagonistas que para alem dos limites da pratica da militancia a frase extrapola o contexto para ganhar um sentido de retomada da condição insoluvel e tragica , onde nenhuma integração ou assimilação poderia resolver, desmerecendo sua especificidade resumindo em uma condição vulgar e incontornavel que passa a ser metafora de uma afronta a todos que enfrentam o que não pode ser integrado e que não cabe em lugar nenhum o desconforto do que não pode ser assimilado pacificamente dentro da normalidade.

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ARTISTAS PLÁSTICOS DOS ÚLTIMOS DIAS

A sub-cultura na vanguarda atual ( ou da chamada arte contemporânea dos dias atuais) é a principal característica ( e suas conseqüências) das artes plásticas que assistimos hoje.
Apesar do apelo cultural urbano, os “autos-intitulados” artistas plásticos, pretendem impressionar com o “novo”, o “exótico”, o inusitado, tudo em nome da criatividade, cujos grupos sub-culturais , pretendem impor padrões elevados com um sub-produto eleito pela classe dominante..
Assim se vê desfilarem uma balburdia de idéias e conceitos sem que haja a preocupação desses pretensos artistas contemporâneos , de que seus trabalhos sejam comunicativos, que tenham conteúdo, e sejam inteligíveis pela massa social média contemporânea.
Existe uma ambição desmedida, apoiada pelas classes dominantes, dos prematuros “gênios” em adotar uma pratica do “fazer diferente”, da representação chula, vulgar, primaria, para a qual seria necessário um roteiro ou manual de instruções para o conhecimento de tais “obras”.
Não nos esqueçamos que a qualidade da “obra” de um autor depende antes da sua bagagem de vida, sua formação, suas influencias, seus estudos, sua vida pessoal que tem estreita ligação com seu trabalho, e para tudo isto e muito mais, é preciso tempo, muito tempo para a formação de um verdadeiro artista. É preciso muito trabalho, experiência dedicação, talento, habilidade, competência, criatividade para decantar tudo e ser transformado em verdadeira arte.É preciso ter um compromisso com a arte pela arte e não com intenção vulgar ou canhestra como um impulso passageiro.
É possível sim na tenra idade artística, mesmo antes da maturação, evidenciar lampejos de um grande significado de conteúdo, emblemas, signos e conceitos pessoais dignos de crédito. Porem nunca se viu um chorrilho de “ gênios” como neste momento atual!!
Mas, os indivíduos incautos, aspirantes ao podium de artistas plásticos, se quiserem continuar a pretender a faixa da dita cuja, terão que sucumbir as pressões das classes dominantes que determinam o que é e o que não é arte, dando a receita para que, em três , a quatro anos de um curso regulamentar, estejam engrossando as fileiras dos mistificadores bem intencionados.
A conseqüência desta situação é que há muitos anos não se vê nada de novo no mundo das arte e até pessoas do meio artístico perdem a vontade de ir as Bienais. Entra ano e sai ano e sempre a mesmice. E para agravar a situação, aumenta sempre por conta das escolas, faculdades, cursos livres, o numero de “produtores” de uma falsa arte, ou iludidos , bem intencionados, apresentam um artesanato chamado de “arte”.

Ficou fácil ser artista plástico nos dias atuais, ou para dar mais status,”artista contemporâneo”. É só aprender a organizar alguns elementos como cores, textura , etc., ter bom gosto de decorador e... pronto! Está feita uma “obra de arte”. A receita é simples, esfrega uma cor ali, outra aqui, se ficar “feio” esfrega outra que a tinta acrílica é o milagre da nova geração!. Cola um paninho aqui , cola um pouco de areia ali, ou outra bobagem qualquer de efeito visual. Se não ficar bom, raspa ou limpa tudo e talvez o resultado dessa limpeza seja a própria “obra”! No final é um artesanato bonito, decorativo, que agrada o olhar, mas, sem conteúdo, sem linguagem, sem uma filosofia contida em seus propósitos, sem mensagem , sem os aspectos do mundo atual, sem nada que possa caracterizar um resultado de profundidade contemporânea, sem m... nenhuma.
Os artistas plásticos contemporâneos de nossos dias, em sua grande maioria, e considerando a pintura em tela, são meros decoradores de um suporte !.-

Porque as artes plásticas não segue o exemplo da musica que é mais honesta em seu roteiro didático!Um candidato a violinista, pianista, entra em um conservatório e estuda por longos nove anos e no final desse tempo sai do conservatório sem tocar um concerto . Aceita isso como normal, sem se rebelar, consciente de sua condição , continua seus estudos de virtuose, etc.etc.etc. Note-se que após nove anos de intimidade com o instrumento, exercícios técnicos, freqüentando os meios, e etc., não dão ainda condições suficientes para o musico atingir sua maturidade. Na música não dá para enganar. A organização dos sons, ou sua “desorganização, seguem padrões distintos de linguagem, conceito, estilo, comunicação através do som que é um elemento de altíssimo nível para se trabalhar e o ouvido humano é um grande juiz e carrasco dos “criminosos” farsantes.
Nas artes plásticas, após dois ou três anos de ensino rudimentar, precário, a “olhometro”, as escolas intitulam seus formandos de “Artistas Plásticos”, aptos a serem incluídos nas representações e exposições contemporâneas, onde tudo, absolutamente tudo é defensável em nome da “criatividade contemporânea”. Sim, tudo em nome da “ liberdade criativa” que é em parte a grande causadora dessa balburdia que se encontram as artes visuais.
O que é criatividade? É fazer algo novo, inédito, que nunca foi feito, diferente, fora dos padrões estabelecidos. Pois bem, algo assim não se consegue avaliar, aferir ou até mesmo entender. A comunicação nesse tipo de comportamento fica difícil e ser estabelecida. De um lado , o autor tem total impunidade, e do outro , o espectador, não pode aferir nada porque não tem parâmetro. Daí resulta o “vale tudo” em nome da criatividade.
Qualquer expressão gráfica, visual, é passível de interpretação, como fazem os psiquiatras e psicólogos. Porem, chamar qualquer expressão gráfica de “arte”, aí já é uma porta aberta para a vigarice, charlatanismo, mistificadores que aprendem a usar expressões verbais do jargão artístico, oportunistas de plantão e outros que tais.
Para encerrar por enquanto esta crônica, lembro que, enquanto as classes dominantes super-dimensionam o papel das artes plásticas no momento atual, com conceitos da periferia do Universo próprio e autentico das artes plásticas, se esquecem do caráter frágil e vulnerável da sub-cultura da classe social.
O Século XX foi atropelado por uma avalanche de novas idéias e conceitos nas artes e com certeza não deu tempo de serem assimilados a ponto de sentir sua contribuição a cada novo rumo ou nova “obra” produzida.
Com certeza quase todo novo artista plástico não tem o menor conhecimento de dez por cento do que surgiu no Séc. XX. Então como podem sair produzindo coisas se não tem a menor idéia em que contexto ela está inserida ?
O livro de Amy Dempsey “ ESTILOS, ESCOLAS, & MOVIMENTOS”, necessário a qualquer biblioteca, que já na capa cita 103 ( cento e três ) estilos, escolas e movimentos surgidos praticamente no Séc. XX, considerando ainda que fosse um Século onde aconteceram duas grandes guerras, paralisando o mundo para fatos como a arte. Assim , é humanamente impossível pensar que houve um entendimento e uma assimilação de tantas propostas quase todas de importância fundamental para a compreensão e evolução da arte. Absurdamente no momento atual ignora-se tudo isso e se volta para intenções infundadas de uma arte sem bases sólidas, ou o que é mais verdade, sem um publico , autor e ou observador preparado para tal empreitada.
Considerando esses fatos, a proposta mais lógica que me ocorre é fazer uma releitura de todo Século XX como programa obrigatório em toda escola de arte para assim sedimentar o futuro artista, bem como ele tenha outras fontes de impulso criativo, senão o absurdo, o exótico, o inusitado o diferente e o etc...

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UMA CLASSE EM EXTINÇÃO

Os artistas que estão hoje (2004) na terceira idade, formam uma classe em extinção.
Nascidos por volta da década de 1940, onde o mundo passava pela transformação das rupturas das tradições, porem predominava ainda valores sentimentais que aproximava os indivíduos em uma confraternização Universal, talvez justificada pelo abalo moral provocado pelas duas grandes guerras.
Em cada canto do mundo havia unidades autônomas de cultura, com seus hábitos, etnias e folclore, influenciando a produção artística característica de cada região, sem influencias externas que poluíssem ou maculassem essa fonte autônoma.
Na formação desses artistas veteranos de nossos dias, a informação era lenta e ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo no resto do mundo, e por incrível que pareça, essa ignorância era altamente benéfica e salutar no desenvolvimento da arte. O artista tinha que buscar em seu talento, seu instinto, sua criatividade, sua habilidade, sua competência, tendo como parâmetro seu pequeno mundo, onde a troca de informação com seus “vizinhos” que estavam no mesmo estagio que ele, estabelecia um elo de confraternização salutar e gratificante, em que o resultado era um trabalho repleto de ingenuidade, busca, honestidade, espontaneidade que convergia tudo para uma comunicação gratificante. Nesse contexto, a arte não tinha um conteúdo Universal mas sim uma linguagem regional.
Mesmo nas regiões mais remotas, ainda se praticava exercícios essencialmente básicos para a formação de um artista tanto na área teórica e histórica como e principalmente na pratica da técnica envolvendo , não todos porque seria impossível, mas grande parte dos itens utilizados na execução de um trabalho.
Pode parecer patético mas, a geração dos anos 40 e 50 cresciam ouvindo Carlos Gardel, vendo Clark Gable, Lucho Gatica, lendo Aghata Christie . Isto para demonstrar que havia sentimento, romantismo e não havia pressa , pois o homem esperava o casamento para copular com sua namorada.
Os artistas plásticos da geração de 40 ou 50 estavam acomodados dentro de certo conforto psicológico, não tinham a ansiedade do ter que fazer, do ter que seguir uma tendência imposta pela elite dominante, do “ter” que ser diferente, exótico, algo inusitado. Tinham apenas o prazer de criar, produzir, se expressar de acordo com seus cânones pessoais, não importando se era contemporâneo, se era moderno, apenas estavam antenados com o mundo exterior e com sua própria afinidade transmitidas em seus trabalhos. Porem sem a pressa, assim havia um enfoque diferente , intimista, pessoal e não como um modismo passageiro da arte contemporânea . Não que estivessem alienados do que acontecia no mundo das artes, apenas não havia uma obsessão e ansiedade em rotular-se ou se filiar em proposta que nada tinham a ver com seus próprios impulsos, tendências e afinidade artística.. Estavam quietos em seus atelier preocupados com sua própria arte, com sua linguagem, sem alarde, em surdina, sem fanfarra, sem slogan, sem rótulo. Como exemplo dessa postura de artista dessa velha guarda citamos apenas um , Giorgio Morandi, que no começo de década de 50 , quando já estava sedimentado no mundo todos os grandes movimentos que romperam com toda tradição da arte, tipo fauvismo, cubismo, abstração, etc.etc.Pollock com a pintura de ação, a abstração expressionista de W. de Kooning, tudo isto já pululava na atmosfera artística, e Giorgio Morandi, na quietude de seu atelier, pintava garrafas, simplesmente garrafas, para com elas estar em todos os Museus do mundo e ser premiado em uma Bienal Internacional, que é a Meca das artes de vanguarda ( ou a dita “contemporânea”). Assim com Morandi, prova-se muita coisa, entre elas que para ser da vanguarda ou contemporâneo, não precisa ser “diferente”, exótico, ou fazer o que nunca foi feito. Pode sim, fazer o que sempre foi feito porem com linguagem e conteúdo atual. O Ser Humano é o mesmo há milênios, o que mudou através dos tempos é seu conteúdo, seu pensamento. A forma pode ser a mesma, o conteúdo é o grande diferencial, e é isto que falta na nova geração e nos candidatos a artistas plásticos : conteúdo.
Enfim, com Morandi ou mesmo outros tantos, a representação de uma autentica geração de artistas está se extinguindo.
A pintura de cavalete ainda oferece muitos, e muitos e muitos recursos a serem explorados, porem para isso é preciso talento, vocação, dedicação, competência e criatividade que grande parte dos iniciantes não as tem.
Outro dado importante sobre essa velha guarda de artistas é que em quase sua totalidade, ninguém freqüentou escolas ou cursos de arte. Todos eram formados através da intuição, instinto,da garra da fome de saber, através de muita pesquisa, muito trabalho, muita leitura, muita observação, muita pratica, muito exercício, onde cada um abria seu próprio caminho, a custa de muito suor e os resultados eram gratificantes. Eram quase todos autodidatas. Porem nunca alardeados, sempre tudo em muito silencio, muita calma, não havia este frenesi, esta ansiedade que paira nos jovens contemporâneos de hoje. Picasso quando começou a planejar as bases do que viria a ser chamado de Cubismo , em sua celebre tela “Mulheres D”Avignon” , trabalhou lentamente e segundo consta essa tela não está terminada e Picasso ficou muito tempo sem mostrá-la a ninguém numa humildade estranha até para um Picasso soberbo , já pintor maduro , reconhecido.
São nestes moldes que eram formados os artistas veteranos de hoje.
Existe sim um conflito de gerações , e dois aspectos importantes diferenciam e estabelecem um distanciamento entre essas duas gerações. Uma geração é pré-Internet e a outra é pós Internet , e a Internet é um grande divisor de águas no desenvolvimento não só das artes mas de toda a Humanidade. O que aconteceu na passagem do Séc. XIX para o Séc. XX que começou com a revolução industrial, seguindo-se de invenções e descobertas que mudaram o curso da historia causando a chamada Ruptura da Tradição. Freud, A.Einstein, A. Fleming, H.Ford, Strawisky, J.Joyce, Picasso entre tantos outros, modificaram a tradição trazendo um novo “modus -vivendi” e um novo olhar para a Humanidade. Isto há cem anos atrás.
Agora acontece um fenômeno semelhante que provoca um rompimento de toda uma tradição desses últimos cem anos causada pela Internet , que é um fato novo que mudou e rompeu com tudo que havia no mundo. E tudo de maneira muito rápida, ágil e eficiente. Hoje é impossível entender o mundo sem computador. È tudo muito recente ainda.
É lamentável que as escolas não façam uma correção de rumo em seus currículos escolares e promovam novamente o culto dos valores reais, básicos e necessários para o desenvolvimento de um artista.
Primeiro ponto : porque que um curso de artes plásticas tem que ser um curso tão rápido. Pela ótica da escola, se fosse mais longo , perderia aluno , que por conseguinte perderia receita.
Se de um lado as escolas não favorecem os fundamentos necessários para o estudo das artes , também as classes dominantes que, considerando o momento atual que o mundo atravessa, motivado pela globalização, pela Internet, ou seja , informação e tecnologia rápida, em um mundo padronizado , onde não existe mais aqueles focos de cultura local citado no inicio deste trabalho. Hoje se a gente esta em uma cidadezinha em qualquer parte do mundo, não há uma identidade diferenciada, uma cultura local, porque lá vai ter alguém comendo hambúrguer, tomando coca-cola e vestindo jeans. Infelizmente a globalização nivelou tudo por baixo.
O mundo virou uma sucata descartável , sendo este o próprio tema da arte contemporânea atual.
O mundo está numa balburdia tal na arte que não existe nada de novo há quase quarenta anos, a prova disto é fazer um retrospecto das Bienais, sempre as mesmices, porem por mais antagônico que possa parecer , a arte que aparece na mídia e que é citada como referencia , é a arte desenvolvida em tela e cavalete, bem como os artistas chamados para representar a arte contemporânea são os pintores de tela e cavalete.
Em sua formação, um artista hoje veterano, aprendeu que antes é preciso aprender a formar, construir, compor, organizar os elementos e conhecê-los bem para depois, somente depois deformar ou destruir o tema em sua linguagem, partindo da ordem para a desordem e o caos , se é que isso é necessário para sua arte. Porem a nova geração começa pelo sentido inverso que é muito mais fácil, muito mais cômodo, não é preciso ter conhecimento de nada, e não precisa explicar nada. Vão simplesmente colocando elementos aleatoriamente, seguindo apenas o instinto de decoração e bom gosto de um artesanato, que no final vai parecer uma obra contemporânea ( conforme descrito no inicio deste trabalho).
Vamos fazer um parênteses e explicar que quando citamos o “clima “ que pairava no mundo a quarenta ou cinqüenta anos atrás, onde havia certo romantismo no ar, e que serviu de palco para a formação dos artistas da terceira idade de hoje, não estamos propondo a volta desse tempo em que se “amarrava cachorro com lingüiça”. A intenção primeira é mostrar para essa juventude, como eram as coisas da arte naquele tempo não muito distante , estabelecendo um paralelo, procurando entender porque houve um distanciamento das vertentes do bom senso e por que não repetir o que de bom havia dentro dos padrões atuais?
A arte que comumente é confundida como atividade de laser e a prova disso é que a bem pouco tempo a arte não era considerada como profissão, um poeta, um musico, um escritor eram todos párias da sociedade. Ainda hoje existem resquícios dessa situação, herança da imagem do artista que Paris exportou para o mundo em meados do Século XIX. Hoje a situação está amenizada com o surgimento das inúmeras Faculdades para diversos segmentos da arte.
Embora tudo isso seja muito recente, a grande massa popular ainda encara a arte como um laser, um passatempo, alguma coisa frívola e superficial, não imaginando a profundidade que a encerra.
.Para apreciar ou fazer arte, é preciso, alem de intuição, talento, sensibilidade e criatividade, é preciso muita cultura ! O individuo tem que aprender a educar o olhar, tem que saber o que foi feito e como se desenvolveu a pintura para poder ter um discernimento sobre o assunto. É preciso ter um bom conhecimento para parâmetro de avaliações, e em que contexto está inserido. Um individuo analfabeto, ou sem nenhuma escolaridade terá uma representação gráfica de acordo com sua capacidade mental e com certeza irá desenhar patinhos na lagoa ou casinha com cortininhas saindo fumaça pela chaminé, ou ainda moranguinhos no pano de prato. Isto porque o Universo desse indivíduo é muito pequeno, não tem parâmetros, não viu, não conhece, não experimentou sensações visuais gráficas alem de seu mundo visível, não tendo a menor idéia dos estágios e das modalidades artísticas. Nessas condições não passará de um artista “primitivo” ou naif.( o que não ha nada contra, porem limitado)
Por outro lado a classe média, (ou também a classe A ) que tem uma escolaridade mas não tem uma cultura artística, que conhece somente os ícones da pintura tais como Leonardo, Michelangelo, Monet e Van Gogh. Porque ? Porque a mídia só foca essas “vedetes” e o objeto de desejo para essa classe A e B, bitolada e restrita, é pintar “ a maneira” desses poucos eleitos. Assim quando entram em um curso de arte, tem como objetivo a habilidade do realismo ou o maneirismo dos impressionistas, porem não vão alem dos impressionistas.!.
Citar problemas e não indicar soluções é fazer anarquia. Vamos citar primeiro qual a origem do problema e qual a solução. Esse problema começou a ter origem aqui no Brasil por volta de l964 . Até essa data o ensino básico era dividido em : Grupo Escolar (onde a criança era matriculada aos sete anos, e terminava o curso aos onze anos) com duração de quatro anos = Ginásio , com duração de quatro anos, onde se matriculava aos onze anos e terminava, se não houvesse reprovações, aos quinze anos. = Clássico ou Cientifico, com duração de três anos , era uma espécie de preparação para a faculdade. Depois disso cada um fazia sua opção profissional e partia para a Faculdade especifica.
Pois bem, agora é que vem a melhor parte da historia. O Ginásio era composto por nada mais nada menos que l4 ( catorze ) matérias ou disciplinas, ou seja : matemática, historia geral, historia do Brasil, geografia geral, geografia do Brasil, francês, inglês, português, latim, ciências, musica , desenho, trabalhos manuais, e educação física, e todas elas tinham peso de nota e reprovação. Pois bem , no meio desta carga didática eram inseridos eventos tais como concursos, torneios, campeonatos, exposições, etc. Exemplo, o professor de português promovia concurso literários onde os alunos se inscreviam com poesias, contos e crônicas. O professor de música promovia apresentações do coral composto e regido pelos próprios alunos onde entrava também monólogos, declamação de poesias e audições musicais. Era também incentivada a formação de um grupo de teatro, encenando peças adaptadas ou mesmo escritas pelos próprios alunos. Os professores de desenho e trabalhos manuais promoviam exposições de, não só de desenho, como também de pintura e artesanato dos alunos feito nas escolas. O professor de educação física formava times de futebol de salão e de basquete com competições internas entre as classes , bem como competindo com outras escolas. Esses eventos todos eram prestigiados por toda população da cidade, dando um incentivo a talentos que surgiam em todas as áreas como cantores, instrumentistas, compositores, atores, escritores, pintores, atletas etc.
Todos os alunos eram obrigados a participar de toda atividade escolar, em todos os segmentos com peso de nota e avaliação final de curso. Desta maneira a escola propagava e sedimentava a cultura geral, bem como das artes, geração após geração.
Note-se que isto acontecia dos onze aos dezoito anos de idade, cuja carga mais efetiva era no ginásio que ia dos onze aos quinze anos. Assim a juventude terminava o ensino básico com uma cultura geral bastante respeitável, tendo uma noção elementar dos principais assuntos.
Por volta de l964 surgiu a Lei de Diretrizes e Bases promovendo uma reforma no ensino reduzindo em poucas matérias a carga didática do ensino básico ou médio de uma maneira tão confortável que as escolas passaram a ser autenticas vendedoras de diplomas e a juventude passou a ser a autentica representante de uma sociedade sub-desenvolvida e ignorante com grande vocação para todo tipo de droga (no sentido literal e figurativo). Essas são as causas de termos uma sociedade analfabeta e com dificuldade de contribuir para o desenvolvimento geral e quando se propõe em fazer alguma coisa, faltam as bases elementares para dar suporte a construção de uma ideologia. Assim foi abolido o ensino das artes nas escolas, ficando optativo e como opção , lógico, para baratear os custos, praticamente todas as escolas cortaram de seus currículos os eventos de musica, teatro, pintura, etc. Assim o jovem ficou sem oportunidade de testar seus impulsos artísticos, não tendo condições de treinar seu olhar, seu ouvido, suas mãos, sua voz, sua criatividade, suas habilidades e vocação artística. Quantos artistas foram revelados nessas condições, e hoje quantos artistas são sufocados pela falta de oportunidade.
Alguém já disse que um povo sem arte é um povo sem alma, mas parece que os governantes não se dão conta disso.
Quando se vê o conteúdo dos programas de TV de maior audiência , e os sucessos nos programas musicais, se entende porque cada país tem o povo que merece.
Por isso que essa juventude, recém formadas nas escolas, não teve esta formação, tal qual os veteranos de hoje, que formam uma classe em extinção.






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A ARTE COMO CHARADA

O que assistimos hoje nas artes contemporâneas é um festival de besteira que assola o meio artístico. A arte chegou a tal ponto de falta de conteúdo, interpretação e comunicação, que cada um imagina o que quer como quer e o que quiser. A partir daí a obra contemporânea passou a ser uma verdadeira charada, onde aquele que descobrir a representação conceitual da obra ,de acordo com a linguagem adotada, é o mais inteligente e culto. Dentro deste contexto, se assiste um desfile de interpretações grotescas e absurdas O lado mais folclórico dessa situação , caracterizado por emprego de frases, slogans, expressões pretensamente intelectual do jargão artístico, emprestando uma falsa erudição na interpretação. –
Abomina-se tal pratica, cujo exemplo se vê em praticamente todos os textos de catálogos, eventos e explicações de conceitos, que no final acabam sendo inócuos, vazios, representando apenas um conjunto de palavras vazias e inexpressivas, como podemos dar o exemplo, forjando uma retórica semelhante aos pseudo intelectuais da classe dominante, em um texto que serviria para qualquer obra ou conceito. Vamos lá : -
- : A conceituação formal, em contraponto com a estética da dinâmica aleatória, simplificada nos conjuntos de esquemas conceituais, onde o tempo e o espaço transcende o volume tri-dimensional em uma simbiose entre criatura, criador e espectador.
O efeito eclíptico das conjunturas cósmicas que pululam em um movimento convergente em contraponto ao eco transcendental da contemporaneidade.
A constante mutação da espacialidade , em uma visão simultânea, em uníssono com a estabilidade formal, evidenciam um cromatismos metafísico da justaposição da tríade básica da construção conceitual : forma,tom e cor.” E assim o festival de besteira se prolonga indefinidamente, vazio, inócuo, confundindo e fazendo uma cortina de fumaça na visão da “obra”. E se quiserem, podemos continuar nesta brincadeira demonstrativa : -
- Ademais se distingue um coeficiente de elasticidade amplamente desenvolvidas para atuarem no corpo a corpo , propondo uma condição de perfeito equilíbrio, forçando o ponto focal, que é o marco da presença humana, consciente e pensante na postura de compreender em que consiste o racionalismo empírico, onde o ar e a luz já não são os componentes variáveis de uma relação prática, de empatia com a imagem. Na busca , se localizam focos estruturais dentro dos fatos plásticos, luminosos ou cromáticos a ponto de se cristalizarem no conteúdo volátil do idioma contemporâneo.-
Chega de bobagem demonstrativa para mostrar que com um pouco de poesia, criatividade, surrealismo e muita cara de pau, se faz uma analise crítica da arte contemporânea atual. Toda essa rebordosa, essa cortina de fumaça para confundir a analise e acrescentar valor a pretensas obras que não resistiriam a uma analise mais minuciosa.
Ou o artista plástico trabalha com questões visuais, ou ele é um orador, escritor, poeta. As artes plásticas tem seu objeto próprio que devem expressar e comunicar por si só, dispensando outros “apêndices” ou outras linguagens para explicar seu conteúdo. Se for necessário estes outros recursos é porque o conteúdo é nulo e inexistente.
Rudolf Arnheim, do Departamento de Estudos Visuais da Universidade de Harvard, crítico e historiador, reconhecido e adotado mundialmente, em seu livro “Arte e Percepção Visual” diz/
-“ Pode parecer que a arte corre o risco de ser sufocada pelo palavrório. Raramente se nos apresenta um novo espécime que estejamos dispostos a aceitar como arte genuína, todavia somos subjugados por um dilúvio de livros, artigos, dissertações, discursos, conferencias, guias, monitores, todos prontos a nos dizer o que é e o que não é arte, o que foi feito, por quem, quando e por que, e por causa de quem e do que. Somos perseguidos pela visão de um pequeno corpo delicado, dissecado por multidões de ávidos cirurgiões e analistas leigos. E sentimo-nos tentados a afirmar que a arte está insegura em nossa época, porque pensamos e falamos demais sobre ela “.- “...se procurarmos suas causas com algum cuidado, descobriremos que somos herdeiros de uma situação cultural que, alem de ser insatisfatória para a criação de arte, ainda encoraja o modo errado de considerá-la”.-

Um trabalho visual ( para substituirmos o termo “obra de arte” ) se analisa por dois aspectos fundamentais que são , o valor histórico do trabalho e, segundo, o poder de comunicação e empatia que causa no espectador.
Na avaliação da obra de arte como valor histórico, citamos como exemplo o quadrado preto de Malevich, a composição sem narração figurativa, ou seja abstração de Kandinsky, as mulheres verdes, azuis e amarelas de Matisse, as formas destruídas, fragmentadas rompendo com a maneira convencional de ver de Picasso , as figuras lúdicas e informais de Miró, a pintura de ação e acaso de Pollock, e assim por diante, esses exemplos todos e muitos outros que existe na trajetória da arte, são importantes , independente de gosto, porque romperam com uma tradição, sendo precursores de conceitos que alteraram e contribuíram para a evolução da arte. Nesses casos, acrescenta-se valor a essas obras por serem pioneira e apontarem para um novo caminho, independente de comunicação. Para se fazer avaliações do valor histórico da arte, é preciso ter cultura, conhecer a teoria e a historia da arte desde seu primeiro momento e conhecer seu desenvolvimento , evolução através dos tempos e conhecer seus contextos.
O outro aspecto se refere a comunicação, a empatia ou afinidade que a arte provoca no espectador, e é esta a parte mais importante e a que interessa não só ao autor como também ao espectador. Neste caso não ha necessidade de muita cultura especifica para sentir os efeitos comunicativos e interessantes de um trabalho gráfico ou visual.
Quando uma expressão gráfica, em qualquer de suas modalidades, atinge o intelecto do espectador, prendendo sua atenção, fazendo-o interagir quase em uma co-autoria, não resta a menor dúvida que a comunicação foi estabelecida e a comunicação só é estabelecida quando ela é recebida e ha reciprocidade.
A arte não pode ter uma leitura fácil e esse é o maior erro dos principiantes e incompetentes.
O mau artista é aquele que quer mostrar seu talento a qualquer custo. Exibir seus dotes de habilidade, para que vejam do que ele é capaz e só ele é capaz . Esforça-se para mostrar que é talentoso, habilidoso, competente e criativo, e com isso sobrecarrega a obra com firulas desnecessárias , de devaneios megalomaníacos e pretensiosos. No final temos um “empetecamento” horrível , com milhões de enfeites e detalhes igual a uma arvore de Natal.
O grande artista, talentoso, é humilde por excelência. Esconde as dificuldades e faz o difícil parecer fácil. Suprime tudo que é desnecessário a sua obra, e procura dizer muito com pouco. As vezes nós caímos nessa armadilha desses grandes artistas e diante de tais obras , ingenuamente dizemos - : “ acho que até eu faria algo assim! “ .-
A questão toda é que se pode aferir a técnica bem como o equilíbrio construtivo da obra, provando seus fundamentos, mas, jamais poderíamos provar ou aferir o conteúdo ideológico, conceitual e comunicativo , por que isso depende da condição sócio cultural, escolaridade, etnia, perfil psicológico, etc.etc.etc.etc. de cada individuo. Dentro deste dilema vamos buscar na filosofia um termo que explica bem esta encruzilhada de opiniões que é o axioma : verdade que deve ser aceita sem comprovação.-
Porem , convenhamos que o axioma seja outra porta de entrada dos vírus e infecções que contaminam a arte de nossos dias.
Ninguém precisa provar com regras, teorias, enunciados, porque alguém gosta do azul. Ninguém precisa explicar porque alguém não gosta de sorvete de abacaxi e bolo de chocolate . Não há necessidade de conjunturas intelectuais, cósmicas, contemporâneas, e etc., para dizer do que se deve gostar, aceitar, se esta na moda e se é contemporâneo.. Do contrario vira-se fantoche de conceitos aventureiros.
Uma coisa é acrescentar conhecimento para aprimorar a evolução, outra é alterar os valores fundamentais do individuo , deturpando a origem e evolução natural da espécie em seu tempo certo de assimilação.
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DEMONIZAÇÃO DE VALORES

A prostituição de valores, constituem ainda formas de novos códigos que passam a incluir uma falsa moral de ética e estética irreal, porem, com dificuldade de denunciá-las dado o direito de dispor da liberdade criativa proclamada em altos brados pela pratica da liberdade poética ou artística que assola a comunidade de vanguarda.
A violência parece aumentar em nível de instrução onde se verifica que não há como poupar tensões psicológicas dentro de uma postura angelical como justificativa de demonização dos valores conceituais vigentes
Nesta simbiose demoníaca, anjos e demônios vão surgindo onde não há mais parâmetro de aferição. O que é bom ou o que é ruim está miscigenado em um amalgama confuso entre evolução, internet, globalização,sociedade de consumo e tudo o mais. Em que caos estamos? É esta a Torre de Babel biblica ou apocaliptica ? Enfim, permanece o enigma. É ou não é, eis a questão. E quem decide se nossa fé é escrava das normas subjetivas e arbitrarias de demarcações de limites em que a reciprocidade desvenda o relato de historias desiguais?
Todos fazemos parte desse circo e não nos parece cômodo atravessar a rua e vê-lo pegar fogo, a não ser que se ponha nariz de palhaço, roupa de palhaço, jeito de palhaço, e este é nosso triste fim.
Aceitar, compreender, gostar, acreditar são situações absurdamente distintas , onde posso aceitar e não gostar, compreender e não acreditar e vice versa ao contrario
As artes visuais, a dita contemporânea, carece de uma crítica sólida , onde alguns poucos paladinos solitários, ou D.Quixote engajados, pretendendo ajudar jovens a tomarem consciência de que a arte é um verdadeiro trabalho, um sacerdócio , cujo objetivo seria o registro de evidencias de um tempo presente, harmonia das manifestações e idéias, equilíbrio da espiritualidade, extensão do Ser, linguagem alternativa, e outros tantos mais, mas como, se a inteligência está moribunda! Onde cada um se julga um intelectual e que pode falar como tal , porem não passam de amadores superficiais no discurso dominante para uma massa incrédula e indiferente ao andar da carruagem. Os verdadeiros intelectuais se inclinam para a catástrofe sem se revoltar em relação ao senso comum, uma espécie de irreverência diante da desordem estabelecida para que se vivencie a última comunhão da chave do pensamento humano : de onde viemos, o que somos e para onde vamos.-
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VAZIO DOS CONCEITOS


Sabemos sim, que tudo isto é passageiro, porque o vazio dos conceitos logo trará a falência da hegemonia , que virá em breve com o declínio dos instintos que se movem nessa direção.
Por isso vamos brincar, que só atitudes lúdicas, própria da ingenuidade das crianças e dos alienados suportam tamanha inverossimilhança.
Ao invés de aplaudir como vaquinhas de presépio o achincalhe que nos apresenta o vale tudo das artes visuais contemporânea, onde até um monte de fezes é digno de reflexão ( ver Arte Conceitual – “Estilos , Escolas e Movimentos” de Amy Dempsey – Edit. Cosac&Naify – pág. 242 - : Pietro Manzoni – Merda d”Artista n. 066 – l96l – Manzoni enlatou, rotulou, numerou e assinou noventa latas com seu excremento).- Tudo isto em nome da arte contemporânea, em nome do “conceitual”, do moderno, do atual, do arrojado. Tudo em nome da arte! Aquele que fizer mais escândalo, mais extravagância, mais ousadia, será visto , comentado e aceito como “precursor”, “inovador”, como artista contemporâneo. Assim Pietro Manzoni teve seus minutos de gloria e passou para a “imortalidade”. Imaginem quem tiver uma lata de merda desse artista! Que glória!
Imagina-se a situação inusitada, por que não folclórica , um colecionador dizendo para amigos - : “ agora tenho merda em minha coleção! “ – que fantástico!
Gente, vamos parar de brincadeira! Nenhuma arte se glorifica sob a égide da mediocridade. Nenhum artista se dignifica sob os desígnios da elite medíocre e mal formada.. Portanto toda arte de vanguarda deste inicio de terceiro milênio será descartada como um lixo de luxo. - Enquanto não adquirirmos uma dignidade intelectual e cientifica, não nos permitimos mais discutir. Enquanto a definição permaneça imprecisa em seu conteúdo, isto não basta para legitimar as evidencias do conhecimento empírico da constituição de obediências dos neófitos pagãos e órfãos de paternidade criativa em que se acrescentam intenções de pornéia.
E assim caminha a humanidade... Por isso e mais alguma coisa, vamos brincar. A classe dominante, aqueles que ditam as regras, ou seja, os ditadores, brincam com a gente e a gente brinca com eles , assim fica uma situação lúdica onde realmente ninguém se entende e quanto mais complicado melhor porque afinal de contas toda essa bobagem não é nada. Toda essa bobagem não serve para nada. Não acrescenta nem evolui. É um verdadeiro niilismo. Afinal é o tipo de arte que não serve pra nada, porque seu poder plural não basta para legitimar sua existência, onde paradoxalmente se verifica uma totalidade impossível de constituir um universo com objeto próprio, onde uma fantasia, como cortina de fumaça, evidencia maneiras, ritos e uso exótico. É justamente essa dimensão sobre a vertente negativa que inunda o mérito principal, onde justamente permite cruzar também a linha do imaginário e cair em um maniequismo tolo em favor do inusitado e impossível ... Vamos brincar, minha gente. Só nos resta brincar.
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CONDIÇÃO PÓS-NEO


Esta alternativa sugere uma superação para que não haja uma nova formação de uma comunidade viciada e que esteja enraizada na particularidade da tradição e com poder regenerativo da teoria crítica.
Assim a hegemonia não será realizada por intelectuais de uma geração de vanguarda, porque haverá uma sociedade avançada em uma simbiose com a globalização, onde qualquer novidade ilusória será considerada como subjetividade coletiva que não teremos mais nada em comum dentro do equilíbrio universal a que nos referimos. Assim poderíamos supor que o equilíbrio universal desejado, embora utópico, possa ser encontrado na convergência de conceitos e muito menos na truculência com que se mantém afastadas as partes em conflito.
Sob pressão pode-se tirar os ícones da baixaria desde que se tenha chance de realizar o sonho de consumo anti-baixaria , com uma possível queda de um império surgido há quase cinqüenta anos.
Essa fase de mau gosto, mantida por um tipo de auto-ajuda dos mistificadores de plantão onde esse “neo-trash”, o ibope já não é mais o mesmo porque é sempre o mesmo sermão e a mesma anedota parodiando a dolorosa ignorância popular.
Quando não se tem mais escolha, apela-se para uma postura moral, quase uma antítese do historicismo ruidoso.
Um aspecto da renovação cultural fundamenta-se na esperança dos intelectuais politicamente engajados, que deveriam preparar e acompanhar uma nova unidade dissociadas de fenômenos aleatórios ao objeto próprio dominante , onde a expressão típica do espírito contemporâneo seja um fenômeno novo, imponente, austero e serio, em que possa satisfazer a “necessidade da arte Universal”, onde possa se alcançar um nível de desenvolvimento continuo de um regime cultural e de costumes , respeitando ligeiras variações geográficas.
Resta apenas constatar que se nada for feito, chegou-se ao fim da linha, não havendo mais convergência de novas alternativas , mas apenas divergências da decadência da habilidade, competência e criatividade, cuja ação não provocou uma reação em sentido contrario de igual força e intensidade. Sim , decadência sem elegância da habilidade, competência e criatividade provocando a letargia dos sentidos.
Desde o inicio da luta entre o homem e a natureza, traduzida em forma de arte , onde se verifica que uma coisa imita a outra, onde a contemporaneidade rejeita esta ação supondo um rebaixamento para um puro artesanato livre de determinações formais do belo derivado do mundo visível.
Se forem abolidas toda ferramentaria prática e normal da diligencia artesanal pós ruptura, se faz mister a cobrança de postura de igual tamanho e intensidade para deleite dos visionários de um conceito adequado ao nosso tempo.
Ou um novo conceito é do nosso tempo ou não é de tempo nenhum, em oposição ao que se assiste a um leque de opções aleatórias, sem nenhum aval de nenhum segmento contemporâneo, atual, em que se possa abalizar uma semente que germinará um novo caminho.

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O MERCADO DE ARTE


Um vilão implacável que atua contra a qualidade da pintura, é o mercado de arte.
Qualquer plano de fazer da pintura uma profissão exclusiva para sua subsistência, está fadado ao fracasso ou a uma vida miserável , cheia de privações, existindo, é claro, as raras exceções.
Faremos aqui uma série de considerações das inúmeras facetas que concorrem para essa conseqüência.
Em primeiro lugar vem o preconceito, principalmente em paises sub-desenvolvidos como o Brasil, onde a falta de cultura e educação moral e cívica, faz com que não se aceite as artes em geral como profissão. A prova disso é que quando se conhece um pintor, vão logo pedindo um quadro de presente, como se produzir um quadro fosse uma brincadeira ou um passatempo. Ninguém vai pedir, de presente, uma consulta ou uma cirurgia a um médico, uma petição judicial a um advogado, uma planta a um engenheiro, um quilo de carne ao açougueiro, ou os pães ao padeiro. Mas, ao pintor, todos pedem um quadro. Ninguém quer comprar o quadro, todos o querem de presente. Ninguém encara o oficio de pintor como profissão, e este preconceito atrapalha a qualificação do produto.
Existe porem , um mercado estabelecido pelas galerias e vendedores de quadros , indevidamente chamados pomposamente de marchand. Sim porque marchand em paises de primeiro mundo tem uma função mais ampla e responsável do que simplesmente vender quadros, responsabilidade extensiva aos seu público comprador, colecionador bem como com seus pintores. O verdadeiro marchand seleciona os pintores que tenham afinidade com os conceitos que a galeria trabalha, divulga e investe nesses artista, comprando sua produção ou bancando um mínimo mensal para subsistência do pintor para que ele se concentre em seu trabalho sem preocupações financeiras. Com esta segurança, o artista trabalha com conforto psicológico para pensar e evoluir seu trabalho, cujo resultado se reverte em beneficio da própria galeria.
Infelizmente para muitos vendedores de quadros, não existe arte mais sim “mercadoria vendável”.
O artista precisa de alguém para comercializar , divulgar e distribuir seu trabalho. Ele não sabe fazer isso porque só sabe pintar, não tem conhecimento do marketing ou merchandising do “metier”. Se for pintar e vender seus quadros , uma das duas coisas vai sair muito mal feita, ou as duas.
O artista é um sonhador, idealista que não está preocupado com a condição material da vida, porem precisa de um mínimo para sua sobrevivência, ainda mais quando tem dependentes, então o que fazer? Certamente recorrer a outros expedientes que não seja a dependência da venda de seus quadros, ou seja, uma profissão alternativa, dentro ou fora da arte. Dentro da arte, muitos recorrem as aulas, a ilustração, restauração, cenografia, artesanato, etc. Fora da área da arte , encontramos muitos pintores médicos, advogados, engenheiros,como por exemplo, Volpi era pintor de parede ; Pedro Figari pintor uruguaio era advogado, deixou a jurisprudência por volta dos 60 (sessenta) anos para se dedicar a pintura, Rebolo era jogador de futebol; Di Cavalcanti era ilustrador de jornal como Monet; Manabu Mabe era agricultor em Marilia ( interior de SP ); Joaquim Torres - Garcia tentou montar uma fabrica de seus brinquedos interativos, sem sucesso, e assim , praticamente todos os pintores trabalhavam em outras profissões e desenvolviam sua arte, quando se firmavam, abandonavam a profissão alternativa.
Embora muitos reconheçam que o mercado vulgariza o trabalho de um artista, abominando a comercialização de obras, acabam caindo em contradição e acabam sucumbindo a tal pratica. O maior paradoxo é Marcel Duchamp, que com seu Dadaísmo, levantou a bandeira, entre outras, da prostituição mercadológica , e acabou vendendo umas quarenta de suas famosas privadas para museus e colecionadores.
A arte , em um pais subdesenvolvido, não é produto de primeira necessidade, com isso não segue os parâmetros dos outros mercados convencionais. Por exemplo, a lei da oferta e procura, mola mestra de qualquer mercado, não funciona na arte. Em um pais de primeiro mundo , uma dona de casa vai ao super-mercado e compra seus gêneros de primeira necessidade incluindo flores, revista e livro, ao passo que o brasileiro mediano não compra flores porque diz que não se come flor. Dentro desta mentalidade o artista fica relegado a um abandono total.
Desta forma estabelece um circulo vicioso entre artista, mercado, público, contribuindo para a idéia de arte como laser, passa tempo, atividade de fim de semana, como realmente é o maior motivo da procura dessa atividade.
Por estas dificuldades todas , que não são hipotéticas mas reais, , pouca gente procura se dedicar as artes, preferindo alternativas com maior retorno, mesmo que seja de ordem pratica, como nos dias de hoje é melhor fazer um curso de informática para conhecer todas as possibilidades de um computador, tão necessário a vida atual., com isso vai morrendo nas escolas os cursos de pintura. Por outro lado, as escolas não tem interesse em investir nesses cursos de pouca matricula, aprimorando didática, salas de aulas adequadas , com equipamentos necessários a pratica e execução da arte, formação de professores competentes e aptos a propagar a didática da contemporaneidade.
Destilando todo esse pessimismo, que é real dentro do meio, resta a verdade de que existe um mercado, apático e raquítico, e pouquíssimos artistas vivem dele, representando um universo muito pequeno e limitado aos eleitos pela classe dominante, da área compreendida pelos colecionadores, críticos e galeristas. A maneira como se entra nesse clube fechado é muito aleatório e sem elementos palpáveis.
Quem diria que um interno do Hospital Psiquiátrico de Franco da Rocha, chamado de Arthur Bispo do Rosário ( 1909-1989), viria a ser considerado um grande artista contemporâneo?
O caso da Tarsila do Amaral, que não tem um numero considerável de obras, coerentes, que represente sustentação para a fama que alcançou. Sob influencia de Fernad Leger e André Lothe, vacilou entre o cubismo e o surrealismo que estavam em moda na época, resultado, não fez nem uma coisa e nem outra, voltando as suas paisaginhas fracas e sem conteúdo. Porem, alavancada pela respeitável inteligência de Oswald de Andrade, que criou slogans do tipo antropofagismo, série pau-brasil, tupy or not tupy, com direito a manifesto e outros que tais, pinçou Tarsila que virou o ícone da arte moderna brasileira. ( Antropofagismo , no contexto significa, o que se comeu da arte e devolveu em forma de arte. A arte comendo a arte, ou em um português de porta de botequim : o que se copiou dos grandes artistas!).- No entanto a produção de Tarsila, que por muito tempo se dedicou a pintura acadêmica de baixa qualidade e bem mais tarde foi pinçada nos movimentos de arte moderna, no entanto sua produção não resistiria a uma avaliação honesta.
Estes são alguns exemplos de inserção de “gênios” no Olimpo dos Deuses.
Outro episódio marcante para a consagração de determinados pintores no mercado de arte foi um momento da política brasileira que promoveu demagogicamente o “Milagre Brasileiro” em fins da década de 60 e inicio da década de l970, que dava uma impressão demagogica da solução de todos os problemas brasileiros.
Nesse período,a Bolsa de Valores teve a maior alta de sua historia, que se prolongou por mais ou menos 3 anos e na euforia levou junto o Mercado de Artes , que na verdade eram dois segmentos ideais para se “esquentar o caixa-dois”, ou seja , todo dinheiro de “trambique”, corrupção, etc. eram “esquentados “ na Bolsa de Valores e no Mercado de Arte. Assim o mercado de arte teve repentinamente uma demanda fora do comum, e assim faltava “mercadoria”, isto é, faltava pintores, que na euforia foram lançados uma infinidade de “ novos talentos, bem como valorizados os que já existiam.. Nesta manobra artificial , não importava a arte mas sim um mercado para“esquentar o dinheiro. Criou-se assim, nesse breve período, um mercado falso, artificial e inflacionado. Isto aconteceu entre l968 a mais ou menos l974.- Lógico que os oportunistas de plantão correram em abrir galerias, descobrir talentos e faturar nessa orgia de arte.
Vem daí a imagem de altos preços dos pintores já firmados no conceito popular., porem, a situação chegou ao cúmulo de pintores brasileiros ter o valor igual ou maior do que pintores impressionistas europeus , reconhecidos internacionalmente. Infelizmente, quando um pintor atinge um status de “valor mercantil”, qualquer coisa que faça tem um valor astronômico, independente de qualidade artística porque o que passa a ser considerado é o valor financeiro. Assim, como exemplo, as mulatas de Di Cavalcanti dos últimos anos de sua vida, “coisa grotesca” e de baixíssimo nível, dá status ao seu proprietário e mantém o alto preço de mercado.
A demagogia do Milagre Brasileiro durou pouco e assim aos poucos o mercado de arte voltou ao normal, o valor dos quadros votaram a realidade , os “novos talentos” voltaram a sua insignificância, a procura por arte acabou e com isso fecharam muitas galerias, a mídia fechou seu espaço e acabando a informação, propaganda e marketing, o meio artístico sofreu um abalo significativo.
Mas, os poderosos que desembolsaram altas somas na arte como “investimento” e tinham feito um estoque dos grandes pintores, pra não realizar um tremendo prejuízo, ou então nem prejuízo dava para realizar porque os compradores sumiram, não tinham outra alternativa senão investir agora na sustentação do preço de seus pintores. A partir daí se verificou um grande esquema de marketing, divulgando vendas, editando livros, depoimentos , salas especiais em eventos e todos artifícios próprios da propaganda .
Isto tudo com os pintores eleitos para o clube fechado de valor sustentado, os que estavam em ascensão, voltaram para o purgatório, e estão purgando até hoje.
Para finalizar as considerações do mercado de arte, vamos trazer a tona um fato que é pouco lembrado e de grande importância no desequilíbrio e desestabilidade do meio.
Trata-se do grande numero de artistas plásticos “ despejados “ no meio artísticos todo ano através das faculdades, cursos livres, professores de fundo de quintal e autodidatas, prometendo a mãe para conseguir um lugar ao Sol e muitos a entregam.
Como a arte deixou de ser um investimento, a aquisição, na grande maioria das vezes, passou a ter um caráter decorativo, sem nenhum compromisso de qualquer outra natureza. Assim o baixo nível dos trabalhos, somando-se a falta de profissionalismo, somando-se a concorrência acirrada, somando-se o artesanato considerado como arte, favorece o baixo custo transformando tudo em produto descartável.
Para um principiante, a venda de alguns trabalhos representa a gloria total, porem ele não se dá conta que para um profissionalismo tem que haver uma venda constante.
Assim, a realidade é cruel e quando o individuo é inoculado pelo vírus da arte, não adianta todos esses percalços e contratempos, ele será sempre um artista incurável..










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A ARTE COMO PRODUTO DE CONSUMO

Um dos produtos de consumo da arte é o pacote didático que as escolas vendem aos seus alunos, que os consomem, “digerem” e os transformam em arte.- Outro produto de consumo é a “crítica” , produzida por profissionais e inserida na mídia. Porem, o produto mais evidente é o “objeto arte” , produzido pelo artista, comercializado pelos marchand para “consumo” de um público . Dentro desse pequeno Universo gravitam galeristas, museus, marchand, diretores de escolas, professores, artistas, curadores, e críticos .
A pintura como produto de consumo, teve em sua origem (principalmente a partir da Renascença) uma influencia perniciosa na formação de um conceito onde predominava a “habilidade” com o propósito da ilustração, e o compromisso com o mundo visível, “viciando” o espectador e bloqueando a interpretação dessa modalidade de arte até os dias de hoje.
Tomando apenas como exemplo, o período renascentista, os meios de comunicação eram muito precários e rudimentar, e a quase totalidade dos indivíduos eram analfabetos. A maneira que a igreja católica encontrou para estabelecer uma comunicação com seus fiéis e propagar sua liturgia, era através de imagens e figuras, para as quais incumbia pintores a execução dessas imagens, de acordo com a conveniência da igreja católica, determinando o que ela queria que o povo entendesse. Assim orientava o pintor sobre a representação ilustrativa do juízo final, ascensão de Cristo, céu, inferno, etc.,etc.etc. Dentro deste objetivo, é lógico, os pintores não podiam pintar o que queriam, dando uma interpretação pessoal aos temas, tinham que seguir fielmente o que a classe dominante, no caso representada pelo clero, determinava. Atrelados dentro dos objetivos da igreja, tinham que trabalhar dentro de um preciosismo de habilidade realista para impressionar e iludir o público analfabeto, com poder tal de persuasão que não permitiam questionamentos . A principal característica que o pintor tinha que ter para realizar tais tarefas era a habilidade, sem nenhuma criatividade porque a “receita” do produto já vinha dada pormenorizada.. Habilidade em fazer uma coisa bonita, bem feita e que impressionasse. Assim, quase quinhentos anos depois, os indivíduos ficam de pescoço duro, em um êxtase contemplativo, olhando o teto da Capela Sistina , impressionados com a habilidade de Michelangelo, criando uma cortina de fumaça, embaçando outras interpretações e considerações sobre a obra.( Para melhor entender nosso foco, é só imaginar Picasso pintando o teto da Capela Sistina.)
Esta manobra foi repetida Séculos depois, quando Napoleão fez do Neoclassicismo a pintura oficial da França, onde o dito cujo mandava ser retratado como um herói mitológico, ao contrario do baixinho, barrigudo e careca que era.Ele tinha a necessidade de passar a imagem de um grande homem, um conquistador, destemido, corajoso, culto e competente, para impressionar a todos, seu povo e seus inimigos.
Assim, por causa desses objetivos, estabeleceu um conceito sobre o qual a qualidade da arte residia na fidelidade realista e na habilidade do pintor. Erroneamente a definição da arte ficou sendo a representação da beleza.

Por volta da passagem do Século XIX para o Século XX , romperam-se todas as tradições, inclusive na pintura , onde o artista passou a criar sua representação e interpretação das imagens, criando um novo vocabulário próprio, estabelecido por seus valores e princípios ideológicos através de seus símbolos e signos, usando a arte como uma verdadeira extensão de seu Ego.
Não era mais obrigado a executar as tarefas que a classe dominante obrigava. Não usava mais seu talento para registrar fatos e coisas como um mero ilustrador , em virtude de terem surgidos outros meios para esses fins. O artista passou a ser livre para criar.
Nessas circunstancias, mudaram-se os valores e o requisito essencial passou a ser, alem da habilidade, a competência e criatividade.
A partir daí passou a se ver um fato “sui-generis”, no qual a habilidade ( de captar o mundo visível ) passou a atrapalhar a criatividade, porque a partir de um determinado momento, o artista não tinha mais nenhum compromisso com a lógica ou mesmo com a realidade, onde elas apenas entravam como um ponto de impulso criativo para o artista, a seu bel prazer , se deleitar em variações
criativas, antenado com a contemporaneidade. ( A habilidade , em muitos casos faz com que o artista não pense, fazendo com que fique “empolgado “ apenas em passar para a tela o que está vendo, copiando a natureza e não criando).
Ainda hoje existe um bloqueio, uma rejeição por parte de indivíduos “menos avisados” contra toda arte que não tenha uma boa dose de habilidade, beleza e conforto visual, próxima da ilustração comparativa do mundo visível, para que, assim, possa ser “consumida”. Para esses indivíduos a confusão estabelecida continua entre habilidade, competência, criatividade .
A pintura, como produto de consumo, cria também a alternativa perniciosa de se transformar em um complemento da decoração, tratando o quadro como um apêndice para pendurar na parede para combinar com a cortina, o sofá e tapete. Para esses indivíduos, o objetivo da pintura é somente esse, introduzir um quadro em seu “habitat” e diante dele se extasiar com exclamações de lindo, divino, maravilhoso. Nada de errado, mas a título de exemplo, essa é uma atitude consumista da arte como produto decorativo, onde seu proprietário está consumindo a beleza do quadro.
É bom lembrar para esses menos avisados, que a arte como produto de decoração é a que menos interessa aos olhos da contemporaneidade e posteridade, porque através das outras reais atribuições da arte, contou-se a historia de povos bem como a historia do próprio indivíduo que a cria, com uma linguagem não de palavras mas de símbolos , signos, formas , tons e cores, tão eloqüentes qual a linguagem falada ou escrita.
É difícil o leigo ou iniciante entender que a arte como expressão e comunicação não precisa ser bonita e feita com habilidade. Vamos tomar como exemplo a escrita, que é uma expressão gráfica, visual. Um individuo pode ter uma caligrafia feia, mal feita, porem o que importa é seu conteúdo, a mensagem que ela contem. O banco paga o cheque preenchido com uma letra horrorosa. E a beleza nesses símbolos caligráficos? Não tem a menor importância e nem são considerados, o que importa são seus significados e autenticidade.
A arte contemporânea segue esse mesmo padrão, e dentro desses propósitos não servem para fins decorativos nem para esse tipo de consumo.
O termo “obra de arte” deveria ser abolido do vocabulário artístico, porque ele é um dos grandes causadores de determinadas confusões de conceitos. O termo “ obra de arte” vem carregado de pompa e circunstancia e trás consigo o status de museu, intelectualidade, alto valor, etc. Se denominássemos apenas “ trabalho” , expressão gráfica, expressão visual, eliminaria esse ranço de status pré-estabelecido. Quantas expressões de linguagens artísticas que passam diariamente por todos e jamais se pensaria em denominá-las de “obas de arte”. Apenas a título de exemplo, a mínimal arte, usada e abusada em complemento a arquitetura, filmes, teatro, enfim em toda expressão artística, e nem se toma conhecimento de sua existência, tal sua integração perfeita com a composição total. Não é arte para consumo ou se extasiar diante dela, muito embora muitos já viram e ouviram sem saber que se tratava de uma “obra de arte”. Por exemplo, um edifício, ou enfim uma arquitetura qualquer que de acordo com suas linhas , precisa de uma faixa colorida para dar equilíbrio visual. Pois bem essa faixa colorida é uma “obra de arte”, é uma pintura, tão integrada no conjunto arquitetônico, que passa despercebida e ninguém pararia diante dela se extasiando pela sua beleza.
Outro exemplo da minimal arte que me ocorre agora, vem de um filme da década de 1950, um filme de guerra, estrelado por Kirk Douglas e a direção é de Stanley Kubrick, chamado “Gloria Feita de Sangue”. A trilha sonora do filme todo é apenas o repique de uma caixa, entremeados com batidas sincopadas de um surdo, em uma seqüência rítmica de percussão que acrescentava valor ao filme, inclusive criando um clima de suspense, guerra e tensão. Aparentemente uma trilha sonora pobre fraca se considerada isolada, mas, estava na medida certa para o que o filme precisava. A robustez de uma sinfonia de Beethoven atrapalharia toda a composição cênica. No entanto ninguém colocaria na vitrola essa trilha sonora para ouvir extasiado no sofá da sala a meia luz.. Ou seja, não é uma musica para consumo.
.Estes são exemplos que me ocorrem para explicar aos menos avisados de um tipo de arte que não deverá ser chamado de “obra” , que não são feitos para ter uma representação isolada, isto não é regra, mas geralmente para incorporar ou acrescentar valor a outros elementos.
O grande conflito com o publico é exatamente esse que foi dado como exemplo da mínimal arte, de que a arte contemporânea não é bonita nem é feita para consumo. Assim se estabelece o dilema entre o produtor e apreciador da arte , que não sabem se fazem a opção pela beleza e compromisso com os valores estéticos, ou se acompanham o curso da historia adotando conceito, comunicação e conteúdo como valores reais.
Logicamente produzir arte para consumo é bem mais fácil e bem mais confortável , primeiro porque não precisa de criatividade, pois, é só repetir maneirismos e padrões já estabelecidos e aceitos. Acrescente-se a isso um gosto de decorador, uma boa dose de habilidade que fica fácil fazer uma arte para a “degustação” de grande parte do público.
O que muitos procuram , de maneira consciente ou inconsciente, é conciliar as duas coisas, ou seja, o agradável, o bonito, o comunicativo, o criativo, e o contemporâneo. Esta conciliação, muitas vezes dá certo, mas o fanatismo a essa premissa bitola o artista, porque o mercado e o gosto do público concorrem para esta vertente, e se o artista fizer a opção de se desvincular de todas as correntes e abrir seu próprio caminho, ele terá dificuldade em impor sua arte.

Abordamos até agora apenas um dos produtos de consumo da arte, que no caso da pintura se trata do quadro. Vamos analisar agora um outro produto de consumo , que trata do “pacote de ensino” que as escolas vendem a seus alunos.
O ponto importante é identificar e qualificar a figura do Diretor de uma escola de arte, aqui no caso, antes de tudo, transformado em um empresário , porque a escola é uma empresa. O objetivo de um empresário é reduzir despesas e aferir lucros. Porem, a função mais importante de um diretor seria a elaboração da didática da escola.
Revestidos com poder em seu território de atuação, passa a ser a autoridade , determinando o que é e o que não é arte, o que deve e o que não deve ser feito, como quando e onde , e todos, representados pelo corpo docente e discente, tem que fazer o que o Mestre mandar, sem direito a questionamento.
Se a tendência de um diretor, corpo de jurado, promotores de eventos for “cerebral”, ou gestual, ou conceitual ou de performances, toda linha de trabalho seguirá um roteiro determinado , eliminando todo o resto, mesmo que de boa qualidade.
É assim que acontece no mundo todo, o que torna vulnerável o conteúdo didático e roteiro de uma escola, de uma exposição ou um evento.
Esta manipulação exercida pelos formadores de opinião, representados pelos críticos ,curadores, e diretores de ensino, é exercida de maneira silenciosa e não aparece na mídia, apenas seus efeitos é que se fazem notar de maneira nefasta e tediosa porque vai matando na origem as reais potencialidades individuais de um possível futuro artista, impondo a ele um nível de consciência artificial e manipulada.
Apoiados no questionamento de contemporaneidade, com a alegação da formação de profissionais com bagagem atualizada, adotam postura de repúdio a tudo que reporte ao inicio da contemporaneidade , mas , paradoxalmente, aceitam “releituras” do movimento pop em diante, querendo tapar o Sol com a peneira na aprovação de seus alunos a nível atualizado da categoria de artistas plásticos.
Não estamos em uma seção de saudosismo, pretendendo a volta ao tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça, reeditando as velhas academias do Século XIX, porem porque não adotar ensinamentos didáticos para a prática e execução da pintura pela pintura em uma concepção atualizada e contemporânea, assim como fez Manet ao se apropriar da forma da “Cena Campestre” um baixo relevo da Grécia Antiga, que inspirou Giorgone na Renascença , e o trouxe para a “contemporaneidade” de meados do Séc. XIX , com aplauso geral de crítica e público, vindo a se constituir como uma importante obra, na acepção da palavra, desse período. E depois disso ainda serviu para muitas releituras de Picasso.
Exatamente dentro dessa ótica, Harold Rosenberg em seu livro escrito em 1964, “Objeto Ansioso”, só agora editado no pela Cosac&Naify, na pagina 37 diz/ : - -“ Dando novo animo a arte do passado, Picasso imita a constante metamorfose da história que transforma o velho em novo. Com essa atitude ele não parece distinguir entre seus próprios trabalhos mais recentes e os de outros artistas. As oito telas exibidas na exposição de Nova York se aproximam mais de uma caricatura das mascaras de faces e perfis simultaneamente moldados, típicas do mestre, que remontam aos primeiros anos deste século. Numa exposição simultaneamente realizada em Paris, Picasso recua a um tempo anterior aos seus primeiros trabalhos, fazendo uma reinvenção de Manet. Para Picasso, toda arte, assim como os acontecimentos como a linguagem, é uma propriedade \coletiva da qual as pessoas tem o direito de usufruir quanto puderem. Ao se apropriar do passado, o artista vivo “nivela” o tempo, transferindo-o em camadas sucessivas até um presente atemporal sobre o qual o pensamento contemporâneo possa imprimir sua marca, da mesma forma que o cubismo reduziu o espaço às duas dimensões da tela. Com Picasso a dolorosa consciência histórica do século XX alcança profundidades metafísicas jamais superadas pela arte de outras épocas.””-
Isto foi escrito a exatamente 40 (quarenta) anos atrás e como se constata a situação piorou muito, estabelecendo maior confusão e desvios de rumo atribuído a chegada da Internet, enfim, estamos vivendo um período de descrédito da pintura de cavalete. Se for um momento passageiro ou não, nós mortais contemporâneos nunca saberemos , o tempo e as futuras gerações dirão.-
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Quando se fala em descompasso Universal não é exagero de retórica porque nas Bienais todos os paises tem uma linguagem exclusiva em desacordo com uma unidade coerente.
Talvez o impacto da Internet junto a globalização provocaram um abalo sísmico no equilíbrio do pensamento humano.
Carl G. Jung em seu livro “ O Homem e seus Símbolos”, editado em Londres em 1964,
Escreve : - “ Schopenhauer e Nietzsche foram os primeiros a ensinar a profunda significação do nenhum sentido da vida, e a mostrar como se podia transformar isto em arte... - ... Nietzsche, a quem De Chirico cita como autoridade no assunto, deu nome ao “vazio terrível” quando disse “Deus está morto”. Sem referir-se a Nietzsche, escreveu Kandinsky no seu “O Espiritual na Arte” : “O céu está vazio. Deus está morto”. Uma frase desse tipo soa de maneira abominável. Mas não é nova. A idéia da “morte de Deus” e sua conseqüência imediata, o vazio metafísico, já inquietava os poetas do século XIX, sobretudo na França e na Alemanha. Passou por uma longa evolução que, no século XX, alcançou um estágio de discussão livre e encontrou expressão na arte. A cisão entre a arte moderna e o cristianismo foi, afinal, consumada.-“








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BIENAL - 2004 – (o túmulo da arte)

Ao sair da Bienal, veio a lembrança das publicações de muito tempo atrás, de um almanaque, patrocinado pelo fabricante do Biotônico Fontoura , distribuído gratuitamente pelas farmácias, e era todo feito de charadas, curiosidades, enigmas, quebra-cabeça, palavras cruzadas, piadas, “pegadinhas”, labirintos, unir pontos para formação de figuras, as famosas cartas enigmáticas onde não tinha palavras e o leitor tinha que entender o conceito das figuras e formar um texto, etc. Era uma pequena edição despretensiosa porem imensamente saborosa e gratificante, com o que se passava momentos de descontração, decifrando enigmas e charadas como um verdadeiro teste mental e psicológico.
Foi assim a Bienal de 2004, semelhante aos velhos “Almanaque Biotônico Fontoura” onde quase, para não considerar a totalidade, representava como conceito de arte uma verdadeira massa falida, porem como um play-center de entretenimento, piadas, quebra-cabeça, charadas, enigmas, etc.etc.etc. ., seria até aceitável. Então porque não mudar o conceito para algo mais adequado do que apresentar tudo aquilo como representação das Artes Plásticas ou Artes Visuais!! Porque não considerar como um laboratório de pesquisa onde alguma coisa de lá possa a vir a se transformar em arte?
Como não considerar como charada ou enigma um veleiro, tal qual ele é, colocado de cabeça para baixo, que não deixa de ser um enigma interessante .O que há para ver ou entender em uma jangada tal qual nas praias do nordeste, na falta de criatividade para apresentar algo mais consistente como arte. Será que foi um delírio surrealista um elefante empalhado com um tigre a tiracolo ou será que é alguma alegoria do Joãozinho Trinta apresentada com exclusividade na Bienal e fará parte de algum carro alegórico carnavalesco.Assim se sucedem as questões emblemáticas e enigmáticas como verdadeiro almanaque de entretenimento.
Isto não deixa de ser uma idiossincrasia incontestável, como a única maneira de se sair da Bienal e encará-la como uma grande piada de mau gosto porque já foi contada muitas vezes.
O mais intrigante é ver quanta gente auto denominada “artista”, no mundo todo, se dispõe propor esse tipo de produto , desprovidos de credibilidade.
Outro fato folclórico, é que já se assumiu o caráter de enigma e charadas das atuais , entre aspas, “obras” e ver que os próprios autores já exibem ao lado, o roteiro de verdadeiro manual de instruções, como também quando se fica parado diante de tais “obras” o monitor ou guarda-segurança já manda ler o guia explicativo de tal trabalho. – “ Recuso-me a tal procedimento!” O trabalho que não comunica por si só, não devera precisar de argumentos demagógicos para ser persuadido a aceitá-lo.
O entendimento do atual estagio das artes visuais lembra o teste psicológico onde é apresentada laminas com manchas de cor e o analisado comenta sua interpretação visual. Alguns vêem flores e borboletas em um paraíso afrodisíaco, outros , na mesma lamina, vêem monstros e fantasmas . Quem está certo? Todos , porque aí não é uma questão de certo e de errado, apenas uma interpretação pessoal. No caso da Bienal não há a menor possibilidade de se estabelecer nenhuma opinião ou interpretação, apenas fica-se pasmo diante de tais fatos. Portanto, não é o individuo que não está a altura ou preparado para assimilação e entendimentos de tais fatos. A falha está na incompetência do autor em comunicar o que deseja , e se a comunicação não foi recebida ela não é completada. Portanto não é uma questão de competência e cultura dos observadores da arte, porque o fantástico na arte é poder discordar, polemizar, aceitar ou não, sem complexo, sem culpa, sem compromisso com a classe dominante, sem me curvar a diretores e críticos, sem ser vaquinha de presépio. Enfim, a arte é isso : poder de comunicação, e se não comunica, se “estrumbica”. Esta postura é que todos deveriam assumir de acordo com as afinidades individuais e repudiando o que está fora de sua receptividade. O problema não é dos espectadores, porem passa a ser dos produtores de arte que já não tem forças para impor um engodo ao publico e se quiserem , que furem esse bloqueio apresentando alguma coisa decente , pelo menos que mereça o direito de dúvida, e não somente do descrédito.
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A pergunta é : como manter a visão de pesquisa em confronto direto com a verdadeira ironia de magnocratas , aristocratas, e “putocratas” , como espécies de cães de guarda que nos fazem simplesmente observar a inversão de modelos e ninguém investe na dúvida do que está acontecendo diante do grande impacto que causa na cultura, nessa marcha avassaladora de contra cultura,onde é preferível dizer que ninguém mais sabe o que é, pegar o conhecimento humano e incorpora-lo ao mundo real porque o real não mais existe para dar lugar a ficção através de acesso ao processo do poder hoje instaurado nos atuais conceitos de arte de vanguarda.
O impacto refletiu sobre toda forma de arte, porque como manter o confronto direto se já chegou à anti-materia, onde se mostra intenções, idéias, pensamentos e conceitos. E a imagem ? Não seria mais necessária ? Se for assim pra que os olhos se não será preciso ver mais nada e assim portanto também não precisa mais ser ARTES VISUAIS e por que não ARTE PERCEPTIVA. Aí sim, estariam todos os pingos em todos os “ iis” : artes plásticas seria uma coisa e arte perceptiva seria outra, sem conflito, sem mistificadores de plantão pegando carona na onda de artista, alias, para não haver dúvidas, o melhor seria denominar essa nova manifestação de CIENCIA PERCEPTIVA, porque se chamar de arte a anarquia vai continuar.
Diante desta nova situação, o culturalismo pós-modernista torna obsoleto, toda tentativa aleatória ou contraditória a visão popular, buscando alternativas no retorno ao principio, repensando a própria constituição dos valores culturais emergentes, onde a historiografia da pintura ocupa um lugar singular e não se sabe se a descrição que lhe conferem seriam na grande média reformulados e ampliados, alem de um aprofundamento nas bases atuais de valor e competência, considerando a criatividade para essa reengenharia global, porque com base no que já conhecemos será feito com uma refinada audácia , onde se sacode as certezas, desmonta as idéias recebidas, põe a hierarquia de ponta cabeça e perturba todas as referencias até conduzi-lo ao denominador comum, aventurando-se a soluções novas, inesperadas, convincentes e brilhantes, sem fugir da espinha dorsal , mantendo o objeto próprio que é forma, tom, cor, equilíbrio,estética, comunicação, estilo e conteúdo Universal.
Se a arte como esta hoje, chegou a uma condição niilista, isto pra não usar palavras como abstrata em sua essência e não visível, ou seja, somente idéias e pensamentos, vamos todos estudar meditação transcendental não só para sermos artistas como também para entender e estarmos integrados a essa nova manifestação erroneamente chamada de artes visuais, que como já disse estaria mais para os para- normais dentro de uma CIENCIA SENSORIAL ou CIENCIA PERCEPTIVA, onde se enquadraria todo e qualquer desvio de comportamento, paranóia, ou desequilíbrio mental.
Minhas anotações revelam o desencanto penetrado pela inexorabilidade do fim., desde quando se olha a volta e só se vê o ponto que atingiu a intelectualidade humana, lamenta-se os mortos evocando seus fantasmas, aguardando uma nova e formidável geração que traga vigor e dignidade perante o que se viu e o que se verá.

Ingres speltri - 08-12-2005



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PINTURA E TECNOLOGIA


A técnica e os materiais empregados na pintura, permaneceram inalterados por séculos. Não tinham nada em que evoluir porque da maneira como eram, e são até hoje, atendem perfeitamente as necessidades técnicas, manuseio, e durabilidade .
Um pincel era um pincel há quinhentos anos como é o mesmo até hoje, com suas variações para determinados usos, macios, médios e duros que variavam de pelos de marta, coelho, orelha de vaca, de crina de cavalo, etc. Assim acontecia com todos os materiais e utensílios empregados na execução de um quadro ou na preparação para tal tarefa.
O suporte mais adequado sempre foi a madeira ou tecido . A impermeabilização do suporte ainda é gelatina ou resinas vegetais.
Nos tempos atuais , mudaram-se apenas a composição dos materiais com que são elaborados.
Com o surgimento dos produtos sintéticos, ou derivados do petróleo, o pêlo de animais passou a ser substituído por fios de nylon e as resinas naturais, extraídas geralmente de arvores, foram substituídas por derivados de petróleo.
Algumas tintas, acompanhando a evolução, surgiram no repertório do pintor, uma delas é a tinta acrílica.. Alguns pintores contemporâneos adotam também a tinta sintética em toda sua variedade ( tinta de pintar carro é uma delas). Porem, basicamente tudo continua da mesma maneira, com essas pequenas variações.
Mas alguma coisa de extraordinário está acontecendo e que vai mudar todo este estado de coisas, substituindo toda parafernália de um atelier por uma maquininha quadradinha sobre uma mesa, que é o computador.
Sem o incomodo de manusear tintas, pincéis e todo material necessário, bem como o domínio técnico de todos os detalhes da execução de uma pintura , reduziu-se a uma tela (do computador) e um teclado , tornando a tarefa de fazer, desfazer, refazer, mostra uma gama de percepções observada e praticada com freqüência na pintura em escala de pesquisa da obra e do conceito passou a ser ilimitada ainda mais em questão de tempo. Enquanto se pesquisa dez cores para uma composição em questão de minutos, no computador, seria necessário pintar dez telas para se observar tal resultado. É fácil imaginar a diferença em tempo , trabalho e resultado final.
Formas extremamente inventivas que se sucedem, se acumulam e se superam em resultados tão rápidos e inesperados que estimula o uso de formas e efeitos que estariam confinadas no restrito âmbito outrora das tintas e da tela, dando oportunidade para contínuos e sucessivos aprofundamentos, como que garimpando um veio de ouro interminável.
Não sendo radical diante deste fato novo , que estremece as bases tradicionais da pintura que permaneciam como representações imutáveis do conceito visual, em que, diante de tal fato, a consciência é forçada a recuperar sua sanidade e equilíbrio, e sem prejuízo de seus elementos, somos levados a uma solução conciliadora, reconhecendo nesses novos recursos não como o fim da pintura mas um meio mais adequado para o estimulo dessas afirmações que insere o publico no ato da criação.
Este novo momento não responde a pergunta do que fazer em seguida, opondo-se a tudo que já foi feito.
Considerando a apreensão desta nova formula , alterando de maneira radical e constante as tradições vigentes, em um rompimento da tradição simbólica, como que levando a pintura no limiar de um novo ritual mágico, manipulando novos materiais eletrônicos para engendrar em um novo caminho do fazer arte.
Acredita-se poder evocar a partir dessa nova magia moderna, pela liberação espontânea de energia, avançando alem dos limites que possam ser percorridos, em um caminho sem volta, em que as raízes primitivas, consideradas passadas a partir do presente momento, sepultada nos museus que perpetuarão tal indulgência.


Nesta transição , prevalece a vantagem dos jovens nascidos na era eletrônica que já nasceram computadorizados para humilhação dos veteranos artistas em extinção.
Será correto considerar que esta nova geração informatizada selara o destino das composições bregas de naturezas mortas, paisagens bucólicas e os demais temas das civilizações pré-globalizadas. Serão novos temas abordando a realidade contemporânea em que as forças que as produzem determina a identidade do objetivo, que para criá-la entrega-se ao fluxo de momentos, de hipóteses, que levado pelo impulso de um resultado Universal previsto onde se desencadeia uma luta constante do ser ou não ser adequado em facções deliberadas até que surja o equilíbrio natural, sem que o desespero deixe traumas criando obstáculos a uma atividade de criação que aparentemente está violando códigos que sempre respeitara.
A idéia de recusar tal estagio de evolução seria como negar a própria existência , onde todos querem ser absolutamente honestos, sabendo que o projeto que se tem pela frente não é uma aventura, onde não significa o fim, mas a força inexorável do destino.

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O ACADEMISMO CONTEMPORANEO ( NEOACADEMISMO)


No século XIX, a França foi inundada por um tipo de escola de pintura, de acordo com os padrões e gosto da época. Napoleão havia proclamado como pintura oficial o neoclassicismo, que o retratava como um verdadeiro super-homem, herói e conquistador.
O estilo neoclássico nada mais era do que a volta as origens renascentistas que tinha suas bases no classicismo grego. A beleza, a perfeição visual fiel ao mundo visível, a habilidade técnica levada ao extremo, sendo superior a uma fotografia, tecnicamente perfeitas mas por muitas e muitas vezes eram inócuas, vazias, sem expressão , conteúdo e comunicação. Porem, era a pintura propagada, aceita e valorizada naquele momento histórico e de acordo com a mentalidade da época. O mundo ainda vivia a precariedade de experiências de um inicio industrializado, somando-se as pesquisas na área da indústria e da ciência. Freud, Einstein, Stravinsky, Ford, Joyce, Picasso, entre tantos outros precursores ainda estavam tímidos em seus projetos, alguns talvez nem nascidos.-
Portanto a mentalidade também no mundo da pintura, embora ensaiando os passos do que viria ser o impressionismo, estava ancorada apenas na habilidade do fazer, representada por um novo modelo banalizado e estéril.
Esse modelo de pintura neoclássica, aceito e adotado pela elite emergente, sendo esnobe e chic aprender esse estilo de pintura. Para atender essa demanda de aprendizado, floresceram por todos os cantos da França academias de arte onde foram criadas regras e métodos para que o aluno pudesse aprender a desenvolver esse tipo de trabalho. Essas regras e métodos eram rígidos e extensos , pois monitoravam o aluno em todos seus atos, por exemplo , tinha regra para sentar diante do cavalete, regra para segurar a palheta com os pincéis, a ordem de colocação de tintas na palheta, era proibido usar o preto porque o preto é ausência de luz e jamais admitiam isso . Era obrigatório seguir o tamanho padrão de tela de acordo com os temas, por exemplo, retrato, paisagem, marinha, natureza morta tinham seus tamanhos específicos.
Regras e métodos para se transportar o que se via para a tela . Para isto pegavam um pedaço de papel cartão e cortavam uma “janela” e com uma linha ou barbante quadriculavam essa janela como se fosse uma grade e igualmente quadriculavam o suporte e olhavam o tema através dessa janela e viam em quais quadrados caiam as linhas que compunham o tema.
Não vamos nos estender nos processos de elaboração acadêmica de um quadro, apenas deixar claro que havia regras para absolutamente tudo, monitorando passo a passo o iniciante , fazendo com que ele não “pensasse” , não interpretasse e não criasse sobre o que via.
O resultado era uma pintura tecnicamente correta, porem, fria, vazia, sem criatividade, sem estilo, inexpressiva, sem conteúdo e sem comunicação, por isto que posteriormente foi adotado o termo pejorativo de “pintura acadêmica”, que ainda hoje significa pintura desprovida de todo e qualquer valor, apenas executada corretamente.
Ainda hoje se repetem essas regras, métodos e maneirismos para produzir pinturas tecnicamente corretas.
Esse breve retrospecto da pintura acadêmica é para mostrar que nos dias de hoje se verificam os mesmos processos como se fossem questões sociais cíclicas ou endêmicas, em que determinados modismos sempre voltam pela necessidade da busca de valores mais elevados para acrescentar valor ao seu Ego. Sim, porque para se ter ascensão social ou mascarar os complexos, é preciso tomar posturas que concorram para isso e a arte sempre foi uma atividade ideal porque requer uma grande dose de sensibilidade, cultura, criatividade competência, até certo grau de espiritualidade . Por tudo isto e algo mais, que as artes em geral sempre foram consideradas privilégio de alguns poucos eleitos, assim, ser artista , de acordo com certo tabu, dá status e superioridade perante os mortais. Para os mal intencionados, mistificadores e aventureiros que pretendem entrar por esse caminho apenas por curiosidade, laser, terapia, status social , psicoterapia para resolver suas mazelas de vidas mal resolvidas e mal amadas, encontram na arte, principalmente a pintura , uma perfeita muleta para mascarar todas essas circunstancias.
Parece que quanto mais problemático fica o mundo, principalmente em épocas de crise, surge uma psicose coletiva em busca da arte, somatizando os conflitos pessoais.Cada época a arte reflete sua contemporaneidade. Se no século XIX prevaleceu a pintura acadêmica, nos dias de hoje, em em face de essa Torre de Babel em que as artes plásticas se encontram, surgiu um modelo de arte ideal para esta contemporaneidade, na qual o autor não precisa “pensar” ,planejar ou ter talento .
Assim a situação se repete como nos tempos das “academias” , onde para atender a demanda pelos cursos de artes plásticas, foram buscar como modelo a pintura abstrata , que se tornou o grande lance do momento, em que qualquer um vira pintor da noite para o dia. Assim a pintura abstrata ficou sendo a salvação dos cursos de arte e dos professores de arte, como também o tumulo da pintura.
Nesse conceito de arte, qualquer coisa que se faça ou não faça, cabe uma retórica, cabe uma reflexão, cabe uma interpretação psicológica, onde qualquer um pode se colocar no papel de crítico, com um pouco de esnobismo, um pouco de surrealismo, um pouco de poesia e muita cara de pau, e dizer que está tudo bem. Chegam ao ponto de afirmarem que tudo que se disser que é arte , passa a ser arte. E isto tudo cai nesse saco de pancadas para não dizer lata de lixo chamada arte abstrata banalizada pelos principiantes.
É lógico que existem os verdadeiros representantes dessa arte, precursores de um movimento onde havia conceito, pesquisa, coerência, conteúdo, identidade social, criatividade e comunicação, completamente o contrario dessa massa falida jogada por essa chusma de pseudo-pintores poluindo o meio artístico, confundindo os verdadeiros mestres.
Esse é o resultado de quem não “pensa” para fazer arte e não tem compromisso com um passado de estudos , pesquisa, muito trabalho, passando pelo crivo de público e criticas
É o caos.
O que sobra disso tudo é o produto aleatório de muitas tentativas e desistências até que se chega a um resultado qualquer, onde alguém se posta diante, com pompa e circunstancia e fala com ar de autoridade em defesa dos fundamentos gráficos de tal resultado. Se o próprio trabalho é inócuo, vazio e nada representativo, e se o discurso for de igual teor fica tudo empatado entre obra e crítica.
A situação cabe uma reflexão desse estado de coisas e pergunta-se para onde vai essa carruagem.
Nesse ponto volta-se a tomar por base o movimento acadêmico que durou aproximadamente cem anos, que foi praticamente todo o século XIX.
Transportando essa informação para os dias de hoje , indo buscar o inicio da pintura abstrata, que deu total liberdade de criação transformando em uma verdadeira porta de entrada por onde passaram e passam charlatões, oportunistas e mistificadores da pintura.Chegamos então em 1910 quando Vassily Kandinsky, defendendo a tese de que somente a cor, livre da narração figurativa, era suficiente para transmitir qualquer conteúdo,mostrou ao mundo seus primeiros estudos abstratos, assim passou a ser considerado oficialmente o pai da arte abstrata. Pois bem, se a abstração começou em 1910 e estamos em 2005 , com muita sorte e com muita esperança esta situação deve estar chegando ao fim.
Que continuem os amadores, mas que se salvem os verdadeiros artistas, que neste emaranhado todo se tornou difícil identificá-los.
O problema é que por falta de cultura, exercício, trabalho e tempo de experiência , condições estas que se adquire quase que em uma vida inteira, os principiantes querem demonstrá-la em um ou dois anos e acabam metendo os pés pelas mãos. Confundem liberdade criativa, gestualidade, ausência de narração figurativa, criatividade e competência , confundem com improviso, tentativas, e acaso Os grandes mestres desse gênero, para citar somente dois como exemplo, De Kooning e Pollock, passaram a usar gestos, acaso, improviso e outros recursos desse tipo de arte somente depois de terem codificado mentalmente todos os conceitos de composição formal, tonal , cromática, e ter dominado todas essas e outras questões da pintura com maestria, assim é que, somente na maturidade artística, usaram todos esses recursos para improvisar gestualmente em uma arte de gestos livre, espontâneo, incorporando o espírito americano.
Como um pugilista que sobe ao ringue e cada golpe que desfere em seu adversário foi exaustivamente ensaiado, treinado durante meses e anos, porque se sair esmurrando o ar aleatoriamente será levado a nocaute em poucos segundos.
É isto que os jovens pintores atualmente não entendem , saem fazendo um tipo de pintura que nem mesmo eles sabem como saiu aquilo! E lógico, vão a nocaute.
Os iniciantes em pintura pensam que após um curso de dois ou três anos seriam o suficiente para saírem produzindo igual os grandes mestres, para tanto é só pesquisar a vida de todos, absolutamente todos os verdadeiros pintores, famosos ou não, que eles só chegaram a um bom resultado na maturidade da vida e da arte.
Voltamos a lembrar , que o momento permite, no caso da musica, estuda-se durante nove anos e o aluno sai do conservatório sem tocar um concerto e acha isso normal. Na pintura, já na primeira aula o aluno se não tiver grandes resultados , pensa em desistir. Isto é evidencia de falta de talento, criatividade, perseverança e garra, condições necessárias para se vencer em qualquer área.
A arte como terapia não é arte, é remédio. Traçar o perfil psicológico do autor através de sua arte é bem diferente. Nunca me lembro de algum critico dando uma de psiquiatra e fazer analise psíquica de algum autor. Do ponto de vista artístico , isto não interessa.
Para fins artísticos não interessa onde foi parar a orelha de Van Gogh, quantas mulheres Picasso teve, se Modigliani era tuberculoso, se a família de Monet quase morreu de fome, se Pollock era alcoólatra e teve um acidente de automóvel ou se Michelangelo era bicha. O que interessa é a arte pela arte. O que interessa é o resultado artístico e o que o autor conseguiu trazer de novo para o mundo artístico..
Na arte, confundir linguagem pessoal com conflitos pessoais, é um erro muito grande, muito embora uma coisa esteja intimamente ligada a outra. Uma coisa interessa, a outra não.
Como a arte é uma extensão de seu autor, é lógico que ela vem impregnada dos caracteres de quem a fez. Picasso, por exemplo, “destruía” o tema em sua pintura assim como destruía as pessoas na vida real, mas , a vida real de Picasso não interessa para a arte.
Isto tudo para deixar claro para os jovens que querem fazer da arte uma muleta para seus conflitos e complexos, que desta maneira não resolvem nenhum caso nem outro. Se fizerem pintura para esse fim, seria melhor que procurassem um psicanalista que teriam melhor êxito e seriam mais felizes.

Juntando a liberdade explicita do dadaísmo com o desprezo da narração figurativa da pintura abstrata, onde já na década de 1950 juntaram a essa formula texturas diversas tais como, areia, massa, pedaços de tecido, madeira, sucatas de qualquer espécie , incluindo volumes de cores estrategicamente dispostas, onde apenas para exemplo daremos dois grandes precursores dessa arte que são Antoni Tapies e Robert Rauschenberg, entre tantos outros grandes gênios, que depois de abrirem uma tremenda estrada no deserto árido em que se encontrava a arte, ficou fácil para os neófitos percorrerem esse caminho que estabeleceu um tipo de maneirismo , regras e métodos com os quais não precisava mais pensar para produzir arte contemporânea. Já havia uma formula para se ensinar artes plásticas nas escolas e faculdades , para todos aqueles que não querem “pensar” para fazer arte, aqueles que não tem talento, criatividade, competência e etc. .
O que aconteceu no século XIX se repetiu no século XX e XXI, onde qualquer um , ao final de pouquíssimo tempo (dois a três anos) pode se apresentar como Artista Plástico com cartão de visita, direito a diploma, e site na internet!
A partir daí fazer arte não é mais compor ou organizar elementos, mas sim, combinar elementos. A partir daí , a arte passou a ser uma combinação de cores, texturas, elementos, materiais diversos, de acordo com o bom gosto de “decorador” de seu autor, onde , quanto mais exótico for o material maior qualidade artística será acrescentada a “obra”.
Portanto ficou fácil ser artista plástico, porque o que vemos hoje é uma repetição monótona e cansativa de cinqüenta anos, dia após dia, bienal após bienal, e os emergentes só seguem os maneirismos, regras e métodos repetitivos. Assim o artista plástico passou a ser um decorador de um suporte, tentando uma cor aqui, outra ali, se não ficar “bonitinho” esfrega outra cor, porque a tinta acrílica também contribui muito para a rapidez da “decoração”, mesmo porque o autor não precisa pensar. Se faltar elementos , cola uns pedaços de tecidos, estica uns barbantes , joga um pouco de areia, tudo isso dependendo da capacidade de decoração e bom gosto de seu autor. O público,também mal informado, ingenuamente fica confuso com este produto descartável , próprio para decoradores.-

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CONFRONTO MÍTICO

Com certa propriedade poderemos afirmar que grande parte das manifestações da arte contemporânea atingiu um estágio apócrifo que nem mesmo seus defensores o distingue mais, o que não vai aqui o desejo de destruí-la de acordo com o impacto “sombrio” que pertence a uma abordagem subjetiva, que obedece as preferências que dificultam distinguir a obra de um clássico, povoando o imaginário da contracultura sem se importar com o abuso do coquetel de nulidades que se renovam a cada ano ou a cada evento.
O futuro compõe um mosaico alarmante para as artes plásticas. O que esperar? O que virá ?
Momentos de virtuose apontam um grau de envolvimento onde não se distinguem a afinidade com a atual era da informática , o que aponta para a vocação de uma diversidade propiscia aos oportunistas de plantão a despeito da prodigiosa demonstração de estreantes a tempo de estabelecer de fato a essencia entre as artes respectivas dos grandes mestres.
Não se nega, embora com um certo grau de arbitrariedade, reconhecer manifestações identificadas antes pela razão empírica do que pela lógica , como integradas a categorias triviais , onde o autor não tem prioridade com relação ao poder de comunicação com o publico, estabelecendo uma relação de ordem eminentemente subjetiva, onde é preciso abdicar do egocentrismo e conceder espaços para identidade de outros que exige um certo grau de solidariedade e tolerancia , onde não se encontra referencia de envolvimento com nenhum outro pólo oposto que fosse aceito como manifestação tais como escolas que deverão se manter.
Novamente antepomos o exemplo do que se notabilizou pela participação de demonstrações e eventos de qualquer natureza que estabelece um abismo entre arte e público sem que haja o preconceito de intelectuais e leigos em manifestações que implicam em uma espécie de socialização da arte em facetas que indicam formas distintas de envolvimento com a contemporaneidade sem sofismas e acasos muito adequado aos oportunistas.
Tomando como base que o instrumento de aferição da arte é : valor atribuído, ou seja, alguém outorga conceitos, atribuições, valores que serão agregados a obra que será revestida com tal envergadura, embora a qualidade nem sempre seja satisfatória o que revela uma realidade fictícia ao diapasão do concerto popular em que não pode ter chegado a um momento supremo de revelação, onde a classe dominante usa de forma hipócrita o chamado axioma , que nada mais é do que a verdade que deve ser aceita sem comprovação. Assim o axioma funciona como um pálio que encobre todos os absurdos praticados em nome da arte, quando o Dadaísmo surgiu dando uma nova visão contemporânea , como também foi uma faca de dois gumes criando verdadeiros monstros que se intitulam “filósofos” axiomistas da nova contemporaneidade permissiva e aleatória a realidade atual da sociedade, da filosofia, da ciência, e da religião.
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A situação hoje é de uma psicose global.
É preciso agora enfrentar o medo da aldeia global , em que o céu cairia em nossas cabeças, e se alguém chegar como um pequeno guerreiro obeso encarando visitantes de outro planeta, acompanhado de um batalhão de super-clones como em qualquer sub-texto escondido por baixo dessa trama, que alude o gosto do público travado entre os dois enigmas.
- “ Decifra-me ou te devoro!!
Homenageando alguns colegas que como eu, mergulhados no caldeirão de uma poção, cujo grande segredo está na última pagina do livro, que não obstante, não impedem de espalhar ironias contra a cultura da contra-cultura, seja nas referencias obvias seja na avacalhação de uma bunda quente como iguaria para alimentar os fariseus, porque também não é poupado o sarcasmo que de resto estão todos bem com os banquetes que lhes dá forças para vencer o que ninguém conhece.
Será um replay de um dadaísmo? A arte contra a arte ? Quem e o Marcel Duchamp de hoje ? Pode ser, em uma visão generelizada estabelecer o choque de conceitos onde a diferença está apenas no registro absurdo de que todos foram colocados na mesma trincheira, militantes de lados opostos para que se digladiem ate onde não haverá vencido nem vencedor. Tudo muito bonito mas fica a pergunta : - “ o que teremos para o almoço ?
A chave está no raciocinio pelo qual conseguiu-se criar uma atmosfera hostil em que mostra cúmplices e não vitimas inocentes que reconstitui em detalhes o título original : “Decepção de Massa”, em que é preciso acelerar o tempo de consumo bem como a substituição da moda como fator psicologico que desperta o interesse por um novo tipo de produto em confronto com a decadencia do velho, que corresponde historicamente a civilização atual e chamado de fetichismo contemporaneo.
A reestruturação do modus-operandi assegura um contato direto como bloqueio unilateral com a realidade natural em conflito com a concentração do poder como expressão de cúpula .
Apesar disso, depois de tão longa e prodigiosa demonstração de força, o ideal se estabelece em uma arquitetura tão vigorosa que diante de tal força não ha, no momento, nenhuma resistencia.
Ninguem é profeta para visualizar o que será a arte do futuro, mas que estão jogando muito entulho pelo caminho, isto não ha menor dúvida e é contra esse excesso que levantamos uma bandeira.
Convem repetir mais uma vez que todas as artes sofreram mudanças em suas evoluções mas nenhuma perdeu o foco, perdeu seu objeto proprio e a única a sofrer uma metamorfose morbida foram as artes plasticas, onde até um determinado momento chamava-se pintura, que significava : tela, pinceis, cavalete ou toda instrumentação para se pintar um quadro . Com o surgimento da arte moderna e a seguir , no começo do sec. XX a arte contemporanea rompendo com toda tradição da pintura onde entraram elementos como alteração ( e até negação )da perspectiva, da luz e sombra, elementos básicos até então, incluindo ainda textura de qualquer natureza, bi-dimensional, tridimensional, ainda com coerencia a uma conduta no sentido mais elevado do termo com uma generosidade esclarecida ao fundamento do raciocinio, onde o centro é o mundo cultural considerando fundamentalmente uma ligação do dever de fornecer a sociedade uma condição natural e racional acompanhando o desenvolvimento tecnológico como sequencia natural que é o progresso.
A partir de então, ou seja, final da decada de 50 e inicio da decada de 60 surgiu uma reformulação no comportamento social da população mundial.- Foi a chamada de “nova figuração “ ou “Onda Pop”, cujo exemplo mais marcante foram The Beatles, que mais do que na musica, modificou o comportamento da juventude que passou a adotar cabelos longos, roupas exoticas, cuja postura foi sentida e adotada radicalmente, iniciando em Londres e se espalhando pelo mundo trazendo um novo conceito de liberdade de expressão onde nas artes plasticas o autor passou a fazer o que sabia, do jeito que sabia , como queria e como bem entendia, sem nenhum compromisso com a realidade, sem respeitar o mundo visivel ou o limite do proximo, onde qualquer cidadão seria um artista em potencial se tivesse coragem em assumir. Nesta libertinagem artistica muitos assumiram e com espaço na midia, passaram a ditar as novas regras que incomodavam porque embaralhavam uma nova realidade sem base didatica e a imaginação ja passando por tudo que não fosse a questão principal com a sensação de um certo mal estar que emanava de um resultado onde não havia por onde transitar os envolvimentos fugazes da historia dentro da historia,onde tentava-se recapiturar memorias perdidas onde tudo deveria permanecer inalterado com a questão do tempo e da memoria o que não vem ao caso o uso de maneirismos , ainda mais que gratuitos na nostalgia do déjà vu.
Só as artes plásticas, (que já foi simplesmente pintura ,) dentre todas as artes que desembestou em uma corrida alucinada transformando-se em “Artes Visuais” como um verdadeiro depósito de sucata de outras artes como fotografia, cinema, poesia, literatura, dança, escultura, etc., desculpe se esqueci de alguma.A musica evoluiu, mudou ou eliminou ritmo, melodia, forma, etc., mas o som continua ser seu objeto próprio. A literatura evoluiu na forma, na narração, no conteúdo, eliminou figuras chegando a abstração, mas a palavra escrita continua ser seu objeto próprio (haja vista para o romance “Ulisses” de James Joyce – do inicio do séc. XX ). A dança evolui chegando a estilização, porem os gestos e movimentos seguem um ritmo, uma simetria e uma harmonia conceitual. Isto só para citar alguns exemplos.
Nunca ninguém viu nem verá alguém plantando bananeira, pelado em cima de uma mesa e dizer que é um concerto em si bemol maior, ou que é um poema transcendental, ou que é um romance. Nunca ninguém verá essa blasfêmia porque essas artes permaneceram evoluídas, acompanharam seu tempo, mas idôneas , não permitindo tais desvios e aberrações. Mas, depois que as artes plásticas passou a ser chamada de “Artes Visuais isto acontece, é aceito, tem espaço na mídia, e é chamado de “performance”. Isto poderia sim ser um bom estudo de psicologia sobre comportamento ou qualquer coisa desse tipo, mas chamar a isso de artes plásticas é confundir o estado vigente como se buscasse explicar emoções fragmentadas na nostalgia que atiça a curiosidade buscando explicar idéias com desencontros de emoções atrasadas esperando a gentileza e sorrisos do passado transformado na essência que se perdeu e que retorna pior, sem o frescor da novidade e o poder da ilusão.
Dentro deste contexto podemos dizer com muita propriedade que ...
A lua apareceu, redonda como um tamanco, então eu perguntei, porque roubaram minha espada.

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ingres speltri 15-12-2005







































A XENOGLOSSIA NA ARTE

A decepção pela arte– a indiferença pela arte – a imaturidade , desinteresse pela arte – a falta de identidade com as propostas – a apatia pela arte – o distanciamento entre público e arte – quando se abriu o que poderíamos chamar de “perímetro urbano da arte” desencadeou o desequilíbrio rítmico da evolução provocando um verdadeiro caos e desordem , estimulando a “artefobia” (termo que me ocorreu agora) entre todo tipo de público , inclusive o intelectualizado, sobre a atual contemporaneidade.
É difícil de aceitar tanto tempo de divorcio entre a arte e a grande massa da população em todas suas escalas, em que os problemas sociais, culturais, aplicação de materiais, métodos e tecnologia industrial, conceitos psicológicos, se estabelecem como verdadeiras muralhas contra essa investida inócua de um culto já desacreditado da arte pela arte, sendo provável que a separação entre arte e público, onde conflitos intelectuais em uma tradição de impermeabilidade sobre as camadas sociais contemporâneas, cujas razões de discórdia e ironia estabelecida e alimentada pelas classes dominantes divergentes dos princípios naturais que sustentou alguma coerência baseado na natureza do fato de uma linguagem alternativa totalitária para tornar possível tal exercício, exilando-se nos mistérios ocultos da criação plástica somente perceptível por alguns poucos privilegiados, suspeitos, que tem relação direta com a mesma.
No meio desta confusão houve uma perda de identidade do objeto como um todo onde era absolutamente necessária para a simbiose de criador e criatura na integridade contemporânea, cujas possibilidades, assim reprimidas por quem passou a duvidar que criar era prioridade e que a intuição, competência e sensibilidade estariam sem dúvida a serviço de uma arte maior.
A valorização da arte, em todos seus aspectos, perdeu o sentido porque não existe mais a sublimação e a atratividade necessária para estabelecer um elo de reflexão entre objeto e observador, com fundamentos concretos e estáveis,que possam ser aferidos sob qualquer ângulo ideológico ou filosófico.
A depreciação e as ameaças constantes de apatia e desprezo com relação as artes e artistas, chega ao ponto de considerar que manejar um pincel seria de igual teor a manejar um martelo, uma enxada, um serrote ou uma ferramenta qualquer; em cujo resultado também se equiparam : artesanato, decoração, industrialização, e arte.
Essas diferenças se acentuam mais em paises sub-desenvolvidos , em que há a idéia de que a arte não é necessária, não é artigo de primeira necessidade, não se come arte, porque a preocupação maior no sub-desenvolvimento são os sub-nutridos, ficando mais distante e divorciando mais a arte do povo.
A cultura de um individuo não se faz somente pela leitura e escolaridade, porem a cultura se desenvolve através da pratica da cidadania exercitando a cultura em todas suas modalidades ou seja, da pintura, musica, literatura,dança, poesia teatro, etc., pois somente com essa competência pode-se combater com propriedade e respeito o determinismo de um sistema viciado imposto por uma classe dominante suspeita.
Quem poderia se sentir atraído por uma arte fora de seu contexto? No caso , uma arte fora de um contexto histórico social determinado por uma globalização ou do momento informatizado do pós moderno para o contemporâneo, cuja leveza insustentável dos vanguardeiros de plantão, obedecendo as ordens de um sistema falido e caótico. Exatamente isso que remete o atual estágio de produção artística, ou seja, o caos, a sucata, a incoerência, porque a arte não encontrou meios para registrar essa transição para o terceiro milênio de maneira coerente, convincente tal qual aconteceu em outros momentos históricos da humanidade. Não existe a identidade procurada para satisfação e orientação dos que procuram a arte como identificação de seu tempo.
Neste clima e neste ambiente a arte desenvolve um dialogo entre surdos e mudos, onde um fala e outro não responde, em uma verdadeira xenoglossia
Sempre houve um distanciamento dos precursores com a média geral do povo, como um fato histórico repetitivo, porem, sempre que isto aconteceu, nunca houve a perda da identidade,ou do objeto próprio , responsável pela identificação e representação do conceito, pois sem ele, poderíamos afirmar que pela hereditariedade dos últimos cinqüenta anos desses métodos e maneirismos, os artistas estão fora de uma jurisdição respeitável, fora do território urbano da arte, fora de um contexto integrado e assumido como evolução natural, portanto não poderiam ser avaliados pelos critérios que relegaram, não se enquadrando, entre outros fatores, ao circulo das artes plásticas .
Toda essa anarquia atual com seus resultados práticos, poderiam sim estar enquadrados em uma outra área como um laboratório de pesquisa bem distante e não maculando o conceito das artes plásticas arduamente decantada e purificada através dos tempos, que é usada como mascara para encobrir a verdadeira face de uma falsa contemporaneidade.
A força criadora não reside na submissão de regras e modismos, mas sim proporcionar fundamentos que geram vontade coletiva que não são condenadas ao esquecimento e que podem ser vistas como produtos de um individualismo, porem tal qual como se apresentam podem ser consideradas como sinônimo de irresponsabilidade, megalomanias e extravagâncias anárquicas que podem ser riscadas do mundo artísticos sem deixar vestígios de sua existência. O tempo será o senhor de tudo e colocara as coisas em seus devidos lugares, mas nós não estaremos aqui para testemunhar tal fato,comentado em um futuro próximo,como uma época em que a arte visual passou em branco não havendo registro de sua manifestação. É lamentável perder este tempo e espaço!

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A ARTE COMO MERCADORIA

Na atual conjuntura não existe uma crítica especializada que sirva de bússola para orientação do rumo da arte, pelo simples fato de que o que se vê hoje, alem de desconexos não dizem nada e o termo arte ficou sem conteúdo, considerando ainda que a arte não evolui, ela simplesmente muda de estágios registrando o seu tempo.- A arte de hoje não é melhor que a de ontem e assim sucessivamente
O artista tem que estar em seu ateliê, quieto, recluso, preocupado em criar.- Os críticos e historiadores deveriam , com competência, avaliar , analisar como intermediários de um público espectador e do próprio artista.- Porem a classe dominante interfere por interesses outros que não seja pela arte. Já tentaram associar a arte com a política (USAxRussia- Picasso) , com a religião (catolicismo), com a ciência ( Seurrat), com o capitalismo ( mercado de arte) com a arquitetura ( Mondrian), com a filosofia ( A.Giacometti e o Existencialismo de P,Sartre) e com outros segmentos da Humanidade, sem ter dado certo em nenhum dos casos ,-( a não ser até agora o mercado de arte.).
Como exemplo dessa interferência , citamos todo o período em que durou a “guerra fria”entre americanos e russos, em que os EUA , pais jovem, democrata, defensor da liberdade , vencedor de segunda grande guerra, pais ideal para se desenvolver uma nova vida, adotou como modelo de arte uma pintura livre, gestual, sem limites, inovadora, adotando novos materiais sintéticos e tendo o acaso como coadjuvante. Elegeu como representantes dessa nova arte que traduzia o espírito americano, nada menos que De Kooning e Pollock , tendo Nelson Roockfeller saindo pelo mundo como garoto propaganda desse novo modelo artístico.
Porem como as “cabeças pensantes” de todo o mundo, a chamada elite intelectualizada, se identificaram com os princípios socialistas do regime comunista, que por sua vez tinham estreita coerência com os conceitos do movimento cubista desencadeado por Picasso, o qual se assemelhava com o totalitarismo e rigidez doutrinaria do regime. Para selar esta identificação, Picasso foi convidado a incorporar as fileiras comunistas, o qual aceitou, mas a irreverência do Mestre não permitiu uma união duradoura.
Outro exemplo clássico da interferência da classe dominante no rumo da pintura, é o caso da igreja católica no período renascentista. Para propagar e sugestionar os adeptos e seguidores do catolicismo, que na época era representada pelos analfabetos, os representantes da igreja, em uma grande jogada de marketing, adotaram a ilustração representativa dos princípios básicos da liturgia, da maneira que a igreja queria que fosse imposta. Portanto, sem texto ou narração literária, os analfabetos iam vendo as figuras e assimilando os conceitos da religião, semelhante a livros infantis, na pré-alfabetização, onde as crianças através da figura, assimilam uma história. Para tanto, convocavam os pintores para representar, da maneira que a igreja queria, as imagens dos principais fatos bíblicos, tais como Adão e Eva, céu, inferno, Juízo final, ressurreição de Cristo, Criação de Adão, etc.etc.etc.etc. Assim o teto da Capela Sistina foi um dos primeiros momentos muito bem criado da propaganda e marketing da história, para impor um produto, que no caso é a fé por uma doutrina . Para atingir plenamente tal objetivo, obrigavam os pintores (Leonardo,Rafael,Michelangelo,etc.) a empenhar todo talento na confecção das ilustrações para iludir o povo humilde , assim, os “santos” ou apóstolos, seguidores de Jesus, que eram homens rudes, sujos ,mal vestidos, também analfabetos, passavam a ser apresentados como homens limpos , asseados, bem vestidos, com cetins e veludos, em poses que mais parecem dançarinos do Balé Bolchoi, ou atores do teatro clássico Convém mencionar também a maneira como Napoleão usou a arte Neoclássica para impor sua imagem de herói, guerreiro e conquistador.
Como estes, existem muitos e muitos outros casos que não nos interessa citar neste momento, mas tão somente comentamos os exemplos acima para mostrar que a pintura sempre foi uma “ferramenta” que a classe dominante usa para impor, sugestionar, camuflar e até alimentar o próprio ego nos impulsos megalomaníacos .
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Como no Brasil não existe marchand, porque a função do marchand é muito mais ampla do que a de um simples vendedor de quadros, como já foi explicado anteriormente, as galerias apenas cuidam em ter mercadorias vendáveis , sem se importar se é arte ou não. Se o trabalho tem um forte apelo comercial, de preferência uma composição neutra, porque não interessa a ninguém colocar em sua casa quadros que retratam dor , sofrimento, angustia, com cores ou composições opressivas; aplicação de cores com um bom impacto visual, temas bucólicos ou neutros que possam gerar indícios de cultura e intelectualidade, está pronta a formula de uma mercadoria vendável. É aí que se ajusta, como a mão na luva, a pintura abstrata, porque ela contem implicitamente todos esses ingredientes e pode ser feita por qualquer “decorador” e não por um verdadeiro artista.
Por essas e outras tantas razões é que a opinião da crítica perdeu a força e a razão, e como prova é só constatar que entre os redatores dos jornais não existe mais a figura do crítico no quadro efetivo dos cronistas. Enquanto detinham,em sua época, a força de persuasão determinando o que era e o que não era arte, como , porque , quando e com que foi feito, alinhados em uma direção de interesses suspeitos, a serviço de valorização de estoques de quadros de galerias e colecionadores.
No entanto esta postura toda perdeu o sentido e os artistas passaram a seguir o curso natural de seus interesses , ainda mais pela conclusão de que os críticos não compram arte, portanto interessa a opinião de quem compra, de quem quer e de quem procura arte, estabelecendo um acordo entre demanda e produção, onde os críticos não participam desse pacto.
Na condição atual de perda de identidade da arte, houve uma verdadeira popularização do gosto , nivelando tudo na ordem da sociedade de consumo vigente na atual globalização, onde o publico vai por um lado e a classe dominante segue por outro, onde os produtores de arte ficam em um dilema : ou seguem a classe dominante para participar de eventos representativos da chamada “arte contemporânea”, onde só os eleitos por eles mesmos são os privilegiados, onde os demais candidatos ficam sonhando a “ver navios”. Ou seguem a preferência popular que lhes traz algum retorno para alimentar o corpo e a alma.
É fácil supor que este fluxo atrai essa avalanche de novos artistas saídos das faculdades, escolas livres e ateliês particulares, onde todos, pretendendo um lugar ao sol, inflaciona o meio com uma verdadeira poluição da qualidade artística.
Como a mídia dá espaço para esses artistas imaturos, o público passa a ter um referencial equivocado do verdadeiro estágio das artes plásticas, entendendo que é um reflexo da atualidade como produto descartável.
Raramente se constata hoje, a aquisição de uma pintura como investimento, de artistas em ascensão, ou ainda mais pelos atributos artísticos que possui. Raramente, hoje, se vê alguém estar atento nos princípios conceituais que a obra encerra, banalizou-se tudo na simplificação do termo : “ é bonito “.
A partir desse comportamento a arte virou mercadoria, em que o autor levado pela corrente da sociedade de consumo que impera no atual momento, como conseqüência natural da confusão de conceitos porque já não se sabe mais identificar o que é arte, passa a produzir em escala comercial banalizando ainda mais a arte O que é vendável passa a ser o padrão adotado pelo artista.
Verifica-se um desencontro entre valor artístico e valor comercial, onde a busca de linguagem contra o objetivo de demanda comercial, onde tudo se mistura gerando uma confusão na intenção de entendimento pelos neófitos, em que o valor comercial confunde o valor artístico.



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O VERDADEIRO ARTISTA CRIA A SUA LINGUAGEM

A arte, se considerada como mais um meio de linguagem, expressão e comunicação do Ser humano, será a imagem e semelhança psicológica de seu autor . Assim como usamos a linguagem falada, escrita, e outras formas de comunicação para expressar o que pensamos, o que somos e quem somos, o artista usa a arte para integrar seu mundo interior ao mundo exterior e através dessa comunicação silenciosa, pessoal, conseguem uma repercussão eloqüente por toda humanidade.
Poderíamos dividir a humanidade em três segmentos : ciência, arte e religião
A ciência é que inventa e descobre coisas, evoluindo tecnologia como também o pensamento do homem. A religião, hoje substituída pela política ( no mundo moderno ), é a que administra e organiza essas descobertas, invenções e evoluções da Humanidade. A Arte registra toda essa atividade.
Portanto a arte deve ser única, autentica, original e não repetitiva. Por isso que a verdadeira arte é aquela que traduz o conteúdo da contemporaneidade. Não adianta ficar repetindo velhos padrões
por melhores ou perfeitos que tenham sido. Foram tremendamente válidos quando surgiram porque inovaram, renovaram e evoluíram padrões, mas tudo que está feito já está velho, tem que ser renovado, repensado, reavaliado , e propor novas soluções para os problemas da contemporaneidade. Assim a Humanidade tem que seguir sua marcha inexorável.
A verdadeira Arte conta a história do mundo bem como, com muito mais evidencia, conta a historia de seu autor, por isso ela tem que ser verdadeira, autentica , sem ser a imitação de padrões existentes, porque se assim for, o autor estará sendo falso, hipócrita consigo mesmo e com o público.
Não estamos falando da arte comercial, decorativa, aquela arte feita para combinar com as cortinas ou com o sofá da sala , sendo o tipo de arte em que o ateliê do artista vira uma fabrica em franca produção de produtos vendáveis. Este tipo de arte, bem como seu mercado, prostitui o artista. As vezes a necessidade de sobrevivência, fazendo todo tipo de concessão, sufoca, inibe a criatividade autentica e honesta do artista. Por tudo isto e mais alguma coisa que, o que interessará sempre, não será a imitação, mas sim o que o artista diz como coisa própria de seu íntimo Não adianta nada um artista pintar uma rosa com toda a perfeição realista. Para que o artista vai competir com a natureza? A natureza já fez a rosa perfeita e bela. O artista querendo provar sua habilidade está simplesmente demonstrando sua falta de criatividade e conteúdo. Habilidade é questão de exercício, criatividade é uma questão de talento. A habilidade, as vezes, faz com que o artista não pense.
Alfred H. Barr Jr., crítico norte americano, afirma que, para ser uma obra de arte, tem que ter uma boa composição formal, tonal, cromática, estética, conteúdo, equilíbrio,técnica, e principalmente comunicação. Porem, segundo Barr, as vezes a obra tem tudo isso e não é uma obra de arte. Apenas é uma obra tecnicamente bem feita, porque falta o elemento principal que é a “alma”, expressão, sentimento ou o íntimo do artista inserido em seu trabalho. Por isso que a verdadeira arte vem do íntimo do artista carregada de sua vibração e energia que contagia o espectador, e este contágio provoca uma simbiose entre criador (pintor) criatura (quadro) e espectador.
A pintura já foi usada para diversas finalidades através do curso da humanidade, e essas diversas finalidades vieram “embaçar” a verdadeira função da pintura que é a expressão íntima do artista.
Por exemplo, a pintura foi usada como linguagem através dos primórdios das civilizações. A prova disso é que se contou a história de povos como os egípcios, astecas, maias, celtas, etruscos ,etc. através da arte. Nesses casos não tinha nenhuma importância os atributos necessários à arte pictórica. Eram apenas símbolos, marcas, signos, emblemas , em fim sinais visuais codificando modus vivendi de épocas e povos.A pintura tinha por função principal registrar fatos e coisas independente de estética ou composição visual.
Outro fato histórico já mencionado e que impediu o desenvolvimento da pintura como expressão íntima e criativa de seu autor, é o fato de ter sido usada como material de propaganda pela igreja católica para difundir e propagar suas teorias a seus fiéis.
Antes da invenção da máquina fotográfica, que foi em meados do Séc. XIX, bem como de toda esta tecnologia que desfrutamos hoje, a pintura foi usada para registrar a fauna, a flora, etnia, hábitos e costumes, imagens de grandes personagens como reis,rainhas, imperadores, etc.Também nesse caso os artistas eram obrigados a pintar o que mandavam dentro de um rigor técnico de habilidade e realismo. Aqui cabe um registro de D.Pedro II , que trouxe para o Brasil muitos pintores holandeses, italianos, franceses, etc. para registrar a fauna, a flora, etnia, e costumes desta nova terra, (Rugendas e Debret, entre tantos outros). No caso, os pintores com sua arte e habilidade estavam a serviço da documentação gráfica e da ilustração.
O artista era cerceado no ato de criar, tendo que copiar fielmente a realidade do modelo. Esta não era uma arte autentica,mas sim apenas uma arte para fins de registro visual, que veio confundir a futura compreensão e interpretação da arte , estabelecendo erroneamente um padrão estético de fidelidade visual. Assim, esta pintura de narração figurativa permaneceu até o começo do Século XX, quando aconteceu a chamada Ruptura da Tradição que marcou o inicio da era moderna na arte, com o fauvismo em l904 e o cubismo em l907.
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A expressão artística é a soma das características de seu autor. É o resultado de sua índole, de seu perfil psicológico, de sua ação racional ou emocional, de sua condição agressiva ou passiva , enfim , é seu próprio ego que se transporta para seu trabalho. A prova disto é que nos mais variados tipos de testes psicológicos para avaliar todas as características do individuo o elemento usado é a pintura, o desenho e as cores. Através desses elementos o psiquiatra ou o psicólogo tira uma “fotografia” do perfil psicológico de uma pessoa.
A pintura não é feita com esse objetivo, mas nela esta contida toda maneira de ser do autor. Por isso a arte é muito pessoal, porque cada artista tem a sua “caligrafia” artística. Caligrafia artística é a mesma coisa que a caligrafia da escrita, não existem duas iguais e ela não precisou ser pensada ou estudada para se desenvolver e chegar a ser como ela é. A pintura é a mesma coisa, ela vai se desenvolvendo e tomando forma dentro de um conjunto de elementos próprios de seu autor, desde que ele se sirva de seu conhecimento e sua interpretação e tradução do tema dentro de suas características psicológicas.
Técnica, seleção de cores e disposição dos volumes na composição vão dar um perfeito perfil psicológico de quem os executa. Esta autenticidade só vem a tona quando o autor estimula sua sensação e percepção na materialização visual de seus instintos, e assim o artista é pessoal, intuitivo, sensível e criativo. O resultado de seu trabalho trará certamente essas características, alem de uma grande carga de emoção e expressão, que são os principais elementos de comunicação da verdadeira obra de arte, e assim vai se formando o estilo do iniciante.A conscientização desses princípios básicos da verdadeira expressão artística, faz com que o artista consciente e até mesmo inconsciente, recuse propostas já desenvolvidas e amadurecidas por outros artistas, porque esses caminhos já desbravados trazem toda carga emocional e pessoal de seus autores.
Todo pintor deverá ter por objetivo criar sua obra com suas características próprias, abrir seu caminho, descobrir e inventar novos conceitos influenciando e estimulando novos pintores.É comum ouvirmos comentários de que em pintura já se fez de tudo e que nada mais há para fazer. Esta afirmação é uma grande mentira porque está tudo aí ainda para ser descoberto,feito e refeito. A arte moderna ou contemporânea tem menos de cem anos e em termos de arte é infinitamente muito pouco tempo para ter se esgotado suas potencialidades. Neste século XX a evolução artística caminhou muito rápido, onde cada fase ou conceito descoberto mal era digerido e já surgiam alguns outros simultaneamente.
Grande parte do público, ainda hoje não entendeu cubismo, fauvismo , abstração que foram mostrados há cem anos atrás. Já algum tempo, confundindo ainda mais a ignorância popular, se convive com arte interativa, instalações e uma fusão e confusão de todo tipo de imagens e conceito visual.. A arte está sem direção, sem rumo.
É tempo de reflexão e introspecção. Como foi dito, o século XX atropelou os fatos, que tirou a poesia, o romantismo, o lirismo, a meditação, o tempo de espera, a pausa, a observação e a contemplação. O mundo ficou frio, acético, onde os valores sentimentais, espirituais e emocionais foram relegados a um plano secundário.
É tempo de repensar tudo, refazer, reelaborar para amadurecer com consciência. No entanto o que se vê são “vaquinhas de presépio” concordando e repetindo tudo o que a classe dominante visivelmente suspeita, impõe através da mídia. Onde está a personalidade de cada artista? Onde estão os seus próprios valores ? Já é tempo de cada um retomar sua função e dar a sua, mesmo que pequena, contribuição para que a arte retome seu reconhecimento, e seu valor histórico.
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Imagine o sonho da anti-baixaria da arte trash, em que os desconstrutores do consciente e inconsciente carregam a culpa pelas incertezas da história.
Há um ponto em que consiste numa percepção incomum, onde vagalhões da mídia acalmam de um lado a ignorância e de outro a falta de respeito em que basta para instalar o descrédito.
Que a herança seja submetida a releitura! Esta é a proposta saudável! Nada há que explicar a analogia compulsiva estereotipada, onde se colocam inteiramente indiferentes as correntes onde não há um ponto de contato nem de convergência, provocando a interrupção dos sentidos em uma percepção que se pode dizer comum, considerando as visões e significações do mundo visível e abstrato que não estaria mais nem em ato nem em potencia.
Tudo se equivale e nada leva a nada porque a continuidade se interrompeu , estabelecendo um caos perturbador, sem concessão, onde a questão é deslocada para conceitos provisórios, duvidosos para nos fazer pensar na transformação Universal como coisa apocalíptica inerentes a condição a que se impõe.
Lembramos aqui o filosofo francês Jean-Luc Nancy - : “ ... uma mutação está em curso e para a qual por definição, nenhuma forma está dada – nem natureza nem historia, nem homem, nem Deus, nem máquina, nem ser vivo” .-
A inspiração seria a recusa da verdade, mas o que é a verdade se nem Diógenes com sua lanterna não a encontrou. Assim a preocupação de ignorar o presente e extrapolar os limites e os desvios na tentativa de regeneração para um equilíbrio constante de forças entre criatura e criador, onde nessa beligerância, estabeleceríamos um ponto de visão crítico e imparcial, onde a única forma de transcendência estaria privatizada no imaginário correspondendo a carência insaciável mais do que convincente.
O esforço para essa resistência parece nos conduzir a um final previsível, porem, por enquanto só nos resta gozar de aflição porque o desfecho será como um clichê tal qual um soco no estomago.
Parece que estamos sofrendo uma depressão pós parto. Depois de um século XX que começou com uma grande ruptura na tradição, onde descobertas e invenções mudaram o curso da história acrescentando valor e conteúdo na humanidade, cujo século terminou repleto de “pós” e “néos”. Pós-moderno, pós-marxista, pós-colonial, pós-populistas. Enquanto o “neo” surge atropelando ainda mais como sendo o mais novo, mais evoluído e mais tudo tais como : neoliberal, neonazista, neo-fundamentalista, neo-concreto. Assim, de acordo com Susan Buck-Morss, professora de filosofia política e teoria social da Universidade Cornell (EUA) - : “ ... o “neo” esquece o passado e suas decepções e com uma incrível amnésia histórica, tenta atualizar o velho. A marca do “neo” é a ignorância da sabedoria que se acumulou de uma crítica das formas originais e da historia dos movimentos populares contra elas”.-



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FAZER ARTE É RESOLVER PROBLEMAS

A arte não é um jogo e tampoco charada e muito menos uma atividade burocrática.
. Um sapateiro, um pedreiro, um alfaiate, um advogado, um engenheiro e até mesmo um cirurgião, executa suas tarefas profissionais dentro de um padrão de rotina, seguindo um rigor técnico. A verdadeira arte não pode ser executada desta mesma maneira. A obra de arte deverá nascer sem esforço e somente quando o artista tem um impulso íntimo para criar alguma coisa e este impulso criativo não está disponível ao artista, mesmo que muito talentoso, a qualquer momento.
A criação de obras de arte não deverá ser uma camisa de força, vestida a qualquer momento a fim de gerar novos produtos. Seria como sentar á uma mesa para comer sem ter a mínima fome, ou então querer fazer amor sem ter o mínimo de vontade ou prazer naquele momento. Não se deve forçar atividades que envolvam sentimento , prazer, criatividade, emoção, etc. Infelizmente é isso que se nota em muitos iniciantes ao estudo da pintura e Artes Plásticas, quando normalmente demonstram um tédio, uma apatia e um enorme esforço ao enfrentar os problemas que surgem a cada momento.
Fazer Arte é ter que resolver problemas (e ter prazer nisso), e quem não está disposto a isso errou na escolha de atividade. Sim, porque quem tem talento e vocação para a área, tem prazer em enfrentar e resolver, da sua maneira, os problemas que vão surgindo na construção de sua obra, as questões de forma, a organização dos elementos, questões de tom e equilíbrio cromático, e etc., representam dificuldades que vai se desenvolvendo sem esforço, vai fluindo naturalmente, como expressão íntima de seu autor.
Estes problemas representam também um dialogo do autor com sua obra, e o resultado dessa simbiose é a grande contribuição que o artista dá a Humanidade, espontaneamente, com prazer, sem esperar nada em troca e sem esforço.
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O VERDADEIRO ARTISTA É ABSOLUTO

O que diferencia um artista de outro é o estilo, técnica, as vezes o tema, o conteúdo e principalmente sua personalidade.
Todos os verdadeiros artistas têm elementos em comum : a ousadia, associada a irreverência, insubordinação, liberdade, pesquisa, inquietação mental, sensibilidade, competência e muita criatividade.
Tudo que não é possível fazer no dia a dia da vida , porque todos têm que viver dentro dos padrões éticos impostos pela sociedade, família, religião, etc.,enfim, tudo que não é possível fazer dentro desses padrões éticos, o artista faz em sua arte, e o que é mais importante, toda essa ousadia ele traz também para seu “ modus vivendi “, e por isso são considerados excêntricos e loucos.
Por diversos períodos da história, os artistas formavam uma casta a margem da sociedade . Vestiam-se e agiam de maneira diferente e extravagante. Assim foi com os pintores impressionistas no final do século XIX bem como no inicio de l960 o movimento hypie liderados pelos Beatles, os quais influenciaram toda uma geração com um novo comportamento chocante para os padrões da época. Esta maneira de ser dos artistas é muito importante, porque com esta ousadia e irreverência, eles quebram paradigmas, reformulam as regras e trazem novos padrões para a evolução da Arte.
Sem esta atitude, a arte estaria estacionada a milênios atrás.Bem como a arte não tem regras, não tem lógica, não tem padrões pré-determinados.
Isto me faz lembrar o escritor Gabriel Garcia Marques, que desde sua infância demonstrava talento literário. Porem só conhecia os padrões estéticos tradicionais e isto não o satisfazia, queria ir alem. Um dia, lendo Kafka ficou surpreso com a forma e o conteúdo da obra. Com muita surpresa exclamou : - “... mas isto pode ? “ E depois disso escreveu “l00 Anos de Solidão”. Este exemplo de Gabriel Garcia Marques é muito importante porque comprova que a falta de ousadia e as regras estabelecidas impedem que o artista crie e se expresse com espontaneidade Portanto todos os verdadeiros artistas são iguais e verdadeiros nessa essência, evoluindo e mostrando novos rumos da arte.
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O artista deve buscar em suas raízes a motivação de sua arte.
Só existe uma razão para um artista retomar a obra de outro artista ; adapta-la dentro de novos padrões ou atualizando-a para uma nova época. Por exemplo, uma cena campestre de Giorgione, feita no período Renascentista, serviu de releitura para Manet em seu “ Pic-Nic na Grama “ e posteriormente Picasso pegou o mesmo tema e desenvolveu uma série de pesquisa . Todos muito válidos e coerentes porque cada um dos autores deu uma nova dimensão , interpretação e atualidade para a obra.. O que porem não se admite é copiar pura e simplesmente uma obra sem modificar ou acrescentar nada em sua estrutura, porque este ato , alem de ser uma falta de personalidade do artista, é assumir a incompetência na pretensão de ser um pintor.
O fato de alguém conseguir copiar com fidelidade outra obra, não lhe confere nenhuma qualidade ou atributo que mereça um mínimo de atenção. Isto não passa de uma mera demonstração de habilidade e esta qualificação não significa nada em arte, porque falta a criatividade.
Voltamos a afirmar que habilidade é mera questão de exercício e pratica. Porem criatividade é questão de talento, que só os privilegiados possuem.
Hoje, com os mais variados recursos tecnológicos de ponta , é fácil confundir a habilidade e a técnica (recurso de projeção de imagens, etc.), seguindo os passos de outro pintor. Este pseudo-artista estará enganando a si próprio porque o público estará notando a falta de talento.
Mesmo os grandes artistas têm períodos de crise de criação e não é por isso que saem copiando outros pintores. Quando surge esta fase, ficam simplesmente “hibernando”, pensando e repensado ou simplesmente descansando o impulso criativo. Quando não se tem nada a fazer, o melhor é não fazer nada.

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O ORIGINAL EM LINGUAGEM ATUAL

O que está feito já está velho.
Não se pode e nem se deve ficar estacionados em velhos padrões já estabelecidos. O mundo é dinâmico, evolui, e a medida que vão surgindo novos padrões de comportamento bem como descobertas e invenções tornando a vida mais agradável, confortável e compreensível, adotamos esse novo comportamento e abandonamos o que foi superado. Se formos buscar precedentes e viver no passado, vamos nos imaginar hoje, em 2003, se fossemos sair para trabalhar ou qualquer outro motivo, iríamos atrelar nosso cavalo e sair galopando pelas ruas, como era feito até meados do séc.X IX , época em que a locomoção era feita por tração animal . A partir do momento que Ford começou a fabricar os automóveis, esta prática foi abolida.Na medicina, depois que Alexandre Fleming descobriu a penicilina em l928, mudaram-se os métodos de cura e salvaram-se muitas vidas. Como também as teorias de Isaac Newton foram superadas pela Teoria da Relatividade de Einstein. Como poderíamos entender , hoje, a locomoção sem o automóvel. Como seria a medicina sem os antibióticos? Como seria o mundo sem a energia elétrica e nuclear? Que tal imaginarmos em nossos apartamentos, usando fogão a lenha! Estes são alguns poucos exemplos para que se possa entender como as práticas e teorias do passado são superadas e não se enquadram mais na vida atual.
Precisamos entender e vivenciar essa evolução e contribuir para sua continuidade sem ficar fazendo apologia do passado.
A arte, como acompanha e registra a evolução da Humanidade, não deve buscar precedentes para justificar novas obras e um novo comportamento dos artistas . Portanto os artistas alem de criativos tem que ser também intuitivos e originais.
De nada adiantaria se a pintura tivesse estacionado em importantes movimentos de arte como Renascentismo, ou impressionismo ou cubismo ou seja lá outro qualquer. Quantos anos, ou quantos séculos a pintura estaria atrasada?
Existe uma verdade, por vezes de difícil compreensão por parte dos iniciantes, de que , hoje, não se pinta mais impressionismo, fauvismo, realismo, romantismo, enfim todo e qualquer movimento do passado. Pura e simplesmente porque não existem mais as condições e os fatores que os motivaram.
Hoje o que acontece é que se repetem as formulas e os maneirismos dessas escolas de pintura, o que não é a mesma coisa Na sua essência, fica uma pintura “plastificada”, artificial e repetitiva. Para que se entenda bem este conceito (principalmente os iniciantes) damos como exemplo um casal, casados há sessenta anos e pretenderem repetir a lua de mel. Poderão fazer a mesma viagem, ir ao mesmo hotel, no mesmo apartamento, mas fatalmente não será a mesma coisa porque as condições e fatores do passado não existem mais. Na pintura acontece a mesma coisa. Temos que viver o presente momento, criar e ser original dentro das condições atuais

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AS INFLUENCIAS DE UM ARTISTA
A produção de um artista é sempre irregular, seguindo seu estado de espírito, seu desejo de pesquisa, tendência de público e critica que motiva o impulso criador.
Esta é uma verdade comprovada ao se analisar a produção de qualquer artista.
O mercado de arte, o público e muitas vezes os críticos, transformam o artista em um verdadeiro prostituto. O artista vira uma espécie de marionete nas mãos da classe dominante. Mesmo na contemporaneidade, artistas modernos e de índole vanguardista, ficam a mercê da vontade e das imposições , quer seja por vaidade, por dinheiro e por auto-afirmação. Estes não são os artistas verdadeiros. Vamos tomar como exemplo, aqui no Brasil, Alfredo Volpi que até a indução para que ele pintasse as “bandeirinhas”, influenciado por Max Bill (o pai do concretismo) que esteve no Brasil por ocasião da primeira Bienal, portanto até mais ou menos l95l, Volpi pintava de tudo : flores, nus, paisagens, santos, natureza morta, etc., com um resultado fraco, beirando o ingênuo . Mesmo com uma pintura modesta e sem conteúdo, Volpi agia como um verdadeiro pintor, materializando todo seu impulso por mais variado que fosse. Pois bem, fica-se pasmo quando de uma hora para outra, parece que por conta de um estalo de genialidade e sabedoria, Volpi que produzia uma obra de valor duvidoso e notadamente sem nenhuma cultura artística, passa a fazer uma arte altamente intelectualizada, que é privilegio dos cultos e eruditos, coisa que Volpi não era. Porem, o que mais chama a atenção e que é motivo de nosso comentário, é que a partir de l951 até sua morte em meados de l980, portanto quase quarenta anos ele pintou somente bandeirinhas com pequenas variações com mastros e triângulos. O que seria isto? Incompetência de Volpi ou exigência da classe dominante formada por público comprador, críticos, marchand e historiadores de plantão? Qualquer que seja o motivo, não seria aceitável porque esta não é a atitude de um autentico e verdadeiro artista. ( Há um boato nos bastidores do meio artístico , comentado por quem conviveu na época, de que Ciccilo Matarazzo, fundador da Bienal, queria “Fazer” um pintor paulista (de preferência italiano) a altura de ganhar o primeiro premio, competindo com Di Cavalcanti.- Daí promoveu encontros de Volpi com Max Bill que era um ícone da arte concreta no mundo.- Isso, se for verdade, explica a metamorfose rapidíssima na arte de Volpi, que tinha por intuição muita criatividade e habilidade associada a competência.
E assim praticamente, quase todos os “falsos gênios” da pintura brasileira tiveram ou ainda tem esse comportamento, com certeza pela falta de criatividade, de conteúdo e até personalidade em sua arte. Nenhum crítico ou historiador da arte internacional ( pelo menos os mais renomados e traduzidos ), fez ou faz alguma menção a algum pintor brasileiro como contribuição para seu desenvolvimento. Somente quando existe algum evento de arte sul americana ( ou latino-americana ) é que aparecem os pintores brasileiros, somente pelo regionalismo e não pelo valor internacional. Uma das poucas exceções , que é Portinari, que alem de registrar a brasilidade no ciclo do café, fez uma tremenda crítica social retratando, com um expressionismo marcante, a fome, a miséria do povo nordestino.Portinari, juntamente com Guinhard, Heitor dos Prazeres são dos poucos que representam o Brasil no Museu de arte Moderna de N.York, talvez pela troca de favores entre Nelson Rochefeller na década de l950.
O Brasil é um país que não tem pintura, tem apenas pintores. Tem gente que produz quadros bonitinhos, bem feitos, que agradam o público e que seguem a tendência da moda, e ficam produzindo como se fossem fabrica para abastecer o mercado e ganhar muito dinheiro. Na terra de cego quem tem um olho é rei, na hora de selecionar artistas brasileiros são esses protegidos pela classe dominante é que são chamados.
A arte é a transposição do ego do artista para a linguagem comunicativa que ele está criando, e as emoções, o humor, o estado de espírito, o desejo, a sensibilidade nunca permanece em uma linha de estabilidade imutável e a cada alteração dessas variáveis, é refletida no resultado da obra do artista, portanto nenhum verdadeiro e autentico artista tem uma linha de produção homogênea e padronizada. A cada momento o artista quer experimentar emoções mais fortes e variadas. O verdadeiro artista acha tedioso e enfadonho ficar repetindo formulas já desenvolvidas, quer ir alem, evoluir e descobrir novas linguagens.
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A COMUNICAÇÃO DE UMA OBRA DE ARTE

Muitos indivíduos são refratários a comunicação gráfica do pintor, nem por isso a obra é destituída de valor.
Sendo a arte a verdade do artista, quando ela não é compreendida, ele se sente frustrado. A comunicação só é completada quando ela é recebida, e se o espectador não recebe a mensagem da obra é porque não conseguiu atingir sua principal função. Mas, muitas vezes não é a obra que é desprovida de fundamento e conteúdo mas sim determinados espectadores é que são refratários a ela, ou mesmo que não estão ao nível intelectual da obra. Porem a intenção do artista é a de atingir a todas as camadas intelectuais da sociedade, o que seria praticamente impossível, a considerar a composição heterogênea da sociedade em suas diferenças sócio-economicas, escolaridade, perfil psicológico, religiosidade, etc.
O que se deve considerar, é que existem obras de formação essencialmente eruditas, enquanto outras com o mesmo valor , são construídas dentro de uma simplicidade e de fácil assimilação. Na música, entre os compositores de operas , é fácil constatar esse exemplo. Enquanto Richard Wagner apresentava suas operas com cenas e arranjos quase impossíveis de serem executados, já Giuseppe Verdi apresentava operas com temas e melodias fáceis e agradáveis em que o espectador saia do teatro cantarolando as árias que tinham acabado de ouvir.
Entre os trabalhos de Miró e as obras dentro do conceito Concreto, existe uma enorme diferença em termos de conforto visual.- enquanto as obras de Miró são lúdicas, alegres, coloridas, com até uma boa dose de ingenuidade, agradando a 90% do público, já as obras dentro do conceito Concreto são austeras, frias, exatas, geralmente em branco e preto, com um poder de estilização e de síntese extremos, agradando apenas 10% de um público erudito em artes plásticas.
Mas, acredito que o artista jamais será compreendido em sua totalidade. Seria impossível saber o que Michelangelo tinha na cabeça quando executou o teto da Capela Sistina. Quantas lendas se contam sobre a Mona Lisa e Leonardo da Vinci.Não dá para compreender em sua totalidade o ódio e a magoa de Picasso ao pintar “Guernica”. É possível sim chegar bem próximo da intenção do artista, porque como já dissemos a obra de arte é uma radiografia do perfil psicológico de seu autor.
Muitos pintores não dão nome a seus quadros e nem os explicam. Se a obra não é suficiente para se comunicar, não adianta explicar, como também o expediente de agregar valor a obra inventando um nome pomposo, poético e sugestivo. Um bom trabalho não precisa de nome e muito menos de explicação. A obra de arte não deve ser como um aparelho eletrônico que vem com o manual de explicação . O artista precisa do público e precisa interagir com ele e o elo dessa interação é a obra desse artista carregada de suas emoções, e se ela não é aceita é o próprio artista que esta sendo rejeitado.








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AÇÃO E REAÇÃO ou CAUSA E EFEITO




No dia 04-01-2006 o francês Pierre Pinoncelli, 77 anos, atacou com um machado a famosa obra do dadaísta Marcel Duchamp , “Fonte”, um urinol de louça ,usado em banheiro coletivo masculino, foi condenado a pagar uma multa de $f 200 mil e mais $f 14 mil para reparos.- A corte não aceitou sua justificativa de que o ataque teria sido uma intervenção artística que os dadaístas teriam apreciado. Não foi a primeira performance de Pinoncelli : em 1993 , ele urinou na obra.

Pierre Monteux , depois de reger um concerto , uma senhora o cumprimentou dizendo que tinha detestado, ao que o maestro, gentilmente, com um sorriso nos lábios respondeu : - “ Madame, isso não faz a menor diferença”.-

Isto é que é fantástico nas artes, não só para quem faz como para quem a consome.
Alias, a propósito, consumir é um termo que precisa ser discutido nas artes porque, tem a arte para consumo e deleite como tem arte, em todas as categorias que não são feitas para essa função, são as artes que integram arquiteturas, cenários, ambientes e etc. Por exemplo, em uma arquitetura em que é preciso uma faixa de uma determinada cor para dar equilíbrio ou unidade ou profundidade ao conjunto, essa faixa pode ser o tipo de arte que não é para consumo porque ninguém vai ficar diante dela se extasiando em delírios frenéticos como diante da Mona Lisa ou do teto da capela Sistina.
O que geralmente se procura é o tipo de arte como uma caricia, perdoando o ego e a compreensão onde se possui momentos de conhecimento infinito sobre o ser humano, acumulando toda gama de sentimentos que apesar das provocativas opiniões onde se desanca a muzak (arte ambiente de escritórios, elevadores e etc. ) onde não se contenta em preservar em estado de servidão como uma ameaça ao progresso artístico, ao contrario da verdadeira coragem e importância histórica.
Claro que a opinião de qualquer origem não faz a menor diferença, mas aponta para um fenômeno real, embora masoquista, mas agradável e saudável para a continuidade do processo, talvez excessivamente valorizado pelo publico.
Em que outra arte pode-se encontrar uma licenciosidade que se adapta tão comodamente a mentalidades heterogêneas, com diversas linhas de forças em conflito constante , em que se constrói uma tremenda pressão detonando e desarticulando os persuadidos em sua bondade intrínseca da quebra de encanto.
E como se num instante saíssemos do contrato social, perdêssemos toda civilidade e vomitássemos em cima do mundo contemporâneo que nos cerca e nos sufoca de arbitrariedades em uma verdadeira “pulp fiction”, com relatos que revelam as obras tortuosas como tragédias naturais em verdadeiros tsunamis, em que na visão do pintor e autor norte-americano Joe Coleman - : “ A humanidade é como uma doença destruindo o planeta... “
Por isso :
- : “ Madame, isso não faz a menor diferença”.-

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O MUNDO SERIA MUITO FRIO E A VIDA MUITO ARIDA SEM ARTE

Arte é o substrato da alma. Arte é o encontro do Eu Superior.
Arte é uma espécie de oração.
Arte é expressar a vida em todas as suas potencialidades. Fazer arte bem como apreciar arte é estimular e desenvolver a sensibilidade tornando a vida mais agradável, mais humana e mais leve. Mas o mundo hoje passa por uma transição onde esses valores que geram energia ficam relegados a um plano secundário. A globalização nivelou tudo a uma mesma banalidade, onde todo mundo veste jeans, toma coca-cola e come hambúrguer. Não existe mais o regionalismo, a cultura de cada país com sua etnia, seu folclore e suas tradições. Até o cenário parece o mesmo em todo canto do hemisfério.
A sociedade atual estimula o consumo. O consumo estimula a produção barata e descartável. A produção barata e descartável estimula a baixa qualidade, e este circulo vicioso gira em uma cadencia diretamente proporcional, onde no final aumenta sempre a falta de qualidade e produtos descartáveis .
A arte acompanha este circulo vicioso, e neste mundo onde não se cultiva mais a sensibilidade e quase tudo é de baixa qualidade e descartável, verifica-se que toda produção artística apresentada hoje é em parte releituras de propostas antigas de até cinqüenta anos atrás, tais como concretismo, action-painting,minimalismo,etc., e a outra grande parte é feita de sucata, descartável, como se viu na última Bienal de São Paulo (2004).
Isto reflete a imagem atual do mundo: o mundo virou uma verdadeira sucata com seus valores morais descartáveis.
De quem é a culpa do mundo ter chegado a esta falta de sensibilidade total?
A culpa é da família, da sociedade e da própria humanidade.
Da família porque cada um é produto do meio, e a criança de hoje será o adulto de amanhã.
Não se vê mais na célula familiar debate sobre literatura, com troca de idéias e opiniões. Perdeu-se o habito da leitura e a mídia não estimula nem promove mais esta prática.
Não se vê mais nos lares quadros originais ou mesmo cópias de grandes autores decorando as paredes para com isso ir educando as crianças a um bom gosto artístico.
Por que não ter sempre como fundo musical em uma residência uma boa musica renascentista que acalma e tranqüiliza. Por que não conhecer Vivaldi, Corelli, Veracchini, Mozart, enfim, muitos outros compositores, que com o habito se tornariam familiares. O povo, por mais humilde que seja, gosta de musica clássica, a prova disso, é que na época dos LPs, foi lançado um disco de musica clássica com ritmos populares, e ouvia-se o povo pelas ruas assobiando a Sinfonia 40 de Mozart.
Porque não, pelo menos uma vez por mês, fazer um programa de teatro ou mesmo um concerto. Porque a família toda não visita museus e exposições com regularidade?
Isto tudo com certeza iria aos poucos desenvolvendo a sensibilidade e a cultura artística de toda a família, tornando-os mais unidos e mais solidários, como também haveria uma vida mais saudável na célula familiar.
Outra grande parcela de culpa cabe a sociedade representada pela classe dominante do meio artístico, representada pelos críticos, marchand, historiadores e agora essa profissão no mínimo curiosa que é a figura do curador..
A falta de cultura e sensibilidade do povo continua sendo alimentada pela classe dominante que oferece para consumo, através da mídia, produtos baratos e de baixa qualidade como as centenas de musicas e programas de TV de baixo nível , do tipo pra ver quem tem a bunda maior, quem cospe mais longe , quem consegue sentar em uma garrafa e outras coisas do gênero.
Aumenta ainda mais a responsabilidade da sociedade, que por seus meios legais não deveriam deixar acontecer certos fatos como aconteceu em 1981 quando a direção da Bienal acabou com a seleção democrática, onde todo e qualquer artista poderia enviar trabalhos e ser visto, mesmo que recusado, e abolindo esta norma adotando o critério de que a própria Bienal escolheria os participantes do evento. Aí virou uma máfia total que permanece até hoje. E assim, a mais de vinte anos que só se vê Lygia Clarck-Helio Oiticica e & Ltda, o que representa passar recibo da falência da Arte Brasileira. Então pergunto : - como é que o povo vai ter cultura, sensibilidade e evoluir neste sistema viciado ?
Não podemos esquecer de outro grande vilão da formação cultural de um povo, representado pelos estabelecimentos de ensino que são “obrigados” a concordar e adotar o modismo vigente.
Para exercer a função da tremenda responsabilidade do magistério, onde se forma opiniões e desenvolve a sensibilidade, o professor tem que ter uma grande bagagem de conhecimento da técnica, da historia da arte, da teoria, alem de ter uma pedagogia bem desenvolvida em cima de uma didática comprovadamente eficiente, com pleno domínio de sua área. Ter uma postura de líder,mantendo uma motivação constante da aula. Isto tudo e mais alguma coisa se conseguem com muito estudo e treinamento como também aptidão para a atividade. E não como geralmente acontece na maioria das escolas que vão buscar artistas com uma prática bitolada de arte alem de nenhuma experiência pedagógica.
O resultado é uma péssima formação e até mesmo a desistência da pratica da arte.
Por todas estas questões é que o mundo está menos sensível e distanciado da arte.
Em conseqüência , vivemos hoje um mundo distante da arte e de seus valores espirituais. Um mundo frio, apático, campo propício para gerar a violência, tornando-o um ambiente desumano e de difícil vivencia.
Hoje, (2006) se vê uma juventude rebelde e sem rumo, completamente desnorteada pelas drogas.
O mundo está frio, se distanciando de seus valores morais e dentro deste clima, a arte está acéfala a ponto de um artista brasileiro, expôs na Europa, fezes humana in natura,ao lado de flores artificiais, e a mídia lhe deu espaço. Quando se chega a ponto de se ter merda como obra de arte, o que se espera mais!
Dr. Carl G. Jung afirmara : -“Deus está morto”.
Na verdade Deus está morto na mente das pessoas que não sonham mais com a espiritualidade, com o amor, a sensibilidade, e que não tem mais convivência espiritual.
Temos que voltar a cultivar os valores essenciais da vida, representada pela espiritualidade, sensibilidade e a arte. Este trabalho tem que começar no lar onde a criança primeiro toma contato com o mundo. A criança vai ser o que ela aprender a ser. Ela vai gostar e conhecer aquilo que for mostrado a ela.Tudo depende de exercício e prática. Onde se pratica cultura, se desenvolve cultura e tudo que se semeia, se colhe.

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A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM A VE


O que é a beleza?
Beleza é o tipo da circunstancia cujos valores são atribuídos, isto porque não é possível aferir, medir, ou quantificar seu grau de volume, força ou valor. Beleza poderá ser a reunião de estética, equilíbrio, organização, harmonia, ritmo, cor, etc., porem a reunião de todos esses fatores e mais alguns que possamos ter esquecidos pode não resultar em alguma coisa bonita mas,simplesmente correta.
Após a Ruptura da Tradição, no inicio do Séc. XX, onde teve inicio a nova maneira de se ver e fazer arte, os artistas, desvinculados da maneira bitolada e tradicional de agir e pensar, descobriram que o “feio”, o caos ,a violência e a desordem constituíam grandes temas para a execução de obras de arte, e que eles também continham todos os elementos dos antigos temas.
Portanto podemos concluir com toda certeza de que a beleza está nos olhos de quem a vê.
Porem todas essas circunstancias excitam a sensibilidade do artista e induz ao impulso criativo e a transformação desses elementos em arte. Toda ação provoca uma reação de igual intensidade, assim se qualquer um desses elementos, tanto positivos como negativos, atingir a sensibilidade do artista com muita intensidade, a reação será também a descarga emocional em uma obra de arte de igual intensidade. Como exemplo vamos buscar o caso dos alemães que destruíram uma cidade espanhola num ato de horror, violência e ódio e a reação do espanhol Picasso vendo o flagelo de seus conterrâneos, criou a maior obra do Séc.XX ; “Guernica”. A ação da agressão foi de grande intensidade, provocando uma reação artística de igual força.
Nestas circunstancias, um fator importante a ser observado é que o tema é um mero pretexto do impulso criativo, pois ele não tem a menor importância e nem contribui para o resultado final da obra. Não há necessidade de temas expressivos ou eloqüentes como adotavam (ou ainda adotam) pintores realistas. Qualquer modelo ou pretexto é suficiente para induzir o artista a fazer composições carregadas de toda carga emocional de seu autor.
Van Gogh criou quadros fantásticos tendo como tema sapatos velhos, já Pollock não precisou nem da narração figurativa para descarregar seus impulsos em uma pintura de ação e do acaso.
A criatividade do artista,e essa capacidade de transformar sua sensação e percepção em arte, confunde a interpretação de sua pessoa com a de um intelectual, erudito e privilegiado.Não creio na autenticidade dessa afirmação,porque quando esta vocação não vem de uma patologia psíquica, vem da descoberta de um canal de expressão e comunicação próprio e peculiar para o individuo descarregar seus traumas, seus conflitos e necessidades.
Não existe essa aura mística que envolve os artistas. São meros “artesãos” da filosofia humana, tornando-as visíveis.






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A ARTE DEPENDE DA PERSONALIDADE DO ARTISTA

Arte é a expansão do ego do autor. A criação é um ato de extensão da personalidade do autor que converge para a criatura, e nesta simbiose, criador e criatura se confundem. Não há como negar esse processo porque a obra criada é o resultado da ação, do pensamento, da vontade, da sensibilidade, enfim de toda condição psíquica de seu criador, em uma identificação perfeita de seu perfil psicológico.
É muito importante que o artista tenha perfeita consciência de suas tendências, identidade e aptidões artísticas, principalmente os jovens candidatos às artes plásticas. Por exemplo, seria absolutamente impossível imaginar Picasso, Van Gogh, Monet, Matisse, Kandinsky, e uma infinidade de outros gênios da pintura,produzindo uma Mona Lisa igualzinha a que Leonardo criou. Nenhum destes e muitos outros,jamais conseguiriam, porem não por incapacidade artística, mas sim por se tratar de uma forma de arte ou de uma linguagem totalmente diferente a suas personalidades artísticas.Assim cada artista tem seu limite, sua ação, seu gesto, sua maneira passiva ou agressiva de manifestar seus impulsos, por isto devem procurar a linguagem adequada a essas tendências dentro de suas competências. Alguém poderia se imaginar um pessegueiro e na realidade seria um abacateiro.
Por essas condições que se divide a arte em duas categorias : arte racional e arte emocional. Arte racional é a arte pensada, medida, executada com uma precisão melimétrica, alem de “limpa” e bem acabada. O exemplo que damos de um artista racional é Piet Mondrian, alem de Max Bill, Vasarelli, Albers e muitos outros. (Por oportuno é bom registrar que todo artista Concreto e Neo-Concreto são artistas racionais pelas próprias características da linguagem.)
Arte emocional é aquela cujo resultado é um improviso quase aleatório , onde a ação predominando sobre a razão deixa marcas violentas do gesto, do improviso e do acaso. Dois exemplos típicos da pintura emocional são : J. Pollock e W. de Kooning. A pintura de Pollock, também chamada de action-painting (pintura de ação) , com a técnica do dripping (gotejamento), onde o resultado , em parte, é obra do acaso.
Assim, lembramos de que sempre existe e vai existir um tipo de arte para cada “cabeça”, ao contrario do que muitos iniciantes em arte imaginam, querendo adotar uma postura ou assumir uma identidade incompatível com sua personalidade.
O que é profundamente lamentável é ver a ignorância de certos indivíduos que afirmam que gostariam muito de aprender a pintar mas julgam não ter talento por não conseguirem desenhar ao menos uma casinha. Esses é que possivelmente poderiam vir a ser grandes artistas, porque o talento não está na habilidade de captar o mundo visível mas sim na criatividade em tornar visível o invisível. E isto não é um mero jogo de palavras, quantos signos, sinais, formas , que poderiam surgir codificando a linguagem pessoal de cada um.
Vamos lembrar o caso de Juan Miró, que é fantástico. Desde criança Miró queria ser pintor e o pai impedia a dedicação para essa área porque Miró não tinha habilidade para captar o real, quer dizer, desenhava mal e forçou o garoto a trabalhar em uma área burocrática. Miró passou a ter problemas psicológicos e para não agravar a situação seu pai o colocou em um curso de pintura. Na primeira aula, o professor já sabendo dos complexos de seu novo aluno quanto a falta de habilidade para um desenho virtuoso, colocou uma venda nos olhos de Miró, deu-lhe um objeto nas mãos, mandou que ele apalpasse, sentisse aquele objeto. Depois, escondeu o objeto, tirou a venda dos olhos e mandou que ele desenhasse o que ele tinha percebido ou sentido das formas daquele objeto. E assim surgiu esse gênio da pintura que criou um estilo pessoal com formas lúdicas, quase ingênuas, onde não há necessidade do virtuosismo técnico. Na obra desse marco da pintura Universal que é Miró, existe apenas uma irritante porem genial simplicidade criativa.
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CADA ARTISTA PRETENDE QUE SUA ARTE SEJA A MAIS AUTENTICA


A vaidade é própria e necessária ao artista. Muitas vezes ela é demonstrada de maneira retumbante e apopléctica como fazia Salvador Dali e muitos outros artistas (Oscar Wilde na literatura).
O artista, em qualquer modalidade de arte, precisa do público porque seu meio de comunicação é uma linguagem sem palavras, porem Universal, e essa comunicação só é completada quando ela é recebida, portanto é preciso que exista alguém (ou um público) para receber essa comunicação como uma mensagem até mesmo cifrada ou codificada.. Quando alguém, ou muitos, entram em sintonia com a freqüência do artista e demonstram a receptividade, torna-se gratificante para o artista que sente seu objetivo alcançado.
Porem essa vaidade as vezes cega e entorpece o discernimento e o juízo do artista, estimulado ainda por um público que não está a altura de julgar ou mesmo interferir. È o caso da avó que acha que o netinho têm um grande talento para as artes plásticas porque copia fielmente o pato Donald, ou da filha que pinta maravilhosamente bem uns moranguinhos no pano de prato. Isto acontece também com pintores adultos, que envaidecidos pelos aplausos domésticos, se acham talentosos e geniais, e não saem da arte banal e medíocre que fazem com medo de perder o status.
Em muitos casos a vaidade é temporária e passageira e logo o autor volta ao seu juízo normal e a sua razão. Foi o que aconteceu comigo, lá pelos meus trinta anos de idade, quando pintava muito e quase sempre durante as madrugadas. Certa vez, por volta das cinco da manhã, já com o dia clareando, terminei um quadro e naquele cansaço gratificante achei que tinha que tinha chegado ao auge de minha carreira e aquela obra era o maximo que tinha feito até então. Fiquei me extasiando diante daquela maravilha e depois fui dormir, cansado porem realizado. Após horas de sono, acordei bem descansado e fui correndo ver o quadro. Qual foi minha surpresa quando aos poucos fui notando falhas na composição, na técnica, enfim o resultado geral estava uma droga e como é que tinha sido cego em meu entusiasmo e não consegui ver essas falhas gritantes. Tive vontade de destruir o quadro, não o fiz, porem, na mesma hora, mesmo sem ao menos um café, recomecei outro estudo sobre o mesmo tema para ver se chegava ao resultado que realmente queria .
As vezes a vaidade vem junto com orgulho e prazer em ter criado alguma coisa, porque, no caso de uma obra de arte , ela passa a existir somente depois que seu autor a tenha planejado, criado e a executado .


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OS CÃES LADRAM E A CARAVANA PASSA

Fatores externos interferem na pesquisa e na criatividade do artista. O autor tem que estar convicto e firme no rumo de seu trabalho e não deixar que elogios e aplausos criem uma cortina de fumaça em seu discernimento.
O mercado de arte e a crítica exercem um papel nefasto no desenvolvimento da arte . Para o mercado não existe arte,existe mercadoria. E se a mercadoria não for vendável, embora com altíssimo nível de qualidade, para o marchand não interessa. E os artistas, como sempre, uns pobres miseráveis que ficam a mercê desses interesses, tendo que produzir de acordo com a vontade desses manipuladores da arte. Infelizmente os novos ricos e os iniciantes em coleções de arte,carecem de uma cultura mais aprimorada , e como são esses que alimentam esse mercado, são esses também que estimulam a proliferação disso que se vê circulando por aí.
O pintor quando não sabe fazer outra coisa a não ser pintar, para sustentar a si ou sua família é obrigado a entrar nesse jogo sujo que existe nos bastidores do mercado.
O pintor só sabe lidar com os elementos da sensibilidade humana e seus quadros são a sua extensão como instrumento comunicativo, tanto assim que o pintor não sabe e não consegue negociar, dar preço , cuidar de sua promoção e divulgação de seu trabalho, para isso ele precisa da figura do marchand, que geralmente deturpa a pureza do artista. Assim é comum ver a transformação do atelier do pintor, virar uma fabrica em franca produção,tendo que entregar uma grande produção de quadros por mês. Assim os quadros acabam sendo uma repetição banal e sem expressão, mas, se o pintor tiver um grande nome e um alto valor de mercado o que importa é sua “grife”, ou seja, sua assinatura no canto da tela. È a assinatura que vale e não o conteúdo da tela. É assim que funciona para esses que querem somente o status , poder e ascensão social. Com um detalhe importante, quanto mais caro for , maior o status, confundindo qualidade artística com valor financeiro da obra.
Infelizmente quando o artista entra nesse jogo,a conseqüência é essa, e aqui no Brasil é fácil constatar esse fato analisando todos os pintores que são sustentados por um marketing que os mantém como moeda circulante do país. . E como o marchand paga muito pouco o artista tem que produzir muito para, mesmo assim, ter uma receita medíocre para se manter. Mesmo pagando pouco, esses marchand escolhem o que tem impacto visual, que é vendável e devolvem o resto, mesmo sendo os melhores em qualidade artística.. Isto desgasta tanto,que se tivesse alternativa financeira, o pintor não venderia mais nenhum quadro. É isto, também, que estimula o pintor a dar aulas e a partir do momento em que não participa mais do mercado de arte, a qualidade dos trabalhos crescem de maneira visível e gratificante. Não há restrições em desnudar e mostrar este lado triste dessa área ,que parece tão erudita e intelectualizada. Ainda mais porque ninguém tem coragem de fazê-lo, porque passam a fazer parte dessa engrenagem e a assumir essa identidade. Porem é bom que se diga que essas manobras e essas condições existem mais em paises subdesenvolvido de terceiro mundo. Em paises de primeiro mundo o marchand, que faz realmente a função de tal profissão, investe na pessoa do artista ao invés de comprar barato alguns de seus quadros. Mantém um salário para sua subsistência para que desenvolva sua criatividade sem preocupação financeira, alem de promover e divulgar sua obra. Nestas condições o artista pode manter sua opinião e sua criatividade.
. Tenho certeza de que o público não conhece o underground dessa área e em quais condições psicológicas trabalha o pintor, e isto é apenas a ponta o iceberg. Por isto que muitas pessoas ao olharem para grande parte de produção de muitos e muitos artistas, e depararem com “ falsas obras “ que ninguém com um mínimo de bom senso atribuiria valor, serem vistas como”obras de arte”. É nesse momento e nessas condições, que muitos põem em dúvida sua própria cultura, seu valor e não sabem mais em quem acreditar. E certamente lembrariam das palavras de Ruy Barbosa : “... de tanto ver crescerem as nulidades, o poder nas mãos dos maus, riu-me da honra e tenho vergonha de ser honesto. “( aqui , no caso, ser artista )
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ATÉ O CÁOS E A DESORDEM GERAM PADRÕES DE BELEZA
(A SÍNTESE DAS FORMAS)

Se formos buscar a essência de todas as formas do mundo visível, chegaremos aos volumes geométricos e a equações matemáticas. Tudo se resume na pureza da simplicidade, e é o que todo, absolutamente todo artista busca incessantemente em toda sua trajetória artística.
A simplicidade, a depuração, a eliminação do supérfluo, até chegar a uma eloqüência com poucos elementos..Simplificação, geometrização e até mesmo a estilização, concorrem para eliminar o supérfluo do modelo, sem que ele perca a identidade e a personalidade. Leonardo da Vinci já dizia que a simplicidade é o último estágio da sofisticação.
As formas geométricas, como essência formal, serve de suporte para equacionar uma composição , por exemplo de uma natureza morta, onde um conjunto de quadrados, cubos, retângulos, cones e esferas, ou cilindros, dispostos de maneira ordenada e equilibrada, nos dão a ordem dos volumes e o sentido da composição. Somente estes volumes, bem posicionados nos dariam uma excelente composição final, mas, para um exercício figurativo, seria só preencher os espaços desses volumes com a forma de bule, garrafa, vasos, pratos e frutas.
Quem muito bem praticou e demonstrou essa teoria foi Cézanne, que sintetizava o tema reduzindo-os quase a volumes geométricos puros.
Considerado o “Pai da Arte Moderna”, recomendava com muita sabedoria ;- “...olhem a natureza como se fossem volumes geométricos.”
Por isso que sem os adornos e fantasias decorativas que reveste os objetos nos quadros, a composição, em sua essência continuaria tão bela e interessante como antes.
Esse conteúdo geométrico, de todas as formas, é tão coerente e preciso, que deram , praticamente, origem a toda arte contemporânea. Quando, de maneira inconsciente porem intuitiva, Picasso pegou essa semente plantada por Cézanne e fez germinar o Cubismo.
Com o cubismo, desapareceu a tradição secular da pintura do conceito da perspectiva e luz e sombra (não confundir tom com luz/sombra), como também acabou com a importância e a formalidade do tema e modelo, para destruí-lo e reduzi-lo em fragmentos como parte da estrutura formal da composição. A partir daí o modelo foi interpretado e reinventado pela criatividade do autor. O pintor não pintava mais o que via , mas o que sabia do tema ou modelo.
A partir do advento dos conceitos cubistas, que mudaram radicalmente a tradição da arte pictórica, porque a partir de seus princípios, o importante passou a ser o todo da composição e não em partes ou o próprio modelo. Outro ponto importante como principio ativo dessa “nova” pintura foi a mudança da maneira de “ver” o mundo visível. O pintor, quando olhava um relógio, ele sabia que não estava vendo o relógio mas pura e tão somente o mostrador de um relógio , porque o relógio compreendia a frente , atrás, dos lados, e principalmente seu interior, sua máquina. E por que não pintar relógio de dentro para fora, ou sua maquina e componentes !.
Qual a importância de uma das figuras de “Mulheres D”Avignon”, de um objeto de um quadro de Matisse, um retângulo de um quadro de Mondrian, ou algum elemento do construtivismo de Torres Garcia, bem como qualquer outro exemplo? Nenhuma importância. Nenhum desses elementos teriam a menor importância considerados ou vistos isoladamente. Eles só ganham dimensão quando considerados elementos de composição (independente de sua identificação), para o equilíbrio e força da composição a que pertencem, assim , no final, todas as formas tem peso, importância, valor e beleza igual.
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O artista tem a intuição do eterno, e para ele a arte é coisa sagrada.
Fazer arte é o mesmo que fazer uma oração. É elevar o pensamento indo de encontro com o “Eu Superior”. A expressão artística pura e verdadeira é o substrato da alma que se transpõe para o exterior do ser do artista se materializando em uma composição visual.
A arte , como a meditação, como a oração, como a elevação dos princípios e dos valores do artista, precisa para isso de reclusão, e isolamento.
Por isso o artista é um solitário. Ele precisa da solidão para encontrar o elo com o eterno, com o sublime. É o pintor e sua arte, ele e o Universo que promove uma simbiose que resulta em suas obras.
Contudo, no desenvolvimento da atividade artística , tem que se praticar o exercício da intuição e estar psicologicamente preparado para transformar instintos em ação artística. Não se deve bloquear nenhum impulso, por mais estranho que possa parecer. E toda esta catarse ira se moldando, se decantando em impulsos criativos e intuitivos que nem o próprio autor saberia explicar esta metamorfose.O infinito e o eterno de cada artista se materializa em linhas, em formas, em tons e cores.
A arte atinge uma gama de sensações que não pertencem ao mundo material, e sempre falta palavras para defini-la.
Quando um artista tem um impulso criativo, não deve questioná-lo, mas sim executa-lo.
De nada adianta elucubrações mentais tentando resolver mentalmente problemas compositivos. Regras e teorias, às vezes só servem para atravancar o impulso criativo e a quebra de paradigmas. Temos que fazer e em cima do que está feito, pensar e repensar e proceder as correções de rumo que forem necessárias. É assim que se constroem, devagar, com paciência e paulatinamente, sem afobação, sem trauma, sem pressa, como também sem conflito.Nada nasce feito, tudo está aí para ser descoberto e construído.
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O verdadero artista é um egocéntrico vaidoso.
Esta atitude é própria dos intelectuais, dos artistas, dos pintores, porque o produto de seu trabalho é fruto de sua verdade interior, por isso o fazem com plena convicção, competência sensibilidade e consciência do dever e da ação cumprida, para ser vista. E esta crença na capacidade construtiva e criativa própria, gera um individualismo e uma auto-suficiência, repudiando formulas e conceitos já desenvolvidos por outros. Assim cada artista quer ser original, único, criando estilo, técnica ou até mesmo tema que canalize sua personalidade artística. Cada artista acredita em sua capacidade porque a criatividade começa por aí, e esse é o primeiro desafio : - conhecer-se a si mesmo.
O verdadeiro artista é um egocêntrico. A introspecção contemplativa, a meditação e a alienação do cotidiano em uma busca eterna, constante e perene de “algo superior”, fazem do artista um solitário e até mesmo agressivo quando é interrompido nesse processo de vida. Ele precisa estar só nesta espécie de estado letárgico.
O artista autentico assume a arte como um sacerdócio. O sacerdote abandona a tudo e a todos para dedicar sua vida a Deus.. Adota o celibato, faz voto de castidade, e se entrega a uma vida de oração, meditação e clausura. Para isto precisa de vocação. Isto é o sacerdócio.
A vocação artística exige a mesma dedicação, apenas com a diferença de que o sacerdote está focado em Deus e o artista na arte, o que no fundo é quase a mesma coisa em termos de infinito e perfeição.
Mesmo sem o reconhecimento, sem o aplauso do público e da crítica, continua seu caminho, solitário, fiel a seus princípios, porque o que faz é a sua verdade, poderão não crer nela, mas, isto não abala sua convicção.
Assim , considerando esses fatores, explicam-se outras condições mais prosaicas da personalidade de um artista, como por exemplo, no final do Séc. XIX constituíam uma classe quase a margem da sociedade, onde Paris exportou para o mundo o protótipo do artista : pobre, faminto, barbudo, chapelões , casaco de veludo e por vezes doente.
Pelas próprias características psicológicas, os artistas não se agrupam, nem se confraternizam , e nutrem um antagonismo e uma agressividade platônica entre si, por se considerarem um verdadeiro Sol em uma constelação de astros menores, e como se sabe, não cabem dois sois no Universo, por isso vivem sozinhos no Universo próprio e particular.
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UM NOVO CONCEITO DE ARTE

No começo do século XX, com o surgimento das primeiras escolas contemporâneas, o pintor não pintava mais o que via, mas sim o que sabia daquilo que via.
Este conceito da arte contemporânea, já no começo de século, desencadeou uma nova era para a pintura.
Este foi o maior avanço da pintura na era contemporânea, quando foi abandonado o maneirismo , o rigor do conceito visual e a pintura passou a ser expressão , interpretação pura e exclusiva do artista.
A partir desse conceito, saber, passou a ser mais importante que o ver. Assim o artista não tinha mais que ficar olhando o modelo, porem conhece-lo em todos os seus detalhes, por dentro, por fora, de lado, de cima para baixo, do que é feito, enfim mentalizar absolutamente tudo e depois reinventa-lo de memória. O artista passou a pintar o que sabia, o que queria, e do jeito que conseguia fazer, não respeitando mais regras ou lógicas. Sem nenhum compromisso com a realidade, a partir daí a pintura abandonou a lógica do mundo visível.
Com toda esta liberdade, a pintura parece ter virado uma bagunça! Qual nada, esta é uma liberdade vigiada, na qual tem que constar composição formal, tonal, cromática, equilíbrio, estética, técnica e o principal de todos: comunicação. Virou bagunça? O pintor passou a ter a liberdade de pintar o que sabe, como sabe, e do jeito que quiser e sem lógica, porem respeitando todos esses valores.
O marco inicial e mais importante desta nova fase da pintura foi ter abolido a visão do modelo. A partir daí o pintor passou a usar sua mente, sua imaginação para interpretar o modelo e dar-lhe uma nova visão ou mesmo uma nova forma constituída de detalhes isolados de sua formação. O impulso criativo não vinha mais do exterior para o interior do pintor, mas sim de seu interior para o exterior.
Picasso não precisou de modelo para pintar “Guernica”. Ele pintou o que sabia dos horrores da guerra. Fez o que quis e como quis transparecer seu ódio pelos nazistas. E pintou o que sentiu do flagelo de seus conterrâneos. Não precisou de modelo para tudo isto, muito menos seguiu algum tipo de lógica, apenas seu instinto, seu sentimento e sua criatividade. Outro detalhe importante, Picasso desprezou o uso da cor, o painel é em branco e preto.
Até o rompimento com todas as tradições na pintura, todos olhavam o modelo sempre da mesma maneira. O que mudava era apenas o ângulo de visão, a luz ou o cromatismo, mas a essência da forma continuava a mesma.
A partir da nova era da pintura, com que o artista passou a ter toda liberdade já mencionada acima, em que o primeiro movimento a romper com os padrões tradicionais foi à interpretação da cor, onde um grupo de pintores, capitaneados por Henry Matisse, por volta de l904, desprezaram a realidade cromática e passaram a adotar cores primárias em suas composições. Por exemplo, uma maçã na realidade é vermelha, eles a pintavam de azul.
Há uma passagem que ilustra bem esse momento da evolução da pintura: - ao ver Matisse pintando sua própria esposa em cores verdes, amarelas, azuis, comentaram : - “Mestre, nunca vi uma mulher dessa cor!” – ao que Matisse respondeu : - “isto não é uma mulher, é uma pintura!”
Pelo uso das cores primárias, berrantes, porem alegres, Matisse e seu grupo foram chamados pejorativamente de “fauves” (selvagens).
Esta foi à primeira liberdade visual interpretada pelo critério de cada pintor.
O segundo movimento, talvez o mais importante, surgiu em l907 quando Picasso mostrou “Mulheres D’Avignon” que sintetizava a nova maneira de ver dando liberdade total e irrestrita ao artista. Embora de maneira não muito correta, um crítico batizou esse novo conceito de arte como Cubismo, e esta denominação ficou estabelecida muito embora não justifique bem a sua profundidade.

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A FORMAÇÃO DE UM PINTOR



O pintor, mesmo em formação, não deve deixar de ser o que é, em termos de competência e criatividade, para assumir o maneirismo de outros pintores.
Esta advertência é muito importante e deveria ser observada de perto, tanto pelos iniciantes em artes plásticas, como também pelos professores. Os professores são formadores de opiniões, porem são dirigidos e submissos à carga didática adotada pelas escolas, e na ânsia de dar uma visão contemporânea da arte, o que é saudável e necessário para a formação do futuro artista, exercem uma pressão velada para que o aluno assuma uma identidade que não é a dele, mas sim do modismo vigente.
O que mais se vê hoje em dia são alunos, após três ou quatro anos de estudo de artes plásticas, apresentando arte interativa, arte conceitual e instalações. Que pratiquem como um mero exercício didático, tudo bem e louvável, mas apresentar essas questões como obra final, há um distanciamento muito grande. Não são três ou quatro anos que se forma um artista plástico. Neste período lhe é dado os conceitos básicos bem como a bagagem necessária para o entendimento das questões das Artes plásticas, porem, entre o entendimento e a execução e identificação de sua personalidade com esses conceitos, existe um espaço chamado de tempo, trabalho, experiência, maturidade. E a evolução em artes plásticas é lenta, muito lenta.
É difícil (senão impossível) de se ver um pintor “maduro”, “pronto”, e ainda jovem. Na pintura, juventude e maturidade não combinam. A juventude é própria para experiências, loucuras, extravagâncias, procura de caminhos, de técnicas, de conceitos e tudo o mais. Só depois disso tudo é que chega o momento de decantação, aprimoramento e adoção de uma linguagem própria. É só consultar a historia da arte e seus artistas, foi assim e sempre será. É isto que acontece com os jovens artistas de hoje, autodidatas ou recém saídos das faculdades, talvez mal orientados ou iludidos pelos seus professores ou pela volúpia da moda, querem revestir-se de uma personalidade que ainda não tem , ou ainda não amadureceu, assumindo a autoria como se fossem velhos profissionais de arte interativa, arte conceitual e instalações.. Com certeza absoluta, esses jovens autores, não tem a menor idéia do conteúdo ideológico contido no que fazem. Repetem ou imitam o que viram ou foram induzidos a fazer. Como 99% desses jovens embarcam nesse modismo, e como se disfarçavam de artistas para desempenhar um papel ou até mesmo conseguir um diploma para seu currículo pessoal, num determinado momento cai a mascara e desistem por completo da atividade. É profundamente lamentável que isto aconteça.
O mesmo fenômeno aconteceu quando Marcel Duchamp levantou a bandeira de um dos principais movimentos de arte que foi o “Dadaísmo”, que por paradoxo que seja, era um movimento de arte contra a própria arte, e que uma das propostas era ridicularizar e causar escândalo.Mostrou uma Mona Lisa com bigodes, expôs um mictório, roda de bicicleta, e outros objetos já fabricados. Alem de mostrar um novo e importante conceito de arte, inventou também o ready-made, que foi uma contribuição importante para as Artes Plásticas. Porem, como esses conceitos eram muito avançados, os oportunistas e aventureiros de plantão, sem o mínimo conhecimento de causa porem com espaço na mídia, pegaram carona nesse movimento e o que se viu foi um chorrilho de besteiras que assolam as artes plásticas até hoje.
E os jovens, iludidos pela mídia e pelas classes dominantes, se disfarçam, se mascaram e embarcam nessa canoa furada, cujo naufrágio é inevitável.
Ratificando o que dissemos acima, é importantíssimo que o jovem estudante conheça e pratique tudo na formação didática, mas não induzi-lo a ser um pessegueiro quando na realidade ele é um abacateiro.
Nenhum halterofilista modela seus músculos em dois ou três anos de exercícios. Anos e anos repetindo a monotonia dos mesmos exercícios é que os músculos vão se avolumando e modelando o corpo. O exemplo serve para a pintura onde são necessários anos e anos de prática para o perfeito domínio da composição em todas as suas variáveis, do entendimento e aplicação dos tons, onde muitos ainda confundem tom com cor. Tom é uma coisa, cor é outra, existe cor de tom claro e cor de tom escura.
A perfeita combinação e criação de cores. A perfeita familiaridade com temas e modelos, até chegar a conclusão de que são meros pretextos compositivos.E depois de tudo isto (que ainda é pouco) conhecer os materiais para um aprimoramento técnico, tais como variedade de tintas, suportes, pincéis, espátulas, enfim todo tipo de material para execução ou mesmo na adoção do trabalho, em um verdadeiro exercício de pesquisa e laboratório. Como se vê, é humanamente impossível o conhecimento, a prática e o domínio de todas essas condições em poucos anos, por isso os jovens na inquietação da imaturidade, vão imitando o que vêem por aí assumindo a identidade de artistas plásticos.
Ninguém precisa deixar de ser o que você é para ser um artista plástico contemporâneo.


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O MITO DO TERMO “OBRA DE ARTE”
O que realmente se deveria fazer seria destruir esse mito do termo “obra de arte” e “artistas”, envolvidos em uma aura de intelectualidade e misticismo alem de muita pompa e circunstancia.
Isto tudo é falso. Os manicômios estão cheios de gente que faz todo tipo de arte, e não são intelectuais. Os artistas são sim indivíduos sensíveis e que esta sensibilidade às vezes beira a patologia de acordo com o grau de normalidade instituído pela sociedade. Arte é o produto de um artesão. E qual a diferença de artesão e artista, se o artesanato também é arte. Um artesão faz uma cadeira, a mão. Produz essa peça com uma grande demonstração de competência e habilidade somada a criatividade de resolver os problemas dessa construção. No final, essa cadeira terá que “funcionar”, ou seja, servir para sentar com conforto. No entanto, chamam esse mestre de artesão. - Porem, se um “cabeça de bagre” qualquer, juntar alguns paus, sem sentido nenhum, sem propósito, sem conteúdo, acabam chamando essa bobagem de “obra de arte” e eleger esse oportunista a nível de artista plástico. Alguém poderia explicar essa diferença de critério. Um bordado seria considerado um artesanato , feito geralmente por senhoras idosas, e sem a aura de arte. Apenas um artesanato decorativo. Porem, como considerar o trabalho do ex-residente do Hospital Psiquiátrico, Arthur Bispo do Rosário, quase que usou exclusivamente bordados em suas peças, hoje em museus e consideradas obras geniais. Qual a diferença dos bordados daquelas senhorinhas, ou mesmo das rendeiras, e o trabalho de Arthur Bispo do Rosário. Apenas uma: alguém pinçou o dito cujo e o colocou em recintos do circulo restrito da arte contemporânea (Bienais, galerias, e Mega-eventos).
Geralmente esse status de arte e artistas é dado por críticos e historiadores, porque o verdadeiro artista está alheio a essas nomenclaturas e títulos vazios. Como já dissemos, arte é uma área cujo valor é atribuído, e para isso é preciso criar essas atribuições para que os manipuladores dessa área possam transforma-las em valor, por isso até os termos e títulos,são usados para reforçar a pompa e circunstancia. Obra de arte, obra prima, dá muito mais valor que qualificar apenas de trabalho ou quadro, bem como chamar o autor de artista ao invés de artesão, porque artesão é aquele que faz cadeiras, sapatos e outros objetos, e artista teria uma função diferenciada. Toda ação gerada através de emoção, sentimento, espiritualidade, criatividade e outras virtudes do individuo, não são imaginadas associadas a dinheiro. Porem o mercado existe e temos que admiti-lo e aceita-lo, porem ele é feito pelo marchand e colecionadores, apoiados pelos críticos que acabam estabelecendo preço e qualidade. Nunca jamais pelo próprio artista, quando é sincero e autentico. O mercado de arte sempre existiu, mas nunca com essa agressividade de hoje, apoiado pela informática, pela mídia e pelas técnicas de marketing que acabam promovendo e vendendo um mau produto. E este produto pode vir em forma de uma obra ou de um evento, ou melhor, mega-eventos. Todo esse merchandising não dura muito tempo,mas enquanto dura é como um tufão que passa confundindo a cabeça de todo mundo, e assim uma mentira repetida com insistência acaba parecendo uma verdade. Por isso que muitos artistas aparecem com uma força incrível e desaparecem da mesma maneira, como verdadeiros cometas sem deixar vestígios de sua passagem. É este o mal que o mercado, com suas técnicas modernas, provocam na arte, no público e nos artistas, e nada podemos fazer a não ser assistirmos essa força do capital assediando e influenciando o artista através de sua vaidade para conseguir gloria, riqueza e imortalidade. Mas tudo isso é efêmero e o tempo é o Senhor de tudo. Por isso o pintor tem que ser honesto consigo mesmo e saber por que e para que se dedica a essa atividade. Para ganhar dinheiro, por status, laser, auto afirmação, extensão cultural, curiosidade, psicoterapia ou laborterapia, desenvolver uma vocação e um novo meio de expressão, enfim, qualquer que seja o motivo o pintor deve ser honesto em seus propósitos e não mascarar sua conduta. Conheço alguns pintores que estão apenas interessados em vender seus quadros e não se importam nenhum pouco com fama, estrelismo, imortalidade, criatividade ou autenticidade. Assumem essa habilidade e as desenvolve para fins lucrativos. Não há nada de errado nisso, desde que se enquadrem esses autores e essa “mercadoria” nos seus respectivos lugares, mas hoje vivemos em uma autentica Torre de Babel , onde não se entende mais nada pois cada um fala uma linguagem diferente de acordo com sua conveniência. Assim fica difícil separar o joio do trigo. Alguma reforma nessa estrutura toda há de acontecer, e não vai demorar muito.
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VENDER UM QUADRO PARA UM PINTOR, É SE DESFAZER DE UM MOMENTO DE SUA VIDA


“A arte não é apenas prazer, é uma atividade criadora da consciência humana da qual deriva toda criação espiritual”. (Naum Gabo)
Sendo uma extensão do ego do autor, a arte é parte vital dele, onde criador e criatura se confundem.
Imaginemos uma tela em branco, não há nada ali, e o artista transforma aquele espaço em um campo de ação, de vida, de formas, e de emoção. Que metamorfose é esta? Onde antes nada havia, após a ação do artista, passa a ser um cenário onde poderá viver nossa imaginação e nossa fantasia, e todo esse novo mundo passa a existir por obra e graça do artista. Assim o artista é um criador de emoções, de sentimento, de ilusão e de fantasia. Mas, sobretudo, é um criador.
O artista seria como uma célula sensitiva que capta as vibrações que gravitam em sua órbita, e as materializa em sensações visuais. Como definir esta simbiose. Isto não é definível. Podemos afirmar que é impossível comunicar as coisas visuais através da linguagem verbal..
“... Pode parecer que a arte corre o risco de ser sufocada pelo palavrório. Somos subjugados por um dilúvio de livros, artigos, dissertações, discursos, conferencias, guias, todos prontos a nos dizer o que é e o que não é arte, o que foi feito, por quem, quando e por que, e por causa de quem e do que.... E sentimos tentados a afirmar que a arte está insegura em nossa época porque pensamos e falamos demais sobre ela.” (Rudolf Arnheim).
A pintura é uma arte visual solitária e silenciosa que não precisa de discurso, explicações, manual de entendimento ou guia explicativo. Literatura e oratória da classe dominante que pretendem dirigir nosso entendimento, nosso discernimento, nossa sensibilidade, em uma pretensão sem limites, confundindo e deturpando a essência dessa arte. Já afirmamos em capítulo anterior que em nossa época, a arte está acéfala, sem rumo e sem conteúdo.
Certamente esses fatores externos nem sempre atrapalham o curso do verdadeiro artista quando este tem plena certeza e convicção de seus propósitos, apenas esses verdadeiros artistas não têm espaço nesse cenário confuso. Ficam a margem, isolados, sozinhos, com o poder da criação como verdadeiros hermafroditas, que dentro de uma visão surrealista, seria como imaginar um espermatozóide mental fecundasse seu próprio óvulo da criação e germinasse uma obra de arte. Assim um quadro é um verdadeiro filho de seu autor.


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O PINTOR E SUA ÉTICA


Sem se importar com críticas, o pintor deve se preocupar somente com sua linguagem.
Seria estranho imaginar os artistas competindo entre si como se fosse uma olimpíada em que, quem vence, é o melhor. No entanto os Salões de arte, bem como as Bienais, se assemelham as olimpíadas, cujo resultado sempre surpreende porque cada jurado atribui valores de acordo com seu critério, que nem sempre corresponde a um consenso geral. É difícil julgar arte, como medir, como avaliar, como aferir valores abstratos. Um técnico ou um teórico poderia defender a tese de que é possível medir o grau de equilíbrio de uma composição tonal, formal ou cromática, sua estética, conceito, técnica, criatividade, comunicação, etc. Isto tudo realmente dá para ser aferido, mesmo assim sem muita certeza de acerto e dentro de uma avaliação estritamente pessoal, porem, mesmo que essas condições puramente técnicas possam ser avaliadas, já foi mais do que provado que a reunião de todos esses elementos podem não representar uma obra de arte e sim uma obra tecnicamente ou corretamente bem feita. E o elemento arte reapresentado pelo conteúdo, expressão, comunicação, etc.? Como pode ser avaliado? Apenas com a sensibilidade de cada um, e cada um têm a sensação e percepção diferenciada de acordo com sua condição genética, sua educação, sua cultura e escolaridade.
Cada artista tem sua caligrafia e sua impressão digital artística. Não existem dois artistas iguais, como seria idiotice julgar um artista melhor que o outro.
E.H.Gombrich em seu livro “A Historia da Arte” aborda muito bem essa questão quando mostra uma lebre desenhada por Dürer ,onde a precisão realista é fantástica ao se identificar pêlo por pêlo do animal. Um elefante de Rembrandt, quase um esboço instantâneo e um galo desenhado por Picasso, todo deformado, geometrizado, e, no entanto os três, cada um em seu conceito, têm o mesmo valor artístico.
Convêm lembrar que o corpo de jurados de qualquer evento, atua de acordo com tendências pessoais. Se o membro do Júri tiver a preferências dos gestuais ou grafismos, tudo que estiver fora dessa modalidade, independente de qualidade, será cortado.
Não há nem deve haver comparações entre arte e artistas de qualquer época, porque o individuo, artista ou não, deverá saber distinguir habilidade, criatividade dentro de seus conceitos relativos.
. Como confiar na classe de críticos que cometeram prepotências e incompetências históricas, como por exemplo, por que os críticos não reconheceram no final do Século XIX, de que, quem estava fazendo historia eram Van Gogh, Gauguin e Cézanne, precursores do expressionismo, fauvismo e cubismo, respectivamente, relegando esses e outros gênios a verdadeiras humilhações.
Outra gafe histórica dos críticos de arte foi achincalhar e taxar de charlatões impressionistas um grupo de pintores que eram nada mais nada menos que Monet, Degas, Pissarro, enfim, todo o grupo de gênios precursores e inovadores.
Ainda não para por aí a falta de visão e competência dos críticos de arte, quando desta vez Matisse e seu grupo inovaram na interpretação da cor, foram chamados pejorativamente de selvagens – em francês: fauves.
Portanto, se está historicamente comprovado, como confiar nessa classe? Não importa a crítica.
Os cães ladram, e a caravana passa.


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A FUNÇÃO DO PROFESSOR

Para este comentário vamos recorrer a dois filósofos. Primeiro vamos citar Nietzsche que dizia que um bom mestre é aquele que ensina os alunos a se desligarem dele.
A função do professor, é tirar o que o aluno tem dentro de si, faze-lo conhecer-se a si próprio, bem como suas potencialidades e nesta tarefa, às vezes o professor é mais um psicólogo do que um técnico da matéria. É mostrar ao aluno um leque de opções e alternativas e deixa-lo para livre escolha e identificação, mas nunca impor caminhos, camuflando a tarefa e iludindo o aluno, que não estaria aprendendo a pensar e a encontrar sua linguagem..
No exercício da função de professor, não se deve ensinar os alunos a pintar quadros, mas sim a pensar em arte. Portanto, também, um bom mestre não é aquele que ensina a fazer, mas que ensina a pensar.Não se dá o peixe para os alunos, da-se a vara e os ensina a pescar.
Quem pretende fazer arte deve estar preparado para resolver problemas e isto não se consegue somente com o exercício técnico, porém, muito mais com o exercício mental. Diante de cada situação, ensina-se o aluno a pensar na série de alternativa que poderiam ser adotadas e estimula-se a decidir por uma a seu critério, e no final a soma das decisões do próprio iniciante, reflete no resultado do exercício. E este resultado, que geralmente é razoável,o surpreende e o desinibe, demonstrando que ele é capaz de fazer, que pode fazer, e que faz. Portanto a função do professor é apenas conduzir o aluno para que conheça e desenvolva suas próprias potencialidades até que consiga resolver sozinhos os problemas da arte, sem a presença do professor. Para se chegar a esse resultado é preciso muita experiência, muita pedagogia e psicologia, um profundo conhecimento técnico e teórico e um domínio de liderança para que os alunos se entreguem de corpo e alma ao professor, sem nunca depender dele. É preciso muita maturidade para se chegar a esse ponto, o que esses jovens recém saídos das faculdades não têm. Só o conhecimento teórico não basta, senão qualquer um lendo alguns livros de historia e teoria, estaria apto. É preciso tempo, experiência, maturidade, auto crítica, e muito, mas, muito trabalho.
O importante é que as pessoas tenham uma relação direta com a arte, e os professores apenas mediadores. Preocupar-se com a arte, dispensa a prática da demagogia.
Para comentar a questão das escolas, vamos citar outro filosofo, o contemporâneo francês Michel Onfray, que depois de lecionar por vinte anos em escola pública, resolveu dar um basta à burocracia, ao enfado e a burrice da instituição. Demitiu-se e foi fundar uma escola aberta, livre e gratuita que chamou de Universidade Popular. Esta Universidade começou a funcionar em outubro de 2001, em Caen, cidade ao Norte da França, de ll3 mil habitantes, onde vive o filosofo. A primeira aula teve mais de 600 ouvintes.
Bem, não vamos aqui comentar o projeto de Onfray, mas, apenas mostrar que um filosofo contemporâneo se rebelou contra o ranço didático oferecido pelas instituições de ensino que só servem para preencher módulos de período escolar sem nenhum proveito direto e objetivo para o aluno.
Só para exemplo de nossa retórica, de que interessa ao estudante de pintura saber onde foi parar a orelha de Van Gogh? A atrofia das pernas de Toulouse Lautrec, a tentativa de suicídio de Monet, quantas mulheres Picasso teve, como foi a tuberculose de Modigliani, as brigas de Rodin e Camile, etc. São dessas e outras questões desse tipo que o ensino se ocupa e que em nada contribuem para o aprendizado da arte, e por questões como esta, Michel Onfray se rebelou. Convém esclarecer que Onfray não trata de questões relacionadas a arte mas sim da filosofia e assuntos gerais relativos ao conhecimento humano.
Sobre as escolas, são estas as suas palavras: - “elas não fabricam senão indivíduos dóceis, obedientes, formatados, que pensam o que os outros mandam. Elas ensinam o que é necessário para reproduzir o sistema social”.
Em outro momento ele afirma: - “Penso que há outros conteúdos, outros métodos, que poderiam ser adotados, bem como um novo modelo de freqüência, de modo a permitir dizer ao aluno: construa você mesmo o seu aprendizado.”... “É preciso aprender a pensar e a reunir a isso todos os saberes que permitem conhecer.”
Assim é gratificante saber que alguma coisa já está acontecendo no mundo, nessa estrutura viciada e que nossa voz já não é tão fraca perdida nesse labirinto de globalização, sociedade de consumo, interesse das classes dominantes, e jogo financeiro. Quem sabe daqui a pouco já exista um coro também de outras vozes afinadas com as nossas, cantando um hino de liberdade e de uma nova era.




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A ARTE DEVERÁ SEMPRE ESTAR LIGADA A LIBERDADE DE PENSAMENTO

Somos obrigados a viver dentro das convenções sociais, éticas em nosso dia a dia. Sair fora das regras da chamada civilização seria banido da sociedade. Alguém poderia querer andar nu pelas ruas, fazer xixi na arvore da esquina, vestir roupa pelo avesso, entrar na igreja tocando um bumbo, entrar na piscina de smoking e coisas desse tipo que qualificaria um individuo insano. Porem, na arte tudo isto é possível, porque nela não há convenções, regras ou lógica que inibam seu autor. É o único meio em que se pode praticar a liberdade incondicional e irrestrita de pensamento e de ação sem ferir a ética social.
É este o ponto vital que atravanca o entendimento de muitos, iniciantes ou não, para o perfeito entendimento da arte contemporânea.
Muitos ortodoxos interpretam a arte de acordo com os seus padrões éticos e morais e só aceitam o tipo de arte que se enquadra dentro dessa lógica.
A arte é a única atividade em que é permitido ultrapassar todas as barreiras e padrões da sociedade, da religião, da família e do trabalho, sem ferir ou quebrar nenhuma instituição por mais rígida e ditatorial que seja. Pode não ser aceita, mas, essa é outra questão.
Graças à liberdade de expressão de todas as artes, já se levantaram bandeiras contra ditadores, opressores, guerras, religião, como também de glórias e vitórias. Cabe aqui lembrar a alegoria que Delacroix fez da mulher simbolizando a liberdade, empunhando a bandeira da França e conduzindo o povo contra a tirania. A arte é uma força como também uma arma.
Já comentamos em capitulo anterior, que pela liberdade assumida e exercida pelos artistas, eles são chamados, entre outros termos, de excêntricos. Porque ao contrario dos ortodoxos, trazem para o cotidiano a atitude, o pensamento e a ação que adotam em sua arte, contudo, às vezes tem até dificuldade de um enquadramento social tamanha a assimilação e incorporação do sentido de liberdade.
Toda atividade desenvolvida através da sensibilidade, emoção, criação, etc., tem que ser totalmente livre e aberta para que exponha todo potencial da fonte geradora, sem censura, sem complexo e sem restrição, num ato espontâneo e autentico. No final, um quadro se tiver a autenticidade do gesto espontâneo e liberto, é mais do que suficiente, já é uma obra de arte.



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O ARTISTA E SEU INSTINTO CRIADOR

O mínimo que um pintor deve saber é organizar formas, tons e cores, o resto tem que deixar a mercê da inspiração e do instinto.
Será que o pintor precisa de conhecimento teórico e histórico da arte para desempenhar seu oficio?
Certamente que não. Precisa da inspiração, do instinto, da sensibilidade e da criatividade, porque a informação sobre a arte que pratica não repercute no resultado.
Um pintor não coloca uma tela no cavalete e diz que vai pintar esse ou aquele estilo. Isto não existe. Ele coloca a tela e pinta. Pinta o que sua inspiração, seu instinto e sua criatividade determinarem. Conscientemente ele não domina esses impulsos que, após um determinado momento, o quadro está pronto e às vezes nem ele mesmo sabe como fez, e se tiver que repetir, possivelmente não conseguirá. A seqüência de ação ao fazer um quadro vai acontecendo, mudanças de rumo, tomada de novas decisões, do que estava previsto pouco resta, de um novo efeito sugere outro, e assim se desenvolve o quadro em uma ação contínua, como elos de uma corrente de instinto, criação e sensibilidade.
No inicio da pintura existe uma intenção, mas não existe um discurso predeterminado na pintura. Existe apenas um discurso em um ato, e é impossível repeti-lo, porque como já dissemos em capitulo anterior o que está feito já está velho e no momento seguinte as circunstancias são outras. O impulso criativo determina uma idéia geral, porem ,as variáveis vão surgindo,aprimorando o que não foi previsto, em uma seqüência de surpresas e descobertas. Isto que é fascinante no fazer arte, porque não existe rotina e a cada momento tem-se um leque de opções do qual se escolhe apenas uma, e a escolhida determina um novo rumo. E por mais paradoxal que seja, nem o autor pode prever o resultado de seu trabalho.
Entendendo esta fisiologia criativa é possível entender que não é possível fazer criações e elucubrações mentais, ou saber qual o resultado da aplicação de uma determinada técnica, cor ou efeito. Tem que fazer. Tem que materializar a idéia para avaliar no que deu, e assim prosseguir ou fazer correções de rumo.
Para o pintor, não interessa nome de estilo, conhecimento teórico e histórico, e outras classificações, estas são funções dos críticos e historiadores que se incumbe de rotular, classificar, registrar, comparar a arte.
A prova de que os pintores não precisam de informação, conhecimento histórico e teórico, é que os críticos os têm de sobra e, no entanto, não sabem o que fazer com eles, não conseguem pintar um quadro, mesmo sabendo tudo sobre pintura.
Portanto, deter a informação não quer dizer saber usa-la em sua totalidade e assim, o crítico é um mero narrador da ação do artista.
A diferença entre um artista e um crítico é que o artista tem a criação e o crítico tem a informação e uma grande verdade é que, sem os artistas, os críticos não existiriam.
Esse é o perigo de certos teóricos que enveredam pelo caminho das aulas práticas de pintura, pois desconhecem, bem como não sabem lidar com o desenvolvimento do processo de criação e intuição do iniciante. Um treinador de futebol sabe tudo das regras, das táticas e dos esquemas do jogo, mas não sabe jogar, senão era só formar um time de técnicos, que seria campeão do mundo. Ele não ensina o jogador a jogar bola, isso o jogador vai ter que aprender com outro craque mais experiente. Com o crítico é a mesma coisa, ele sabe tudo de arte, mas não sabe fazer arte.
A denominação dos estilos de arte, só serve para situar historicamente um determinado período histórico da pintura.
Outro aspecto que merece ser abordado se refere a estilos, é que não existe um limite ou uma determinação de onde começa e até onde vai ou termina um estilo, ainda mais na fase moderna e contemporânea em que praticamente todos os pintores circularam por todas as tendências que surgira. Kandinsky, por exemplo, o pai da abstração, começou impressionista, passou pelo fauve e se fixou na abstração. Picasso é um grande exemplo, pois na sua adolescência começou como acadêmico, aderiu ao impressionismo, passou por fase rosa, fase azul, inventou o cubismo, o bi-dimensional, a colagem e vejam onde foi parar. Erroneamente muitos pensam que toda obra de Picasso é cubista, que na realidade é apenas uma pequena parte dela.
Outro exemplo da dificuldade de determinar ou enquadrar um pintor em determinados estilos é o caso de Marc Chagall, que simultaneamente usa em seus quadros os conceitos do cubismo, do fauvismo e principalmente do surrealismo. Então, como enquadrar Chagall dentro de um estilo? Não dá! Conclui-se então que Chagall é Chagall. Existe uma série de outros casos onde não ha como explicar, ou analisar em qual estilo enquadrar determinados artistas como no caso de Miró, de Chirico, Giorgio Morandi, Modigliani, Carlo Carrá, Massimo Campigli, Edward Hopper, Frans Kline, Pierre Soulages, e muitos outros, cuja tarefa fica para os críticos e historiadores classifica-los e analisa-los.
Mas, o que interessa para o foco deste comentário é que estilos, nomenclaturas, codificações, regras, divisões hierárquicas e cronológicas, etc.etc., só servem para críticos e historiadores situar determinados períodos, fatos, e situações da evolução da arte, e para o pintor nada disso interessa, porque sua potencialidade de artista , quando ao trabalho, é como um furacão que desconhece obstáculos que impeçam sua ação.











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OS ARTIFICIOS DA PINTURA

O artista vive em um mundo ideal porque não tem nenhum compromisso com a realidade, mas sim apenas com sua essência.
Pode-se afirmar com toda certeza de que não existe arte, existem somente os artistas. Arte é alguma coisa muito subjetiva, de valor atribuído, varia de pessoa para pessoa, pois o que é arte para uns não o é para outros. Para aumentar a dificuldade de discernimento sobre a questão, devemos considerar dois segmentos em que um é “arte” e o outro artesanato. Difícil estabelecer um julgamento entre essas duas questões, e considerar limites entre elas. Qualificar o artesanato como uma arte menor, sem conteúdo e que estaria a serviço de uma função, como o artesão que faz uma cadeira, por exemplo, não seria correto porque iria contra os princípios até do que pretendeu a Bauhaus. Um bordado poderia ser considerado um artesanato, porem, quantos artistas usaram essa técnica, (entre eles Arthur Bispo dos Santos) e foram pinçados a nível de grandes artistas contemporâneos. Assim, muita coisa feita por artesãos acaba sendo considerada “obras de arte”.
Temos que considerar ainda que o mundo da pintura seja um mundo de ilusão, principalmente de ilusão óptica. A grande prova da ilusão óptica na pintura, vamos encontrar na perspectiva linear de Bruneleschi, que a desenvolveu para criar a ilusão de distancia, profundidade, de volumes e de espaço. Porem, nós aprendemos a não nos deixar enganar por essas armadilhas de perspectiva.
Vamos a alguns exemplos: quando estamos dirigindo em uma estrada em alta velocidade, vemos que lá na frente, no horizonte, a estrada acaba em um ponto, porem, continuamos a acelerar o carro porque nós sabemos que a estrada não acaba naquele ponto e que é apenas uma ilusão de ótica criada pela perspectiva linear.
Quando olhamos a parede de uma casa, vemos que a altura da parede do primeiro plano é mais alta, ou maior do que sua paralela do segundo plano. Isso é o que a gente vê, mas, não acreditamos porque nós sabemos que as duas alturas são iguais.
Até meados do século XIX os pintores pintavam um cavalo correndo de maneira que as quatro patas ficavam no ar (como cita E.H.Gombrich em sua Historia da Arte). E todos aceitavam esse instantâneo como normal. Depois da invenção da máquina fotográfica, comprovou-se que nunca, jamais um cavalo, em corrida, fica com as quatro patas no ar, mas sim com alternâncias devido o impulso da velocidade.
Exemplos como esses, a pintura esta repleta, alguns mais visíveis outros mais sutis, como a deformação que vez por outra Rafael provocava na cabeça do menino Jesus em suas famosas Madonas. A cabeça era sutilmente maior do que a estética e a anatomia exigiam, mas, Rafael usava este recurso para chamar a atenção do olhar do espectador para o menino Jesus, que seria o elemento principal do quadro.
São esses artifícios e uma infinidade de outros que os pintores têm a sua disposição para criar um mundo de ilusão, de magia, enfim, um mundo ideal para sua criatividade.
O pintor pinta o que ele quer que os outros vejam (frase atribuída a E.Degas).
Outra característica fundamental dos artistas modernos é sua capacidade de interpretação e adaptação dos objetos que vê a uma nova circunstancia. A partir da compreensão desta nova visão que os artistas passaram a adotar, é que se compreende melhor o conteúdo da arte contemporânea.
Existe certa confusão na identidade de um objeto. Por exemplo, um sapato é apenas um sapato, objeto que tem a função de calçar e proteger os pés, somente isso. Ninguém consegue desvincular a função da forma. Ninguém coloca um sapato sobre a mesa de jantar para fins de decoração. Um objeto funcional tem pura e tão somente a visão da função. Quando se quebra essa regra pré-estabelecida pela sociedade, causa estranheza ou repúdio, porem em determinadas circunstancias tirar um objeto de sua função e dar-lhe novo status e uma nova dignidade, muitas vezes é aceito e adotado pela sociedade. Por exemplo, quando se pega uma roda de carro de boi e a usa para mesa de centro de sala, quando se pega moinhos de café antigos, ferros de passar roupa a brasa, estribo de cavalo, etc. etc. etc., tudo isto sendo usado como objetos de adorno e complemento de decoração, ganham um novo status de “objetos de arte”, e todos aceitam sem restrição. E a função desses objetos? Foram esquecidas? Não interferem em suas novas modalidades?
Muitos turistas ao visitarem o México, compram como suvenir para decoração um disco feito nos mais diversos materiais (madeira, bronze, argila), que era o calendário dos povos primitivos da região. È uma peça realmente muito bonita, com símbolos, signos, sinais, porem é um calendário. Muito bem, e se pegarmos o calendário que ganhamos todo ano do açougueiro, ou do padeiro, impresso em uma folhinha, com uma ilustração , e a colocarmos enquadrada em um lugar nobre da sala? Esta atitude seria considerada ridícula em termos de estética e decoração, não só pela ilustração brega, como também porque não se coloca uma “folhinha” na sala. Mas, e o calendário antigo mexicano?
São estas convenções e regras que confundem a visão e interpretação dos objetos pelo público em geral e que os artistas não adotam.
Um artista não vê o real das coisas, vê sua essência, um objeto tem múltiplas funções e aparências.
Este novo conceito de “ver os objetos e olhar para o mundo”, foi um dos pontos mais importantes do movimento dadaísta, quando Marcel Duchamp tirou objetos de seu contexto e lhes deu uma nova visão. Quando pegou um suporte de garrafas, uma roda de bicicleta e um vaso sanitário, e os expôs como “obras de arte”, causaram indignação e revolta. A visão da “privada” causou revolta e chocou o público, bem como os outros objetos foram motivos de chacota. Por quê? Será porque a função do objeto inibe a observação da forma? O que é uma forma que tenha “arte” e a que não tem? Será porque a função da “privada” causa um impacto muito forte porque é um lugar de defecção e depósito de fezes? E se dissociarmos essa função, a forma não é bonita, estética e elegante? E a roda de carro de boi, o moinho, o estribo e muitos outros objetos, são diferentes do vaso sanitário! Será que tudo isto é arte ou não é arte? Se fosse um belíssimo vidro de perfume ou uma bela garrafa de licor, já sem seus devidos conteúdos, seria normal usa-los como objetos de adorno, porque seu conteúdo original não choca e é agradável. Então existe diferença e preconceito entre forma e função, e como se comprova Marcel Duchamp não estava errado e o que ele propunha , tinha (como tem) muita profundidade e coerência.
Esta atitude de apanhar um objeto já pronto, sem lhe fazer nenhuma interferência ou alteração, e adota-lo dentro de um novo contexto, e que Marcel Duchamp foi o precursor, passou a ser conhecido como Ready-Made .

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A ARTE E A POBREZA QUASE SEMPRE ANDAM JUNTAS

Uma das causas que contribui para a associação do estado de pobreza dos artistas, é que nem eles nem a sociedade, encaram essa atividade como profissão.
Até hoje, nem um pai vê com bons olhos, ter um genro artista porque tem quase certeza de que a filha e os netos passarão necessidade.
Depois do advento das faculdades de artes plásticas, é que o pintor começou a ser aceito como um profissional, mesmo assim, desacreditado.
Primeiro porque não existem empresas que contratam pintores, pelo menos para produzir quadros. A prova disso está aqui mesmo no Brasil, em que os premiados nas primeiras Bienais eram funcionários das indústrias de Ciccilo Matarazzo eram eles Danilo di Prete e Krajberg, e no caso de Volpi , que era pintor de parede. Vamos citar somente esses três para exemplificar o caso, de que nem mesmo os artistas, ao nível de Bienal, encaravam a arte como profissão. Assim passa a ser uma atividade domingueira, liberal, de laser, um passa tempo.
Segundo, porque o verdadeiro pintor não consegue pintar, promover e vender seus quadros. A função do pintor é estar quieto em seu atelier, pintando, e pintando bem. Lembramos ainda de um caso que não podemos deixar de registrar e que se refere ao grande pintor uruguaio Pedro Figari (Montevidéu l86l-l939) que, diplomado em direito onde ganhou notoriedade nessa profissão. É eleito deputado, posteriormente exerce a função de advogado do Banco da República, e somente em l920, já quase com sessenta anos, recusa a representação diplomática uruguaia no Peru, renuncia a tudo e passa a dedicar-se somente a pintura, com um reconhecimento internacional. Porque Pedro Figari esperou uma vida inteira para dedicar-se ao seu verdadeiro talento e vocação.
Tanto no passado, como até hoje, são muito poucos os eleitos pelas classes dominantes e que conseguem usufruir benefícios com essa atividade.
Arte não é um produto de primeira necessidade, e em épocas de crise , o primeiro setor que sofre, é o da arte, como também o último a se recuperar. E um país de terceiro mundo e subdesenvolvido como o nosso, a arte e o artista estão sempre em crise.
Aumentou muito o numero de faculdades e escolas livres de arte e com isso são despejados anualmente “toneladas” de artistas plásticos, que fazem de tudo para ter um lugar ao Sol, inflacionando um setor que sempre esteve em crise. E assim, os pintores “maduros”, já engajados no sistema, sofrem uma concorrência selvagem dessa “meninada” que se aventuram nessa área sem ter nada a perder. Felizmente a experiência e a maturidade dos artistas mais velhos lhes abrem outra porta que é a do magistério, que no final das contas acaba “quebrando o galho”.
Os pintores amadores, e é bom que se diga que existem excelentes, e em numero muito grande, acabam atrapalhando o conceito profissional, porque dá a impressão de que todo mundo pinta e que se transforma em coisa corriqueira e banal, porque cobrar por isso se é um passatempo. Assim, todos os parentes, amigos e por onde o verdadeiro pintor passa, todos querem ganhar um quadro, todos pedem um quadro, mas ninguém pergunta quanto é , ou se propõem a pagar por ele.
A matéria prima na arte é barata, e em algumas modalidades de arte nem existe, como no caso da música, da poesia, etc. No caso da pintura, o preço de uma tela, tintas e pincel, é muito pouco que nem pesa no resultado final do trabalho. Portanto o que os artistas vendem é talento, sensibilidade, criatividade, emoção, realidade e fantasia, tem um valor atribuído muito difícil de avaliar, de aferir, medir ou pesar.
Quanto custa o “pensamento” de um filosofo? Quanto Albert Einstein ganhou para elaborar a Teoria da Relatividade, sem considerar os prêmios. (desculpem , esse gênio não era artista, mas o exemplo é ótimo que não resisti) Quanto custa uma poesia? Ou quanto ganha o poeta depois de fazê-la? A arte é produzida sem que o autor pense em sua remuneração.
O artista não é reconhecido pelo seu trabalho, e pela vida que dedica a ele, nem por isso o artista se abala com isso, vive para e pela sua arte. Pinta o que quer e não para vender. Picasso não pintou “Guernica” para vendê-la. Porque Picasso a pintou então? Pela sua necessidade de expressão e criação.
Certa vez, procuraram o pintor americano, já passando dos sessenta anos, James McNeill Whistler (l834-l903) para fazer um desenho, ao que o pintor na mesma hora executou o pedido. Ao ser perguntado qual era o custo daquele serviço, e diante da resposta o interessado exclamou: - “... mas Mestre, tudo isso por dez minutos de trabalho?”. Ao que Whistler respondeu: - “... dez minutos não, são sessenta anos de trabalho!”.









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O PODER DOS SÍMBOLOS


Por quantas mudanças e evoluções tecnológicas que o mundo já passou e o individuo continuou o mesmo. Mas ao que parece, o conforto material conseguido hoje através da tecnologia, desumanizou o homem, tornando-o mais frio, mais apático, mais solitário ao invés de solidário.
De que adianta hoje realizarmos nossas tarefas com muito mais exatidão e rapidez se não temos tempo para nada a ponto de termos a impressão de ter perdido a sensibilidade e o prazer pelas coisas abstratas da vida.
Dentro da visão de uma “filosofia de bolso”, diríamos que o fenômeno que estamos vivendo nesta passagem do século XX para o XXI, foi o mesmo verificado na passagem do século XIX para o século XX. A semelhança consiste no avanço tecnológico verificado naquela época, através da revolução industrial, descobertas, invenções, que provocaram uma tremenda modificação na estrutura social, familiar, religiosa e profissional. Hoje, verifica-se exatamente a mesma coisa, um fantástico progresso material e tecnológico em que o computador agilizou a informação, a pesquisa e a solução dos problemas. Estamos na era da informática. Mas, embora com todo esse progresso, não foram criadas condições também para a evolução intelectual da humanidade que continua com seus dilemas filosóficos sobre o que somos, para que viemos de onde viemos e para onde vamos.
Então, está certo dizer que o progresso material não é nada, não é o verdadeiro progresso, porque o individuo hoje com todo este conforto, parece mais infeliz que o homem do passado.
Em seu livro “O homem e seus Símbolos”, de Carl G. Jung, cita o pintor alemão Kurt Schwitters (1887-1948) que trabalhava com detritos de lata de lixo. Reunia tudo com tanta seriedade e com tanta pureza que obtinha efeitos de estranha beleza. - A obsessão de Schwitters por esse tipo de material ( prego, papel de embrulho, bilhete de trem, tiras de jornal, pedaços de tecidos, latas, vidros, etc. ), no entanto resultava por vezes em composições simplesmente absurdas.
Ainda segundo Jung, “a obra de Schwitters e a exaltação mágica do objeto foram à primeira indicação do lugar que ocupa a arte moderna na história do espírito humano e de sua significação simbólica. Revelam uma tradição que estava sendo perpetuada inconscientemente, a tradição das herméticas irmandades cristãs da Idade Média e dos alquimistas, que consideravam a matéria à essência da terra, digna da sua contemplação religiosa. A promoção de Schwitters dos materiais mais grosseiros ao nível de arte, utilizando-os para uma “catedral (na qual o entulho não deixava mais lugar para o ser humano), seguia fielmente o velho princípio dos alquimistas, segundo o qual o objeto precioso que buscamos será encontrado na matéria mais vil”. Kandinsky expressou as mesmas idéias quando escreveu: “Tudo que está morto palpita”. Não apenas o que pertence à poesia, às estrelas, a lua aos bosques e às flores, mas também um simples botão branco de calça a cintilar na lama da rua... Tudo possui uma alma secreta, que se cala mais do que fala”.
Os artistas, como os alquimistas, provavelmente não se deram conta do fato psicológico que estavam projetando parte da sua psique sobre a matéria ou sobre objetos inanimados. Daí a “misteriosa animação” que se apossa destas coisas e o grande valor que se atribui até mesmo aos detritos. Os artistas projetavam suas próprias trevas, sua sombra terrestre, um conteúdo psíquico que tanto eles quanto sua época haviam perdido e abandonado.”.

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O ARTISTA COMO OBSERVADOR DO MUNDO



O pintor é um observador do mundo em todas as suas manifestações.
O pintor não julga, não interfere, não agride, não concorre nem compete na corrida da evolução. Não é o pintor que inventa ou descobre as coisas que evoluem o mundo, nem é o pintor, ou os artistas em geral quem as administra. Ao artista cabe observar, registrar, interpretar e devolver tudo em forma de arte.
O pintor não é um competidor, é um solitário, que mesmo estando no meio de uma tempestade, seu mundo interior permanece imperturbável, assim não se preocupa com o fato em si de qualquer natureza, importando-se apenas com o impulso criativo que o fato representa em termos de composição, forma, tons e cor que possam ser transformados.
É interessante observar a fisiologia da criação de um pintor, que verdadeiramente não conhece seu potencial e muito menos consegue dominar a si mesmo.
Picasso, por exemplo, já era um pintor conhecido em Paris e desfrutava de prestigio, porem, não estava satisfeito com o que se fazia em pintura, e achava que devia ter muito mais alem daquilo que era apresentado por ele e os demais pintores. Achava que a arte tinha se estagnado em um patamar repetitivo e monótono. Este é o ponto que nos interessa para observação da fisiologia criativa. A partir dessa inquietação, em que nem mesmo Picasso sabia o que ele queria, e esta limitação de domínio e conhecimento de si mesmo é que faz com que se compreenda que o homem usa apenas uma pequena parte de seu cérebro, e que todos, absolutamente todos os indivíduos deveriam exercitar o uso de todas as suas potencialidades.
No caso de Picasso, a intuição era muito forte de que havia muito, mas, muito mais em pintura do que aquilo que todos faziam. Era um misto de ansiedade, de revolta interior, de busca, de inquietação, de inconformismo, que transforma o artista em um autentico vulcão em constante erupção. Por isso, quando ele começa um trabalho, nem ele sabe exatamente as suas potencialidades ou o que ele realmente quer desse trabalho. As mudanças de rumo vão surgindo, e o próprio autor vai se empolgando pelos imprevistos, e no final ele mesmo se surpreende com o resultado que jamais poderá ser repetido (a não ser o conceito em que ele foi criado).
Pelo que consta, com Picasso aconteceu à mesma coisa, que no final nem ele sabia que estava inventando um novo conceito de arte e uma nova maneira da fazer e ver pintura. Ele não sabia que tinha inventado uma nova maneira de pintar. Este processo não foi resultado de um dia de pesquisa, como se tivesse levantado de manhã, esfregado os olhos, dizendo: -“ hoje vou inventar uma nova maneira de pintar”. Não foi assim, foi um processo muito lento que eclodiu em uma excursão que fez com Cocteau, com uma peça de teatro em que tinha pintado os cenários, e estavam no norte da África quando viu mascaras indígenas e era exatamente aquilo que representava a essência de sua teoria.
Seguindo sua intuição, ignorou as regras, a lógica, deixou de lado os valores morais e éticos da sociedade que influenciam a arte, e simplesmente revolucionou o mundo da pintura, principalmente sua coluna vertebral que era perspectiva - luz/sombra. Nem ele sabia o que estava fazendo, mas era uma tentativa de quebrar os paradigmas determinados por uma ordem existentes e que todos seguiam com uma obediência obstinada.
É esta força interior que o homem não conhece, e tem medo de soltar sua intuição para que ela aflore, contrariando os padrões sociais e éticos.
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AS QUATRO FORÇAS DO ARTISTA



Segundo o Dr. Carl G.Jung, as quatro funções da consciência são:- o pensamento, o sentimento, a intuição e a sensação – que preparam o homem para lidar com as impressões que recebe do exterior e do interior. È através dessas funções que ele compreende e assimila a sua experiência.
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa - intelectual:- relativo ao intelecto, ao entendimento. – que se refere à atividade do espírito, à reflexão, por oposição às atividades físicas, manuais.
Portanto aí estão claras e definidas as ferramentas de trabalho do artista, com as quais desenvolve um trabalho silencioso, porem profundo; calado, porem repercute como um grito ouvido por toda a Humanidade. E para penetrar nas profundezas do espírito e trazer as suas mais expressivas manifestação em todas as suas funções, é fundamental o isolamento, para que possa estar alinhado a uma freqüência que só ele pode captar e traduzir.
A vaidade, própria e necessária ao artista, o ciúmes de sua criatividade, o medo de ser copiado, o seu método de trabalho, suas técnicas e seus segredos, são elementos que guarda a sete chaves. E todos os pintores são iguais e agem desta mesma forma, a ponto de não levar outro pintor em seu atelier, que é como seu altar sagrado que guarda suas ferramentas, seus materiais, seus estudos, esboços, que representam seu recanto máximo de clausura e de vida espiritual.
O verdadeiro pintor não se exibe, e nem precisa desse recurso porque seu quadro já é uma grande exibição de todo seu ego.
O ato da criação é incompatível com vigilância de estranhos, interferências, opiniões, enfim qualquer ato externo que prejudiquem a concentração do autor na busca da perfeição do conteúdo, da espontaneidade, e da comunicação visual.
O formidável na criação artística é que estabelece um processo que não acaba nunca, em uma busca incessante de alguma coisa superior que nem o próprio artista sabe o que é, mas sabe que existe, e quanto mais trabalha, fica mais consciente de que não caminhou muito, e por paradoxal que possa ser, este é o maior incentivo que o verdadeiro artista tem. E ver que cada quadro feito na paixão e entusiasmo pelo oficio, ainda não é aquilo que queria e parte para outro com uma força inabalável e uma voz interior que lhe ordena: - persiste!

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O PINTOR NÃO MORRE, CONTINUA VIVENDO ATRAVÉS DE SEUS QUADROS

O pintor é um imortal.
Quantas pessoas passam pela vida e não deixam vestígios de sua existência., porque não produziram nada que permaneça após sua morte.
Não há nada a favor nem contra a essas pessoas, muito pelo contrario, apenas uma observação de ordem crítica.
Toda criação é uma extensão de seu criador perpetuando sua existência. Uma poesia, uma música, um livro, uma escultura, um quadro, permanecem anos, séculos, milênios, transmitindo à vida, a vibração, a energia de seu autor, como uma extensão eterna de seu ego. O artista vive após sua morte.
Quando estamos nos deleitando com uma música, inconscientemente estamos enaltecendo a imagem do autor, mesmo que seja anônimo, e se houver vida eterna, essa alma estará recebendo essa vibração como se fosse uma oração.
Vamos imaginar Michelangelo como foi reverenciado, exaltado, admirado nesses quase quinhentos anos de sua morte, no entanto sua obra continua lhe dando uma vida forte e vibrante, com uma aura de eternidade. Michelangelo morreu? Não. Continua mais vivo que quando de sua passagem pela terra, apenas passou do estado material para o estado mental de gerações e gerações. Sim porque ele vive na mente de todo individuo culto e sensível como um ícone da arte de todos os tempos. E quantas “orações” Michelangelo recebeu em forma de admiração pelas suas obras, lembrança de sua genialidade que, se tiver alguma valia na eternidade, sua alma já deve estar no “Olimpo dos Deuses”.
Demos o exemplo desse gênio eterno para ficar mais fácil o entendimento deste conceito de imortalidade, porem, não é somente no caso de grandes autores, reconhecidos, que este fenômeno acontece.
São gestos palavras e obras que eternizam a vida.
Uma semente, aparentemente não é nada, mas existe uma vida em estado latente dentro dela que poderá ser desprezada, mas, se plantada, uma arvore frondosa aparecerá no concerto (considerando a situação atual, a palavra certa seria conserto) da humanidade, e só por isso o autor desse gesto justificou sua passagem por este mundo, eternizando-o.
Isto é vida! Praticar esses atos é estar em sintonia com o equilíbrio Universal.


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A ESTÉTICA DO INFORMAL


Quando a pintura rompeu toda sua tradição, surgindo uma era moderna, onde o artista estava desobrigado de fazer o que lhe mandavam, registrando fatos e coisas, mesmo porque não havia outra forma de fazê-lo, a não ser depois, com a invenção da máquina fotográfica.
Com esta liberdade, o pintor descobriu um outro mundo, não mais o mundo da representação visual. O mundo real, como tema, modelo, passou a ser um mundo falso ao pintor, passou a ser um mundo convencional, artificial que não correspondia à vida do artista, porque o resultado era produto principalmente de habilidades e não de criatividades.
O artista entendeu que sua função não era a de competir com a natureza, e que o objetivo de seu trabalho não era a beleza, mas sim a expressão e a comunicação. Existem coisas belas e existem coisas feias; existe comunicação positiva e existe comunicação negativa, e todas as condições são dignas de registro, inclusive que o caos e a desordem geram padrões que podem ser considerados como tema, fato até então considerado absurdo e indigno.
Para substituir os temas do mundo visível, os artistas procuraram tornar visível o invisível, descobrindo uma linguagem pessoal de símbolos e signos, estabelecendo uma comunicação de caráter e estilo pessoal, porem com uma abrangência Universal.
A partir desta nova era da pintura, o artista pode realmente dispor de suas potencialidades individuais para expressar livremente suas tendências psíquicas.
Junto com esta liberdade criativa, aboliu-se a lógica e as regras, prevalecendo o instinto, surgindo um novo conceito de arte que poderia ser chamado de “estética do informal”, em que o objetivo do artista era dar um equilíbrio, harmonia, comunicação, daquilo que não tinha forma conhecida em nosso mundo visível, e só tinha razão de ser no código de signos e símbolos do próprio autor.
O exemplo mais característico e conhecido que podemos dar é o de Juan Miró que criou um mundo onírico e lúdico, com um desenho e composições de uma simplicidade total, cujas formas não têm correspondente em nosso mundo visível, criadas unicamente pela imaginação do autor. No entanto são carregadas de poesia, beleza e mistérios. Outros dois representantes significativos da estética do informal é Otto Wools e Paul Klee.
É o próprio Ser espiritual do autor que se materializa em formas, linhas, cores, massa, enfim dentro de uma liberdade irrestrita de matéria, com as quais torna visível o Ser invisível que tem dentro de si.
Para isso o artista tem que buscar um isolamento do mundo real, com seus valores morais e sociais que bitolam e impedem a expressão espontânea, por isso buscam refugio na liberdade, dentro de si próprio.
É seu mundo interior que passa a ser representado, interpretado, e não mais o mundo exterior em que habita.
Este é o ponto fundamental da base da arte contemporânea.
É esta transição da habilidade para a criatividade; do mundo visível para o mundo invisível que o iniciante em artes plásticas tem dificuldade de assimilar em sua plenitude, porem é gratificante observar que quando entendem a profundidade desta nova ordem, não aceitam mais a antiga tradição.
É quando o individuo consegue romper com suas próprias tradições, tabus, e preconceitos.

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O ARTISTA E SEU ISOLAMENTO

A pintura como profissão é monótona, fria, e repetitiva. A pintura como linguagem e expressão é rica, vibrante e infinita.
Esta frase já diz tudo, não há mais nada a comentar, a não ser dar exemplos.
O artista trabalha com o intelecto, com o pensamento, que é onde está a essência da vida.
Coração, nervos e músculos agem por ação fisiológica, mas, é no encéfalo (cérebro, cerebelo e bulbo) que se processa a essência da vida, que sem ela seriamos animais irracionais.
A vida se resume no pensamento, o resto é fisiologia.
Conforme já citamos o Dr. Jung, o pensamento, o sentimento, a intuição e a sensação, preparam o homem para lidar com as impressões que recebe do exterior e do interior.
Pela própria natureza destas funções, é difícil coloca-las a serviço de uma burocracia profissional.
Ela vem à tona pelo prazer e pela necessidade de expressar a vida. Pensar é viver. Alias, o filosofo já disse:- “Penso, logo existo”.
O entusiasmo, ardor, um misto de arrebatamento e exaltação, que anima e impele o artista a criar através das forças de seu cérebro.
A introspecção é a característica definida pelo filosofo -: “Conhece-te a ti mesmo”.
Como colocar essas funções a serviço de uma burocracia fria e monótona de uma profissão? Perde muito no sentido de criação!
É passar pela vida, sentir todas as nuances de sua essência que repercute na essência da arte.
É assim que funciona a cabeça dos artistas em geral, com um comportamento próprio e característico do conteúdo de seu trabalho, que para seu desenvolvimento precisa estar só, enclausurado, em total concentração para coordenação e lucidez da ordem dos pensamentos.
Nesse processo de construção de idéias, não pode e nem deve ser interrompido pelo “mundo exterior”.
Dando um exemplo prosaico desse caso, quantas vezes o artista está entrando em uma grande linha de raciocínio, começando a construir um pensamento lógico e claro, procurando uma maneira de transformá-los em “arte”, aí é chamado pela mulher que pede para abrir um vidro de palmito, ou toca o telefone, ou tem que trocar o gás e toda sorte de interrupções banais , quando volta ao trabalho, vê que perdeu toda linha de raciocínio, sem possibilidade de reconstrução porque o entusiasmo já não é o mesmo.
A arte é inseparável do isolamento.
Porem, se o isolamento é necessário à condição do artista, ele precisa de incentivo e do reconhecimento de seu trabalho. Aí é que entra aquela ponta de vaidade tão necessária ao ego do pintor. Por isso também que todo artista precisa de um público.
Enquanto a criação tem que ser processada em clausura, o produto criado tem que ser exposto, por isso o artista precisa do público, inclusive para saber se sua linguagem artística atingiu a comunicação desejada, ou enfim, qual a reação que causou. Isto é importante para o artista, saber se sua comunicação tem conteúdo e se foi recebida.
O artista que não tem ninguém próximo, com quem possa trocar idéias sobre seus projetos e participar de seu entusiasmo, às vezes fica esmorecido, convivendo com falta de afinidade e de interesse de pessoas próximas de seu processo de trabalho, é também diretamente proporcional a sua pessoa. Uma demonstração de apatia e indiferença pelo seu trabalho, resulta ainda mais em seu isolamento, porque são pessoas que habitam seu mundo exterior, mas não pertencem a seu mundo interior.

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CADA ARTISTA É MESTRE DE SI MESMO

Primeiro é preciso considerar que, na fase de aprendizado, o que importa é o processo, depois dessa fase é que vem o resultado. Portanto, no inicio da formação da bagagem de conhecimentos, temos que conhecer todos os processos de construção, estuda-los com frieza sem deixar dominar nossa tendência, porque serão muitos os estudos, técnicas e conceitos que temos que conhecer e praticar. Temos que ter consciência do que fazer, e para que fizer, tem que conhecer autores, estilo, formas, em uma fase de laboratório, cuja qualidade do resultado não tem importância nenhuma, por isso não devemos assumir a primeira proposta que nos surge, e deixar que isto aconteça de dentro para fora e não de fora pra dentro de si.
Esta questão da ausência do resultado, enquanto se está processando dados, exercitando técnicas, é a questão que o iniciante não entende e não aceita, porque a condição intelectual é inversamente proporcional à condição técnica e conhecimento teórico básico, ou seja, o iniciante sabe o que quer e como fazer, mas não consegue, porque falta maturidade, tempo, experiência e trabalho para equilibrar os pratos da balança. Esse processo de aprendizado corresponde à fase de esboços, rascunhos de baixa qualidade, que não correspondem a uma obra final, mas que representam a semente para as devidas correções de rumo. Nesta coleta de dados e experiências, todos têm o direito de seguir conceitos e tendências já realizadas por outros artistas, até que amadureçam e desenvolvam sua própria linguagem..
Historicamente, todos os artistas, quando começaram, elegeram seus ídolos, e os estudaram, a ponto de desenvolver seu próprio estilo sob influencia desse Mestre. Este processo de pesquisa dura até o entendimento do conteúdo da obra do Mestre eleito, a partir do que, a criatividade continua, com a adaptação e interpretação, com linguagem e estilo próprios, adaptadas a uma nova circunstancia e a um novo tempo. Este procedimento identifica também o autodidata, que segue um caminho mais árduo, mais lento, porem mais puro e honesto.
Nesta fase, é importante o iniciante ter um discernimento, uma intuição e uma personalidade firme para não se deixar levar por megalomaníacos fanáticos, bitolados que só defendem um ponto de vista radical. Esse tipo é o que mais prolifera no meio artístico, que é um campo ideal para eles, porque é um ambiente de valores que são atribuídos e não aferidos.
Na fase de aprendizado, o aluno sempre está subordinado a uma prepotência bem intencionada de um mestre. Porem, depois que se conhece as “ferramentas” que se tem a disposição, que se conhecem as regras que tem que quebrar os conceitos que tem que superar o caminho que a Arte percorreu para chegar até onde está e de onde tem que partir para levá-la adiante, não haverá mais ninguém que venha dar ordem e determinar o caminho, porque, cada um abrirá com a própria vocação, intuição, criatividade, determinação, pensamento e entusiasmo, e isto ninguém poderá fazer pelos outros, senão estariam equivocados na proposta.
Esta lógica está contida em todo fundamento da arte, porque ela é conseqüência de todo potencial espiritual do individuo, portanto não pode haver interferências externas. Por mais incompreendido e combatido que um artista possa ser, mesmo que seja pelos falsos donos da verdade, o artista tem que continuar seu caminho, porque sua expressão é a sua essência, e o artista não pode fugir dela.
É só olhar o histórico da arte e ver como o reconhecimento de muitos artistas veio muito tempo após sua morte, e nem por isso mudaram o discurso e sua linguagem artística enquanto vivos. Continuaram firmes, inabaláveis com a incompreensão e indiferença do público, pois o que faziam era a própria essência que tinham dentro de si e muda-la não faria sentido.
George Simenon já dizia: - “prefiro ser odiado pelo que sou, a ser admirado pelo que não sou”.


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CADA ARTISTA TEM SEU PRÓPRIO UNIVERSO


Cada um de nós tem as próprias leis, nossa hierarquia de valores e representação codificados por questões genéticas, culturais, sociais, que formam um perfil psicológico característico de cada individuo. Esta gama de valores dá o diferencial fantástico da individualidade.
Não nos compete entrar no mérito filosófico ou psicológico da questão, porem, cada artista plástico tem que trabalhar de acordo com sua tendência natural e espontânea de expressão. Para se chegar a este entendimento, é preciso percorrer um longo caminho de pesquisa e de estudo, para conhecer tudo, ou pelo menos uma gama variada de opções do que existe disponível nessa área.
Como se explica isso? Por uma questão simples, como é que o iniciante vai saber que sua linguagem é perfeita para ser executada em tempera, se ele não conhece a técnica?
Como ele vai saber se o ideal para ele é linha, cor, tom, textura, bi, tri-dimensional? Só conhecendo, praticando, pesquisando, porem, primeiro o iniciante tem que aprender a compor que significa organizar elementos, dominar pelo menos uma técnica e somente quando começar a desenvolver seu estilo, sua linguagem e talvez a predominância de um tema que se adapte a essa linguagem, somente depois disso é que haverá uma opção por uma técnica adequada a esse conjunto de fatores Por exemplo, Volpi passou quase quarenta anos pintando bandeirinhas somente com tempera de ovo. Se ele as pintasse com tinta a óleo seria outro tipo de composição, dura, empastelada, sem a leveza e o translúcido que a tempera oferece. Por essas qualidades ele optou pela tempera que seria a melhor técnica para sua linguagem. Porem, Volpi somente começou a pintar bandeirinha já na idade adulta, depois de percorrer outras formas de pintura até encontrar sua forma definitiva de arte. Somente depois que tiver um leque de opções de técnicas, estilos e conceitos, o iniciante estará apto a se identificar com algum deles e adota-lo para sua linguagem.
Esta seleção ou triagem é o próprio iniciante que deverá fazê-lo, nunca ser induzido a incorporar um modismo ou um maneirismo fácil para um resultado rápido e popular.
Por isso o verdadeiro aprendizado em arte não é aquele em que o aluno aprende a fazer. O verdadeiro aprendizado é aquele em que o aluno aprende a pensar. Porque desta maneira, através de seu pensamento, ele interpreta suas emoções e as transforma de maneira visível em forma de arte.
Quando ele é induzido a essa ação, por intermédio da interferência de terceiros, ele está se mutilando e tolhendo seus impulsos naturais, para adotar outros que lhe são artificiais.
Cada um tem que ser fiel a seus princípios e usa-los, mesmo que pesem as críticas.
Voltando aos exemplos prosaicos, é o mesmo que pegar um individuo canhoto, cuja habilidade está em sua mão esquerda e obriga-lo a usar a direita. Poderá até chegar a algum resultado, mas, desastroso.
Todas estas considerações que estamos fazendo neste trabalho, se referem à verdadeira arte e aos verdadeiros artistas. Jamais estamos nos dirigindo a aqueles que querem imitar o que já existe, copiar velhos conceitos, procurarem aplauso fácil de um público leigo, ludibriar o próprio ego com valores falsos, passar o tempo, e outros motivos banais. Estes não são artistas e tampouco estão fazendo arte. Estes ainda não foram contaminados pelo vírus da arte, porque quando há o contágio, incurável, não se aceita mais essas superficialidades. Depois de contaminado, o individuo só respira arte, só “come” arte, só fala em arte, e só vive a arte. Se estas manifestações ainda não forem notadas, é porque o individuo ainda não é um artista.

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Há um momento ingrato na busca da identidade porque é difícil situar o equilibrio de valores em descompasso cultural com uma polemica sufocada e adaptada, para se transformar em expectativa, onde a frustração diante de todos os requisitos continua confiando no bom senso da atual administração dos valores que são os resultados de novas parcerias, alem do que será repaginado, sem, no entanto sofrer mudanças em sua estrutura questionando os valores envolvidos nessa tendencia.
- : “ Pena que não ficou contemplativo!!”
Quem tiver a possibilidade de participar dos elementos que estão disponiveis do que pode ser visto, sentido e ouvido, ira perceber que ha visões pouco distintas do processo, onde a experiencia se compara a uma complexidade para reativar e tocar o espectador com tais propostas da condição normal criativa, onde a essencia do tema vem de um contraponto,nutrindo-se tanto de movimento como de mobilidade presentes no tempo e espaço inerentes a densidade dos dialogos procurando refletir sobre o fato que nos permite saber descobrir as regras de um jogo que não se conhece.
Ha um dialogo com a experiencia , onde a forma de improvisação desenvolve uma maneira de explorar o ato da criação, onde acarreta uma ruptura de certos sistemas como certas partes exigem.
Os interpretes das improvisações dos sentidos adotam influencias em que procuram refletir o fato de continuarmos usando o que nos permite e não o que deveriamos adotar, criando as regras de um jogo desconhecido favorecendo a adoção da abstinencia a se submeter a critérios dissonantes ao concerto Universal.
Se na ingenuidade da figuração mesmo moderna em que se aposta ser o maior conhecimento de arte, onde os intelectuais cunharam palavras, conceitos , valores, onde a profusão e a interatividade é o momento mágico da maioria das obras divididas em instalações,filmes, fotografias, games, animações, peças de “ net arte “, entre outros, alem de uma série de performances de todo tipo imaginavel que se transformam em outro evento inserido no proprio evento, somando-se ainda palestras e conferencias tentando ligar a mostra a referencias teoricas e conceituais em um verdadeiro sequestro do conceito estabelecido nos píncaros do establichment da arte, onde deveria ficar intocavel e inviolavel, sem se contaminar com algo que nada tem a ver com ela.
A extensão da palavra cultura inclui a soma de valores que passaram por um crivo feroz de juizes anonimos entre os quais nos incluimos para, somente depois, agrega-los ao modus-vivendi mas nunca incorporando improvisos de modismos, causando uma infecção ou choque anafilático na estrutura decantada e purificada , longe do relativismo cultural de uma expecie de padrão Universal ou de um paradigma absoluto que nos permita julgar, valendo-se de um ceticismo intuitivo que desempenha uma função saudavel e nos leva a compreensão dos reais valores porque enquanto o sábio aponta as estrelas os ignorantes olham para o dedo!



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Ingres speltri
03-02-2006













A ANSIEDADE DO INICIANTE


Ninguém ensina arte pra ninguém. O professor apenas deverá mostrar o que o aluno tem dentro de si.
Considerando o ensino de todas as artes em geral, o da pintura é o mais ingrato.
Se comparada com um curso regular de música, onde o aluno entra em um conservatório, cujo período regular de conclusão é de nove anos, e após esses anos todos, o aluno sai sem conseguir tocar um concerto, e considera isso normal.
Em um curso de pintura, o aluno supõe que, seguindo as instruções do professor, já na primeira aula consegue fazer um quadro, como se pintar fosse seguir um manual explicativo, ou uma seqüência tipo receita de bolo. Qual a decepção ao constatar que não é nada disso, e que fazer pintura é muito mais profundo e complexo do que seguir simplesmente uma rotina de técnicas.
Na música, o iniciante toca fora do ritmo desafinado, mas, quando para de tocar o som sumiu, se dissipou, na pintura não, “a prova do crime” está ali, materializada para juízo e crítica de todos, não há como esconder o resultado, e ninguém gosta de se expor a vexames.
A conseqüência desses fatos, geralmente gera um esmorecimento, uma decepção e até mesmo a desistência da prática da pintura, porque a força de vontade ou mesmo de talento, dão sinais evidentes de que o candidato não está preparado para entrar nessa atividade e vencer as dificuldades que ela apresenta.
A explicação do professor leva o aluno a um entendimento, porem, é a pratica exaustiva desse entendimento que leva a algum resultado. O aluno pretende abreviar essa seqüência pretendendo que a explicação já leve a um entendimento com resultado.
O curso de pintura é um curso que se presta para preencher uma série de “vazios” ou mesmo de traumas que o individuo tem na vida.
Faz-se uma pergunta aos alunos, sem querer saber a resposta, porque interessa somente a eles, se é que a resposta que dão para si mesmos é honesta.
Pergunta-se: - “Porque é que você quer pintar?”.
Para passar o tempo, para ganhar dinheiro, por curiosidade, por status, para uma extensão cultural, por imposição de alguém (pai, mãe, cônjuge, etc.) por laborterapia ou psicoterapia, para currículo; no caso de esposas oprimidas e entediadas com as tarefas domésticas e quer sair dessa rotina tendo um tempo exclusivamente seu; como uma válvula de escape de um casamento falido, para ganhar aplauso e admiração de seu meio, pessoas solitárias que precisam de uma atividade e um convívio social, atenuante para um momento de crise, ou até mesmo pelo seu motivo principal que é desenvolver uma vocação.
Estas questões todas são muito importantes que o aluno leve em conta, e assuma honestamente o seu caso, porque, para o professor, não me interessa qual o motivo que trouxe o aluno para um curso de pintura. Todo e qualquer motivo é válido e digno de respeito, mas o aluno tem que assumir sua condição, porque cada um desses motivos trará uma determinada conseqüência.
Aquele que vem passar o tempo, ou qualquer outro motivo que não seja vocação, terá muito mais dificuldade em acompanhar o desenvolvimento do curso, mas este aluno também chegará a um resultado razoável.
A verdadeira arte é uma atividade séria, profunda, com conceitos semelhantes ao da filosofia, onde não se prova nada, como também não existem regras pré-determinadas para seu entendimento e desenvolvimento. É um verdadeiro axioma . Acredita-se ou não. Se aceita ou não. Não há como provar, ou mostrar tal qual uma regra matemática onde dois mais dois são quatro. Não dá para explicar o amor, uma paixão, ódio, enfim, sentimentos e emoções. Com a pintura é a mesma coisa. O que se faz é explicar conceitos e os alunos os interpreta, cada um da sua maneira e com seu próprio potencial de sensibilidade.
Assim já começa a decepção daqueles que entram nessa área pelo laser, porque não há talento, assim não haverá entendimento das questões, que acaba estabelecendo um estado de ansiedade e angustia no aluno, que cobra do professor definições e regras que não existem, porque a arte é constituída de sutilezas que só a sensibilidade pode captar.
Ninguém faz um curso de medicina, direito ou engenharia por curiosidade, para passar o tempo, ou por laser, mas um curso de pintura faz.
Uma das causas que fazem da pintura uma atividade eleita por muitos, é a aura de intelectualidade, misticismo, “poética”, boêmia, e outras questões mais, que envolvem essa atividade, porque Paris exportou para o mundo, no século XIX, o protótipo do artista, o que foi ainda mais enaltecido por escritores e filmes sobre o gênero, mostrando artistas excêntricos, temperamentais, sensíveis, com um tipo de fama e conduta que lhes permitia transgredir as regras da sociedade.
Porem, para um curso regular, em uma escola, todos, absolutamente todos os alunos são iguais e todos terão que entender as questões e mostrar resultado.
Aquele que tem talento mostra um resultado vibrante, carregado de energia e comunicação, porem, o que não tem talento vai mostrar um resultado somente correto e tecnicamente bem feito.
A função do professor não é ensinar o aluno a pintar quadros, isso os cursinhos de fundo de quintal se encarregam e tem quem goste. O verdadeiro professor é aquele que dá os fundamentos da arte, orienta o aluno e faz com que ele ande com suas próprias pernas, tirando o que ele tem de dentro de si, ensinando-o a pensar.
Não se dá o peixe para o aluno, se dá a vara e o ensina a pescar. Essa é a função do verdadeiro professor.
Todos têm uma alma, tem sentimento, tem uma expressão, tem uma interpretação do mundo e da vida, e esta bagagem latente que cada um carrega dentro de si, como uma verdadeira gestação, o professor vai ajudar ao aluno materializar em um resultado visual, em um verdadeiro parto, onde o professor é somente o obstetra. E assim nascem as obras, como verdadeiros filhos do autor.










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CIENCIA - RELIGIÃO - ARTE



Neste mundo globalizado, homogeneizado, plastificado, computadorizado em que vivemos hoje, é muito difícil ser fiel a si mesmo, porque as influencias e as tendências empurram o individuo para a correnteza do populismo e da sociedade de consumo. Essa mesma sociedade de consumo é alimentada constantemente , com uma força de marketing através da mídia, com apelos do tipo : se você é macho deve usar tal produto; só as pessoas sexy usam tal produto; se você é rico e poderoso consome tal produto;só quem está bem na vida possui tal produto, e os desafios seguem por aí afora desafiando ou até mesmo humilhando os indivíduos, de acordo com a criatividade das empresas de propaganda e marketing.
Somente quem tem poder aquisitivo, tem condições de competir e conviver nesta selva de concreto, nessa sociedade de consumo, que representa civilização de hoje. E os que não tem? Vão matar roubar, para ter; ou vão se drogar para viver em outra realidade, ou melhor, em outra fantasia, formando um circulo vicioso, e este circulo, em movimento, gera a força centrífuga, na qual os corpos tendem a se afastarem do centro, ou seja, a desagregação da sociedade.
Nestas condições em que se encontra a Humanidade, nesta transição de século, em um mundo em que já é difícil viver, quanto mais ser fiel a si mesmo e não sucumbir a esta “máquina contemporânea”?
Se considerarmos a divisão do mundo em três segmentos: ciência, religião e arte, concluímos que a ciência inventa, a religião, hoje substituída pela política, administra e a arte, registra. Portanto, a arte que vemos hoje por todo o mundo é o retrato fiel do mundo em que vivemos hoje. Se de um lado, o mundo atingiu um grande desenvolvimento tecnológico, por outro lado virou um mundo virtual, frio, materialista, competitivo e desumano. E para completar o quadro pessimista, o avanço tecnológico reduziu a mão de obra e o jovem fica improdutivo, ocioso, alimentando ainda mais essa massa falida.
Hoje em dia, todos os jovens já crescem dentro desta mentalidade, e se a conjuntura é esta, o que fazer se não assumi-la para não destoar e ficar a margem da moda e do convívio social.
Sem considerar uma minoria de exceção, qual o jovem hoje que estuda violino, oboé, trompa, viola fagote, piano, cello. Qual o jovem que faz ou lê e discute poesia? Literatura? Teatro?Enfim, o jovem que se dedicar hoje a alguma atividade dessa natureza, muitas vezes tem que faze-lo, escondido dos amigos, para não fazer o papel de um bobo idiota, porque quem é macho, legal, pratica esportes radicais tais como levantamento de copo de bebida, cheirar pó e fumar erva.
Será que este estado de coisa é conseqüência somente da globalização e da sociedade de consumo?
Será que existem outros fatores que concorrem para isso e não estamos detectando? Ou se está sendo detectado, não está sendo possível controla-lo?
Enfim, todos nós, já na terceira idade e com um pouco mais de experiência ficamos atados sem saber o que fazer, assistindo a essa derrocada social.
A arte registra toda essa contemporaneidade, e esse é um dos fatores que decepciona o espectador.
Embora toda essa contingência contemporânea, existem indivíduos que conseguem se livrar de toda essa influencia nefasta, e ser fiel a si mesmo. São os verdadeiros artistas que trabalham a margem desse burburinho desconexo e descabido. Não estão em busca de aplauso, de auto-afirmação, de dinheiro, de fama e de glória, estão em busca somente de sua verdade interior, sendo fiel a si mesmo, aceitam-se como são, não se negam a si mesmos, e trabalham segundo seus princípios e tendências próprias.
Muitas vezes não são reconhecidos, e morrem no anonimato, mas morrem felizes.
Alguns poucos conseguem um lugar ao Sol, o que para eles nada significa, mesmo quando esse reconhecimento chega em vida.
Os exemplos são abundantes desses verdadeiros paladinos da arte, mas, um exemplo faço questão de citar porque se enquadra dentro dessas circunstancias que acabamos de citar.
Trata-se de Giorgio Morandi, l890-l964, pintor italiano, em que “sua arte ocupou-se das coisas humildes, quietas, íntimas. Ele ignorou a retórica e as fanfarras. Pintou em surdina.”.
Em l957, quando já borbulhava todo tipo de arte de vanguarda, onde cada artista queria ser mais excêntrico, diferente e inventar alguma coisa mais nova, entre tantas novidades que já existiam como: minimalismo, op, pop-arte, cinética, arte interativa, arte conceitual, expressão corporal, enfim todo tipo de parafernália visual, Giorgio Morandi pintava garrafas! Sim, exatamente isso, pintava garrafas, potes, e congêneres. Este é um verdadeiro exemplo de ser fiel a si mesmo, mesmo dentro de uma conjuntura antagônica e adversa. Pois bem, em l957, com suas “garrafinhas” metafísicas, era um mestre famoso na Itália, já tinha o reconhecimento do mundo todo, e conquistou o primeiro premio da IV Bienal de São Paulo.
Por isso que se pergunta aos alunos porque querem pintar? Porque quem quiser ser um verdadeiro pintor e fazer a verdadeira arte, tem que estar à margem das influencias do mundo e seguir no que consiste ser fiel a si mesmo, em aceitar-se como es; não se negar a si mesmos.



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A GRANDEZA DA ARTE ESTÁ CONTIDA NA SIMPLICIDADE




(o grande artista esconde as dificuldades de sua arte para parecer simples, o mau artista faz o contrario, procura mostrar as dificuldades e confundir o espectador para ser tido como virtuoso)
Toda simplicidade, toda espontaneidade, por vezes é confundida com ingenuidade, ignorância ou incompetência. Este processo é fruto de uma influencia em que estamos habituados a um discurso eloqüente, sofisticado, onde enigmas pressupõem teorias eruditas que confundem o espectador, em que, no caso de dúvidas, prefere concordar com o rótulo imposto.
Toda cultura, assim como toda arte é resultado de uma cadeia de idéias, praticas, pontos de vistas, experiências, e tomadas de posição. Não há diferenças entre a obra de arte e o espectador, do ponto de vista de seu conteúdo, ou seja, se a obra tem conteúdo, o espectador vai identificá-lo, porem o que pode haver é uma diferença de sensibilidade, porque geralmente o artista antecipa a observação e transformação dos fatos em arte, e espectador demora mais para entendê-la. Mas, no final, acaba havendo uma sintonia na compreensão dos fatos artísticos muito embora com toda liberdade de gosto e aceitação.
Considerando a liberdade extrema em todos os fatores que envolvem a arte, ou seja, conceito, técnica, linguagem, materiais, etc., atingiu um ponto extremamente perigoso, porque passou a ser uma porta aberta para uma infinidade de charlatões, oportunistas, sem conhecimento, sem prática, sem bagagem, sem talento, apenas com um espaço na mídia e um aparato de marketing, apoderando-se de toda e qualquer expressão visual, tais como, cinema, TV, vídeo, expressão corporal, som, sensação térmica (que não é visível mais é sentida), etc., etc., e apresenta como artes plásticas, e para estas elaborações deram o nome de arte interativa, arte conceitual, e instalações e performances.
Já dissemos que as artes plásticas perderam a essência, perdeu o rumo, perdeu o sentido, perdeu o conteúdo, perdeu o objeto de desejo de fazer arte. Como é o caso do exemplo que já demos de artistas que em suas propostas apresentaram fezes humana, e que a partir daí pode-se dizer não que a arte chegou ao fundo do poço, mas sim que chegou ao fundo da fossa. Todo e qualquer elemento, até intenções e pensamento, tudo virou arte desde que esteja no âmbito de uma galeria ou bienal.
Tudo isto é valido, aceito e discutido, mas, em outra categoria de expressão, mas nunca em artes plásticas. Tudo isto seria muito válido como um laboratório de pesquisa, para um novo tipo de expressão e comunicação.
É muito simples organizar esse estado de coisas, onde se propõe deixar as artes plásticas como ela é, e dar outro nome a essas parafernálias todas que apresentam por aí, como também não inseri-las nas Bienais e Salões de arte Contemporânea.
Promovam outras Bienais, outros Salões, outros eventos com um nome próprio para esse tipo de manifestação visual.
No entanto, esta falsa intelectualização da arte acaba desumanizando o artista e afastando o espectador de uma interação espontânea que o induza a uma leitura simples, autentica e pessoal da obra, onde a conseqüência é o desinteresse e a apatia pela arte atual.
Cito as palavras do espanhol José Ortega y Gasset (l883-l955), em seu livro “Adão no Paraíso e Outros Ensaios”, afirma, “... uma arte que pode se expressar de outra forma não é arte; o significado de um poema traduzido em prosa já não é o poema.”.
Esta preocupação exacerbada de novos artistas, críticos, historiadores e esta nova profissão de curador em “intelectualizar”, inventar, ser diferente, e cada um mais do que o outro está desvirtuando o rumo da arte, confundindo todo o sistema e gerando o caos. Esta mascara, ou esta falsa roupagem que todos estão vestindo sob o título de contemporaneidade está escondendo a verdadeira identidade da arte, bem como de seu autor, impedindo que se viva intensamente às condições próprias da arte com seus elementos essenciais. Denominamos aqui de “elementos essenciais” das artes plásticas a composição formal, tonal, cromática, textura, bi e tri dimensional, materiais diversos, tudo isto mantendo entre si uma relação de ordem ou desordem, não importa, mas que tenha um conteúdo e um poder de comunicação visual que prenda a atenção do espectador para que se detenha diante da obra, para uma leitura gratificante e comunicativa.
Parece que os artistas de hoje perderam o talento e a criatividade, indo buscar um resultado mais fácil e mais rápido, e assim confundir mais do que explicar.
Diante desse estado de coisa, porque não fazer uma retomada de posição e voltar ao princípio do século XX onde começou a contemporaneidade, assim de maneira didática, fazer uma releitura de tudo que se fez para embasar o candidato a artista plástico, acabando com essa mistificação que se verifica. Com certeza essa repetição de propostas e conceitos, em uma verdadeira mitose (divisão celular caracterizada pela duplicação de todos seus elementos e pela distribuição igual destes nas células-filhas) da arte contemporânea, é conseqüência da sub-cultura da vanguarda atual (primeiras palavras do inicio destras crônicas).

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O ARTISTA E SEU TEMPO



Toda forma de aprendizado é constituída de uma seqüência didática que se faz necessária para a pratica de exercícios, na formação da base elementar da pintura
Nesta fase de aprendizado, toma-se parte do passado da pintura para entender a sua seqüência, em seus principais momentos, para uma perfeita assimilação dos princípios teóricos, práticos e técnicos, que nortearam a historia da pintura em seu desenvolvimento até os dias de hoje.
Como já dissemos em capitulo anterior, na fase de aprendizado, o que importa é o processo e não o resultado, portanto nesse período, o iniciante em pintura deve passar por um processo de pesquisa e estudo, para com isto acelerar o seu entendimento dos conceitos para a descoberta de suas reais potencialidades e seu próprio caminho.
O autodidata, no entanto, chega ao mesmo resultado, porem, leva um tempo muito maior do que aquele individuo que recebe uma orientação didática.
Porem, após esse período de reconhecimento, estudo, de pesquisa, deve trabalhar apenas com a sua bagagem, assumindo uma postura pessoal, reinventando e reinterpretando tudo, com uma criatividade própria, estilo pessoal, e linguagem Universal.
O passado, só serve como referencia para uma tomada de posição e em seguida cortar o cordão umbilical que une toda a historia da pintura.
De nada adianta, em termos de criatividade, repetir velhas escolas de pintura, embora eloqüentes e de impacto visual, que ilude o iniciante, porem, nada mais tem a ver com os dias de hoje.
Por isso o sábio conselho: -“ cortemos tudo que nos ligue a nosso passado...” , porque o sentido da criatividade está em mostrar coisas novas, pois, tudo que está feito já está velho.
De que adianta pintar como Picasso pintava? Pintar como Matisse, Miró, Paul Klee, enfim como qualquer mestre pintou? Absolutamente de nada adianta, nem ao menos mostra habilidade, porque o “outro” já fez. E não atingiríamos nenhum resultado pensando em outros mestres. Infelizmente é isso que muitos pintores fazem, que não criam nada e tampouco contribuem para o desenvolvimento da pintura, apenas repetem formulas já descobertas por outros pintores e fazem uma pintura tecnicamente correta. Isto não é ser um verdadeiro artista. O verdadeiro artista não pensa e nem se apóia em questões trabalhadas, pensadas, descobertas e decantadas por outros pintores. Isto é plágio. E é tremendamente condenável no meio das artes. Porem, para muitos, é preferível “o faz de conta”...
O que não se deve confundir é a interpretação individual, dentro de conceitos pré-determinados. Todo artista tem suas características pessoais que traduzidas em arte, certamente vai se identificar próximo a alguma tendência já existente, e assim, (isto se comprova historicamente), todo artista em inicio de carreira, elege algum ídolo como Mestre, segue seus passos até ter seu próprio caminho.
Este processo de amadurecimento de um pintor é extremamente lento, penoso e exigente. Exigente porque requer do artista uma entrega total, sem reservas e o que é mais desgastante, em não esperar nada em troca. A prova disso é que dificilmente se encontra pintor, no auge de seu amadurecimento ainda jovem, pois é preciso uma longa jornada para se adquirir todo conhecimento e todo domínio desse oficio apaixonante e enigmático.
Toda essa magia que envolve a pintura somente contagia o pintor quando ele se desvincula de todo o passado, de toda influencia exterior e parte em busca de seu Eu Superior. Por isso é que se afirma, e com absoluta certeza, de que a pintura tem um dia para se começar, mas não tem dia para terminar.
A atividade artística é a única que é infinita. O artista nunca está “pronto”, formado, realizado, porque cada obra representa as condições de um determinado momento, e terminada a obra, esse momento já passou. A vida é muito dinâmica, e no próximo momento será tudo diferente, as emoções se renovam bem como as necessidades também são outras, e esta seqüência de vida e obra em um imprevisto fascinante, que vão surgindo surpresas que o próprio autor jamais esperava e que estava escondida em algum canto de sua mente, e vai revelando novas facetas cada vez mais iluminadas. Principalmente através da arte, o individuo vai descobrindo a si mesmo.















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O ARTISTA INTEGRADO AO MUNDO CONTEMPORANEO

O homem não é uma ilha.
Também não é o centro do Universo, mas sim parte integrante e atuante desse sistema, onde cada um tem que encontrar o seu espaço. Agir e interagir com as coisas que existem e com as coisas que cria. Assim, toda ação ou manifestação que modifica a estrutura da Humanidade, o artista é um dos primeiros a captá-la e transforma-la em arte. Primeiro a senti-la, graças a sua sensibilidade e intuição, como um pólo catalisador de tudo que existe e acontece a sua volta, ou no mundo.
Um termômetro de aferição desse fenômeno pode ser observado a partir de meados do século XX quando, nota-se um verdadeiro desencontro nas artes plásticas e que permanece até hoje.
Contudo, foi exatamente a partir desse período que surgiram fatos que extrapolaram a compreensão humana, tais como: cibernética; viagens interplanetárias em que o homem pousou na Lua; Dr. Christian Barnard deixou o mundo estupefato ao realizar na Cidade do Cabo o primeiro transplante do coração; bomba atômica; codificação da cadeia de DNA, internet, enfim, fatos que abalaram o mundo. Dentro deste contexto, sem o alcance devido da profundidade desses fatos, os artistas surgiram com um tipo de arte até certo ponto desvairada, que também provocou um verdadeiro tumulto na opinião pública e que até hoje não “baixou a poeira”.
Fatos dessa natureza repercutiram por toda a Humanidade, como não podia deixar de ser, e em todo canto do mundo passaram a existir focos de pesquisa de cada evolução conquistada.
As artes plásticas seguiram o mesmo rumo, onde os artistas influenciados por novas conquistas e novas tecnologias, procuraram adotar à mesma pratica em suas criatividades, querendo cada um inventar uma nova maneira ou um novo conceito de arte. No caso das artes plásticas isso ficou fácil porque alem de ser um produto cujo valor é atribuído, a arte a partir da ruptura na tradição perdeu as regras, perdeu a lógica e a partir daí qualquer coisa feita ou não feita, passou a ser intitulada de obra das artes plásticas.
Os artistas tentando passar tudo o que acontecia para as artes plásticas, e não sabiam de que maneira fazer, como não conseguiam explicar, o jeito era confundir. A partir daí começaram a aparecer vestígios cósmicos nas obras de arte, bem como homens mutilados e até dilacerados, fios, luzes, objetos “estapafúrdios”, efeito cinético, sensação térmica, expressões corporais, teatrais, literárias, sonoras, enfim, começou aí a era do vale tudo nas artes.
Segundo esse critério de avaliação, não há erro nessa radiografia da fisiologia das artes plásticas nestes últimos cinqüenta anos.
O progresso do mundo racional foi exageradamente rápido demais, obstruindo o desenvolvimento da condição sentimental do individuo, aonde se chegou até a um afastamento da espiritualidade. Razão e emoção ficaram desequilibrados nos pratos da balança.
Hoje já se nota, felizmente, alguns indícios de retomada de posição, repudiando este estado aleatório em que a arte se encontra, quando se vê alguns poucos críticos, como também pessoas do meio atuante, tomar posição contraria ao estado de coisas vigente.,
O artista tem que ter muita personalidade para não sucumbir no meio deste contexto, procurando representar tudo que está a sua volta tal como se oferece, sem modificar e nem mesmo mutilar ou castrar sua ideologia, universalizando toda contemporaneidade.
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Ser contemporáneo não significa ser extravagante ou exótico.
Toda essa extravagância que se vê hoje em dia nas artes plásticas é produto de uma orgia mental, para a qual não há a menor necessidade de bagagem teórica, histórica e técnica da arte para realizá-la.
A arte é como a filosofia, onde não se prova nada, onde não existe o certo e o errado, por isso é um campo ideal para os que conseguem espaço na mídia, apresentar essas verdadeiras fantasias da arte, para os pseudo-eruditos desenvolverem uma verbalização poética e surreal, interpretando coisas que até Deus duvida.
A arte chegou a um ponto tão desconexo, tão sem sentido, tão fora de propósito, tão aleatório que virou motivo de gozação e chacota , quando, na Bienal brasileira de 2002, um visitante colocou um quadro seu, produto de uma total brincadeira para desmoralizar a arte, pendurou esse “quadro” em uma das salas da Bienal, que permaneceu até o final, quando o próprio denunciou a brincadeira.
Hoje parece que existe uma verdadeira histeria coletiva, onde vale tudo e tudo é arte, onde não há mais pudor nem discernimento na manifestação artística.
Como é mais do que provado e comprovado, a arte é a extensão do individuo, sendo a sua imagem e semelhança, e pelo que chamam de arte hoje em dia, os artistas realmente estão perdidos, acéfalos, traduzindo a condição atual da humanidade, carente dos valores abstratos.
Se estiver certa esta analise, temos que aceitar esta realidade artística como um caos da realidade atual do mundo.
E isto só o tempo dirá...
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IMPULSO CRIATIVO

Quantas vezes paramos diante de um quadro, e está tudo muito bem feito, correto, uma técnica bem dominada, uma composição bem equilibrada e não nos transmite nada alem de uma apatia ou indiferença. Isto acontece quando falta emoção, quando falta a linguagem do autor, com sua caligrafia, seu gesto e sua expressão.
O autor deve sempre estar mais preocupado com estas questões abstratas da arte, do que com as questões convencionais, rotuladas pelas formalidades estéticas.
A única coisa que jamais poderá faltar em uma obra é a “marca”, o gesto, a radiografia do artista transparecendo e pulsando em cada centímetro do trabalho, e este resultado só é conseguido se o autor estiver totalmente livre de complexos.
Jamais o autor deve trabalhar pensando no que vão achar de seu trabalho. Se vai ficar bom ou não, se vão gostar ou não, se vai conseguir resolver todos os problemas compositivos, enfim, preocupações que traumatizam e bloqueiam a capacidade criativa espontânea do autor.
A postura psicológica no ato de criar tem que ser muito segura, autentica e espontânea, alem de totalmente liberta para deixar fluir tudo que o impulso criativo estimular. Se não houver vontade, desejo, motivo para “dizer” alguma coisa, é melhor não “dizer” nada.
Uma atitude insegura, própria dos iniciantes em arte, que assumem uma postura dizendo que não sabem, que não conseguem, acaba gerando um conflito íntimo bloqueando toda expressão, emoção, criatividade e liberdade do autor.
O gesto criativo tem que sair, seja lá como for, porque no final, fica a espontaneidade que já é muito na arte.
Na hora de criar, faça de qualquer jeito ao menos para vencer o primeiro bloqueio e começar encontrar um sentido. Repete-se o traço tantas quantas vezes tiver vontade sem apagar nada, porque no final ficara registrada a seqüência criativa e as correções de rumo, assim o trabalho começa a tomar sentido de maneira pessoal e autentica, desvinculado do realismo, do “bonito”, do bem feito, procurando apenas registrar a forma abstrata, representada pela comunicação, emoção, linguagem, e não a técnica da composição.
Por isso uma postura inibida, insegura no ato de criar terá como resultado o mesmo efeito, ou seja, um trabalho também inseguro e medíocre.
O artista não pode e nem deve desperdiçar seu talento e sua sensibilidade com frivolidades, e muito menos pensando no mundo exterior. A única coisa que deve existir é uma espécie de dialogo onde o artista fala e a obra responde em um tipo de conversa que só aos dois interessa e qualquer intruso viria emudecer as duas partes. Não importa também se esta linguagem está sendo decifrada por mais alguém, se o autor entende o código, é o bastante. Pelo menos ele conseguiu comunicar-se consigo mesmo, tornando visível o que estava invisível em sua mente. Certamente em algum lugar haverá pelo menos alguém que entenderá esta linguagem. Como também se não houver, não tem importância nenhuma. Pelo menos o autor foi feliz nesse ato.
O único legado que o artista deixa é a sua sinceridade, somente nisto reside toda beleza da obra.


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O PINTOR PINTA O QUE QUER QUE OS OUTROS VEJAM

Definir a arte como algo indefinível, que reside toda magia, o poder que a pintura tem de transportar o espectador para mundos de sensações, emoções, ternura, ódio, tristeza, compaixão, dor, indignação, revolta, repulsa, harmonia, serenidade, beleza e amor.
Que poder é este que o artista é dotado de fazer com que, onde antes era um quadrado branco da tela, com sua criatividade e talento, criar todo esse mundo de fantasia, realidade e beleza.
Porem todas estas nuances da pintura corre o risco de se perder pela torrente de palavras, explicações, definições, que inibem a liberdade de interpretação que cada um faria. Isto seria induzir o espectador a aceitar uma interpretação (e até mesmo a qualidade) da qual discorda porque sua leitura segue em outra direção.
Definições circundam, “amarram” um conceito, limitando-o a determinadas premissas, por isso alguém já disse que tudo que é definível não é verdade, principalmente pela interpretação da condição abstrata do objeto.
A pintura é uma manifestação visual, cuja comunicação é surda e muda, porem envolvente, poderosa, enigmática, que comunica um infinito de emoções, impossível de ser descrito por palavras.
Como descrever os sentimentos como amor, ódio, paixão, ternura, etc. Impossível usar palavras para descrevê-los, então porque pretender explicar as emoções de uma pintura.
Como dissemos, a pintura é uma manifestação visual, as palavras pertencem a outro tipo de comunicação. Deixemos as palavras para a poesia, e a literatura, a pintura não precisa dela.
Como explicar o absurdo se tornando realidade no surrealismo de Magritte, Salvador Dali?
Como explicar a agressividade, o pânico, o medo nas pinturas expressionistas de pintores como James Ensor, Edvard Munch. Que palavras se poderia usar para descrever o gesto irreverente , agressivo, na abstração de W. de Kooning? O clima fúnebre e tétrico que Arnold Borklin transmite em sua obra “A Ilha dos Mortos”. A miséria, a fome, as desgraças, retratadas na crítica social da série “Retirantes” de Portinari. Como descrever a alegria, num festival de cores primárias, nos quadros de Matisse e de outros pintores fauves? E o clima metafísico nos quadros de De Chirico e Morandi? A agressividade nas deformações de Picasso. A solidão e melancolia americana em Edward Hopper. A ilusão de ótica em Vasarelli. As perspectivas absurdas que se tornam visualmente reais em M.C. Escher. A frieza geométrica, quase estéril de Mondrian. A sensação de vazio e infinito na minimal arte. O expressionismo chocante, quase imoral de Egon Schiele. Etc...
Que discurso poderia ser usado para explicar à sensação de ver a irreverência, a destruição do tema, a quebra de paradigmas, a maneira liberta e pessoal que Picasso inventou na pintura e que até hoje não foi totalmente assimilada.
Assim como não existem palavras para descrever o mundo lúdico, surreal, simples e ingênuo de Juan Miró; bem como a estética do informal que Paul Klee nos legou.
Nada do que existe na pintura poderia ser descrito e explicado por palavras, porque se trata de um envolvimento abstrato, infinito, de um mundo superior.
A pintura não precisa da palavra, ela já tem seu objeto próprio.


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A ARTE E A ESPIRITUALIDADE

No mundo de hoje, onde a globalização, internet, sociedade de consumo, essa corrida desenfreada para novas descobertas, o homem foi esquecido, juntamente com toda sua espiritualidade, seus valores morais e sociais. Diante dessa conjuntura perguntamos; - que tipo de comportamento o homem tem que adotar para sobrevier nesse mundo frio e desumano? Que tipo de arte seria adequada ao homem de hoje?
A missão da arte aparece bem clara, leva o homem ao melhor, ao mais nobre e puro, mas hoje isto é uma utopia. Porem compete a cada um de nós, dar, por menor que seja, uma contribuição para reverter este estado de coisa.
O homem não pode viver desvinculado de seus valores espirituais, e as artes representam o maior e melhor veiculo para conectar as condições abstratas da vida, que conduz a um mundo de meditação, de repensar seus valores, identificarem signos, reviver sua própria história através de seus valores, voltar a ser criança no nobre, no puro e no ingênuo.
Somente através de todas as artes que o homem viaja pelo mundo da imaginação, interage com o conteúdo, desenvolvendo sua evolução espiritual. E tudo é uma questão de exercício, e neste caso, diretamente proporcional, ou seja, quanto mais se dedica à arte, mais se evolui espiritualmente, a ponto de ter uma compreensão deste mundo mais tolerável e compreensiva.
Um bom livro, uma pintura, uma poesia, teatro, a dança, a musica, dão ao homem o alimento para sua alma, e é exatamente isso que falta no mundo de hoje, onde todos estão com a alma anêmica.

A arte sempre foi o elo entre o homem e o espiritual, desde a era primitiva ao moderno.
Igual aos povos primitivos, a igreja católica usou a arte pictórica para representar Deus (a imagem e semelhança do homem) como também para materializar visualmente toda sua liturgia.
Também a igreja católica, bem como os povos primitivos, se serviram da arte musical para se comunicar e evocar divindades.
Os gregos, no período clássico, recitavam poemas de Homero ao ar livre, evocando os heróis e os deuses (A Ilíada e a Odisséia), assim como também, através da poesia que Dante Aligeire fez um relato do céu, purgatório e inferno, em sua Divina Comédia, colocando o homem a repensar seus atos aqui na terra para uma compensação na vida eterna.
Portanto, não é possível quebrar esse elo, porque o mundo não teria sentido. Ninguém vive somente para comer, beber e dormir. Isto qualquer animal irracional faz, então o que é que nos distingue?
O pensamento, o discernimento, o sentimento, a alma, o consciente o subconsciente, ou seja, lá o nome que quiserem dar a condição espiritual e abstrata do individuo. E a arte é uma das alternativas que aprimora a espiritualidade, tornando-o mais sensível e mais humano.
O razão da vida sempre foi motivo do pensamento humano.
De onde viemos? O que somos? Para onde vamos? São questões fundamentais que sempre intrigaram o pensamento do homem, que recorreu à filosofia e a religião para apoio na descoberta destas questões abstratas da existência e que deveriam continuar como foco de pesquisa do Ser humano, porque são questões infinitas que levam a uma Condição Superior Maior associada à arte.
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A condição espiritual da vida e suas manifestações, sempre foram temas do pensamento desde o homem primitivo até os dias de hoje, e o interessante é notar que o veiculo dessas manifestações sempre foram às atividades artísticas.
O homem sempre recorreu às artes para sublimar o eterno, o superior, o abstrato, o divino.
A busca da vida eterna, a comunicação e semelhança de um Ser Superior, o pedido de auxilio de forças sobrenaturais, a ressurreição, a preparação da vida após a morte, são temas que sempre motivaram o pensamento humano, e o elo de comunicação dessas questões sempre foi à arte.
O homem primitivo, para evocar as divindades, praticava danças, cantos, e procuravam fixar a presença dos deuses desenhando-os nas cavernas.
A igreja católica que dominou o mundo por dois mil anos, também recorreu às artes para invocar a.
Deus, exaltar a espiritualidade, e propagar sua liturgia, e, de todas as religiões, foi a que mais recorreu à pintura para impressionar seus adeptos e a sugestioná-los a aceitar a sua doutrina.
Quem é que não fica empolgado diante do maior e mais antigo painel de propaganda do mundo, que é o teto da Capela Sistina, e psicologicamente muito bem colocado, porque fica bem no alto, para o qual o espectador tem que forçar o pescoço para admirá-lo, como se fosse o céu, como se fosse um cenário de um outro mundo, sem comentar a maneira sugestiva, quase hipnótica das representações das lendas, dos mitos e da persuasão da igreja católica. Diante daquele monumento visual, perfeito. Quem vai duvidar? Toda aquela representação, mesmo que seja falsa, enganosa, atinge nosso espírito, faz bem ao nosso Eu Superior, provoca um questionamento da existência de alguma coisa alem desta vida, nos faz pensar em alguma coisa alem do mundo material, assim, se faz bem ao nosso espírito, vamos aceita-lo para que continuemos desenvolvendo e aprimorando nossos valores abstratos.
A arte imita a vida, e às vezes não só imita como também é o seu veiculo para aprimorá-la.
Não existe distorção da realidade maior do que a pintura surrealista, e, no entanto nos sentimos fascinados por ela, e gostamos de ser enganados por aquele clima esotérico, cósmico, patético, irreal, e nos faz bem imaginar, mesmo que seja uma ficção visual, a existência de um mundo diferente do que vivemos, para o qual nos transportamos quando vemos Jeronimus Boch, Magritte e Salvador Dali.
O homem sempre teve uma grande atração pelo desconhecido, pelo mistério, pelo eterno, pelo infinito. A busca dessas questões que, consciente ou inconsciente, o artista coloca em suas obras e acabam estabelecendo um elo com o espectador, que se sente atraído por esse mundo enigmático que o pintor cria em suas obras.

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CADA PINTOR COM SEU VOCABULARIO PRÓPRIO


A vaidade, necessária ao artista em doses homeopáticas, mas que às vezes em overdose, embaça seu discernimento e o leva a uma apoteose mental, fazendo mediocridades como se fossem genialidades.
Esta falta de autocrítica o leva por vezes ao ridículo.
Os maus pintores, como não tem talento nem domínio das questões da arte, lançam mão de um recurso fácil para tentar mascarar seu trabalho com uma imagem de qualidade, que consiste em sobrecarregar de todos os elementos possíveis e disponíveis da pintura, na elaboração de sua composição, que no final, com uma clara intenção de mostrar virtuosismo, e que ele (o autor) é talentoso, e faz coisas que só os privilegiados sabem fazer, porem, no final, o resultado é lastimável. Uma sobrecarga de elementos satura a composição e desvirtua o resultado e a linguagem.
Ao contrario, o verdadeiro artista esconde as dificuldades, fazendo o difícil parecer fácil. A arte flui com uma serenidade que jamais se percebe o esforço para consegui-la.
Quantas vezes estamos diante de uma obra e identificamos questões complexas, porem apresentadas de maneira tão segura e simples que nos dá a sensação de conseguirmos realiza-las também. É essa genialidade do autor que coloca o espectador em seu nível, como dizendo: - somos iguais na essência e no conteúdo. Esse é o verdadeiro artista, que nunca pretende estar no pedestal dos deuses, mas sim junto e igual aos mortais, dialogando com eles através de sua arte.
Pouco importa também o aplauso e elogios que só iludem o ego dos falsos artistas.
O discurso da obra tem que ser enxuto, conciso, coerente, procurando dizer muito, com poucas palavras.
O verdadeiro artista (geralmente em sua maturidade) tira todo o supérfluo da obra, tira tudo sem que perca a identidade, porque a qualidade está realmente nesta depuração, onde só fica a essência necessária, porque não precisa nada mais do que isso.
Assim, como um gesto vale mais que mil palavras, uma pincelada vale mais que mil formas.
O verdadeiro artista não satura a obra com o que não for absolutamente necessários, e determinados detalhes que aparentemente acrescentariam algum valor, acabam prejudicando o resultado.
Daremos dois exemplos, um na área de fotografia e outro no cinema.
Os grandes fotógrafos sempre optaram por fotos de arte em branco e preto, desprezando o recurso da cor, que, alguém menos experiente a teria como uma grande aliada.
Como também no cinema, muitos diretores fazem à opção de filmar em branco e preto, porque sem a cor, atinge um melhor resultado. Como é o caso de Alfred Hitchcock em seu filme “Psicose”, que teve o clímax na cena do assassinato no chuveiro, com o sangue escorrendo pelo ralo, graças a ausência da cor, segundo depoimento do próprio diretor, que antes de realizar as filmagens realizou diversos testes de filmagens a cores e em preto e branco, concluindo que a ausência de cor acrescentava um imenso valor ao filme.
Todas as artes seguem o mesmo padrão de elaboração, porque todas representam linguagem, variando apenas o veiculo de comunicação. Como por exemplo, na música é o som; na pintura a forma/tom/cor; na literatura e poesia: palavras, etc.
O artista não deve deixar a obra pronta para ser “digerida” pelo espectador. Tem que deixar alguns mistérios tem que deixar alguns vestígios, alguns signos, tem que ficar algo para o espectador decifrar, resolver, imaginar, como se ele fosse o co-autor da obra, em cujo momento se sente gratificado em integrar o mundo mágico e fantástico desse novo mundo, estranho e desconhecido que está começando a identificar, em uma integração lenta e gratificante.
Esta é a verdadeira função de todo e qualquer autor em toda e qualquer arte, a de trazer o público para dentro de sua obra em uma autentica simbiose.





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O PINTOR CONSEGUE TRANSFORMAR EM ARTE SOMENTE UMA PEQUENA PARCELA DE SUAS INTENÇÕES


O artista é um individuo extremamente sensível, que adota determinados elementos para desenvolver uma linguagem para expressar essa sensibilidade, como por exemplo, o artista que tem vocação para a música, usa os sons para se expressar. Quem tem vocação para a poesia ou literatura, usa as palavras com meio de expressão. A pintura tem a forma, o tom e a cor como elemento de expressão. A escultura se caracteriza pela forma que ocupa no espaço, ou seja, pelo tri-dimensional. Enfim, cada expressão de arte tem seu veiculo próprio e característico.
É comum pessoas com grande poder sensitivo e afinidade para algum tipo de arte, mas, a inibição, ou conceitos errados de estética e beleza, impedem em começar a desenvolvê-la, assim, muitas vezes, inibe o surgimento de grandes talentos, porem não deixam de ser artistas em estado latente.
Todo individuo é bom em alguma coisa, precisa apenas descobrir o que é, de acordo com sua memória visual, ou auditiva.
Para que o individuo encontre sua identidade artística, primeiro tem que saber o que é arte e composição.
Mas, afinal, o que é Arte?
A definição de arte mudou e adaptou-se de acordo com seu tempo, tanto na teoria quanto sua prática.
Na década de l950 os livros escolares traziam teorias e conceitos que hoje são considerados superados. Por exemplo, aprendia-se que o átomo era a menor partícula da matéria, indivisível, mesmo que em l9l5, Albert Einstein, com sua Teoria da Relatividade provava que o átomo era divisível em sua constituição de neutros prótons e elétrons, que a partir dessa massa nuclear gerava a energia atômica. Porem levou mais de trinta ou quarenta anos para se corrigir nos livros esse fato que revolucionou o mundo. Nessa época não havia internet e a comunicação era muito lenta.

Fomos buscar esse exemplo para mostrar como os acontecimentos demoravam a serem disseminados, divulgados e assimilados, até o advento da internet.
Da mesma forma, até meados do século XX, os livros ensinavam que a arte era a reunião de elementos, mantendo entre si uma relação lógica e ordenada, como por exemplo, a música seria a reunião de sons mantendo entre si uma relação lógica e ordenada. A pintura uma reunião de cores, mantendo entre si uma relação lógica e ordenada. A escultura, formas; e assim por diante.
Porem, esse conceito caiu por terra após a Ruptura na Tradição que quebrou as regras e os paradigmas vigentes, bem como passou a se desenvolver uma nova visão, bem como uma nova postura nas artes , quando se percebeu que também na falta de relação lógica e ordenada de elementos, bem como no caos e na desordem, também existem padrões, estética, beleza, e outros fundamentos. Os primeiros a demonstrar uma nova visão e possibilidades das artes foram Igor Stravinsky, James Joyce, Picasso, Bella Bartock, entre outros.
O artista, muito embora não esteja ligado ou influenciado por regras ou definições, mas sua sensibilidade está “antenada” intuitivamente, com todas as possibilidades, nuances, alternativas e sutilezas que a arte oferece, que vão proporcionando mutações, correções de rumo, mudança do foco, que nem mesmo o próprio artista sabe o que tem nas mãos e o que é que vai resultar no final do trabalho, que será uma surpresa também para ele.
Com a tecnologia avançada de hoje, quando se tira uma espécie de radiografia dos quadros de muitos autores (Goya, Portinari, etc.) se vê nitidamente uma infinidade alterações e correções , não só na forma, como também no tom e na cor da obra, demonstrando correções de rumo da obra, mudança de atitude do autor quanto à obra, e outras evidencias mais.
Nem o próprio artista conhece seu potencial e sua força, como é o famoso caso de Michelangelo que se recusava a pintar o teto da Capela Sistina porque dizia que não era pintor mas sim escultor, que só o fez por imposição do Papa
O mais fantástico de tudo isso é que o verdadeiro artista não está preocupado com o que sabe, com o quanto sabe e o que acham do que ele sabe. O artista está unicamente preocupado em se expressar com os elementos que elegeu para sua linguagem.
Para o artista só o que importa é fazer, fazer, e fazer. O resto é resto.




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OS LIMITES E CADA UM

Cada individuo tem que estar atento a seus limites, aqui considerado como competência. Pretender extrapola-los aleatoriamente pode ser suicídio
A condição sócio-econiomico-cultural do individuo é que lhe confere o grau de preferências, tendências, aptidões, cultura, etc., bem como seu poder particular de avaliação e de reconhecimento de valores. Portanto a capacidade de discernimento é individual, e dificilmente está em perfeita sintonia com a dos outros, porque alem das condições externas que influenciam sua formação, entra também nesta “alquimia”, a condição genética de cada um.
Este individualismo é importante e fundamental na arte, que dá a possibilidade de que, cada um tenha a sua visão, interpretação e avaliação do conteúdo ideológico e técnico da obra .
Ver ,observar, analisar, interpretar, estando de acordo com seus próprios princípios, sem aceitar padrões determinados, principalmente por classes dominantes.
Não importa se a opinião de um individuo está contraria a grande maioria, porque para este individuo o que vale são os seus valores de acordo com sua bagagem sócio-econiomico-cultural, e para ele a grande maioria pode estar fora de sua sintonia.
É grande o numero de pessoas,que para estar de acordo com a grande maioria dominante, aceita determinadas questões, para não mostrar ignorância, mas, cujas questões nada têm a ver com sua bagagem cultural.
Entre os muitos e muitos exemplos que poderíamos dar, mostrando o choque de opiniões, quanto a critério de valores, vamos citar um ,fora do âmbito da pintura.
É o caso da Torre Eiffel , de Paris. Se dissermos hoje, que se trata de um monstrengo, de mau gosto e inútil, chocaria a opinião de muitos turistas que lá estiveram e tantos outros que pretendem conhece-la. Gustav Eiffel, engenheiro especializado em pontes estruturas de ferro, que participou também da construção do Canal do Suez e da estrutura da estatua da Liberdade, e pretendendo divulgar mundialmente sua técnica, conseguiu do governo da França a autorização para construir a torre por ocasião de uma feira internacional ,com a promessa de demoli-la depois. A construção foi realizada em l889 sob os mais veementes protestos do povo parisiense que não concordou com sua realização, e no começo do século XX havia uma forte pressão para derrubá-la, inclusive com a alegação de que era de péssimo gosto, inútil e prejudicava a silhueta da cidade. Em 1909 quase conseguiram desmonta-la, porem só foi mantida em pé por causa da antena que fica em seu topo de trezentos metros de altura, que já na época era muito útil como antena de radio.
Como se vê, gosto, atribuição de valores, qualidade, símbolos, etc. são variáveis, como também inexplicáveis. O que mudou daquela época para opinião atual? Nada. Para muitos, que estão de acordo com seus próprios valores e não se deixam influenciar por uma classe dominante, ela continua sendo inútil e de mau gosto, porem um forte esquema de marketing turístico transformou-a no símbolo de Paris,independente de seu valor ou qualidade.
Por essas variáveis é que nem mesmo o artista sabe o que possui e qual sua real capacidade de assimilação e transformação em arte, porque depende sempre de uma serie de fatores também mutáveis de acordo com os valores de cada momento.
O que foi feito ontem, hoje seria diferente, bem como o que se faz hoje amanhã também não seria da mesma maneira.







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A ARTE É UMA EXTENSÃO PSICOLÓGICA DO AUTOR
No ato da criação, o autor transfere para sua obra todas as suas características psicológicas, de maneira tão forte e evidente que ele não precisa assinar seu trabalho, porque a obra já é sua “assinatura”. A prova de que a maneira como um individuo usa a linha, a forma, o tom e a cor reflete seu perfil psicológico, sendo estes os elementos usados em testes psicológicos, para determinar tendência de passividade, agressividade, equilíbrio, coordenação motora, psicopatologias, etc.
No caso de um pintor, o objetivo não é a analise psicológica do autor, porém, essas características estão embutidas em seu trabalho, quer ele queira ou não, assim, a obra de arte é a materialização visual das características psicológicas de seu autor, tendo uma estreita relação com todas as nuances de sua vida, que provocam o estimulo criativo.
Estas evidencias são de vital importância na configuração da expertise, que se trata de um documento dado por um especialista (outras vezes pelos parentes próximos), que analisa todos os detalhes da obra com relação ao seu autor, considerando ainda o período e a fase da obra. Se as evidencias conferem e existe uma relação da obra com seu autor, é dada a expertise legitimando a autenticidade da obra. Como também, por esse mesmo caminho, quando as evidencias entre obra e autor não conferem , identifica-se uma obra falsa.
Alem das características da relação entre autor e obra, considerando a técnica, tom e cor exclusivos de cada autor, existe também o tema , que passa a ser uma marca evidente na produção do artista.
Como o tema se caracteriza como mero pretexto compositivos, para toda descarga emocional e descritiva de sua linguagem, cada autor se identifica com um determinado tema que passa a ser sua marca exclusiva e que acaba identificando a obra. Por exemplo, Giorgio Morandi criou uma atmosfera metafísica, pintando garrafas. Ele não precisou de nenhum tema grandiloquentes ou fantástico, as simples garrafinhas, vasos, pratos, era o pretexto que precisava para dar o seu recado.
Torres Garcia, Paul Klee , entre outros, são exemplos de que com símbolos , signos, muitas vezes desprezando as cores primarias e trabalhando quase que somente em monocromia, porem com linguagem e“caligrafia” inconfundível, criaram uma obra grandiosa influenciando gerações .
O conjunto dessas características e a maneira constante que um artista as repete em sua obra, acabam constituindo seu estilo, único e pessoal, que surge de maneira espontânea, sem que o autor force determinadas questões.
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PARA ACEITAR OU REJEITAR ALGUMA COISA DEVEMOS CONSULTAR O INTELECTO
A função do professor não é fazer o aluno gostar de nada, mas sim fazer com que ele entenda tudo que envolve a pintura. Com certeza, dentro do processo de aprendizado, o iniciante vai identificar-se com alguns segmentos da didática , e repudiar uns tantos outros. Mas, é importante que se conheçam os fundamentos de tudo , gostando ou não, para que, de posse desse conjunto de conhecimentos, formarem uma base sólida para julgar, discernir, avaliar , opinar e adotar uma posição segura em relação às questões da pintura. Para tanto, o julgamento deve ser imparcial, e se for o caso, deve-se admitir conteúdo independente do gosto.
È comum o iniciante em pintura, ao defrontar com questões que não são familiares, ao invés de parar para pensar, estudar os fundamentos daquela questão, preferem tomar a atitude mais cômoda que é a de repudiar tudo que não seja de fácil digestão mental. Tomando sempre essa atitude,o individuo não evolui, porque para se integrar ao mundo (da pintura), é preciso conhecer as partes que o compõe.
Respeita-se a fé , mas, é a dúvida que também instrui , por isso, antes de repudiar alguma coisa, deve-se dar o direito da dúvida, e somente depois de um conhecimento de causa, se adota essa conduta, que deve ser autentica e pessoal, sem influencias de classes dominantes.
O conhecimento não implica na aceitação e no “gostar” de tudo, porem, o gosto é diretamente proporcional à cultura do individuo.Dois exemplos para justificar nosso conceito são os balés e a opera, modalidades de arte que não são populares , para as quais há necessidade de um conhecimento histórico de suas peças para um perfeito entendimento da execução.
“Ulisses” de James Joyce, um verdadeiro marco da literatura, que todo mundo deveria ler nem que fosse como referencia, mas, quem o conhece admite que é um livro dificílimo de se ler e só com muita boa vontade chega-se ao seu final.
E assim, teria muitos exemplos para citar, porem estes bastam, apenas para mostrar que a posição pessoal, individual deve ser assumida sem pudor, sem medo de parecer ignorante ou inculto, porem com respeito e dignidade.
Existe uma grande inibição em não aceitar verdadeiros mitos eleitos por uma maioria esmagadora, e quem seriamos nós para ir contra essa avalanche, sob a qual seriamos esmagados. E com isso acaba havendo uma falsa identidade , violentando o próprio ego.
Assim, para admitir ou rechaçar alguma coisa , devemos consultar antes nosso espírito, e agir de acordo com nossa sensibilidade, nossa intuição, nossa cultura e nossa espiritualidade.
A compreensão não só aprimora a vida como nos conduz a uma tolerância.
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A ARTE É ESSENCIALMENTE CRIAÇÃO

A obra é o resultado da transposição das condições abstratas do artista ( sensação, percepção, emoção, sensibilidade, etc.)
As regras, os padrões e teorias,existem apenas para um inicio básico de estudo, passada a fase de aprendizado, tem-se que colocar alguma coisa a mais nesses padrões pré-estabelecidos.
Cada artista tem que criar algo novo na sua interpretação, contribuindo com algo a mais no modelo, transferindo toda sua condição abstrata. Não é seguir somente uma regra como se fosse receita de bolo.
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Regras despersonaliza o artista, tendo que trabalhar dentro de uma linha preestabelecida que lhe tolhe a criatividade, o resultado é uma arte tecnicamente correta, mas sem nenhum valor artístico. Afinal, o que é essa condição abstrata que o autor passa para a sua obra? Qual é essa condição abstrata que diferencia esse algo mais e que está acima do corretamente bem feito?
Esse algo mais é indefinível, é um algo a mais inclassificável.
Às vezes somos tomados de surpresa quando, olhando uma obra de arte, somos magnetizados, nos sentimos preso a ela por uma força e um interesse que não se sabe o porquê desta atração. É algo realmente indefinível. Por isso que erroneamente muitos procuram explicação e definição para o que é necessário somente emoção e sentimento.
Na busca de comunicação, o artista procura criar uma linguagem para todos os órgãos sensoriais, para atingir a memória visual, auditiva, olfato, tato, gustativa (já houve quem fizesse “obras” de doces para que os visitantes as comessem). Citamos a questão dos órgãos sensoriais apenas para lembrar que os artistas contemporâneos pretendem impressionar todas as sensibilidades do individuo na busca de conceitos, linguagem, comunicação e emoções.
Como conseqüência das pesquisas, na tentativa de atingir toda gama de representação sensitiva e comunicativa, estima-se que na produção de muitos artistas de qualquer gênero, 50% das obras são de qualidade boa a excelente, e os outros 50% é de qualidade razoável para ruim .
Porque a diferença entre as obras de um mesmo artista? Porque cada “obra”representa um determinado momento de um pintor, e ele não está permanentemente ligado em estado de graça plena, como também não tem a formula mágica de só fazer obras primas.

Uma obra de arte tem que ser vista sem preconceito, para que se encontre o elo que une a obra ao espectador, e para que ela cumpra sua função que é, exatamente a de comunicar, e quando a obra não comunica nada ao espectador, é porque este elo está perdido.
A verdadeira arte não pode estar subordinada a regras, convenções, ela tem que vir de dentro para fora, rompendo com tudo que estiver em seu caminho.Ela tem que ser uma realização espontânea, autentica, onde o resultado vai ser uma expressão justa e perfeita do autor. Por isso que a arte é fascinante e infinita. O difícil é romper as formalidades da vida transpostas para a arte.
Existe o impulso criativo que impele o artista a iniciar, daí para frente, nem o próprio artista sabe o que vai acontecer, ou o que é que ele vai fazer , porque cada impulso o remete a uma nova sensação que provoca uma nova reação e assim sucessivamente, em uma seqüência de circunstancias que envolve o artista em um êxtase criativo.
Assim vão se sucedendo nuances, formas, efeitos, que absolutamente não estavam previstos.
Picasso disse que Deus foi tão eclético em sua criação criando de tudo, criou o elefante, a borboleta, a rosa, o peixe, a maçã, o homem, a arvore, e tudo o mais sem seguir nenhuma regra, como ele que quando começa a pintar, inicia por uma flor, que vira uma galinha, que vira uma mulher, até chegar a um ponto que nem ele sabe onde.
O artista nunca deverá ficar preso a uma lógica pré-determinada. Tudo vai acontecendo. Tanto mais porque um quadro nunca está terminado.
Um quadro acabado é um quadro morto. Esta afirmação choca o iniciante. Como é que um quadro não esta´ acabado? Sim, exatamente isso. Chega um momento em que o pintor não tem mais recursos, naquele momento, para acrescentar ao quadro, então ele dá por encerrada a execução, mas isto não quer dizer que o quadro está terminado. Acabaram-se os recursos do pintor, mas não da obra. Pintor e obra que estiverem realizados, estarão acabados, mortos.
É comum um pintor pegar um quadro antigo e repinta-lo todo. Porque não o fez na época? Porque na época aquela era a sua verdade, bem como suas condições criativas, que com o tempo, pratica e experiência, evolui a ponto de retomar tudo novamente e acrescentar valores a obra.

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TEMA É PURAMENTE UM PRETEXTO PARA A PINTURA

O observador atento notara que ao longo da historia da pintura, os pintores,(quando não trabalhavam sobre a ilustração de temas , como por exemplo, temas bíblicos, mitos e lendas, batalhas, etc.), escolhiam quase sempre o mesmo tema : nus, retratos, natureza morta, e paisagens.
Porque até hoje os pintores figurativos, ou mesmo para estudo, recorrem a esses mesmos temas ?
Simplesmente porque não é tudo que se vê que se presta , em sua plenitude, como tema pictórico, e o pintor não vai se dispor a ousadias temáticas, que não levariam a nada, a não ser ao ridículo.
Porque o pintor pintaria sua avó saltando de pára-quedas montada em uma bicicleta? Para ser diferente? Para mostrar alguma coisa exótica? Para chamar atenção pelo tema? Nada disso tem importância, com raras exceções.( É bom lembrar que não estamos falando da pintura surrealista.) Para que se propor a situações complicadas, se o tema, na verdade, é um mero pretexto para transposição de toda potencialidade dos recursos da pintura.
O objetivo do artista sempre foi depurar, decantar, simplificar ao máximo, dizer muito com pouco, e esconder as dificuldades.
Somente os maus pintores, pretensiosos e exibicionistas, se dispõem a “malabarismos” para impressionar aos outros, e acabam caindo no ridículo , mostrando suas deficiências e franquezas.
O difícil é pegar o simples e fazer dele algo eloqüente e grandioso.
Por isso o verdadeiro artista sabe escolher temas simples e que se adaptem aos conceitos técnicos e teóricos da pintura, porque,o que tem que aparecer com veemência são exatamente estes elementos, com simplicidade porem, com maestria , segurança e criatividade.
É muito mais seguro, e com maior possibilidade de usar todos os recursos da pintura com criatividade em uma simples garrafa como tema, do que pintar a avó saltando de pára-quedas montada em uma bicicleta.
É muito valiosa essa advertência de que não se deve olhar tudo como se fosse um bom tema para a pintura.
Um poético por do Sol, uma bela flor com uma gota de orvalho, ou um rosto bonito, não devem ser vistos como um bom tema para pintura porque já foram feitos pela natureza e o pintor não deve competir com ela. Quem quiser fixar esses momentos da natureza, que tire uma foto. A tarefa de executar temas como esses, é apenas uma pretensão de demonstração de habilidade, ao passo que o maior desafio do pintor e demonstrar criatividade.
Criar algo novo, algo que não existe, ou então pegar alguma coisa extremamente simples e criar em cima uma interpretação tão eloqüente e monumental jamais imaginada em tal tema. Exatamente como fez Van Gogh na série de quadros que pintou, cujo tema era sapatos velhos, sem citar tantos outros exemplos dos verdadeiros gênios da pintura que transformaram temas insignificantes em verdadeiros monumentos da arte.

Outro aspecto que deve ser lembrado, quanto à seleção de tema na pintura, se refere à relação tema-estilo.
Todo estilo ou movimento de arte que surgiu foi em virtude de contestar o que existia e trazer novas questões. Para isso,os pintores inteligentemente, iam buscar temas que de adaptassem as novas questões propostas.
Por exemplo,os impressionistas, quando pretenderam mostrar a luminosidade natural (luz do Sol) e o instantâneo da cena, tiraram o cavalete do atelier e foram ao campo, praças e ruas, portanto somente os temas que encontravam nesses lugares interessavam a eles para demonstrar as novas propostas da pintura.
Quando os pintores fauves deram uma nova interpretação para a cor dos objetos, com temas que pareciam extrapolar a tela, em cores primárias,não foram buscar qualquer tema para pintar.Inseriram em suas composições, de maneira acintosa, tapeçarias, temas de papel de parede, toalhas de mesa estampadas, que serviam perfeitamente de veiculo para um exagero formal e alegria das composições.
Outro exemplo bem característico de que os pintores não pintavam tudo que viam, é o exemplo do cubismo, em cujo conceito de arte o autor pinta o que sabe daquilo que vê, não se trata de uma simples interpretação visual do tema, mas mostrá-lo em toda sua formação, todos os seus lados, bem como todos seus componentes, sem regra e sem lógica visual. Como se destruísse o tema para reconstruí-lo na tela com seus fragmentos. Para isso escolheram pouquíssimos temas para executar esses conceitos, e somente o que conheciam bem.
Assim está demonstrado, que o verdadeiro artista tem a intuição de escolher o tema certo para o conceito de arte que pretende apresentar e comunicar seus propósitos.

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ANTES DE TUDO O PINTOR DEVE SABER POR QUE E PARA QUE FAZ PINTURA


O pintor tem que ter uma personalidade muito forte, muito marcante, aliada a sua sensibilidade, para não se deixar envolver ou influenciar pelo que os outros pintores fizeram.
Não estamos nem falando de plágio, mas sim em propostas resolvidas e desenvolvidas por outros artistas e que, às vezes sente-se uma grande vontade em imitá-las
Toda criatividade e força que os outros artistas tenham, não nos interessam, porque a arte não é uma competição olímpica, onde vence o melhor ou quem chegar primeiro.
Seria o mesmo que querer estabelecer uma comparação ou mesmo uma competição com a caligrafia de cada um. A caligrafia é um meio de comunicação através da linguagem escrita, como a arte é um meio de comunicação por meio de elementos visuais. Uma caligrafia feia, não impede alguém de entender a mensagem. Imaginem um banco, recusando o pagamento de um cheque, porque a letra do emitente é feia!
Na pintura acontece à mesma coisa, não é questão de fazer bonito ou feio; melhor ou pior do que os outros, “o que importa é o quanto temos de saldo no banco para emitir o cheque, porque a letra com que foi escrito não interessa”. São esses exemplos de “porta de botequim”, que calam na cabeça do iniciante, tornando a compreensão mais assimilável. Assim, trocando em miúdos, o que importa é o que se tem de bagagem criativa e comunicativa, lá no fundo do íntimo, para transformá-la em obra de arte, ignorando tudo que os outros fizeram.
O trabalho do artista, em qualquer modalidade de arte, é solitário, para que nada interfira na busca de seu Eu Superior. Por isso o trabalho de criação nunca é coletivo, salvo algumas raras exceções ou experiência didática.
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O PINTOR COMO UMA FABRICA DE QUADROS

A atual sociedade de consumo incluiu entre seus itens a pintura, considerada, hoje, como um complemento de decoração da casa, sendo “consumida” junto com a beleza e harmonia do espaço habitacional assim, dentro deste critério, passa a ser um produto descartável como todos os objetos e utensílios da casa.
Não que isto seja errado, mas é muito pouco esperar somente isso da arte e reduzi-la a esta mesquinharia.
Para que haja essa rotatividade de consumo, primeiro tem que ser um produto barato, feito por “mão de obra” barata, sem valores específicos, criatividade ou técnica. Esse artesão, como não tem uma cultura desenvolvida ou embasada nos verdadeiros conceitos de arte, recorrem às velhas escolas de pintura, ou determinados maneirismos, que é a maneira mais fácil de desenvolver uma produção em massa. Portanto, o que se vê é um produto barato e de baixíssima qualidade, pulverizado e assimilado pela sociedade de consumo, que também não tem cultura nem discernimento especializado.
Este é o circulo vicioso que se vê atualmente.Facilitado ainda mais pela quantidade de novos artistas formados pelas muitas escolas de arte espalhadas por aí, e a maioria delas de nível muito precário.
Os novos artistas, por falta de personalidade e de maturidade, vão pintar o que o público quer ou o que está na moda, e o público por sua vez quer pagar barato por um produto que será descartado a qualquer momento, ou então na troca da decoração. Como esse público, também , geralmente não tem cultura artística suficiente para elevar a qualidade de sua escolha, vão estimulando esse tipo de produção.
É lamentável que a sociedade de consumo trate a arte como um produto banal e descartável, não dando oportunidade e reconhecendo os valores individuais dos verdadeiros artistas, desvinculados dos padrões determinados pelas classes dominantes.
Estas são as barreiras que o artista tem que vencer, e para isso tem que ter uma personalidade muito forte, a qual determina seguir seu caminho,com a força que o impele ,que vem de dentro de seu íntimo para fora, como também não se deixar impressionar por toda a tradição da pintura, que esta parte do passado já esta nos museus,que é o lugar que deve ficar e não sair, porque hoje o mundo é outro, as propostas são outras, e o artista deve se soltar em busca da aventura de novos caminhos descobrindo uma maneira nova de fazer as coisas velhas, registrando a contemporaneidade.
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O IMPULSO CRIATIVO
O impulso criativo surge de toda e qualquer forma na cabeça do artista. Não segue um padrão de comportamento como se existisse uma receita para a criatividade.
Muitas vezes ele surge de dentro do artista para fora, ou seja , sua mente entra em uma espécie de erupção que começa a despejar arte de maneira incontrolável, como um vulcão.Outras vezes o impulso criativo surge de uma observação despreocupada, de um olhar “vadio” sobre um objeto, sobre uma cena, a vontade de pintar azul, ou outra cor. Outras vezes o impulso surge da vontade de acrescentar um novo efeito, ou elementos ou mesmo suprimir os que já existem, ou uma nova técnica na continuidade de uma linguagem em andamento para se conseguir um desenvolvimento mais conciso , porem mais eloqüente. Outras vezes o impulso criativo surge apenas da vontade de pintar, pintar o que se vê, o que se viu, o que se imagina, o que se pensa, e às vezes tudo isso junto.
Porem, sempre de acordo com a condição racional ou gestual do autor.

O homem não é uma ilha, não vive isolado. Mesmo que assuma um ostracismo exacerbado, tem que interagir com o mundo e usufruir as benesses contemporâneas, como por exemplo, quem gostaria de desprezar um computador, um automóvel para sua locomoção, ver TV nem que seja ao menos o noticiário, quem não faz sua manutenção alimentar através de um supermercado, andar com um telefone celular para estar em contato com o mundo se for preciso, isto só para citar alguns exemplos para ilustrar nosso pensamento, portanto são situações da vida moderna que coloca o individuo, quer queira ou não, na roda viva da contemporaneidade. É impossível ficar isolado de tudo isso hoje em dia, considerando um individuo atualizado com seu tempo.
Ninguém liga a TV para ver anuncio, liga para ver algum programa, e no entanto nos impõe uma enxurrada de propaganda de produtos,em um verdadeiro apelo e desafio da sociedade de consumo.
Portanto, como é que alguém pode se isolar dessas circunstancias do mundo contemporâneo e não sucumbir a elas. Então o jeito é adotar aquele velho conselho : se o limão é azedo, vamos tirar o seu suco e fazer uma limonada.
Se tivermos que fazer parte dessa conjuntura, vamos reverte-la em algum beneficio, ao menos através da arte, produzir mensagens que comuniquem um conteúdo em falta na sociedade.
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A obra deve vir completamente pronta na mente de artista, não é produto de esforço ou habilidade.
A pintura não é uma atividade burocrática, com padrões de horário,tempo de serviço e produção. É uma atividade desenvolvida pelo intelecto, que precisa ser estimulado a criar, portanto o pintor não é uma máquina em que se aperta um botão e começa a produzir.
Isto acontece com pintores que não estão a serviço da arte mas sim de um comercio que enfraquece a qualidade artística, porque essa produção passa a ser tecnicamente correta,porque o pintor sabe pintar, porem, sem as qualidades que distinguem a verdadeira obra.
A inspiração, necessária para que o artista coloque esse algo mais,inexplicável, em suas obras, não está à disposição a todo e qualquer momento. Forçar esta situação, pressionado pelo mercado de arte e pela classe dominante, faz com que caia a qualidade artística transformando um bom pintor em um mau pintor.
A pintura tem 95% de idealização, mentalização, projeção mental, período esse em que o pintor fica tempo indeterminado, dias e dias, elucubrando sobre o próximo projeto. Este período de mentalização é o mais importante porque a obra já fica pronta em todos os seus detalhes de composição formal, tonal, cromático, na cabeça do artista,que já sabe previamente quais as zonas de contrastes, as seleções de cores, qual cor vai predominar, qual a técnica que será adotada e se for o caso, como é comum acontecer, faz-se um estudo prévio, em pequenas dimensões, da composição. No momento em que estiver pronto o projeto mental, então se inicia a obra cujo tempo de execução é rápido porque ela já vem pronta, é só uma questão técnica de executá-la, e este domínio técnico o artista tem de sobra. Por isso que, se perguntar à idade de uma mulher e quanto tempo um pintor leva para pintar um quadro,com certeza vai levar uma mentira como resposta. Porque o pintor que pinta para o mercado tem que valorizar seu trabalho dizendo que leva dias, meses na elaboração de um quadro, para acrescentar valor à obra , justificar o preço e o comprador sair satisfeito.
O verdadeiro artista só pinta quando realmente tem alguma coisa a “dizer”, e espera o momento certo para isso, para que seja uma demonstração espontânea de transferência de energia , de comunicação , com prazer nessa missão privilegiada que assumiu.
A arte tem que ter liberdade de ação e pensamento.
Toda atividade que tenha como conteúdo o sentimento, emoção, e toda condição abstrata do individuo, não pode ser praticada com reservas, policiando sua consciência em atitudes comedidas e premeditadas. Este comportamento leva a um resultado frio, sem vida, próprio de atividades burocráticas, monótonas e repetitivas.
Seria o mesmo que frear nossos sentimentos,nossa carga de amor, carinho, emoção que temos, pois quando isso acontece, nos sentimos vazios, sem vida, verdadeiros marionetes no palco da vida.
Toda carga emocional e sentimental deve explodir como um vulcão em erupção de energia de amor, de vibração e de cumplicidade com o mundo, porque fazemos parte importante dele, temos que interagir com intensidade total e sem reservas.
A vida nos oferece momentos próprios para sermos racionais e emocionais, assim, em cada momento adequado, vamos extrapolar nossas potencialidades sem reservas.
.O artista em seu momento de criação , não tem censura, limites , não há pudores, nem ética e nem lógica, em pensamentos, palavras e obras que nem a vã filosofia poderia explicar, e que até Deus se surpreende.
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Por pobre e incorreta que seja a obra, se tiver personalidade, interesará.
Um vício terrível adotado por muitos iniciantes é pintar copiando reproduções de quadros de outros pintores. Uma pesquisa ou outra, seguindo os passos de outro pintor, ainda passa, mas adotar essa conduta em toda sua produção é assumir somente o domínio da habilidade, que para os padrões atuais não significa nada, não passam de uns catchporra, malandrin, que de pintor não tem nada.
Não importa o grau de talento, criatividade, maturidade artística, o que importa e a espontaneidade que cada um transmite em seu trabalho. Só o gesto, o instantâneo pessoal já é suficiente para agregar um imenso valor à obra.
É o caso da caligrafia, comentado em capítulos anteriores, onde não importa a beleza da escrita mas sim a mensagem que ela traz.

Em qualquer trabalho prevalecerá à identidade do autor, com sua interpretação pessoal e sua maneira diferente de ver velhos modelos. Talvez uma pequena deformação para reforçar a expressão, talvez certo exagero nos contrastes de tons claros e escuros.Talvez a descentralização do tema dando um novo visual na composição, forçando a leitor a imaginar o resto, como a coca-cola faz atualmente em seus anúncios, mostrando metade das palavras ou somente uma parte do rosto do modelo. Como se vê, é só aprender a observar e ter memória fotográfica, que fica fácil estabelecer novos padrões de comportamento na pintura. É só aprender a saber interpretar a intuição, soltar seus instintos, dar azas a imaginação, e criar, sem nenhum medo de censura, crítica, e qual a surpresa à colher aplausos pelas ousadias que nem os mais próximos reconheceriam essa faceta que sempre esteve oculta,sufocada, sem oportunidade de vir à tona.
Qual o problema dos primeiros exercícios serem de péssima qualidade? Ótimo, será mais fácil a correção de rumo, e quanto mais cedo os erros e as dúvidas surgirem , também mais cedo obterá melhores resultados e compreensão.
No final, por pobre que seja ou incorreta, serão encontrados elementos diferenciados mostrando ousadias, personalidade, tentativas de sair lugar comum da pintura, prendendo a atenção do espectador para uma leitura diferenciada de sua obra, que irá decifrar os mistérios e as intenções ocultas do quadro. Sim porque o quadro é um campo de representações onde o espectador irá habitar, nem que seja por alguns segundos, e a capacidade do pintor está justamente nesse momento,em que o espectador entra pela porta desse mundo mágico , fantástico e trancar essa porta, prendendo-o para sempre , como um prisioneiro cativo desse Universo onírico, criado através da pintura e seu autor.
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O VERDADEIRO ARTISTA NÃO É ESCRAVO DE NENHUMA ESCOLA, PINTA PELO PRAZER DE VER ELE MESMO EM SUA OBRA

Vamos tentar formar um exemplo de retórica para mostrar ao iniciante o significado desta premissa.
Cada artista é uma espécie de molde ou fôrma em que se coloca um material e sai uma obra de arte. Portanto, arte e artista são imagem e semelhança um do outro. Assim, pretender encaixar outro tipo de arte nesse molde , não se encaixa, não combina e se forçar vai danificar os dois.
Cada um é o que faz, e a recíproca é verdadeira, cada um faz o que é. E não adianta querer assumir outra identidade, porque o resultado será desastroso.
O ponto mais importante que o iniciante deve entender, e assumir, são suas verdadeiras tendências artísticas. É uma total perda de tempo contrariar este ponto mais importante da relação arte/artista.
Este é o “tendão de Aquiles” que todo iniciante tem dificuldade de identificar e assumir .
Todo este conceito identifica a questão do limite de cada um, por mais genial que seja.
Van Gogh, Kandinsky, Paul Klee, Matisse, Monet, Miro, e uma lista infindável de gênios da pintura jamais conseguiriam pintar uma Mona Lisa tal qual Leonardo pintou, e se aceita isso com a maior naturalidade. Incompetência? Nunca, jamais porque são pintores com criatividade e não de habilidade. O estilo e maneirismo de uma pintura do tipo da Mona Lisa estariam fora do limite de muitos pintores, entrando nesta conciliação questões de racionalidade, gestualidade, personalidade, heranças genética, social, perfil psicológico , etc., ou seja, cada individuo ou artista tem o seu limite onde cabe sua genialidade.
Por isso nenhum artista pode ser escravo de nenhuma escola, ou estilo de pintura que não seja aquele imposto pelo seu próprio temperamento e vocação, porque esta é a única maneira de haver uma identidade da arte com seu autor. Seu gesto, sua maneira de ser, sua espontaneidade, sua seleção de cores, a maneira como dispõe dos volumes de tons e de cor, etc., vão impregnar a obra com a imagem de seu autor, assim a obra vai se encaixar exatamente no molde que é seu criador.
E o artista é um vaidoso e gosta de ver estampado seus valores psicológicos, seus dotes artísticos e espirituais em sua obra, que a combinação desses elementos contem a carga de informação e de emoção de seu próprio íntimo.
Muito embora o resultado às vezes surpreenda até mesmo seu autor, que desconhece suas potencialidades tanto positivas como negativas, e quando elas surgem na obra, vai identificando e revelando aquelas facetas desconhecidas que todos nós temos. Por isso a arte, também como terapia, aprimora, harmoniza e equilibra a vida de quem a pratica.
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AS COISAS NÃO SÃO COMO AS VEMOS MAS SIM COMO AS INTERPRETAMOS

O pintor, por intuição e criatividade, percebeu que existem muitas maneiras de se olhar o objeto e que cada maneira traz uma imagem carregada da energia ou carga abstrata que o objeto contem.
Por exemplo, uma flor pode nos dar uma sensação de paz, harmonia, beleza, como também pode trazer uma imagem fúnebre, pesada, nos transmitindo dor e pesar, se essa flor nos lembrar que ela decorava o caixão, cujo defunto era uma pessoa querida. Como se vê , uma imagem tem uma condição abstrata, que os psicólogos codificam de outra maneira, potencializada na mente de cada um que a transforma em circunstancias diversas.
O Reflexo de Pavlov, por exemplo, nos demonstra como uma imagem , por mais simples que seja, pode transmitir sensações, emoções, desejo, enfim, condições mais diversas, desde que associadas a determinadas circunstancias. Pavlov, cientista russo, fez uma experiência em que consistia alimentar um cão sempre tocando uma campainha. Ao final de algum tempo,Pavlov tocava a campainha e não alimentava o cão, que passava a salivar e a sentir desejo de comida. Portanto o cão condicionou a campainha à comida. Nós também temos reflexos condicionados, às vezes consciente e outras vezes inconsciente.
Certa vez veio em meu atelier um colecionador, olhando os quadros,escolheu um vaso com flores brancas e miolo amarelo, um bom quadro. Continuou olhando os quadros e lá pelas tantas, voltou-se ao quadro escolhido dizendo que tinha pensado bem e não ia ficar com aquele quadro porque aquelas flores brancas com miolo amarelo lembravam ovo frito , que lhe fazia muito mal para o fígado, e sempre que olhasse o quadro ia se lembrar desse mal estar.Então escolheu outro.
Vejam uma imagem, quantas reações podem causar, e de quantas maneiras pode ser vista ou sentida.
Por isto temos que aprender a olhar as coisas, temos que educar nossa visão, assim como a sensação e percepção formal do mundo visível , e captar a condição abstrata do objeto, entender essas reações mesmo sem saber a causa, acrescentando-lhe algo mais do que uma simples forma tri-dimensional. Por isso cada um tem que olhar o mundo visível com seus próprios olhos e interpretar de acordo com sua bagagem de valores morais, intelectuais, culturais e sentimentais, incluindo os traumas psicológicos; cujos fatores são absolutamente variáveis de individuo para individuo, comprovando a necessidade da individualidade na criação da arte, rechaçando todo tipo de interferência.
Os pintores sempre pensaram na “alma secreta” dos objetos.O pintor italiano Carlo Carrá escreveu : “...são as coisas comuns que nos revelam as formas simples através das quais podemos alcançar esta condição mais elevada e significativa do ser, onde se encontra todo esplendor da arte,”
Paul Klee disse : “ o objeto expande-se além dos limites de sua aparência pelo conhecimento que temos de que ele significa mais do que o que vemos exteriormente com nossos olhos”.
“ Declarações desse tipo lembram o velho conceito alquimista do “espírito da matéria”, que se considerava como sendo o espírito que se encontra dentro e por detrás dos objetos inanimados, como o metal ou a pedra.” – extraído do livro “O Homem e Seus Símbolos” de Carl G. Jung.
Giorgio de Chirico, pintor italiano, de temperamento místico,escreveu: - “todo objeto tem dois aspectos : o aspecto comum, que é o que vemos em geral e que os outros também vêem, e o aspecto fantasmagórico e metafísico que só uns raros indivíduos vêem nos seus momentos de clarividência e meditação metafísica. Uma obra de arte deve exprimir algo que não apareça na sua forma visível.”


Existe outra interpretação (mais técnica) do mundo visível, adotada pelos artistas, após o advento da Ruptura na Tradição, adotada principalmente pelo movimento cubista , em que o pintor não pintava o que via, porem, pintava o que sabia daquilo que ele via. Parece jogo de palavras, mas não é.
A atitude do pintor passou a ser mais criativa e individual, por exemplo a partir daí ignorou-se toda lógica, toda regra bem como a perspectiva linear, onde então se pega o objeto, examina-o atentamente, vê como é feito,do que é feito, como é suas partes, seu interior, sua função, depois o imagina.A partir desse conhecimento, o pintor vai recriá-lo da maneira que sabe daquele objeto, suas partes fragmentadas, isoladas ou compostas, não importa; como se destruísse o objeto e o reconstituísse em partes , em uma composição.
Por exemplo, quando se olha um relógio não está se vendo todo o relógio, mas somente o mostrador do relógio, porque o relógio compreende o mostrador, os lados, atrás, em cima, todas as peças internas, enfim, o relógio é tudo que o compõe. São estas partes que o artista contemporâneo sabe que existe no relógio e às vezes não são visíveis, que serão configuradas na arte atual. Como se jogássemos todas as peças de um relógio desmontado e que todos sabem que se refere a um relógio. É esta a visão contemporânea do objeto. Isto é que se refere pintar o que se sabe daquilo que se vê, ainda mais, da maneira que sabe, como quiser, sem lógica, sem preocupação com a realidade, tendo a liberdade até de deformar o objeto.
Aí o leitor desavisado poderá dizer, que, por aí, a pintura virou bagunça.Engano, porque com toda esta liberdade parece que ficou fácil fazer pintura e que desta maneira qualquer um pintaria. Com o que o iniciante não conta é com a nova maneira de ver o objeto que não mais tem a aparência real mas sim uma nova imagem criada pelos novos conceitos de arte no qual o objeto não tem nenhuma importância porque o valor passou a ser toda a composição, e a preocupação passou a ser com a estética, equilíbrio,composição formal, tonal , cromática, principalmente com criatividade e comunicação, com estilo pessoal e conteúdo Universal. Virou bagunça ?
A partir daí o pintor têm que dominar todas essas questões, com muita, mas, muita criatividade e qualidade, porque o resultado é alguma coisa que passa a existir porque o autor a criou.
Por isso o pintor tem que aprender olhar o mundo visível, e cada vez como se fosse à primeira, e recria-lo de acordo com sua ótica , sua interpretação, sua sensibilidade e sua intuição.

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NA ARTE, MAIS VALE PRATICAR A ANARQUIA DO QUE A DISCIPLINA DAS ESCOLAS
Esta afirmação pode parecer estranha e dar a impressão de que a classe dos pintores é formada por autênticos vândalos.Mas, esta certíssimo.Se os artistas não tivessem praticado a anarquia, quebrado as regras e rompessem com tradições a arte teria estagnado sei lá há quantos mil anos atrás. É a dúvida, a ousadia, a pesquisa que instrui.
Para muitos , um dos maiores movimentos de arte que surgiu, foi um movimento de arte contra a própria arte, por mais paradoxo que possa parecer. Foi o Dadaísmo. Foi uma das maiores ousadias acontecida em toda a trajetória da arte. O dadaísmo foi contra toda tradição da pintura, principalmente contra os mitos dos museus. Pregavam seus mentores, através de sua principal figura, que foi Marcel Duchamp, que toda arte do passado era válida, mas não era para ficar sendo endeusada e consumida , interferindo até o presente. Que ficassem guardadas nos museus , de onde não deveriam sair. Em cima desse conceito, Marcel Duchamp pegou uma reprodução de Mona Lisa e acrescentou bigodes. Foi uma atitude bombástica, que poucos entenderam e levaram para a gozação. Esse gesto continha toda intenção do movimento, pois Marcel Duchamp tinha sido cartunista em sua juventude e era um sátiro, gozador, irreverente declarado. O dadaísmo era também contra a produção de arte para consumo,como também com toda essa pompa e circunstancia que envolve a arte , livre dessa aura de intelectualidade, como também da pintura nos moldes tradicionais. Rompeu com o suporte, acrescentando sucata e material descartável nos trabalhos, e Duchamp foi o primeiro a utilizar objetos industrializados e sem acrescentar absolutamente nada, apresenta-los como obra de arte, como fez com um suporte de garrafas, uma roda de bicicleta e um vaso sanitário (mictório). Assim Duchamp inventou o que ficou conhecido como Ready-made (já pronto). Imagina-se a anarquia que o dadaísmo provocou na década de 1920, virando tudo de cabeça pro ar, para os padrões da época.Porem, vejamos o absurdo, contraditório, Duchamp que pregava que obra de arte não era mercadoria para ser vendida, negando textualmente o mercado de arte, vendeu mais de 40 mictório para museus e galerias. Era realmente um gozador.Enfim, estamos apenas relatando a historia.
Esse foi o perigo, porque muitos aventureiros com espaço na mídia e protegidos pela classe dominante, sem entender nada do conteúdo ideológico desse movimento, começaram a produzir um “besteirol” que continua até hoje. Nestes exemplos de ousadias e quebra de paradigmas, citamos ainda, muito antes, Matisse que alterou a cor do objeto. Picasso que destruiu o objeto, e Kandinsky que eliminou o objeto
A arte nunca deve estar ancorada em águas mansas e parada, mas, sempre navegar ousadamente nas procelas da criatividade.

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O ARTISTA CRIATIVO E COMPETENTE, É MULTIPLO, INOVADOR , INCONSTANTE

Influencias externa inibem a versatilidade do pintor.
O mais comum, é o público doméstico (representado pelo pai, mãe, irmãos, cunhada, sogro, sogra, vizinho, namorado, etc.), por falta de cultura especializada , só sabe apreciar o trabalho realista, ilustrativo, habilidoso, e exige impiedosamente a execução de trabalhos desse tipo ,do iniciante em pintura. Ainda mais, se freqüentar uma escola de alto gabarito, a cobrança é muito maior, e os desafios se sucedem, colocando como objetivo,obras iguais as de Michelangelo, Leonardo da Vinci, e outros gênios. Sem contar às encomendas da família toda, onde um pede para pintar um lindo por do Sol para pendurar na sala, outro pede um quadro de hortênsias, outro quer uma natureza morta, outro quer um quadro de rosas com gotas de orvalho, a outra pede uma marinha para o apartamento de praia, e assim por diante.
Quando os iniciantes chegam em casa com os exercícios de arte contemporânea, feitos na escola, geralmente tem a seguinte receptividade :- “É isto que você está aprendendo a fazer? Estão te enganando! Pra fazer isso não precisa pagar tão caro, eu mesmo te ensino.” . E por aí se sucedem os insultos, as provocações, as incompreensões, as cobranças, inibindo o aprendizado e a criatividade do iniciante que tem que ser muito forte para não sucumbir a esta pressão, daqueles que vê a arte apenas como produto de habilidade de captar com perfeição o mundo visível, como faziam os pintores clássicos e acadêmicos.
Habilidade não é a principal qualidade de um artista, a não ser para os obtusos, e para estes, seria perda de tempo querer explicar que , nas artes plásticas a maior virtude é a criatividade, depois vem à competência e por último a habilidade.
Os pintores já amadurecidos na arte também sofrem um outro tipo de pressão, vinda do público, das galerias, dos críticos, enfim, da classe dominante.
Quando o pintor atinge a maturidade, ele já formou seu estilo,que é composto de sua maneira pessoal de seleção de cores, sua composição formal, como também adaptou sua arte em determinado tema , e este conjunto de fatores passa a ser uma espécie de marca registrada, requerida e exigida por todo seu público, que não admite que o pintor saia dessa formatação estereotipada de sua arte.
Quanto maior a fama e o valor das obras, maior é a competição de um público esnobe a procura de status, para as obras dessa fase, e se o pintor ousa partir em busca de novas pesquisas, esse mesmo público, bem como o marchand, repudia implacavelmente qualquer nova proposta.
As galerias rejeitam as novas propostas porque é mais fácil vender um produto que já tem um marketing pronto. O colecionador compra porque muitos outros já tem aquela fase e só ele não, então ele quer também, e para o colecionador, que muitas vezes também é um investidor em arte, se a fase já tem uma cotação segura, firme, quanto mais quadros dessa fase, melhor. Assemelha-se a uma carteira de ações da Bolsa de Valores. E esta engrenagem funciona como uma verdadeira roda viva, onde interage pintor, colecionador, galeria, e crítico É um trabalho velado, surdo e mudo, porem eficiente para todos, inclusive para o pintor se o que ele quiser for fama, e dinheiro e não arte.
O pintor, mesmo maduro, tem que ter muita personalidade, um caráter muito firme, não estar em busca de glórias, fama e dinheiro para não se entregar a essas verdadeiras hienas dos bastidores da pintura.
Foi isto que fizeram a grande maioria dos pintores brasileiros, que alem de não terem criado nada de novo na pintura, onde apenas fizeram uma pintura corretamente bem feita, seguindo a esteira de outros pintores, entraram nessa engrenagem um tanto “malandrinha”, porem confortável. Já dissemos e convém repetir, no Brasil não tem pintura, tem pintores.
No livro “Behind Apperance” - C.H.Waddington, 1969 – Edinburgh University Press – 22 George Square Edinburg – Printed in Great Britain – 85224 – 039 – 2 - Library of Congress Catalog – Card Number 77-97772. ; na pagina 211 mostra um estudo de Max Bill, ( de l955, porem já desenvolvia desde l950) constituído por uma superfície composta por quadradinhos, nos quais ele segue um esquema numérico correspondente à cor, onde resolve o equilíbrio cromático como uma verdadeira equação matemática. Foi a receita adotada por pintores brasileiros, trocando apenas os quadrados por elementos geometricos (que é a mesma coisa), é lógico que seguindo a descoberta do Mestre Max Bill, ficaria um bom trabalho.
E assim é com todos os artistas,nesse mercado tão suspeito quanto qualquer outra área onde entra o dinheiro.
. Enfim, estes exemplos bastam para ilustrar o assunto, porque se fossemos enumerar teria que citar quase todos os pintores brasileiros.
Isto se deve a força da classe dominante, que estabelece essas regras,e quem não entra no jogo não tem chance, que é preciso ter uma personalidade forte, marcante, impor sua arte e suas idéias sem se deixar levar pelos modismos, pelo público, pelos marchand, pela fama e pelo dinheiro, porem com isso não se ganha gloria merecida e reconhecida a não ser por pouquíssimos cultos e eruditos que hoje são uma classe em extinção.
Enfim, qualquer um desses pintores ou mesmo qualquer quadro serve para enfeitar a parede.
No entanto o pintor é feliz sendo fiel a seus princípios, desenvolvendo sua arte , suas idéias, pois, quando existe conteúdo, verdade, sinceridade, espontaneidade, criatividade, talento, existe o dever cumprido.








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UM BOM PROFESSOR DESENVOLVE TALENTOS, UM MAU PROFESSOR “MATA” TALENTOS

O professor é um formador de opinião, por isso sua responsabilidade é muito grande.
Tem que haver muito cuidado, principalmente se for uma classe heterogênea em QI , condição sócio/cultural/econômica e variações de idade , porque a linguagem tem que ser a mesma para todos e de modo que a comunicação entre professor/aluno seja recebida de modo claro e inteligível. Assim,esse meio de comunicação tem que ser muito bem planejado, procurando atingir tanto a memória visual ,como também a memória auditiva do aluno, portanto, toda verbalização (memória auditiva) tem que ser complementada com exemplos visuais (memória visual), de preferência executados pelo professor na frente dos alunos,em sala de aula. A associação dessas duas memórias, acompanhadas de uma linguagem clara, simples e repetitiva, seria como ficar martelando na cabeça do aluno, em uma espécie de lavagem cerebral os principais conceitos da arte contemporânea, que a princípio choca a opinião do aluno,formatado pelos conceitos do “certo e errado”, “bonito e feio”.
Provoca-se uma verdadeira ruptura da tradição conceitual da arte na cabeça do aluno. O que aconteceu na virada do Século XIX para o Século XX, que se rompeu toda tradição do mundo, passando a existir um novo mundo moderno, isto acontece na cabeça do aluno no inicio do curso de pintura.
Quem entra hoje,em um curso regular de artes plásticas, tem que se preparar para entender a contemporaneidade da arte. Saber o que se faz hoje, porque se faz e como se faz. Quais os conceitos atuais da arte, como é que surgiram, com o que contribuíram, e quais as ferramentas para se integrar nesse mundo mágico, fantástico, pessoal, criativo e Universal.
A contemporaneidade está fundamentada na criatividade.
O mais comum, por incrível que pareça, é a má formação cultural do candidato a pintor que se matricula em uma escola de arte, pensando que vai aprender técnicas e habilidades para pintar uma belíssima rosa com gotas de orvalho.
Nessas circunstancias, o professor tem que ser também um bom psicólogo, e preparar a dinâmica do curso em um crescendo para levar o aluno , homeopaticamente, a entender que a realidade hoje, é absurdamente outra. Se o professor for um troglodita e “jogar” as questões atuais da arte na cara do aluno, sem preparo, sem verbalização, exemplos práticos, e outros recursos didáticos, haverá um choque dos valores do aluno,desenvolvidos durante toda uma vida, onde sempre se aprendeu erroneamente a associar a arte com beleza e habilidade em confronto com a arte contemporânea , que não prioriza essas questões.
No inicio, esta incompatibilidade é muito grande, e se não for muito bem orientada e desenvolvida pelo professor, o aluno, traumatizado, abandona o curso e o gosto pela arte, às vezes matando um grande talento.
Para entender a quebra de paradigmas na estrutura cultural do aluno, vamos dar o exemplo de que se aprende a vida toda,na sociedade, na religião, no trabalho, na mídia, de que arte é a representação do belo, em que o artista tem que ter habilidade (confundida com talento) de captar o mundo visível. Aí, matricula-se em uma escola de arte contemporânea , onde lhe é ensinado que arte não tem absolutamente nada a ver com beleza, e que habilidade não interessa muito na pintura, que habilidade é coisa do passado , que envolvia esta questão na pintura ilustrativa, mas hoje, ao contrario , às vezes até atrapalha , porque faz com que o pintor não pense; e que acima da habilidade esta a criatividade.
Imagina-se a bomba que explode na cabeça do aluno nesse momento, e o tempo que ele vai precisar para assimilar, entender e praticar esse novo conceito. Poderia se dizer, sem exagero , que o aluno fica até atordoado com esta alteração de valores em sua cultura.
Este é apenas um entre os muitos exemplos de mudanças radicais provocadas na formação de um futuro artista plástico.
Por aí se percebe a delicadeza da matéria e o cuidado que o professor tem que ter para comunicar estes novos conceitos a uma classe heterogênea, principalmente em QI e vocação.
A responsabilidade do professor é muito grande e muito importante na formação da opinião de cada aluno sobre as novas questões, onde deve aliviar as tensões não fazendo o aluno se sentir em uma verdadeira camisa de força e que o ato de pintar pareça penoso e um castigo. Por isso não deve interferir na interpretação individual, pessoal de cada um, mas sim provocando e estimulando o aluno a “por para fora” toda sua potencialidade artística, de uma maneira gratificante, saborosa e estimulante.
O verdadeiro professor não é aquele que ensina o aluno a pintar um quadro, mas sim aquele que ensina o aluno a pensar em arte e a resolver sozinho os problemas do oficio, bem como
a função do professor não é fazer o aluno gostar de nada, mas sim fazer com que ele entenda, assimile e crie dentro dos conceitos contemporâneos, com sua linguagem, seu estilo pessoal e conteúdo Universal.

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O IMPORTANTE PARA O ARTISTA É O CONHECIMENTO DE SI MESMO

Aqui é necessário que voltemos ao tema já abordado em capitulo anterior.
Consiste em que o iniciante conheça a si mesmo e quais suas reais intenções em praticar pintura. Cada um deve perguntar a si mesmo porque quer pintar? E ser honesto nessa investigação introspectiva, porque qualquer fraude na avaliação, estará enganando a si mesmo.Querem pintar para passar o tempo, por laser, por curiosidade,para uma extensão cultural, por esnobismo ou status social,por laborterapia, psicoterapia, para ganhar dinheiro, para currículo, porque está cansada da vida doméstica e quer motivar um pouco a monotonia do dia a dia, por desgaste matrimonial, fuga dos problemas, despertar a atenção e elogios, para desenvolver uma vocação evidente.Esta investigação honesta é muito importante para que se conheça a si mesmo e saiba o porquê e para que procura essa atividade.Pintura é coisa muito séria, e os alunos se assustam com a profundidade do assunto logo no começo do curso.
Muitos acham que freqüentando uma boa escola, terão uma boa orientação e aprenderão uma receita, igual fazer bolo, e sairão produzindo seus quadrinhos.
A realidade é absurdamente diferente. O professor não faz nada a não ser tirar o que o aluno tem dentro de si. Se não tiver nada para tirar, não será feito nada.
Para todos aqueles motivos citados acima, pelos quais procuram pintura, são válidos e todos eles pertencem a uma incrível realidade, não admitida pelos próprios alunos, que enganam a si e culpam a escola e o professor pelo fracasso de seu aprendizado.
Ninguém diz essa verdade,tanto escola como os alunos, porque ambos sabem muito bem da questão, porque seria fácil indicar as alternativas para os motivos falsos de interesse pela arte.s Como por exemplo, fazer arte para passar o tempo e lazer?Existem atividades muito mais gratificantes e que não precisa pensar, como por exemplo, freqüentar um clube.
Por curiosidade? Vai pagar muito caro e a decepção será muito grande, porque arte é para os criativos talentosos, e não para curiosos.
Para uma extensão cultural? Compre livros de arte, forme uma pequena biblioteca , leia-os, e releia. Alem de enfeitar a estante da casa demonstrando cultura, ficará mais barato que um curso de arte.
Por esnobismo ou status social? Compre uma Mercedes que dará muito maior resultado. Se já tiver uma, compre uma Ferrari.
Por laborterapia ou psicoterapia? Bem aí arte é remédio, no caso a pintura é muito bem recomendada.
Ganhar dinheiro? É muito difícil ganhar dinheiro com arte. Arte pode ser comparada a jogador de futebol, todo mundo pratica, mas quantos Pelés e Ronaldinhos existiram ou existem? Pintura e dinheiro não combinam muito bem a não ser raras exceções.
Para currículo? È válido para uma formação profissional em área administrativa ligada a arte, como por exemplo : museus, Bienal, galerias, eventos, escolas de arte, atelier de restauro, etc.
Cansada da vida doméstica e da monotonia do dia a dia? Com certeza não vai ser um curso sério, regular em uma boa escola que vai aliviar essa monotonia, ao contrario, vai aumentar a pressão porque a carga didática é muito pesada, profunda e difícil já para quem tem talento. Nesses casos, porque não procuram uma faculdade de medicina, de direito, de engenharia, para passar o tempo?.
Desgaste matrimonial? Este é um dos motivos mais comum e é simples a solução, não adianta protelar o problema, é só trocar logo de cônjuge.
Fuga dos problemas? Aí a solução é procurar um psiquiatra, que o resultado será bem melhor que um curso de pintura.
Despertar a atenção e elogios? Esse misto de carência e complexo de inferioridade, e outros complexos mais, também são casos de psiquiatra.
Desenvolver uma vocação. Esta é a única e verdadeira razão pela qual alguém deveria procurar uma orientação artística.Porém muitos questionam como descobririam a vocação artística sem experimentar?
A vocação artística não depende de experiências, de tentativas e fracassos. Quando ela existe , se manifesta com evidencia por pensamento, palavra, obra, interesse e afinidade, mesmo na infância, porque esse talento consiste em uma série de fatores que o individuo já nasce com eles , que mais tarde apenas aprende a desenvolvê-los e pratica-los.
É difícil aceitar alguém acordando de manhã, esfregando os olhos e perguntando para si mesma : -”o que é que vou fazer da vida”? Ah! Já sei, vou fazer um curso de pintura!
Muitos bem, todos , absolutamente todos os motivos são válidos para se fazer um curso de pintura, porem, não devemos ignorar todas as questões paralelas, nem aluno, nem professor , nem escola
Todos os alunos são iguais, e todos os alunos pagam iguais. A escola contrata um professor para transmitir uma didática atual, profunda e séria, para todos os alunos, sem distinção. Portanto, nesse ponto, a responsabilidade é muito grande porque o professor não pode aprofundar os estudos com os alunos que tem talento e aliviar a carga didática com os sem talento.Tanto professor como escola tem ética profissional, um nome a zelar e um compromisso a ser cumprido. Por isso há a necessidade de uma clareza de intenção para que o professor, que está na linha de frente, possa saber por onde conduzir o aluno a uma melhor compreensão dos problemas da arte, e não estabelecer um conflito entre os dois.
Assim, é de vital importância que o aluno conheça a si mesmo, para uma perfeita harmonia e afinidade com as questões da arte, de acordo com suas intenções.




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CADA ARTISTA PODE E DEVE SER MESTRE DE SI MESMO


O verdadeiro artista é um autodidata por excelência.
Não é um curso de artes plásticas de três ou quatro anos que forma um artista. Esta é outra frustração que muitos alunos têm ao chegar ao fim do curso.
Em uma escola de arte regular , aprende-se a orientação básica e elementar da técnica e da teoria , porem suficiente para o aluno começar a desenvolver seu próprio caminho. O amadurecimento em arte é muito lento e não adianta tentar acelerar esse processo, e como já dissemos em outro capítulo, o ensino da pintura é ingrato porque o a aluno quer resultados imediatos e citamos o curso de piano ou violino que tem a duração de nove anos e o aluno sai sem tocar um concerto.
A evolução na arte depende de talento,associado a tempo, trabalho, experiência, humildade, perseverança, muita observação mental e visual, saber identificar suas potencialidades, suas afinidades , objetivo e seus limites.
A orientação de um mestre ajuda a acelerar e esclarecer todo esse processo, por isso que o verdadeiro professor não é aquele que ensina o aluno a pintar um quadro mas sim aquele que ensina o aluno a pensar.
Se o aluno não souber desenvolver sua linha de raciocínio, não souber coordenar seus pensamentos, alinhados na direção da criatividade pessoal, dificilmente se tornará um artista plástico.
Por isso os primeiros exercícios não estão voltados para nenhum resultado plástico, mas única e exclusivamente para resultados técnicos, preparando a formação do aluno para uma nova postura mental diante dos problemas da arte, com condições de resolvê-los sozinho. A falta de objetivo estético imediato, desestimula o aluno, afoito e ansioso em desenvolver trabalhos grandiosos e de impacto visual. Na fase de aprendizado o que importa é o processo e não o resultado. A explicação do professor leva a um entendimento, mas não é esse entendimento que leva a um resultado imediato. É preciso praticar esse entendimento, exercitar durante algum tempo, que essa pratica é que levará a um resultado.
Para se construir uma casa, primeiro se faz um projeto de todas suas partes em todos seus detalhes, depois de resolvido todos os problemas da construção, é que se inicia a obra.
Na pintura é a mesma coisa, o aluno tem que se preparar para a grande atividade de sua vida em cima de uma base ou alicerce bem planejado, bem estruturado, para dar suporte a toda carga que virá em cima dele, que será uma construção firme, segura, imponente e duradoura.
Paciência, humildade, resignação, aceitação total e absoluta, sem contestação da orientação do professor, porque se não confiar nele , não haverá a integração necessária para um bom resultado. Todo tipo de rebeldia ou agressividade do aluno, será revertida ,(diretamente proporcional ), em fracasso do próprio aluno. O professor não é um inimigo ou um carrasco, mas sim um amigo e um grande aliado.
Em qualquer escola de arte do mundo, a linha didática segue esse roteiro de preparação e orientação, que consiste em noções elementares dos principais conceitos da arte bem como uma noção de técnica e teoria, resumida em três ou quatro anos.
É pouco, não é com isso e só com esse tempo que se forma um artista, porem é mais do que suficiente para dar inicio ao desenvolvimento de todo seu talento, se realmente tiver, e se não tiver talento não adianta o esforço tanto do aluno como do professor, o que não impede do aluno construir trabalhos tecnicamente bem feitos. O professor chega às vezes a conseguir o impossível, mas, milagre demora mais um pouco...
No começo deste capítulo dissemos que o artista é um autodidata por excelência, porque esse conhecimento básico, elementar, nesses poucos anos, será apenas uma espécie de reconhecimento das ferramentas que irá dispor e usar em seu oficio, que a partir daí estará por conta de si mesmo para construir seu caminho que o levará para seu Norte.




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REGRAS E PARADIGMAS

Se os pintores não tivessem quebrado as regras com ousadias e pesquisas, a arte estaría estagnada séculos e séculos atrás. As regras existem na pintura para serem extrapoladas, na maturidade do artista.
A partir do momento que o artista tem pleno domínio e conhecimento das questões da pintura, devem partir para ousadias pessoais,quebrar regras e inventar a sua maneira individual de fazer a sua arte, contribuindo, por pouco que seja, com sua parcela para agregar valores aos conceitos e interpretações da arte (lembrem do exemplo de Gabriel Garcia Marques).
Continuar seguindo regras, competir com a realidade do mundo visível, demonstração de habilidade, tudo isto vai tolher a criatividade e o artista vai continuar fazendo as mesmices que tantos e tantos já fizeram, por outros tantos séculos.
A arte tem que acompanhar o dinamismo e as mudanças de fases do mundo, e em nada adianta ficar estagnados nas formulas do passado. Temos sempre que aprimorar e evoluir os velhos conceitos e criar os novos, dentro da contemporaneidade , porem sem perder o objeto próprio.
A evolução tecnológica atingiu um estagio muito avançado e ninguém tolera mais a repetição maçante e chata de formas visualmente bem captadas com uma falsa ilusão mesmo que seja de habilidade, quando hoje todo mundo sabe que existem processos de projeção da figura onde se desenha e pinta em cima dessa imagem projetada e outras formas “mecânicas” de captar a imagem.
Portanto nem mais a habilidade ,que servia para confundir a cabeça dos incautos, surpreende mais o publico mesmo leigo, porque sabe que tudo é artificial, produto de uma nova tecnologia.
Assim, a missão do verdadeiro artista atual, é abandonar o ranço do passado, e criar um presente digno de ser o caminho para um futuro promissor.



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A NOVA MANEIRA DE “VER”

Entre os exercícios que o pintor deve praticar em sua formação, é o desenvolvimento de sua memória visual, porque esta será uma de suas principais ferramentas para a prática de seu oficio, dependendo do tipo de arte que irá adotar.
Uma das sugestões para o desenvolvimento da memória visual , é fazer o aluno pintar de memória vários tipos de arvores, bem como vários modelos do mundo visível aleatoriamente, assim , a partir deste exercício os alunos vão perceber que nunca “viram” nada ou nunca prestaram atenção em nada.
O pintor deve olhar tudo como se fossem modelos de sua pintura e como os pintaria, desta maneira vai exercitando sua memória visual.
Assim como a memória auditiva é importante para um músico, pelo menos para que ele afine seu próprio instrumento, a memória visual é importantíssima para o pintor, porque quando está recolhido no isolamento de seu atelier , ele vai pintar o que ele sabe daquilo que ele viu.
As referencias que um pintor contemporâneo usa, são todas de memória, ele não tem nenhum dos elementos em seu atelier como modelo, pinta tudo de memória, fazendo o que sabe dos temas, e não precisa mais do que isso.


Marc Chagall pintou violinistas pairando no ar, outras vezes em cima de telhados, vacas sobre mesas, casal no meio de silhuetas de cabras , cabras no meio de ramalhete de flores, criando um mundo onírico, surreal, poético, em que todos os elementos são deste mundo, mas o mundo que ele cria com essas imagens não existe, a não ser em sua mente criadora, genial, que pinta o que quer, como quer, como sabe e do jeito que sabe, sem se importar com lógica, com regras, atitude que assumia com muita segurança . Chagall dizia : -“ Para mim, um quadro é uma superfície coberta de representações onde a lógica não tem importância.”
Tanto para Chagall, e praticamente quase todos os pintores contemporâneos , pintam de memória, sem olhar modelo, dando uma interpretação pessoal sobre o que viram, e o que sabem.
É fácil testar a capacidade de memorização visual. É só fechar os olhos, lembrar de alguma coisa, procurar fazer uma tela mental, onde se reproduz essa coisa com toda nitidez e em todos os seus detalhes. Um pintor pratica esse exercício intuitivamente desde cedo em sua vida, porque essa investigação visual complementa sua criatividade.
Para demonstrar a falta de observação visual dos alunos, peço a eles que desenhem uma arvore, de memória. A grande maioria encontra muita dificuldade nessa tarefa, enquanto outros nem conseguem, embora vejam arvores todos os dias pelas ruas da cidade.
É preciso treinar a visão para desenvolver uma espécie de memória fotográfica do mundo visível.
O ponto culminante desse exercício é o domínio total e eclético do tema, mentalizado pelo autor, para que o interprete da maneira que quiser, sem regras e sem lógica.
Usando essa liberdade criativa, que a arte contemporânea oferece, com certeza o artista vê as mesmas coisas de maneira diferente, a cada momento, de acordo com suas condições psicológicas, criando-as e recriando-as de acordo com sua conveniência artística.
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OBJETIVOS DE UMA EXPOSIÇÃO


Existem três razões principias para motivar um pintor a organizar uma exposição de seus trabalhos.
A primeira delas, é quando se trata de inicio de carreira, e o jovem pintor precisa formar um currículo para mostrar atividade constante na área, bem como o perfil de sua linha de trabalho com estilo próprio e conteúdo universal. Assim o público e a crítica vão tomando conhecimento e formando um juízo da potencialidade do artista. Este inicio é o período mais difícil para o jovem iniciante, pela falta total de experiência, porque as oportunidades de mostrar os trabalhos é resultado de tentativas e fracassos, que, alias, mais fracassos do que as reais oportunidades. A inibição em assumir a identidade de artista também prejudica a imagem, que transmite a insegurança natural do iniciante.
Locais para exposição hoje são raros, porque o local próprio, que são as galerias que cobram um aluguel muito alto por quinze dias de exposição, e alem desse custo de locação, acrescenta-se ainda o custo do convite/catalogo, fotos, apresentação paga a um crítico de arte, mala direta, coquetel, e depois de tudo ainda comissão para a galeria que promove a exposição usando seu arquivo de endereços de seus clientes. No final, se a exposição for um sucesso de vendas, (o que nunca acontece), não chega a pagar todos esses custos. Às vezes, vale a pena reunir um grupo de artistas e se cotizarem, aliviando as despesas.
A alternativa passa a ser a escolha de locais que dispensem todas essas despesas, mas que alcancem o objetivo.As alternativas mais adequadas que os iniciantes encontram são os restaurantes, boates, churrascarias, que são locais de grande afluência de pessoas. Alternativas mais adequadas são as lojas de decoração.
Enfim, o jovem iniciante tem que sair a campo, não poupando esforços e ousadia e também criatividade para formar seu currículo, seu público e mostrar seu trabalho.
A segunda razão pela qual motivava um pintor a realizar uma exposição, é o objetivo da venda dos quadros, que nos áureos tempos de um mercado de arte próspero, esse era um dos principais motivos das exposições. Hoje, com as mudanças ocorridas no perfil da sociedade,este objetivo hoje em dia, dificilmente é alcançado, porque o custo do evento também é alto, mesmo para os pintores já estabelecidos no cenário artístico.
O terceiro motivo pelo qual um artista se propõe a organizar uma mostra de seus últimos trabalhos, é quando existe uma nova proposta, na qual foram acrescentadas alterações naquilo que vinha sendo feito. Assim, quando existe um novo “discurso”, é importante o artista mostrá-lo em um conjunto de trabalhos para que haja melhor avaliação do resultado.
Porem, o mundo mudou muito nestes últimos vinte anos, com o advento da internet, também rompendo com toda tradição, e impondo um comportamento social impossível de não adota-lo. Assim, toda a tradição das galerias, em todas as suas nuances, foi substituída, com vantagem e eficiência, pela tecnologia , perfeita,clara, rápida , transparente, e internacionalmente acessada, que é a rede da internet.
Assim, os artistas de hoje dispõe e já estão se beneficiando desse recurso, organizando sites a custo muito baixo e obtendo grandes resultados.
Mas, os recursos da internet, por mais eficientes que sejam, não dão “aquele lustro no ego”, em convidar parentes e amigos para uma reunião social,onde seriam mostrados os trabalhos e receber os elogios.
Valem à pena esses cinco minutos de glória !



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NA FASE DE APRENDIZADO, TODO PROCESSO É VÁLIDO

Imitar é copiar, plagiar, e isto é tão grave em arte que está protegido por lei : a lei dos direitos autorais. Na música é comum termos noticia de processos em defesa da autoria da obra, mas na pintura nunca se tomou conhecimento de nenhuma ação judicial sobre esse procedimento.
Na pintura, é comum o iniciante copiar os seus ídolos, como um processo de pesquisa e aprendizado, até ter seu estilo próprio, assim praticamente quase todos os pintores sofreram influencias das escolas de arte com as quais tem afinidade.
È difícil escapar desse processo, ainda mais considerando a falta de maturidade, definição e firmeza que o iniciante tem.
Porem, agora que vem a parte mais importante da história, quando o pintor atinge sua maturidade, com o conjunto de características que forma seu estilo e sua personalidade artística, a partir daí,não é mais admissível plagiar outros artistas, porque aí seria assumir uma incompetência e falta de criatividade daqueles que não tem talento para esse oficio.
O que geralmente acontece, e é bom que não se confunda, é a afinidade com determinados movimentos de arte, e desenvolver um trabalho na mesma linha dos pintores que trabalham dentro do mesmo conceito de arte, porem a única semelhança deverá ser somente no conceito e no estilo, no qual o artista deverá acrescentar sua interpretação pessoal, única, diferenciada de tudo que foi feito, impregnado das características psicológicas do autor.
Se o pintor se preocupar mais consigo mesmo, procurando transportar-se através das imagens que escolheu como tema e que serão sua mascara, sua maneira de ser disfarçada em tema, já estará sendo único, diferente, e esta identidade espontânea transportada para a tela, será um recurso, muito alem de todos os outros, que acrescentará valor à obra.

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DEVERÁ SEMPRE HAVER UM DIALOGO ENTRE O ARTISTA E SUA OBRA


O verdadeiro artista faz de cada quadro um patamar de observação, tão necessário ao desenvolvimento e continuidade de seu trabalho, estabelecendo um verdadeiro dialogo com a obra, onde a pergunta que faz, a vida inteira diante de sua obra é : - “ o que posso fazer para melhorar?” . Dentro deste questionamento , refaz o roteiro pelo qual produziu a obra, passo a passo, começando pela composição formal, reexaminando as maneiras que poderia ter disposto as formas, os volumes,que compõe a obra. O artista deve deter-se nessa primeira fase do trabalho e questionar se o que fez foi a melhor opção, e se haveria outra melhor. Estuda as possibilidades e alternativas.
O próximo passo do dialogo entre autor e obra se refere na questão do tom, dos claros e escuros. Neste item, tem que entender que tom nada tem a ver com cor ou luz e sombra, que é o tipo de confusão estabelecida até por gente “adulta” em arte. Por exemplo, existe cor de tom claro e cor de tom escuro. Na música se refere à sonoridade, a identidade, ao timbre do som, como por exemplo um ré tocado no violino tem um som diferente do mesmo ré tocado no piano, ou seja o mesmo som em diversos timbres e intensidade, mantendo a mesma afinação.
A cor também tem diversas intensidades de tom, por exemplo, tomamos um azul da Prússia, que puro, terá uma tonalidade escura, próxima do preto, porem se formos modulando de leve, adicionando branco, teremos uma gama de azul que chega ao azul claro, quase branco, assim se consegue uma variação de tom da mesma cor. Esta ampla gama de recurso em todas as cores, alternando sua tonalidade, é que o artista estuda com muita atenção, porque deste recurso visual é que resulta o contraste ,diferenciando os planos do trabalho.
Um excelente estudo para se dominar a variação tonal, é fazer exercícios monocromáticos, escolhendo uma cor e trabalhando o tema somente nessa cor mais branco. È exatamente o mesmo em fotografias em branco e preto, onde somente a diferença tonal estabelece as formas e a identidade do tema.
Por todos esses recursos, descritos de forma muito elementar, que o artista deve estabelecer uma observação atenta em seu quadro já feito, examinando todas as possibilidades e alternativas, e se a maneira adotada foi a melhor opção.
Nesse patamar de observação, vem a fase do cromatismo.
A cor, para os iniciantes, se assemelha a uma loja de doces, onde uma criança quer comer tudo e depois tem uma enorme dor de barriga.
As cores têm que ser usadas com muito critério, sem abuso, e com muita segurança, procurando sempre manter a “afinação” cromática em harmonia e equilíbrio visual.
O verdadeiro pintor sabe que qualquer alteração em qualquer um desses detalhes, a obra tomará outro rumo, totalmente diferente do planejado e obtendo também efeitos diferentes, transmitindo conteúdos diversos. O mesmo tema, manipulando esses recursos, poderá transmitir alegria ou tristeza, dependendo a intenção do autor. Umas garrafas centralizadas no suporte, pintada com cores primarias, vão transmitir alegria. Porem essa garrafa pintada com preto, roxo, violeta, marrom, dará uma composição “pesada”, em chave baixa, também com uma baixa vibração de pesar e de tristeza.Assim, com muito exercício, paciência, dedicação e humildade, o iniciante vai aos poucos entendendo e dominando esses recursos.
E por último a técnica a ser adotada no trabalho, como por exemplo, tipo de tinta, tipo de pincel, de pelo duro, de pelo mole, espátula, tipo de suporte, etc....Cada detalhe desses, é um recurso que muda completamente o resultado da composição.
O verdadeiro pintor sabe disso e o iniciante precisa saber e praticar o tempo de reflexão e investigação entre uma fase e outra, bem como de uma obra e outra, sem sair pintando desvairadamente em uma repetição monótona e cansativa sem acrescentar nada no desenvolvimento de seus trabalhos.Através desse dialogo que surgem as dúvidas, a vontade de mudança que deve ser experimentada, o reconhecimento dos erros cometidos e as possibilidades de melhora.
O aluno, geralmente é rebelde, ansioso e não segue a orientação do professor e não faz o devido planejamento. Não “conversa” com cada fase do exercício, analisando as alternativas e em que poderia melhorar. Quem não segue esta orientação, certamente não conseguirá bons resultados, nem evolução em seu aprendizado.
Esse tempo,que deve existir entre um trabalho e o próximo, corresponde a esse patamar de observação onde o artista observa e analisa todas as questões acima descritas, para corrigir os erros ou acrescentar novos valores no próximo trabalho.
É assim que o verdadeiro artista deve trabalhar.

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TUDO QUE ESTÁ FEITO ESTÁ VELHO (SEM TIRAR O MÉRITO)


A arte como toda atividade do mundo tem que abandonar os procedimentos do passado e adotar novas posturas que reflitam a contemporaneidade. O passado não serve de referencia
para os novos procedimentos, e nem há possibilidade de adotá-los novamente. Imaginem
a pratica da medicina nos padrões de apenas cem anos atrás, quando se morria de uma simples infecção, pois Alexandre Fleming descobriu a penicilina em 1928.
Portanto todos os procedimentos do passado , hoje são fatos pitorescos, folclóricos e até bucólicos e que de nada adiantam como referencia para os dias de hoje a não ser ficar no passado.
Outro exemplo de que o passado muitas vezes é uma visão chocante e contrastante com o presente, faremos uma projeção hipotética em imaginar um escritório, na Av. Paulista, onde uma fileira de funcionários , de gravatinha borboleta, com muita vaselina no penteado, sentados em umas mesinhas de imbuia, datilografando nas maquinas Olivetti Royal. Se entrarmos nesse escritório, pensaremos que estamos em outra época, e se precisássemos de algum serviço daquele local, com certeza nos recusaríamos em confiar em tais profissionais e equipamentos.
Toda atividade atual tem que acompanhar a contemporaneidade e se desvincular do passado e as artes acompanham o avanço tecnológico do mundo registrando tudo em suas propostas atuais.
Particularmente na pintura existe uma crença irracional de culto aos valores do passado, cujos ícones são Michelangelo, Leonardo de Vinci, Van Gogh, Manet e outros tantos.
Todos os gênios do passado foram fantásticos. Ninguém desbanca Michelangelo do pedestal da gloria em que merecidamente se encontra por 500 anos.Muito bem, o mérito já está nesse reconhecimento, agora ele que nos deixe em paz para buscar novos caminhos. Imita-lo seria perda de tempo, porque os motivos que o levaram a fazer o que fez, hoje já não existem mais.O mundo hoje é outro, e a igreja católica não precisa mais dos habilidosos para criar imagens para iludir seus adeptos.
Mesmo porque o realismo, a habilidade, a pintura de narração, ilustrativa, não tem mais espaço na mentalidade do mundo contemporâneo, a não ser para os que ainda não acompanharam a evolução e ainda vivem nos padrões do passado.
Faço uma pergunta para aqueles que adoram pintar igual Michelangelo e todos os gênios do passado, porque não abandonam o automóvel a adotam o cavalo que era a tração animal da época. Porque não abandonam a luz elétrica e adotam a lamparina, porque não usam o fogão a lenha, e no caso de uma infecção,porque não se tratar com o chazinho da vovó?
Como se vê, as atividades do mundo evoluem simultaneamente, rompendo violentamente com o passado a ponto de não ser mais possível adota-lo. Porque insistir no caso da pintura? Para aqueles que não conseguiram acompanhar essa evolução, recomenda-se que se esforcem para abandonar os conceitos retrógrados e pelo menos dar o direito da dúvida, e pensar na contemporaneidade.




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A QUESTÃO DA TÉCNICA NO APRENDIZADO


O objetivo da arte sempre foi e sempre será o mesmo : expressão e comunicação, qualquer outro pretexto que não esses,serão um mero desvio de intenção
.Para se atingir esse objetivo,o artista dispõe de uma infinita gama de recursos dos quais usa uma pequeníssima porcentagem.
Os meios para se pintar são tão amplos e variados que os alunos, logo de inicio perguntam quantas técnicas irão aprender durante o curso, que frustrados ouvem como resposta do professor que aprenderão somente uma técnica. Indignado e inconformado com a resposta, insiste no porque de tão pouca técnica. O professor responde por que nem ele mesmo sabe mais que uma ou duas técnicas de pintura. Esta verdade tem duas principais analises. A primeira se refere ao fato de que não há necessidade de saber mais de uma técnica para expressar sua arte, assim no inicio de sua formação, o iniciante se identifica com algum tipo de técnica, e a adota como sua ferramenta de comunicação, a qual ira usa-la até o resto de sua vida. Pois bem, para que vai se estudar “encáustica”, que se refere a uma técnica de pintura a base de cera? Para que estudar a “sangüínea”, nome dado a uma técnica de corante vermelho com o qual se desenhava? Para que estudar “afresco”, tipo de pintura com tempera sobre uma camada de gesso na parede? Para que aprender aquarela , pois se trata de uma técnica difícil e se presta para determinados resultados, onde tem que transparecer leveza, suavidade, inclusive transparecendo o branco do fundo do papel. Para que aprender a técnica da tempera do breu, do ovo, do guache, das resinas, enfim das infinidades de técnicas de que a pintura dispõe? Simplesmente porque não irão precisar delas! Uma somente bastará para seu oficio, principalmente no inicio, em que o aluno deverá estar concentrado nas questões básicas e importantes de pintura, tais como composição formal, tonal e cromática, quanto à técnica de executá-las, adota-se a técnica do óleo que facilita a compreensão e o aprendizado, pelo motivo da secagem do óleo ser mais demorada dando oportunidade de correção de rumo, como também já existe uma cultura secular sobre ela. Convem lembrar que a tinta a óleo seca por oxidação e a tintas a base de água (temperas) secam por evaporação.
O aluno tem que saber e aceitar que primeiro deve exercitar e ter domínio das questões básicas da pintura , para somente depois se preocupar com a expressão, com o virtuosismo do trabalho. O músico primeiro aprende o dedilhado de seu instrumento, se familiariza com as posições, educa o ouvido, aprimora afinação e o domínio técnico, depois disto tudo, que leva alguns anos, é que ele poderá impor seu virtuosismo na interpretação e execução.
Se durante o desenvolvimento do estudo da pintura,o aluno mostrar tendência por alguma técnica especializada, então ele será orientado e irá buscar conhecimentos sobre a tendência que se manifestar. Para que dar um carro formula I para quem não sabe dirigir?
Seria muita pretensão do aluno querer conhecer variedades técnicas se não saberia como usa-las. O aluno, independente de sua idade, é uma criança em arte e tem que ser tratada como tal, e como toda criança, é cheia de vontades, insegurança, irreverência, ignorância,curiosidade,ingenuidade, teimosias, contestadoras e pretensiosas. Por isso o professor tem que ser mais psicólogo que artista na função de mestre.
No decorrer do aprendizado, o aluno vai aprender que manipulando cada questão básica da composição, como forma, tom ou cor, mudará o conteúdo do trabalho e essas possibilidades são infinitas, e a maneira como cada um organiza sua composição depende exclusivamente de sua criatividade, que por sua vez é a soma do talento, garra, temperamento, cultura e intuição de cada um.
Quem insiste na fase de aprendizado, em conhecer as infinidades de técnicas da pintura, não está querendo fazer arte mas sim artesanato.
Proliferam hoje os cursos de pinturas especiais onde se aprende técnica do “sfumato”, satine, pátina, stencil, decapé, textura,douração, baulemalerei, mosaico, etc. Com esses recursos os alunos saem pintando paredes, móveis, caixas e até quadros que chamam de abstratos e para se fazer tudo isso não precisa saber pintar, conhecer pintura, composição formal, tonal, cromática, nem precisa pensar, precisa ter somente bom gosto de decorador. Assim, justificando o título destas crônicas, o artesanato também está matando a pintura!



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tudo isso simultaneamente, um elemento em cima do outro de maneira repetitiva, com criatividade, vamos criar uma desarticulação desses elementos, porem sem perder a identificação de que nessa aparente confusão existe bule, garrafa,copo e fruta.
Vejamos que este é o primeiro passo para romper com uma tradição visual. Demos três maneiras e poderão existir outras tantas, e tudo isto nada tem a ver com estilos de pinturas e muito menos nada tem a ver com cubismo.
Por mais estranho que possa parecer , isto não tem nada a ver com cubismo, mas o cubismo esta contido também nesse conceito. Para usar uma figura de retórica, diríamos que uma maçã nada tem a ver com um bolo mas o bolo pode ser de maça.
Se fossemos associar a nova maneira de ver com cubismo, teríamos que explicar o cubismo, que após sua criação, foi desenvolvido em diversas fases, conceitos e interpretações que para desenvolvê-lo e exercita-lo teria que haver um curso especialmente para esse fim.
Porem, vamos lembrar algumas fases do cubismo para que o iniciante tenha certeza de que não de associá-lo com a pratica inicial porque ele (cubismo) se desdobra em diversas modalidades.
Vamos começar a entender o nome “cubismo” que foi dado despretensiosamente por um crítico e veio a confundir os iniciantes em artes. A partir desse título, os iniciantes pensam que é uma pintura feita com cubinhos e à medida que toma conhecimento da pintura cubista, fica sem entender nada. Acontece que o nome está relacionado à maneira geometrizada com que é apresentado o tema, predominando uma estilização em figuras geométricas.
O primeiro momento cubista, entre tantos outros que se seguiram, consistiu na apresentação de um quadro “ Mulheres D!Avignon” , por volta de 1907, cuja composição rompeu toda tradição secular da pintura, principalmente em sua espinha dorsal que sempre foi a perspectiva e luz e sombra e o tema não tinha mais importância mas sim o todo da composição sem nenhum compromisso com a realidade. O quadro era quase uma “anotação” do tema. Era uma analise das formas em sua essência em harmonia de um conjunto com positivo. Essa primeira fase ficou conhecida como “cubismo analítico”.
Depois dessa fase que foi muito rápida, surgiu uma nova fase onde houve outro rompimento com a tradição pictórica, quando Georges Braque colou em seus quadros cartas de baralho, pedaços de jornal, papel de parede , etc. Esta atitude foi uma verdadeira revolução para a época, onde um quadro era feito com elementos estranhos à pintura. Esta forma de fazer pintura abriu uma tremenda possibilidade de novos rumos como a fase seguinte.
A fase seguinte do cubismo foi onde o quadro deixou de ser quadro para ser “objeto”.
A partir do m momento que começaram a introduzir elementos na pintura , tomaram a forma de bidimensional, onde acrescentavam madeira, pedaços de cadeira, latas, enfim , qualquer objeto que pudessem integrar a composição. A partir daí não se sabia mais se eram quadros ou esculturas, sendo chamados de objeto.
A fase seguinte do cubismo, muito embora não fossem fases que se seguiram em ordem cronológica, foi o momento onde o tema era estilizado a ponto de chegar a sua essência geométrica restando pouquíssimos resquícios da identidade do objeto, chegando quase a abstração. Era a síntese do objeto que era retratada. Essa fase passou a ser conhecida como “cubismo sintético”.
Outra fase importantíssima que surgiu com o cubismo foi à deformação, pouco entendida por alguns praticantes desavisados. É bom deixar claro que mesmo na deformação tem que haver proporção e que a deformação geralmente é usada para reforçar aspectos expressivos da composição, onde damos como exemplo em “Guernica” onde a deformação é usada para reforçar o caráter expressivos de horror, sofrimentos e dores da guerra. ( a deformação na pintura, também usada no “expressionismo” – “Retirantes “ de Portinari , onde a deformação dos pés enormes, esquálidos, quase esqueletos humanos , reforça a crítica social da fome e miséria nordestina.).
Muito bem, quando surgiram todas estas formas de pintura revolucionando séculos de conceitos, artistas do mundo todos foram a Paris, que era o centro cultural , ver e aprender as novas formas. Do Brasil foram Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila entre tantos e tantos outros, e esses pintores do mundo todo voltavam para suas origens reinterpretando essa nova forma de pintar e às vezes totalmente dissociados do conceito original, continuavam chamando o que faziam de cubismo, muitas vezes transformavam em uma pintura singular, decorativa , popular e comercial.
Pois bem, como se vê, o momento inicial desta crônica, tentando levar o iniciante a uma nova visão do objeto, nada tem a ver com cubismo que é muito mais complexo e variável de acordo com seu autor.
28-11-2006 - ingres speltri































UMA NOVA IDENTIDADE DE ARTE

Os jovens artistas deveriam ter consciencia de uma nova identidade de arte que comunicasse as grandes massas.
Nem mesmo os grandes artistas sabem o potencial que tem. Trabalham intuitivamente, sem competir com nada e essa despreocupação lhes da uma espontaneidade criativa cujo objetivo é sempre superar a si mesmo e fazer sempre melhor do o que já foi feito por ele mesmo.Daí preocupar-se com o quanto sabe ou o quanto pode fazer é muito subjetivo ao objetivo (!). Van Gogh, Cezanne, Gauguim, não sabiam que estavam fazendo história , desenvolvendo um tipo de arte precursora dos movimentos da arte contemporânea.No entanto esses três, como exemplo de tantos outros, sofreram humilhações, desprezo, e passaram privações,mas não fizeram concessões, permanecendo fieis a seus princípios, dando tudo de si em busca de seu ideal com muita convicção, com fé, com garra, porém com serenidade. Assim a história registra muitos exemplos como o caso de Goya em que a Inquisição (que era chamada de Santa pela hipocrisia da igreja católica) quase o mandou para a fogueira porque não aceitava a sua pintura, salvou-o as influencias que tinha. Mesmo assim, Goya não mudou suas convicções.
Picasso, quando estava desenvolvendo o que viria a ser conhecido como “Cubismo” , não tinha idéia de que estava inventando uma nova maneira de pintar, revolucionando toda a estrutura secular da pintura, quebrando todas as regras e tradições da arte.
Matisse com um grupo de pintores foram agredidos pela crítica quando mostraram uma maneira nova (para a época – 1904) de interpretar a cor dos objetos com cores primárias, vivas e alegres, e também não sabiam que estavam estabelecendo um novo movimento de arte, sendo o primeiro a romper com a tradição. Foram chamados de “selvagens” (fauves em francês)
Assim a história está repleta de exemplos que mostram que os pintores são intuitivos e desconhecem totalmente sua potencialidade e o valor do que fazem.
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É pelo menos gratificante saber que não se está sozinho na interpretação do rumo que tomou arte contemporânea, e como comentamos a três capítulos atrás, é lamentável que seja o retrato da época atual. Transcrevemos trecho da página 487 do livro “A História da Arte” de E.H.Gombrich : - “ ... a crescente convicção de que a arte é a “expressão de uma época”, essas crenças puderam levar a conclusão de que o artista tem não só o direito, mas o dever de abandonar todo auto controle. Se as erupções resultantes não são bonitas de se ver, isso é porque a nossa época tampouco é bonita. O que importa é enfrentar essas realidades sombrias que nos ajudam a diagnosticar a nossa ingrata situação”. - ... “´portanto, de todas as artes, a pintura provou ser a mais receptiva a inovações radicais. Não é preciso usar um pincel, se preferirmos derramar tinta sobre a tela; e, se formos neo-dadaístas, também podemos enviar um pedaço de entulho ou qualquer outra porcaria a uma exposição e desafiar os organizadores a que o rejeitem, Seja o que for que eles façam, poderemos nos divertir-nos a valer.”
Como assinala Sir Herbert Read na sua “História Concisa da Arte Moderna”, a ansiedade metafísica já não é só germânica ou nórdica; atualmente, é uma característica de todo o mundo moderno.” Read cita Paul Klee, que escrevia em seu diário no inicio de l9l5 : -“ Quanto mais horrível se torna o mundo (como nesses nossos dias) mais a arte se torna abstrata; já um mundo em paz produz uma arte realística.”Para Franz Marc, a abstração oferecia um refúgio contra o mal e o feio existentes no mundo.O tema dominante de Marino Marini, escultor italiano, foi durante muitos anos , sob múltiplas formas, a figura de um jovem nu sobre um cavalo. Nas primeiras versões ele descreveu como “ símbolos de esperança e gratidão” (após o término da II Grande Guerra), o cavaleiro monta seu cavalo com os braços estendidos e o corpo um pouco inclinado para trás. Com o correr dos anos o tratamento do tema tornou-se mais “abstrato”. A forma mais ou menos “clássica” do cavaleiro foi gradualmente se dissolvendo.Referindo-se ao sentimento que motivou esta transformação, disse Marini : - “Se repararem nas minhas estátuas eqüestres dos últimos l2 anos, em ordem cronológica, vão verificar que o pânico do animal cresce continuamente, mas que ele fica transido de terror e paralisado em lugar de empinar-se ou disparar. Tudo isto porque acredito que estamos nos aproximando do fim do mundo. Em cada estátua esforcei-me por exprimir este medo e este desespero crescentes. Deste modo, tento simbolizar a última etapa de um mito agonizante, o mito do individuo, herói virtuoso, do homem virtuoso do humanismo”




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A ARTE DO PASSADO PERTENCEM AOS MUSEUS
Existem velhos ditados que por mais bregas que possam parecer, encerram certa profundidade : - “ Águas passadas não movem o moinho”. Tudo que está feito está velho, tem que ser revisto e repensado. Há um respeito e reconhecimento aos valores do passado, porém eles foram produtos de determinadas circunstancias próprias da época em que eles foram criados. É o mesmo que um casal, após cinqüenta anos de casados, pretenderem repetir o desempenho da lua-de-mel.
Quando existia a guerra fria entre a democracia dos estados unidos e o comunismo da União Soviética, iniciado após a II Grande Guerra Mundial, cada facção adotou um tipo de arte que caracterizava seus ideais. As inflexibilidades do rigor e da disciplina soviética, foram transferidas para a arte racional, geometrizada, do cubismo de Picasso, que chegou a se inscrever no Partido Comunista. Mais tarde, o concretismo e neo-concreto eram a arte adotada e imposta pelos intelectuais, que na época formavam a grande classe simpatizante, atuante e militante desse regime.Pelo menos no Brasil, quem não praticasse essa arte formal, construtiva, dificilmente teria chance de sucesso ou reconhecimento, porque teria que passar pelo crivo desses intelectuais que já tinham um rótulo pré-concebido, e detinham o poder da informação.
Já os Estados Unidos, país jovem, vencedor da II Guerra, democrata, industrializado, passou a ser o lugar ideal para se trabalhar, acolhendo a todos que quisessem desenvolver idéias ou começar uma vida nova, justamente no pós-guerra. E assim Nova York passou a ser o centro mundial da cultura, que no século XIX era Paris.
A arte adotada e que transmitia esse conceito de um novo mundo, foi à arte livre, gestual, informal, abstrata, irreverente, casual, cujos representantes máximos foram W. de Kooning e Jackson Pollock.
Muito bem, estas circunstancias não existem mais, não existe mais comunismo, não existe mais guerra fria, não existe mais a rivalidade nem a prepotência que motivava o culto a o formalismo do concreto ou a “action-painting”. Por isso hoje, trabalhar em cima dessas formulas de arte seria apenas repetir o maneirismo que as produziram, porque não existe mais a ideologia necessária para produzi-la.E estas formulas envelheceram, foram superadas, já não há mais razão em adotá-las.
Este exemplo serve para entender todo o passado da arte, que não interessa mais nem como exemplo e tampouco para a prática atual porque os seus motivos já não existem mais.
A motivação hoje é outra, que proporciona o surgimento de uma arte atual, não importa se é boa ou ruim mas é a imagem da contemporaneidade.
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CADA ÉPOCA TEM A ARTE QUE MERECE

A arte atual, que já nem se sabe como denomina-la, com as suas “instalações” , arte conceitual, performances, arte interativa, etc., traduzindo o estado atual que o mundo atravessa, utiliza material descartável e lixo em sua apresentação, como se tem visto nas últimas Bienais, em São Paulo.Papelão velho, amassado e dobrado, casinhas de madeira, enfim todo tipo de parafernália inútil; e o fato inédito é que os autores não vão retirar suas “obras” após o evento .
Para que organizar museus, que representa um investimento caríssimo, para guardar lixo?
A arte atual não representa valor nem conteúdo que mereça ser guardado como referencia de uma época, que para entendimento, foi uma das épocas, na história da humanidade, mais carentes em criatividade artística.
A grande culpa desse verdadeiro deboche é da classe dominante constituída pela direção dos eventos, pelos críticos , pelos curadores,pelos historiadores, que pretendem impor uma nova forma de comunicação, e denomina-la de arte, produto de uma crença irracional, sem levar em consideração a noção do público sobre a finalidade da arte.
Para corrigir esse lapso que a história da arte está vivendo, coloca-se a responsabilidade nas mãos das escolas de arte em preparar os alunos para que não cometam essas extravagâncias em um verdadeiro delírio mental.E essa responsabilidade é grande porque os alunos de hoje serão os artistas de amanhã, e está nas mãos dessa nova geração a volta da verdadeira arte com seu conteúdo e seu objeto próprio.
Somente uma orientação sólida,segura servirá de escudo contra essa classe dominante , que sem respaldo acabará desaparecendo como a pseudo-arte que defendem.
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Necesitamos em nossa época de personalidades fortes para impor o que deve ser, que não se deixem enganar pelas extravagancias que acompanham toda época de renovação
A arte esta sem liderança, mas a maior culpa desta situação é determinada pela classe dominante, que impõe regras de modo que o comando e a direção de todos os ramos da arte estejam sob seu controle.
Porque tolher todo artista, de todo território nacional a se inscrever em todo e qualquer evento de arte? Porque não abrir inscrições livres para todos os artistas, para serem submetidos a uma seleção? Porque deixar nas mãos de apenas um curador a representação brasileira em eventos internacionais , e mesmo nacionais. Que curador é esse que tem a capacidade de avaliar a população artística brasileira? E depois tirar do bolsinho do colete aqueles mesmos nomes , velhos conhecidos de décadas da arte brasileira.Como é o caso de há quase cinqüenta anos,só ver a arte contemporânea brasileira ser representada por Lygia Clarck & Helio Oiticica e Cia.Ltda , alias limitadíssima.
A ignorância desses curadores e mandantes da arte brasileira não vai alem do reconhecimento, por eles próprios , da falência da arte brasileira.
Num país de extensão territorial tão vasta, habitado por um povo alegre, sensível e criativo, como saber dos talentos que surgem a cada momento e a cada canto desse país? Que chance terá de furar esse bloqueio ditatorial imposto por essa classe dominante, retrograda e ultrapassada? Só sabemos da existência desses novos gênios brasileiros quando vem noticia do exterior, porque para que tenham alguma chance, só fora do Brasil, ou então voltam para o Brasil com a carreira reconhecida lá fora.
Já está mais do que na hora de acabar com este estado de coisa e o Governo Federal, Estadual e Municipal, e os diretores das escolas, seriam os primeiros a ter poder para isso, para mudar este estado de coisa e estabelecer uma forma democrática de seleção e aferição, mas os Secretários de Cultura que são nomeados,nunca sabem ao menos o que é cultura! Resta então a nós professores, a formação de uma nova mentalidade para que façam ou que falem de uma nova arte e uma nova organização artística, democrática e aberta, onde todos tenham possibilidade de mostrar sua identidade e criatividade.

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A QUEBRA DE PARADIGMAS


A primeira manifestação pública, oficial, contra o “consumo” das obras dos museus, foi feita pelo Movimento Dadaísta, através de Marcel Duchamp, quando pegou uma reprodução de Mona Lisa e acrescentou-lhe bigodes.
Para o aluno que esta formando seu acervo de conhecimentos, influenciados pela mídia, pelo turismo aos museus da Europa, por uma cultura social, também sente uma forte atração em seguir os passos dos mitos da pintura, e fica confuso para eles quebrar esse paradigma consolidado por séculos,como o exemplo máximo da arte. São estes iniciantes, futuros artistas plásticos de amanhã, que devem entender o porquê e o significado da necessidade de se desligar da influencia do passado.
O primeiro ponto básico fundamenta-se nos motivos pelos quais aqueles artistas produziram tais obras.Citaremos alguns exemplos elementares, através dos qual o iniciante poderá delinear sua linha de raciocínio.
Citaremos primeiro o movimento renascentista, que aconteceu por volta de 1450. Nesse período, grande parte do mundo, estava sob o domínio da igreja católica, e sob sua influencia conseguiam transformar uma sugestão em cenas reais, com expressão e sentimento que impressionassem o espectador. Daí a necessidade do virtuosismo realista, porque como é que um fiel iria acreditar , aceitar, ou confiar em um Deus, ou em um Cristo, com uma imagem mal feita e sem expressão?
Esta associação de fé, imagem e crença, imposta por coação aos povos subjugados pela igreja católica, a ponto de quem duvidasse de seus ensinamentos e da veracidade daquelas imagens, era queimado em uma fogueira imposta pela Santa Inquisição. E o pintor que não tivesse a habilidade de pintar a ilusão e a fantasia que a igreja precisava transmitir para manter seus fieis cativos, também eram condenados pela Inquisição, como foi o caso de Goya, (que escapou por pouco). Por estas razões, os pintores não podiam nem imaginar serem criativos e transgredir esse padrão estabelecido pela igreja. Imaginem Picasso pintando o teto da Capela Sistina! Seria , com certeza, um painel tão genial quanto ao de Michelangelo, mas com certeza o Papa mandaria decapita-lo.(Como também seria uma imagem digna de Federico Fellini, imaginar um católico, ajoelhado, pedindo graças e misericórdia, aos prantos, diante de um quadro abstrato de Kandinsky!)
Portanto, a época impunha esse tipo de arte, porque a classe dominante, representada pela igreja católica, precisava desse recurso, estabelecendo um padrão de arte, cuja única virtude era a habilidade, que predominou até o final do século XIX.
Se examinarmos com olhos críticos, sem pretender tirar o mérito de Michelangelo, notaremos um exagero de expressão corporal, que às vezes chega ser patético ver corpos retorcidos como verdadeiros contorcionistas, braços e mãos em apelos dramáticos para o nada, olhos esbugalhados ou revirados para cima em expressões de espanto, de dor, de angustia e de tudo o mais.É tudo muito teatral, muito artificial, é uma orgia sentimental exagerada, porem com todo mérito para o gênio de Michelangelo, que com o domínio perfeito do desenho (para os que entendem do assunto) brincou com um recurso dificílimo da perspectiva do corpo humano chamado de “escorço”. Que com esse domínio perfeito, podem exagerar nas expressões, em um apelo fácil, impressionando o público por mais de quatrocentos anos, e quiçá pela eternidade, porque merece!
Vamos deixar bem claro que não estamos criticando Michelangelo , tampouco rebaixando a qualidade de seu trabalho, apenas fazendo uma crítica técnica, fria, isenta de paixão, tradição e cultura, porem, mostrando que tecnicamente,é fácil colocar expressão no corpo humano, porque existem muitos elementos que ajudam nessa tarefa tais como olhar, feição, gesto, postura, posição corporal, etc.,etc., o que depende única e exclusivamente de habilidade e domínio técnico , porém quero ver colocar expressão, conteúdo, clima metafísico em três ou quatro garrafas, que são objetos inanimados, como Giorgio Morandi fez! Aí sim, tem que ter muita, mas muita criatividade.É essa a grande diferença.
É este apelo de expressão exagerada, em gestos teatrais , grandiloquentes, que voltou a ser usado no movimento neoclássico, no inicio do século XIX, tornando-se banal, cansativo repetitivo , monótono e piegas. ( convém lembrar aqui desses recursos usados por Rodin )
Toda essa maneira de fazer arte era uma imposição da classe dominante da época, por isso tinha que ser dessa maneira, e o pintor não tinha como fugir disso.
É exatamente isso que os museus mostram, os limites de cada época , suas razões, causas e efeitos, e como os artistas tinham que se adaptar a essas determinadas circunstancias, dando tudo de si por uma causa que não era a deles.
Lembramos de outro exemplo sobre a artificialidade do artista em seu oficio sob imposição da igreja, agora em l600 , quando Caravaggio recebe a incumbência de pintar São Mateus para o altar de uma igreja em Roma. O santo deveria ser representado escrevendo o evangelho, que por se tratar da palavra de Deus deveria ter um anjo dirigindo sua escrita. Caravaggio, que era muito talentoso e imaginativo, se pôs a pensar no impacto que um velho e humilde trabalhador, analfabeto, empoeirado, de pés descalços, que teve ,subitamente,escrever um livro. Pois bem, Caravaggio pintou um velho, sujo, descalço,com a testa enrugada de indignação, inseguro e desajeitado, segurando a pena, com um anjo que parecia que tinha vindo às pressas socorre-lo, pela difícil tarefa que Mateus tinha de escrever. O Papa se escandalizou com o que considerou uma falta de respeito pelo Santo. A pintura não foi aceita, e Caravaggio teve que tentar de novo, destra vez mantendo-se dentro dos ideais da igreja, porem o resultado não foi tão vigoroso , autentico e honesto como o primeiro recusado. Caravaggio pintou o apóstolo como um ator cinematográfico, lindo, limpo, vestido de cetins e veludo, intelectualmente escrevendo seus evangelhos.Essa versão aceita esta em Roma, na Igreja de S.Luigi dei Francesi.


Reconhecer essas épocas e esses valores, é dever cultural de todos, mas se apegar a esse passado e tentar revive-lo e adota-lo,representa um retrocesso de vida diretamente proporcional ao tempo e espaço .
Aquele tempo em que só existia o pintor para criar imagens habilidosas, carregadas de expressão, para propaganda da igreja para “vender” seu produto que era a fé em sua doutrina, hoje, a situação é a mesma, em que agencias de propaganda e marketing desenvolvem uma campanha agressiva para vender um produto, porém, dispensaram os pintores, e as imagens são geradas com tecnologias modernas, avançadas, vendendo desde sorvete, cerveja, sabão em pó pela TV com o mesmo, ou até maior impacto visual da Capela Sistina. Como se vê , acabamos elegendo Michelangelo como o precursor da propaganda e marketing.
Tem muita lógica, muita honestidade, e muita seriedade recomendar aos iniciantes em arte que se desvinculem do passado porque hoje as condições do mundo são outras, bem como as mensagens e os apelos são outros, por isso, deixemos as peças dos museus onde estão, sem fazer uma apologia desmesurada sobre elas.
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A ARTE CONSISTE EM MANIFESTAR A VIDA

Segundo Hermann Hesse, nada se pode dar alem daquilo que cada um tem dentro de si mesmo, mas a arte pode abrir um mundo de imagens alem daquele que existe dentro de cada um, ajudando a tornar visível o seu próprio mundo.
Galileu Galilei diz algo parecido porem, com outras palavras : - “você não pode ensinar nada a um homem, você pode apenas ajuda-lo a encontrar as respostas dentro dele mesmo.”

A arte é o instrumento do individuo para expressar seu mundo interior, a exemplo da pratica tanto primitiva como atual das religiões adotando algumas modalidades de arte para atingir a espiritualidade, com danças, cantos , desenhos, pinturas e imagens que exorcizam demônios e evocam deuses, propagando dogmas, ritos e mitos em uma manifestação de vida em busca da perfeição, sem influencia das classes dominantes, onde o individuo extravasa suas potencialidades, libertando os instintos das amarras da convenção social na busca de seu Eu Superior.
Somente a arte liberta o individuo, dando azas para sua imaginação e força para sua vida.
Pode parecer contraditório que na primeira parte deste texto colocava-se a questão para que serviria a arte deixando, com segundas intenções, a síntese da questão em aberto porque de repente pessoas se dão conta de que encaram a arte como se fosse uma tarefa de matar um elefante, momento em que se compreende a fragilidade e simplicidade que em determinadas condições prevalece um modo de convergência na historia de todos os tempos especulando o clima de uma evocação de praticas em que tudo tem a ver com as esperanças que propõe como contrapeso de um regime no processo global em crise.Quando porem o verdadeiro objetivo desse regime é tirado de foco, trata-se de uma conspiração pelo poder sem nenhuma consideração pelo conteúdo onde se compreende mais uma vez o vazio, a futilidade, que na realidade apenas um fantoche absurdo empurrado de um lado para outro pela vontade daqueles que se tornam dominadores destruindo a própria liberdade.
O consolo de tudo isso é que a arte é o alvo de nossas emoções.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS :



FIM DE UM SONHO – O SILENCIO DOS INOCENTES

Vozes mais afinadas fazem coro em uníssono ao nosso brado nos dando uma sensação gratificante de uma posição segura muito embora ousada até mesmo atrevida.
Em seu livro “ Arte e Cidade “, Julio Carlo Argan comenta : - “dá-se encerrado o ciclo da civilização em que a ação histórica constituía modelo supremo do agir humano; anuncia-se o principio de um novo ciclo.” E logo em seguida , Argan solta uma bomba que detona esses eventos de arte que assolam o mundo artístico pseudo contemporâneo de hoje, e assim acende o estopim : “ A noção global da fenomenologia da arte que a cultura moderna possui de fato esvaziou e tornou vão o conceito de arte... ”. Em seguida, José Arthur Giannotti, que comenta o livro, passa recibo- : “ O mundo contem porâneo entrou em crise porque perdeu aquela integridade totalizante que ligava o agir do ser humano à expressão desse ser na qualidade de instaurador de arte. Este foge do passado para se agarrar à contemporaneidade fria, substitui a linguagem histórica por uma linguagem cheia de formulas tecnocientifica, assiste ao colapso daquela liberdade do pensar e do agir humanos, que , para lá da verificação objetiva e da dependência lógica do efeito em relação à causa, fundamentava a ordem moral da interpretação, do juízo e da escolha.”.

A arte se torna cada vez mais um pretexto para que os meios possam impor fenômenos e tendências, em que o bom momento origina-se do desmoronamento de velhas crenças que rege a vida de cada um.
Muito embora um dia tudo isso passará, ainda haverá chance de corrigir o equivoco senão apenas ficar zangado diante de uma rejeição séria como não é serio o deslumbramento que está acima da capacidade digestiva mental da claque uniformizada.
A plebe ignara não tira seus herois do armario para isola-los em uma montanha, nem assume uma identidade contra o “status quo” porque não tem uma alavancagem cultural que os tiraria dessa letargia e inibição claustrofobica .
O argumento de não entender de arte por si só já vem carregado de ignorancia que alimenta o equivoco estabelecido a não ser pela quebra de tabu que nao serviria para nada que valesse a pena observar e que pudesse ser resumido em uma teoria plausivel de ser acrescentada nos compendios didáticos compativel com os canones do mundo atual, onde não basta só o fato de oferecer, no auge da cultura de consumo e do individualismo extremo, baseado em uma renuncia que pode parecer algo bastante revolucionario.-
Mas, cada um em sua intimidade, solto em si mesmo faz questão de apontar o defeito do sistema, repudia-lo e continuar em silencio.
O silencio dos inocentes.
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Fica a surpresa diante da sensibilidade e a disposição das pessoas de observar a complexidade das coisas simples que ainda podem ser classificadas como adequadas ou não adequadas na busca da razão para revigorar um possivel falso conceito de uma avalanche de invações,onde ficamos presos a cliches e gabinetes, sem um grau de defesa que existirá sempre diante do discurso.
Para que sua própria experiencia se mantenha viva, aberta a cultura de percepções, raciocinios e conceitos, não deixa de ter seu momento problematico na produção de algo que não nos é comum, semelhante a uma mutação que se aproxima mais de uma vocação original que foi camuflada ou recalcada pelo desejo formal falsamente apresentado a consciencia popular.
Não exprime mais que sua contrapartida com a impressão de sacrilégio que se juntou ao sentimento doloroso de uma ferida que não pode ser curada.
A intenção não é fazer um levantamento histórico, mas sim levantar questões fundamentais afim de entender melhor, confrontar e instigar a discussão mais aprofundada sobre um significado mais amplo bem como outros conceitos ou outros exemplos interessantes que podem ser usados para ilustrar a situação do mundo atual com ideias de liberdade, desejo, poder, autodestruição, sacrificio, amor, odio, terror, que são explorados em sua totalidade.
Dentro do quadro atual, por razões diversas, criou-se uma fobia a contemporaneidade porque temos medo daquilo que não entendemos , o que porem entender não significa aceitar o que tem sido interpretado como justificativa para os mesmos, onde, buscar razões virou uma especie de tabu em um assunto tão delicado.
Não existe nenhuma desculpa para explorar cabeças inocentes que assumem a contemporaneofobia”.
O importante é distinguir entre uma atitude liberal e a dialetica do mundo, onde se entende que tudo é aberto a interpretação o que não difere muito em essencia no sentido de que ambos negam o valor do outro e tentam impor sua forma totalitaria de agir estabelecendo uma crise no pragmatismo deflagrando em suas proprias contradições uma ideologia fragmentada em suas bases.
O interessante é notar a dinamica de como um empurra o outro para extremos adotando medidas para assegurar seu poder onde liberdades são sacrificadas , emergindo cada vez mais forças contra seus próprios valores em um jogo extremamente perigoso.
Já estamos vivendo tempos em que deveriamos nos lembrar da Grecia Antiga em que seus mitos nos contam historias de limitações humanas, de barreiras que não podem ser ultrapassadas e sobre o alto preço que pagamos ao transgredir esses limites.
Não se trata de uma abertura total e irrestrita mas de algo fundamentado em nossas experiencias, aptidões e desejos que surgem de nossa interação como mundo real.
Quando se extrapola o limite da razão, apontando o impasse da modernidade em que a vanguarda da vez é o imperio de ideologias sem o respaldo dos valores da ética, da estética e da sociedade atual , podemos dizer que começamos a “pensar pequeno” marcados por um imaginario de contos de fadas ( ou de bruxas ), vazio de ideologias, atentos a falencia do homem como cultura, assistindo a uma nova fase onde o relacionamente entre arte, midia e internet só podem ser entendidas e assimiladas no campo da nova tecnologia.
Nada contra, mas... é a outra face.!!
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( Disputa justa )
Tudo que contribui para o entretenimento, alimetando a midia com “bombas” momentaneas, a partir do que atrai um maior numero de espectadores sem a respondabilidde e integridade que deveria ter, desenvolvendo no paralelo o interesse rentavel com táticas que dão condições para retirar a inibição das pessoas estimulando a empatia implicitamente,criando a obrigação da contrapartida sempre omissa em relação a lealdade dos fatos, recorrendo tão somente aos frutos da imaginação, com observações de carater psicologicos que criam dialogos absurdos , esdruxulos e surrelistas, testemunhados por todos aqueles que já viram o outro lado da moeda , em que antecessores da atual conjuntura já tivesse assegurado sempre ao observador da realidade o segredo principal de um verdadeiro talento com a prodigiosa capacidade de estabelecer a empatia com o publico neofito ou não.
A participação mais democratica da multidão solitária é uma ilusão, um embuste, em que o crítico italiano Alfonso Berardinelli que deu tres conferencias em novembro/2005 em SP, afirmou que o cidadão não tem força na sociedade .
A sombra que nos protege é que o sentido do presente e do futuro desapareceram diante da força do passado muito embora com um publico mais jovem , com problemas diferentes, mantendo a desconfiança do formalismo onde a clareza de intenções estão ausentes até aqui.
Se considerarmos apenas como pesquisa intelectual influentes do mundo atual ficará consolidado o prognostico perturbador para o seculo XXI como uma terceira via de intenções sem continuidade com os neo-conservadores em que um pensamento lateral estabilizara até que de maneira incerta o equilibrio dessa disputa justa, visto que a maneira mais eficas de superar esse conflito seria descobrir o elo, o ponto ideal de transição que corretamente seria reconhecido como antecessor de uma nova postura servindo de lição para os atuais ideologos da supremacia global que demonstraria melhor uma unidade profunda entre a cultura das elites, apesar das diferenças de sensibilidades.
Diante da atual situação, a cultura contemporanea com uma agenda ditada pelas classes dominantes, tornou absoleto buscar uma alternativa de retorno ao inicio, com novas bases, repensando a propria constituição dos estudos culturais , que apesar disso apenas coloca outro fundamento da natureza, da razão ou da historia.
Se faz necessário impor uma nova moral artistica Universal, jogando uma pá de cal nos estudos culturais, experiencias e outros estados vegetativos que pululam pelo mundo afora, desta maneira seria pedido um resgate dos vinculos reais que foram descartados sem ao menos serem digeridos.
Uma intervenção justa denuncía suspeitas de favorecimento em resultados e confrontos fazendo com que terminem com um reflexo do que a arte tem de pior , dependendo do historiador!


Filhos da nova arte chegam a um momento de organizar gradativamente uma retirada estratégica para que possam transformar a cultura de ausência em linguagem de massa chamados assim por analogia aos fantasmas que surgiram com facilidade de espectadores.
Desde o desaparecimento da velha geração, só ficaram vestígios de intenções mal resolvidas em um mundo não mais completo de se resolver, onde até o mal se desintegrou não sendo nem mais possível interpreta-lo ou identifica-lo em uma realidade extremamente frágil, por onde pessoas se esgueiram até o vazio de forma clássica de valores que não cabem mais nesse contexto a não ser interpretações que induzem ao erro e que só sobrevivem seguindo a lógica do absurdo.
A distancia entre a suposta importância do que se diz e o modo indiferente de como se faz ou se interpreta, cria um estranho ruído no momento em que olhos vagando expressões de estar ali sem nenhuma preocupação em disfarçar o sentimento, o que significa levantar da mesa, agradecer e dizer : - “ bye, bye “.-
Dizem que em tempos bíblicos, os homens querendo chegar aos céus começaram a se desentender e a falar línguas estranhas entre si ao subir em uma torre, fato que a historia se repete em momento contemporâneo em que os homens pretendem a perfeição, a expressão e a comunicação . Como antes, proclamam os profetas uma nova arte decisiva para a espécie humana, inserida nos jardins suspensos de uma Babilônia a espera de um Nabucodonosor, supondo que a culpa é nossa ou de todo aquele que defende a tese de que a responsabilidade pode ser creditada a razões externas.
Com certeza , repetindo a frase de minha professora primaria, : - “depois disso, é falta de vergonha”.-
O destino é nosso e sem livrar a cara de ninguém, nem dos humildes que partilham dessa abstração chamada “ sociedade contemporânea “, com todas as contradições e desigualdades onde não se espera que cantem em uníssono mas que algum conceito básico, em alguma escala ou em algum grau possam ser compartilhadas , por que senão a vaca vai pro brejo.
Sem a pretensão de um caráter ofensivo que responde ao plano simbólico da liberdade de expressão e outras liberdades que se enraízam em conceitos claros onde cada um interpreta sua linguagem independente da comunicação se é recebida ou não, fato este que se transforma em quase uma agressão como aqui inexiste interpretação unânime ou inequívoca que nos assegura a avaliação e o sentido indiscutível da situação atual que precisam ser defendidos.
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NOVA ANTROPOFAGIA


Em determinados ciclos a história se repete.
Em momentos de transição surgem novas ondas devorando tudo que foi feito até então, para impor não se sabe o que, onde tudo será engolido, digerido e devolvido em forma sabemos lá do que.
É uma nova antropofagia onde se verifica alguma coisa que se diz arte mas que não passa de um dragão misterioso devorando tudo que existe sem devolver em forma de labaredas flamejantes de novos rumos , conceitos, e pensamentos, mas pura e tão somente come tudo, digerindo, e expelindo um excremento nefasto e repugnante onde às certezas de mundo pressupostamente criativo e otimista deveria sobrepor a capacidade do estado presente colocando na esteira dos estudos culturais a concordância de decisões diante da reação efetiva dos afetados , visível pela falta de interesse generalizado, estabelecendo um questionamento quanto aos modos operacionais sem uma preocupação teórica em que uma advertência é cabível por que não dizer de nosso caso!
A realidade atual traz um sério desconforto por estabelecer um desafio muito maior que a capacidade admistrativa de quem os opera, por pretender antecipar a expansão da “arte contemporânea” em todo mundo sem conseguir dar conta da complexidade social, étnica, cultural e tecnológica que aflige a Humanidade na atual conjuntura onde, por outro lado as superestruturas poderiam ruir com a banalização das burguesias dominantes diante da luta contra a globalização.
Seria absurdo tomar o atual estágio da arte contemporânea como Bíblia, ou melhor, como parâmetro, confrontando o raciocínio lógico, tomando como ponto de partida à crítica de seus erros de analise e de previsão valendo apenas como documento histórico em que trata das exigências de espaço produtivo e representativo da fase da expansão da arte global em lugar das necessidades satisfeitas pelo regionalismo burguês e descartável que reclamam da satisfação estereotipadas dos pensamentos longínquos e dos climas mais diversos em lugar do antigo isolamento de conceitos que se bastava a si próprios, devolvendo um intercambio Universal de linguagem e comunicação inerente à produção intelectual.
Diante da complexidade gerada por intenções insólitas, de nada adianta essa antropofagia em que desvirtua o foco sem gerar conteúdo de compreensão, cada vez mais difícil de ser digerido e assimilado como arte de grande alcance cabível a um intercambio Universal para que alem dessa constatação os artistas se destacam por acreditar possuir a tradução de um mundo reduzido a nítidas contradições básicas da simplificação do antagonismo de classes em dois vastos campos opostos – a burguesia e o proletariado, conseqüência do avanço prodigioso das camadas inferiores da classe media no domínio de opinião e ibope cujo fato é comprovado no nível dos programas de televisão e principais órgãos de mídia voltados para esse segmento de classe C e D.
É fácil constatar que o monopólio das artes visuais não só da produção como de todas as esferas da vida artística levou a monstruosa construção de um regime , onde se constata que das entranhas de um mundo civilizado sairia monstros irracionais inimagináveis, fora das reivindicações mais realistas ao acesso de milhões de pessoas ávidas por uma arte glorificada por heróis salvadores das certezas do passado em confronto com as certezas de um mundo supostamente legível onde se pressupõe um progresso, um otimismo apesar dos absurdos, vindo a sobrepor ao obscuro do presente. - Ingres speltri - 21-01-2006
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( Batalha de Correções )
Quando se busca o “estilo velho”, que se supõe ser o núcleo simbólico de imagens, não se admite correspondência imediata com a realidade de amplas interpretações diversas , onde o artista encontra em uma só época o descaso de conceito, técnica, habilidade, competência e criatividade tendendo então ao repudio do realismo quanto à eliminação das contingências que consideram nefastas , para encobrir a incapacidade cujo aspecto é facilmente identificável, porque deste modo fica ostensivamente demonstrado que a posição teórica anacrônica esgota o interesse, desde que se esteja distante do idealismo e da concepção romântica da arte, sem ser a banalidade acadêmica como chamariz comercial que surpreendentemente liquida qualquer valor oculto por menor que sejam as analogias de estrutura e sentido que opera entre as obras, sobretudo na inteligência aguda que permite fazer reconsiderações, produzindo atos de descoberta de qualidade, até então ignoradas nesta contemporaneidade.
Há de se fazer uma exumação de conceitos e estilos, bastando caminhos de um saber vivamente experimentado em que seria preciso aplicação de recursos intelectuais comprovados e aferidos de acordo com a mentalidade popular cuja mestria de recursos iria recorrer a certas metáforas onde não haveria nenhuma vantagem nos destinos a serem decididos pelos ignorantes e inculto.
Supondo que a ação do crítico deva aferir um movimento de imediato emergente, isentos de um determinismo unilateral em que varias interpretações se iluminam reciprocamente conforme a realidade ou ficção, que admite a verdade parcial em todas as diferentes óticas no que depende seu núcleo racional intraduzíveis em prosa evitando o blá-blá-blá inútil , prosaico, e fútil pela ambigüidade que lhe é essencial sempre com a capacidade de suportar novas “maneiras de errar” (como no final do séc. XIX que não foi considerada a genialidade de Van Gogh, Cézanne e Gauguim)), que fornece igualmente o “mistério’’ da obra que, se de um lado está na decisão do autor , de outro está na interpretação do espectador, do crítico e historiador.
Ao que parece, há uma renuncia dos motivos racionais em termos de coerência e de poder de convicção em que tende tanto em ressaltar os limites entendido como resquícios de normas pragmáticas de conveniência artística, onde a qualidade e os limites para lidar com a interpretação de valores que sobrevivem, depois de desaparecer as condições que a criaram.
A idéia de uma obra de arte inserida em um contexto cultural decantado e filtrado pelos padrões evolutivos da sociedade, sem separação de limites e conceitos emanados pela mesma sociedade torna especialmente hostil em que o triunfo da incompetência especializada jogou tudo que se refere a manifestações de qualquer natureza em um mesmo cesto denominando-o de “artes visuais contemporânea” , onde em um ato de falso heroísmo de “especialista” em artes como a quem faltava a decência do diletante que deveria estar acima do “especialismo míope” para atingir o que não se satisfaz com a transmissão de noções consagradas de especialistas no emprego de slogans partidários em favor da mesma visão de inserção e abrangência cultural.
O preço da transição é a principio uma crise quanto ao conceito das artes plásticas que parece ser antes de tudo submetida a uma herança que carrega em si a perenidade da qual ninguém escapa, onde evidentemente implica em um alto grau de reconhecimento da crise mesmo que haja uma indicação evidente que fere a sutileza necessária para caminhar num campo minado como as origens históricas. Ingres speltri - 22-02-2006
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(Símbolos Perpétuos )
A forma atual relata conclusões e escolhas que não é o modo imparcial para quem conhece a narrativa devido ao pessimismo em que a figura se aproxima do neoplatonico, onde se indaga se essa não seria a forma de rever os conceitos comparado a polemica do séc. XX reafirmando o colapso dramático dos padrões tradicionais, atrelados ao comportamento social e tecnológico, impondo nesse contexto um novo renascimento tão adequado na medida em que a desigualdade de valores conceituais aumenta acentuadamente impondo o declínio gerado pela dificuldade de discernimento, o qual deve se acentuar ainda mais com o avanço tecnológico que se distancia do avanço filosófico e cultural em uma relação inversamente proporcional do tipo : enquanto os aparelhos e instrumentos vasculham os limites do Universo , o homem não consegue imaginar um cavalo galopando em cima de um tomate.
As conclusões sobre a situação contemporânea das artes visuais do último quarto de século são insossas, para não dizer banais e que provavelmente continuará apresentando variações do “dejávú” sem um desenvolvimento necessariamente ameaçador aos esquemas conceituais vigentes porque tudo repousa na predominância não necessariamente indissolúvel dos ritos de passagens centrais afirmando plausivelmente que a diferença das estruturas sociais de poder e produção não parecem possuir uma dinâmica intrínseca que na ausência de um estimulo externo elas cessarão.
A atual conquista criou a curiosa combinação, miscigenando o padrão familiar desenraizado dos símbolos do passado produzindo uma transformação mais que institucional menos desfavoráveis onde não beneficia nenhum sistema de reconhecimento precoce.
O interessante é que para resolver este desafio não se pode tocar no ponto nevrálgico e responsável pela questão : “ a liberdade”. Iniciada com a derrubada dos padrões e regras que vigoravam no inicio do séc. XX, porem essencial e caracterizada no predomínio da expressão , pensamento, palavras e obra, de onde nos tornamos prisioneiros cativos do controle e tudo em nome do que parece uma forma sutil por detrás das lutas pelos símbolos perpétuos.
A mensagem geral no entanto se volta em particular como uma espécie de advertência em que o principal valor de nossa civilização é exatamente a liberdade geral e irrestrita e que no caso das artes visuais se paga um preço muito alto por ela.
Quando tudo isto for repensado, aferido e reorganizado, não estaremos lá para conferir...
A liberdade do próximo termina onde começa a nossa.
Sob novas condições, deveria se originar um modo de convergência de posições com um acento na historia moderna em que se identificariam tantos conceitos racionais como os irracionais no clima de uma evocação historicamente desvinculadas dos vícios propondo cada vez mais na esfera externa como um contra peso no processo global da crise, animando uma nova soberania da arte onde os equívocos são tirados de foco.
Trata-se de uma concepção que atinge o centro do conteúdo histórico-social e ideológico estabelecendo a relação do sistema produtor defendendo uma reivindicação ideal de emancipação no curso da expansão da arte sob novas condições.

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Ingres speltri 25-02-2006






























CONCLUSÃO DE UM PROCESSO


Um dos pontos fortes , que tem fontes que justificam o fato representativo da conclusão de um processo volúvel e volátil, transformando as realizações em compreensão retrograda de mudança de época, que na realidade, quando deixa de ser a marca de uma representação, por meio de uma semelhança de uma arte de reconhecimento pela analogia , que não se esgota tão facilmente na fragilidade do conteúdo, como, por exemplo, com formulas claras e diretas , que nos conduzem sempre até a realidade autentica, sem sofismas, do momento atual.
Neste labirinto, sucatado pela imprecisão de uma força condutora do presente para o futuro, a multidão está solitária.
À medida que a coerção parece aumentar, em nível de instrução, destes contra aqueles, visto que se verificou que não tem como poupar tensões psicológicas, em que se denuncia uma postura angelical como justificativa, onde , no campo da discórdia, a intervenção denuncia a suspeita de favorecimento de resultados fatais entre aquilo que fazem e que termina no reflexo do que se tem de pior.
Quando se trata de mudança de comportamento, do processo pelo qual há séculos se cultiva prazeres dentro dos padrões da ética e dos bons costumes , a interpretação e criação de imagens, formas , tons e cores também eram suficientes para viver uma espécie de enamoramento que não pertencia ao obvio irrevogável e improrrogável desejo irônico de humor, que resulta até da própria situação. Essa transposição desvairada dos limites da razão seria evolução? Por certo não, mas sim decadência, promiscuidade e prostituição.
Na busca precoce do improvável, transpôs-se os limites e as barreiras da ética, da moral e dos bons costumes civilizados, perdeu-se o senso e descobriu-se tudo o que não tem utilidade para os vivos ou mortos, em uma demonstração irracional do que acontece. Extrapolaram-se os limites, caindo na latitude zero do meridiano de Greenwich, desaparecendo a matéria e com ela tudo aquilo que julgávamos inerente ao espírito, ou coisa parecida. Este salto no escuro fez com que se perdesse o sabor das coisas simples que compõe o conteúdo Universal, resultado de uma fragmentação negativa da arte contemporânea, vista como uma decadência diante da multiplicidade de olhares que levam ao limite da permissividade aleatória do imaginário,da degradação de instalações e performances em que a diversidade de expressões não é percebida nem pelos seus agentes, nem pelo público ou por quem quer que seja.
A linha de desenvolvimento perdeu a seqüência natural e deu um grande salto para o abismo levando consigo os mais “sábios”, mais “astutos”, e todos aqueles que vestiram o Rei ( para os menos avisados, esta citação se refere a grande fabula onde o Rei quer ser vestido de maneira magnífica e aparece um aventureiro que o veste de maneira imaginaria e o Rei pensa que está vestido e se apresenta completamente nu).- Só resta a esperança de encontrar no fundo desse poço um porão, uma espécie de calabouço onde se purgaria essas ousadias insanas, fantasiadas de arte e de onde poderá surgir uma nova fase da expressão humana, acompanhando a tríade máxima da Humanidade que é Ciência – Arte – Religião, caminhando juntas, passo a passo , dentro de uma unidade, equilíbrio, harmonia, como nos velhos tempos que hão de voltar, onde o procedimento de origem definirá aspectos anti-traumaticos da reminiscência cultural utilizada como puro expediente de acompanhamento de passagens narrativas e ao mesmo tempo a alta consciência do dever do intelecto, abstraindo a timidez submissa das divergências consentidas a um novo e poderoso sistema.
Continuando a observar a sociedade com seus contornos e tipologias do urbano e doméstico , pelo modo como se propagava a verdadeira moda de uma arte figurativa, decorativa, ornamental onde assumia inclusive um fator de absolencia e inclusão do gosto da burguesia sem preconceito, muito embora já assumindo o progresso industriais inerentes a responsabilidade social, onde os artistas e artesãos qualificados, produziam para consumo dessa sociedade banalizada pelos processos repetitivos e de qualidade inferior.- Repete-se hoje esse mesmo circulo vicioso, surgindo uma nova moda, com um fator psicológico impondo um novo tipo de arte como se houvesse uma decadência do velho, assim, enquanto contemporaneidade, corresponde ao que historicamente poderia ser chamado de “fetichismo da arte”.-
Hoje, quem é quem na batalha pelo domínio do imaginário?
Lobos em pele de cordeiro como fantasmas perseguindo qualquer transplante e troca de identidade, onde é permitido colocar provisoriamente o jogo da perda dessa mesma identidade, negando narrativas anteriores, conscientes dessa fantasmagoria, onde as obras reforçam ainda mais essa tese, nessa incessante repetição das mesmas formulas, recorrendo para efeito narrativo, possibilidades sugeridas por uma arte imaginada por mutações originando o que acaba por se transformar em verdadeiros monstros de uma próxima realidade proposta, para que a estrutura dessa ficção desemboque na trágica dissolução de uma identidade, adotando variações da formula : - isto não é isto, mas aquilo que deveria ser daquilo que foi, sem nunca ter sido.
Abandonando a metáfora e indo direto colocar o fator de transformação que o espectador reconhece como sendo aquilo que passa a ser e que impede que ele seja o mesmo que antes. O que resulta daí é um delicioso thriller montado a partir de um principio honesto de transplante e troca de identidade em um novo momento de habilidade, competência e criatividade.




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QUO VADIS

As dissonâncias intelectuais , verdadeiro privilégio da realidade imediata que desqualificou o conceito em identidade e diferença, obrigando a procurar na percepção a idéia de que não deve haver ambição por um modelo eleito pela crítica, mas uma verdadeira postura excludente de modelos que atuavam a serviço de um engajamento corporativo, suspeito e consumista.
C.Jung nos convence de que a arte é o grande aríete que devassa as reservas de forças vitais das profundezas do inconsciente e de onde provem os impulsos para a ação.
Poderíamos chamar de convergência outro grande componente de fator dominante para uma aproximação em relação à comunicação estabelecida, onde elimina certa mitologia naturalista, tendo um falso ponto de partida em que afasta o sujeito do objeto, onde o suposto vazio nada mais faz do que reafirmar o não compromisso com a realidade imediata presumivelmente incorporada pelos modernistas.
Contra essa vertente que se expande aleatoriamente, coloca-se o argumento de que a matéria poética do século XX não mais existe tal como arte, mas sim como convenção discursiva e não como expressão espontânea da realidade, assim como a arte produzida pela “habilidade” era chamada de ilustração , do período pré-moderno.
O foco não será mais o prazer com formas sutis de jogo intelectual , onde o contemplativo leva a uma cadencia uniforme de densidade e transparência que emana através de uma simbiose entre matéria e espírito em um refinamento comunicativo
A ordem diversa instaurada no novo padrão de estética é inteiramente diferente do que na estrutura constante de valências múltiplas contendo em si as possibilidades de infinitas interpretações aleatórias a fonte e a intenção premeditada, em que se repete de maneira serial e que resulta naturalmente de qualidade atribuída e imaginada por cada espectador de acordo com sua sintonia e bagagem intelectual.
Não se considera mais o “objeto arte” mas sim o “comportamento arte” de qualquer espécie e natureza, em que somente em sua organização se verifica como prioridade a vontade de participar e integrar a aldeia global se recusando a considerar a sociedade como consumidora desse frenesi alucinógeno de contradições e frustrações, em que neste salto no escuro onde pode ser tudo, porem não mais “obras de arte”.
Neste contexto o ato do artista passa a ser incomunicável, (o que representa um verdadeiro paradoxo ) só sendo decifrável mediante verbalização ou um “manual de instruções” semelhantes aos eletrodomésticos, neste caso , ou são artistas, ou parlamentares, poetas, atores ou escritores em que precisam desses recursos para agregar valor a “obra”. Como se vê, a “obra de arte” engajada nessa euforia contemporânea, ficou inócua, vazia, sem expressão e conteúdo por ela mesma, sendo assim nem precisaria existir como arte mas sim como outra forma de expressão.
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Ingres speltri
17-12-2005














OLHANDO PARA O ABISMO

Um mundo atual enfeitiçado por uma nova onda conduzida por uma falsa nobreza de espírito em que esmaga o gosto oprimido em sua liberdade de expressão, como legiões falsamente identificadas com um novo conceito, onde ejaculam o principio do zelo em que não é possível compartilhar nem pela beleza, pela forma, pelo tom, pela cor, pelo conteúdo, esquecidos de todos os tempos, onde corrompem a virgindade dos debutantes da estética, do equilíbrio, do prazer visual do belo e de todo principio do conceito visual.
Assume-se então uma verdadeira luta de classes onde os pseudos eruditos aristocratas digladiam com a plebe pura e casta no paraíso dos ideais e das idéias até que derrubem os falsos deuses dessa arte confusa e contraditória.
Como acrescentar entendimento na complexidade desta contemporaneidade se é composta por significados dos quais não sabemos se são imagens, personagens, linguagem, conceitos em que se acrescenta um paradoxo sem condições de traduzi-lo tanto como arte, bem como ciência para que possa acrescentar o entendimento, em que se tenha portanto condições de suspender algumas das posições que irrevogavelmente vão colidir com o pensamento comum.
Haverá a descoberta de uma forma de pensamento que, sem se deixar seduzir, naturalmente a esse vazio, só concebe a relação na medida em que implica no próprio processo de sua transcendência e não no fim de uma relação com o próximo.
Alguém já disse que não há ótica que não se deva resolver com ética , portanto uma arte na qual não se percebe as nostalgias militantes, tampouco a idéia de uma ação que não tem nada a ver com o que habitualmente entendemos por arte com o mistério, o entusiasmo, as fontes da verdadeira criatividade, onde haverá sim o cuidado com um culto do irracional que é contra o projeto histórico que era e ainda é a mais segura obra.
Se não sair do circulo não há o que mais procurar nem esperar que se acrescente alguma coisa para compreender o prestigio de uma obra, onde a incrível aventura que se faz para estabelecer o dialogo na distancia em que se separam os sobreviventes dessa catarse que atinge apenas um preciosismo que degenera o sistema sem o poder de sedução do entendimento social, onde não há mais aferição de qualidade legitima , onde se reduz a um niilismo por melhor que seja qualquer ocorrência. Sem que haja apelo pelas ocorrências básicas do conceito visual que assedia o resultado de modo intuitivo da verdade daquilo que é visível.
O instinto que leva a uma incrível sinceridade simplista, cujo fascínio inspira o repúdio do conjunto libidinoso e insípido da transcendência ignomínia e voluntariosa dessa hecatombe universal, deste inicio de milênio onde se espera que esta fase seja exorcizada em tempo hábil para que este seja o verdadeiro século das artes, tal qual foi o século V - AC , o século de Péricles.
Em um dialogo de mudos, é interessante notar a dinâmica quase terrorista de como se empurra para extremos ao adotar medidas para assegurar o poder global, inibindo liberdades em detrimento de um jogo extremamente perigoso que perturba profundamente a tentativa de entender aquilo que é antagônico ao anseio popular e suas expressões mais simples.-
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CONTEUDO INCONSCIENTE

Não só pelos efeitos especiais hoje facilmente conseguido pela tecnologia digital capturam-se arquétipos de nosso inconsciente transformando espectadores, leitores e ouvintes em uma platéia de “homo sapiens” no mais astuto e feroz dos animais, representando nossos instintos ou quem sabe na insensibilidade e truculência de conceitos “civilizados” reafirmando uma situação incomoda, porem sufocando a camada da cultura adquirida por transmissão de gerações em que subsiste a virulência das paixões primitivas mesmo que projetada constantemente a novos objetos consumido por uma necessidade inconsciente de construção ideológica mesmo que insana, inverossímil ou demagógica.
Evidencia-se assim um resultado que se caracteriza pela intensidade desbragada, rompendo os limites impostos pelo superego sem suspeitar dos interesses da luta em sua selva jurássica ,representados por impulsos aleatórios em estado puro, infantil, ao qual remete exatamente a uma vertente mais ameaçadora como seria possível imaginar.
A cada conquista tecnológica, a civilização orgulhosamente sobrepõe à tradição e se revela dentro de uma nova dialética onde os menos aptos que não conseguem acompanhar o andar da carruagem, esbarram nessa nova dialética, levada ao extremo da irracionalidade como verdadeiros dublês digitais tentando reproduzir emoções humanas cada vez com mais precisão, sem respeitar as causas de seu tempo, porque ou o artista é do seu tempo ou não é de tempo nenhum (já dissemos isto mas é bom repetir).
A atenção, no inicio sob a ótica do espectador distraído, procura identidade em uma civilização “superior” para que possa transpor a muralha de sua ignorância perguntando a si mesmo : - “por onde devo começar”. Evidencia-se a falta de identidade, cuja sensibilidade torna-se refrataria onde ninguém mais se choca com comportamentos, idéias e conceitos que hoje nos parecem naturais, como também é natural à timidez com que os insatisfeitos assumem o silencio dos inocentes desculpando-se em uma falsa ignorância para digerir o panorama atual., porem se somos pragmáticos e queremos manter um sistema de suporte funcionando, deverá haver consenso de que esta é uma tarefa importante.
Já chegamos a um ponto em que podemos fazer tudo por computador e esta é a última e mais importante peça deste quebra-cabeça para que se entenda que , pelo menos foi mudado o “modus operandi” de criatividade, competência e habilidade, rompendo com toda tradição da arte.
Seria correto afirmar que a partir da saturação, se abrira uma nova via em que reinterpretarão, movidos pelo instinto de preservação, encarnando novos mitos mesmo superando o instinto primitivo cultuado pelo padrão emocional que por acaso se frustrará na excitação da masturbação.
Porem não se nega que será difícil distinguir a fabula do discurso propriamente dito, embora o absurdo já foi narrado inúmeras vezes, contudo não anula o fato de certa indefinição de propósito que termina por deixar bem estabelecido os limites da proposta.
Pensando melhor, talvez levando –se em conta os ruídos que cria para discutir o silencio, é preciso que se volte para si mesma , podendo germinar uma atitude verdadeira , entendendo a aflição dos artistas na mesma busca de partilha, situando a morte heróica dos mesmos gritando o epitáfio - :- “ me perdoem”.


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REFLEXÃO ATUAL

A sensibilidade artística se aprende, se desenvolve, se educa e se aprimora. Quando se experimenta um bom conteúdo , não se hesita em aceita-lo e adota-lo .
A combinação do olhar com o carisma desajeitado de todos os signos e desenvoltura apesar da formação das experiências variadas, é antes de tudo uma grande referencia da inquietude e curiosidade diante dos ingredientes contagiante e desmistificado da idéia de que arte não é coisa de pedantes , esnobes ou de bichas desvairadas, porem, não é por acaso que a cultura artística constitui a exclusão aberta da tradição de artigos de primeira necessidade de um povo subnutrido para quem não há polemica, não há posicionamento, não há participação efetiva a não ser uma inércia incomoda onde jamais haverá controvérsia apesar do hercúleo esforço do politicamente correto, dentro da trama fantasiosa e das imprecisões históricas , difíceis de serem assimiladas.
A maneira imparcial dificulta a identificação do publico com os conceitos onde os dilemas se tornam complexos demais para a leitura linear e igualitária do sentido intrínseco dos fenômenos aleatórios do contraponto que insurgem invariavelmente transformando tudo em muito polemico e muito chato.
O passado recente, pelo menos dos dois últimos séculos deveria ser recontado em flashbacks ,ancorando a historia nos episódios que marcaram de certa forma o fim do idealismo moral e político de ambos os lados, na audácia mostrada e interpretada onde assume a responsabilidade por cruzar a fronteira da razão sem poder se dar ao luxo de ser civilizados, porem sem abandonar o carismático sonho onde era acusado apenas por questionar as condições de nossas jaulas, onde a inocência de muitos ainda não ficou clara para alguém comprometido em um grande esforço para preservar sua própria identidade, ou que haja pelo menos uma arte visual que ilustra as próprias tentativas belas ou arrogantes do que esta em volta ou dentro deles , cansados da penúria imposta e indo atrás de onde a arte está.
Quando é possível ver espelhado na arte acontecimentos que marcam o reflexo da força comunicativa em uma interessante leitura onde traz a diversificação de uma grande linguagem, onde fica reconhecida a abordagem para amenizar o diagnostico, deixando para observar as obras que mais interessam das tendências desejadas, como uma adaptação da cultura no histórico do indivíduo porque se os atos serão inúteis do ponto de vista mais amplo perdendo qualquer justificativa das vitimas , dos incultos inocentes, verdadeiros heróis da resistência ao processo onde se trata de discutir com muita seriedade a questão, deixando de lado uma mitologia que em vez de ajudar a entender não faz senão embotar nossas mentes.
Pelo menos tanto quanto as ruínas de uma evolução que a cada momento somos chamados a perceber os efeitos de uma situação que parece sem fim e de cuja insensatez cria uma situação inaceitável.

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FRASES IMPORTANTES
“Pintar é tornar visível o invisível”
Paul Klee (1879-1940)


“Isto não é uma mulher, é uma pintura”.
Henry Matisse (1869-1954)


“Para mim um quadro é uma superfície coberta de representações onde a lógica não tem
importância” Marc Chagall (1887-1985)


“Se quiser ver o mar como ele é, vá até a janela”
Pablo Picasso (1881-1973)


“Olhe a natureza como se fossem volumes geométricos”
Paul Cézanne (1839-1906)


“A pintura é a metafísica das cores”
Ingres Speltri (1940)


“Pintar é uma forma de atingir o“Eu Superior“
Ingres Speltri (1940)


“A missão de um pintor não é competir com a natureza”
John Constable (1766-1837)


“Olhem minhas esculturas até conseguirem vê-las”
Constantin Brancusi (1876-1957)


“A arte é fruto que cresce no homem”
Paul Klee (1879-1940)


“A ilusão óptica é a verdade óptica”
Goethe


“Tudo ganha forma quando nos submetemos às investidas do inconsciente”
Odilon Redon (1840-1916)


“O desenho não é o que vemos, mas o que deve ser feito para que os outros vejam. O desenho não é forma, é a maneira como a forma é vista”.
“A arte é um meio puramente artificial e refinado de levar o espectador, ardilosamente, a pensar que a realidade se encontra diante dele”.
Edgard Degas (1834-1917)


“A mediocridade e a genialidade são dois fios tão tênues que quase se tocam”.
Ingres Speltri (1940)


“Porque a Beleza, gêmea da Verdade”,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na Simplicidade”
Olavo Bilac (1865-1918)
“O pensamento, o sentimento, a intuição e a sensação, preparam o homem para lidar com as impressões que recebe do exterior e do interior”.
Dr. Carl G. Jung


“Ninguém pinta como quer. Tudo o que um pintor pode fazer é querer com todas as suas forças, a pintura de que sua época é capaz”.
Jean Bazaine


“Cada época recebe sua própria dose de liberdade artística, e nem mesmo o mais criador dos gênios consegue transpor as fronteiras desta liberdade”.
Kandinsky


“Na minha luta desesperada para libertar a arte do lastro deste mundo de objetos, refugiei-me na forma do quadrado”.
Kazimir Malevich


“Tudo que está morto palpita”.
Kandinsky


“O céu está vazio. Deus está morto”.
Kandinsky


“A época atual é a do desaparecimento e a morte de Deus. Durante anos vem se observando como a imagem cristã de Deus vem se enfraquecendo nos sonhos das pessoas. Isto é, no inconsciente do homem moderno. A perda desta imagem é a perda do fator supremo que dá significação à vida”.
Dr.Carl G.Jung


“O homem que não pode visualizar um cavalo galopando sobre um tomate é um perfeito idiota”.
André Breton


“A arte do futuro dava expressão formal às nossas convicções científicas”.
Franz Marc


“Os grandes artistas deste século (XX) procuravam dar forma visível à vida que existe por detrás das coisas”.
Dr. Carl G.Jung


“Não é apenas questão de reproduzir o que se vê, mas de tornar visível tudo o que se percebe secretamente”.
Paul Klee


“Quando pinto não me dou conta do que estou fazendo”.
Jackson Pollock


“Quanto mais horrível se torna o mundo, mais a arte se torna abstrata”.
Paul Klee


“Atualmente a arte não figurativa parece-me oferecer ao pintor a única oportunidade de abordar sua realidade”.
Alfred Manessier


“Você provavelmente vai olhar a beleza da natureza e não vai enxergar equações, você não vê um círculo cuja circunferência é igual ao Py x ao dobro do raio, você vê a Lua.”
Galileu


Na seita Zen, o círculo representa o esclarecimento, a iluminação. Simboliza a perfeição humana.O quadrado é um símbolo da matéria terrestre, do corpo e da realidade.


“Existe a ordem escondida no caos.”
Anônimo


“Até a desordem pode gerar padrões.”
Anônimo


“Tudo que existe tem uma estrutura geométrica. Tudo é matemática”.
Anônimo


“A beleza está nos olhos de quem vê”.
Anônimo


“Nós projetamos nossa própria imagem naquilo que construímos”.
Anônimo


“Ao pensar na beleza, nós estamos pensando na maneira como nosso pensamento se estrutura. Nós talvez nunca saibamos o que é a beleza, mas sabemos do que nós gostamos”.
Anônimo

A PINTURA NÃO PRECISA DA PALAVRA, ELA JÁ TEM SEU OBJETO PRÓPRIO - ingres speltri


A IGNORANCIA ÀS VEZES É UMA VIRTUDE - ingres speltri


A CORAGEM É A PRIMEIRA DAS QUALIDADES HUMANAS, PORQUE É ELA QUE GARANTE AS OUTRAS - Aristóteles

“O VALOR DE UM QUADRO NÃO ESTÁ NO TEMPO EM QUE FOI EXECUTADO MAS NO CONTEÚDO E PODER DE SUA COMUNICAÇÃO.”- ingres speltri

“Você não pode ensinar nada a um homem, você pode apenas ajuda-lo a encontrar as respostas dentro dele mesmo.”
Galileu Galilei

“ A simplicidade é o último estágio da sofisticação” – Leonardo Da Vinci


“Compreender é saber fazer “ – Goethe


“Antes tem que ser para poder fazer” – Joaquim Torres Garcia

“ O essencial é o invisível aos olhos.” Antoine Saint-Exupery

“A arte não é apenas prazer, é uma atividade criadora da consciência humana da qual deriva toda criação espiritual” . Naum Gabo


“ A melhor homenagem que podemos fazer aos mestres contestadores de ontem é contestá-los hoje.Não para que a arte volte ao passado, mas para que ela se possibilite um futuro”.- Affonso Romano de Sant”Ana (escritor, poeta,professor, e crítico )



“... foi bom de novo constatar o que venho dizendo, fruto de anos de observação, estudo e exercício de intuição, está sendo dito mundo afora, num movimento que vai se configurando internacionalmente para se efetivar uma revisão da “modernidade”, da “vanguarda” e dessa coisa anódina chamada “arte contemporânea” “. - Affonso Romano de Sant”Ana


“ De qualquer forma é licito afirmar que uma obra de arte é aquilo que sobrevive a despeito do manifesto e da teoria” .- Affonso Romano de Sant”Ana


“Ilude-se o artista conceitual que pensa estar acima de qualquer julgamento estético, que se o publico não tiver sua obra concreta para examinar, não julgará seu pensamento. Engana-se. O público julga. E na maioria das vezes diz : isto é uma bobagem” . Affonso Romano de Sant”Ana

“ O fato é que a média privilegia a cultura do espetáculo e não o espetáculo da cultura”.- Affonso Romano de Sant”Ana

“Desde o instante em que a arte deixa de ser o alimento para as melhores mentes, o artista pode usar todos os truques do charlatão intelectual” - Giovanni Papini, Libro Nero, 1951.

“Pintar é fácil, difícil é entender a pintura.” - Ingres Speltri

“ Todas as coisas possuem beleza, mas nem todos a vêem”.- Confúcio

“Escolha um trabalho que tu ames e não terás que trabalhar um único dia em tua vida”. Confúcio

“De todas as mentiras, a arte é a mais autentica” ( anônimo)

“O pintor tem dois problemas : o primeiro é pintar bem, o segundo é convencer os outros de que o que faz é bom”. - Massimo Picchi


“Quando se envelhece, perde-se a audácia da juventude” - (anônimo)

“ Sem limites não há liberdade nem rebeldia “ .- Ferreira Gullar

“ A crítica e as instituições artísticas, por tudo aceitarem, induziram a vanguarda ao suicídio.” Ferreira Gullar


“... Como desistiram da obra de arte, essa antiarte do eventual ficará na historia apenas um registro, uma noticia.-“ Ferreira Gullar

“Sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”.-“ Winston Churchil

”Viver é desenhar sem borracha “´ Millor Fernandes

“Nenhuma mente que se abre para uma nova idéia volta a ter o mesmo tamanho “ Albert Einstein

“Todo meu saber consiste em saber que não sei nada “ Sócrates

“ Arte é um aumento de fluxo sanguínea na base do lobo frontal” Semir Ziki –University College de Londres

“ Seria interessante preservar as metamorfoses de uma pintura.Talvez assim se pudesse descobrir o caminho percorrido pelo cérebro para materializar um sonho” .- Pablo Picasso

“Para os cientistas , arte é apenas um sub -produto do aparato sensorial”.- Revista Veja-26-9-2007

“ Arte é um ”doce mental” – dispensável mas saborosa”.-Psicólogo canadense Steven Pinker

Ingres Speltri parodiando Eça de Queiros : Os artistas contemporâneos da ultima geração e as fraldas, devem ser mudados pela mesma razão.-


“Todo meu saber consiste em saber que não sei nada” .= Sócrates

“Superação é irmos alem do que os outros acham que somos capazes” – anônimo

“ O artista é um solitário, mas quem tem vida interior não padece de solidão “ – ingres speltri

“ Saber o que é certo e não fazê-lo é a maior covardia “.- Confúcio

“ A arte não precisa de definição mas de satisfação interior”.- ingres speltri

“ Deus criou sérios limites a inteligência dos homens, mas nenhum a sua burrice.” Adenauer

-Ingres Speltri parodiando Albert Eistein : “
“Procure ser um pintor de valor em vez de procurar ser um pintor de sucesso”

“-Quem não tem inteligência para criar tem que ter coragem para copiar”.-RolimAmaro

-“A imaginação é mais importante que o conhecimento.”- Albert Einstein

-Levei a vida toda para pintar como criança.-“ Picasso

-“á vida é aquilo que acontece quando fazemos planos para o futuro” – anônimo

-“nós somos o que pensamos e não o que pensamos que somos “ – anônimo

-“nada podes ensinar a um homem - podes somente ajudá-lo a descobrir as coisas dentro de si mesmos “ - Galileu













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